THE FINAL ACT.
Oh Sehun não sabia explicar o quanto sentia falta de Kim Sejeong. Quer dizer, ele até sabia dizer que claramente seus dias não eram o mesmo desde que sua noiva e o amor da sua vida se encontrou entre a vida e a morte. Ele se sentia culpado, mesmo que não fosse sua culpa. Ainda sim, não se perdoaria até que ela acordasse e vivesse ao seu lado para sempre.
Era véspera de Natal e lá estava ele, rezando por mais um milagre. Mais um ano se sentindo muito mais do que solitário, vazio. Oh Sehun fazia a mesma coisa: decorava o quarto com enfeites de Natal ─ como Sejeong sempre amou, organizava uma árvore em um canto da sala, algumas comidas de época e ficava a véspera com ela. Mesmo que no outro dia ele fosse até a casa dos seus pais para passar o dia com eles ou sair com os meninos e fazer uma boa refeição, ele precisava passar algum momento com ela.
Sehun se sentou no sofá ao lado da janela e observou a vista. Seus olhos refletiam uma cidade completamente iluminada e cheia de neve. Luzes coloridas piscando em diversas ruas, pessoas fazendo bonecos de neve, amigos e familiares passeando. Em algum momento dessa sua observação da cidade, Sehun sempre pensava como seria quando ele pudesse fazer isso com Sejeong novamente... ou até mesmo, com seus filhos.
É claro que ele imaginava crianças correndo pela neve, enquanto Sejeong brincava com elas e também corria como se fosse uma criança. Ele, de longe, observando enquanto sorria de orelha a orelha e agradecia mentalmente por ter sua própria família. Por estar tão apaixonado por sua esposa, e por ter filhos tão lindos... no mínimo dois. Um parecido com ele e outro com ela ─ apesar de sempre falar que se fossem todos parecidos com ela, ele teria os filhos mais lindos do mundo. Então, após tanto observar sua esposa e seus filhos brincando, ele levantaria e se juntaria aos três.
Algumas lágrimas desceram pelo seu rosto ao imaginar e, de repente, o pesadelo daquele dia fatídico o espantou.
"Sejeong, espera! ─ Sehun gritou, correndo atrás dela. Um sorriso cansado surgiu em seus lábios. ─ Amor, você tinha esquecido sua bolsa!"
Então veio a batida de carro quando um homem bêbado perdeu o controle e invadiu a calçada do restaurante. Um soluço veio logo após ele se lembrar de ver sua noiva há quatro metros dali, jogada no chão. A cabeça com uma ferida aberta e o sangue que não parava de jorrar. Sehun se lembra que jogou a bolsa no chão ao lado do buquê de flores que ela estava segurando e correu ao seu encontro. Ele olhou para as próprias mãos e pode jurar que ainda via o sangue dela em suas mãos depois de tentar estancar o sangue na cabeça.
Várias pessoas foram para o lado de fora. Algumas gravavam, enquanto outras chamaram a polícia. O homem que estava no carro tentou sair e fugir do local, mas Sehun correu na sua direção e o agarrou pelo colarinho. Ele não estava nem ai para quem ele era ou em como a cara do idok estaria na capa de todas as notícias no dia seguinte, ele estava bravo. O rapaz socou a cara do homem e o jogou contra o próprio carro. Outros homens vinheram lhe ajudar e seguraram o homem, dizendo para Sehun que eles seguraram ele até que a polícia chegasse.
Depois que Sejeong foi levada pela ambulância e eles chegaram no hospital, Sehun ficou horas na frente da sala de cirurgia esperando por uma notícia. Quando as primeiras pessoas chegaram, seus amigos do grupo, já que estavam próximos dali, visualizaram Oh Sehun com sua camisa social branca e suas mãos sujas de sangue. Ele estava jogado na parede, sem reações... nem ele sabia como ainda estava respirando naquele momento. Foi necessário que Baekhyun o levasse para o banheiro do hospital e o ajudasse a tirar pelo menos o sangue das mãos.
Perdido em seus devaneios, ele se levantou após algum tempo quando a enfermeira entrou no quarto.
─ Tudo certo por aqui, senhor Oh? ─ Ela perguntou, mesmo sabendo que ele não estava nem um pouco bem.
─ Pode pegar o que eu trouxe e levar para os outros pacientes? Eu não estou com fome. ─ Disse, pedindo para fazer o que também acabava acontecendo todos os anos: distribuir a comida que ele montava na mesa, já estragaria se deixasse lá.
A enfermeira, sabendo o que era, concordou. Ela foi lá fora e chamou outro rapaz para lhe ajudar. E quando tudo acabou, a senhora agradeceu ao rapaz, lhe deu um abraço apertado e saiu, o deixando sozinho.
Sehun olhou para o lado e viu que ela havia deixado um prato bem montado com um pouco de cada comida que ele trouxe. A enfermeira sabia que ele não comeria se não fosse obrigado, então, como Sehun não gostava de estragar comida, em algum momento ele acabaria provando.
O bip do monitor da paciente começou a apitar sem parar. Todas as luzes da sala ascenderam imediatamente e um sinal começou a tocar do lado de fora do quatro, piscando e avisando que tinha algo de errado. Sehun correu para a cama de Sejeong, quando os enfermeiros e um médico de plantão entraram para verificar com que eram acontecendo.
Sehun foi afastado por um dos enfermeiros e impedido de se aproximar. Os batimentos cardíacos dela iam caindo ao poucos enquanto os enfermeiros eram orientados pelo médico para o que deveriam fazer. Um carrinho cheio de equipamentos médicos entrou dentro da sala e uma das mulheres tratou de organizar o desfibrilador ─ usado em situações de arritmias cardíacas ou taquicardia, para restaurar o ritmo do coração.
Perturbado com o barulho das pessoas falando e do aparelho apitando, o rapaz passou a mão pela cabeça. Os cabelos assanhados e a pela pálida, as lágrimas desciam pelo rosto e ele sussurrava o tempo todo "não vá embora". E, quando o barulho do bip parou e foi substituído por um "pi" que parecia infinito, seu mundo desmoronou.
─ O que aconteceu? Porque parou? ─ Sehun perguntou olhando para o médico. Os olhos vermelhos e o rosto inchado de tanto chorar, ele não conseguia aceitar que aquilo que ouviu era verdade.
O médico pediu para que a enfermeira ativasse o desfibrilador. Ele fez uma sequência de tentativas continúas: esfregava as duas partes do desfibrilador, ela ligava, todos se afastavam e ele acionava. Mas... nada resolveu. O homem abaixou a cabeça, devolveu o desfibrilador para a enfermeira e olhou na direção do jovem.
─ Tenta de novo. ─ Oh Sehun pediu, sem querer aceitar que esse era o fim... mas o médico sequer se moveu. ─ Eu tô pedindo pra você tentar de novo! ─ Ele gritou, implorando. ─ Sejeong você tem que acordar!
Pensando em todos os momentos e todas as memórias que eles criaram, e com medo que esse fosse o fim da linha para aquele amor, ele parou para pensar em três perguntas:
1) Se soubesse o quanto se machucaria, ainda teria se envolvido?
2) Se soubesse como seria o fim de tudo, ainda teria lutado?
3) Se soubesse que iria perdê-la, ainda teria se apaixonado?
Hoje ele entendia o motivo das pessoas apaixonadas definirem tudo como "sempre" e "eterno". Porquê, por mais irracional que parecesse, era impossível imaginar que tudo aquilo que tinha se formado, um dia deixaria de existir. A vida é tão rápida e passageira, que quando você notar, tudo aquilo que um dia você mais amou, se transformará em cinzas. Você não vai levar nada, a não ser o amor que um dia você recebeu.
Sem opções e em um momento de desespero, Sehun correu até a enfermeira, pegou o desfibrilador de sua mão e o usou pela última vez em Sejeong. Uma pequena carga elétrica passou pela sua mão, mas nada grava o suficiente que o causasse daños. No entando, esquecendo qualquer dor que tenha sentido, seu sorriso foi verdadeiramente genuíno e feliz, quando o aparelho voltou a bipar e Sejeong abriu os olhos no segundo seguinte.
Todos eles ficaram olhando para ela, desacreditados no que havia acabado de acontecer.
Dessa vez, Oh Sehun chorou de felicidade.
Sehun segurou uma das mãos de Sejeong e não deixou que seus lábios parassem de sorrir nem por um segundo. O médico aproximou-se pelo outro lado e chegou todos os sinais no aparelho novamente para ver se estava mesmo tudo bem. Ela tentou falar, mas por estar com um aparelho respiratório que passava pela sua garganta, era impossível.
─ Senhorita Kim, por favor, mantenha a calma. ─ O médico pediu, segurando sua outra mãos e tentando acalma-la. ─ Nós vamos cuidar de você, tudo bem? Espere mais um pouco e logo mais você poderá falar.
Sejeong rolou os olhos pela sala e parou nos olhos de Sehun novamente. Ele, agora um pouco mais calmo, balançou a cabeça dizendo que estava tudo bem. Até fez um carinho na cabeça da Kim, apenas para conforta-la e dizer que a partir de agora tudo ficaria bem.
O médico pediu para que Sehun saísse da sala por alguns minutos para que ele e os enfermeiros pudessem cuidar dela e tirar o aquele aparelho respiratório. Dessa vez ele obedeceu e aproveitou para dá a notícia para todo mundo que pudesse. Ele ligou primeiro para os pais e o irmão de Sejeong, depois para seus próprios pais, para os garotos e por fim, para alguns amigos de Sejeong. As reações de todos eles foram bem parecidas e carregadas de emoções. Comemorando o milagre que havia acontecido.
Como ainda estavam cuidando de Sejeong e fariam alguns exames, Sehun disse que a enfermeira havia avisado que os parentes e alguns amigos poderiam vir amanhã de tarde para visitar.
Ele espero pelo menos por mais uns dias horas e meia até que Sejeong voltasse para a sala e ele pudesse falar com ela. Depois os enfermeiros puseram a garota novamente na cama e arrumaram seus travesseiros para que ela ficasse confortável, eles saíram, deixando os dois finalmente sozinhos.
Os olhos dela fixaram nos deles e Sejeong sorriu. Sehun começou a chorar novamente, pois parecia inacreditável demais ver novamente aquele sorriso. Seus olhos ainda se fechavam um pouco quando ela sorria e as bochechinhas subiam. Ela estendeu a mão para que ele se aproxima-se e foi isso que ele fez.
A Kim parecia estar tentando se controlar para não chorar. Ela não havia escutado muito sobre o que tinha acontecido com ela, mas o médico lhe contou o básico, deixando os detalhes para que o noivo contasse depois.
Quando Sehun chegou e apertou sua mãos, lágrimas também caíram do rosto dela. Sem falar nada, Sehun apenas inclinou-se para frente e a abraçou. Ele chorou, soluçou e fungou várias vezes. Seus olhos estavam completamente inchados de tanto chorar.
─ Sehunie. ─ Sejeong falou com a voz doce, mas um pouco rouca por causa do aparelho respiratório que ela usou todos esses anos. ─ Eu estou aqui agora.
Sehun largou Sejeong de um abraço, apenas para conseguir olhar ela bem nos olhos. O sorriso da garota era o mais lindo do mundo e seus olhos brilhavam novamente. Ele passou os dedos levemente pelos fios de cabelo preto de sua noiva, descendo aos traços mais macios do rosto e parando nas bochechas. E, sem mais delongas, a beijando.
O beijo foi calmo e suave, sem pressa. Sejeong retribuiu o gesto e segurou a mão de Sehun, fazendo um carinho. Sehun sorriu contra os lábios de Sejeong e esfregou seu nariz contra o dela. O rosto novamente iluminado, cheio de vida e repleto de alegria. A Kim estava um pouco cansada e com a mente cheia de tantas informações, mas o principal, é que estava feliz de ter Sehun do seu lado.
Ela sentiu novamente o cheiro das flores de lavanda postas mais cedo no seu quarto, e o perfume favorito que seu noivo usava e que já havia virado sua "marca" ─ ou melhor, seu cheiro "registrado". Sejeong notou que Según estava um pouco diferente claro, um pouco mais velho, apesar do cabelo se manter quase do mesmo jeito. Os traços do rosto dele ainda eram finos e a pele ainda parecia de uma bebê, mas o sorriso de Oh Sehun sempre lhe trazia boas lembranças.
E bem, ela se lembrava vagamente do que tinha acontecido ─ mas a memória mais clara em um turbilhão de imagens, era do pedido de casamento.
Tendo finalmente o tempo de raciocínio o suficiente para se lembrar, ela levantou lentamente a mão e percebeu que seu anel não estava ali.
─ Sehun, meu anel. ─ Ela sussurrou, o procurando na outra mão. Implorando para que não tivesse perdido.
Sehun pegou o colar no pescoço em mostrou para ela, revelando o anel de noivado que havia comprado para aquele dia tão especial. Ele abriu o cordão, tirou o objeto e o encarou, antes de se ajoelhar novamente na frente de Sejeong. Dessa vez, em um quarto de hospital, para pedi-la mais uma vez em casamento.
─ Kim Sejeong... eu nunca desistiria de você... até o último segundo. ─ Ele começou o discurso, já emocionado. ─ Pedi todos os dias para que você voltasse para mim, porquê eu sabia que nunca nessa vida conseguiria viver sem você. Sem seu sorriso, sem sua alegria e sem seu amor. ─ Lágrimas caíam pelo rosto do Oh. ─ Sei que terei a vida inteira e falarei todos os dias o quanto eu te amo. Então, por favor, estou aqui te pedindo em casamento novamente. ─ Sehun ergueu o anel acima da sua cabeça. ─ Você quer casar comigo, Kim Sejeong?
─ Sim, Oh Sehun, é claro que eu quero me casar com você. ─ Ela falou entre lágrimas e sorrisos. ─ Eu nunca me casaria com mais ninguém nessa vida. Obrigado por me esperar ir até você novamente.
Sehun levantou do chão, se aproximou de Sejeong e pôs delicadamente anel no penúltimo dedo da mão dela. Ele ainda brilhavam como antes e um cristal se destacava bem no meio do objeto. O Oh deu mais um beijo nela, dessa vez mais rápido e a abraçou novamente. Se pudesse, até ergueria ela dali e balançaria ela ao redor do quatro.
─ Então, agora estou noiva e com um penteado novo... ─ Sejeong falou, pegando na ponta dos cabelos pretos que agora estavam curtos. ─ Eu gostei. Nova chance, novo visual.
─ Você está tão linda quanto antes. ─ Sehun respondeu, passando a mão pelo cabelo dela. ─ Combinou com você.
─ E você está mais magro... ─ Ela analisou, imaginando que ele deveria ter comido muito menos todos esses anos. ─ Precisa comer mais.
─ Acabou de acordar e já está me dando ordens? ─ Ele riu, sentando-se na poltrona ao lado.
─ Agora que eu voltei, você vai voltar a ser saudável, ok? ─ A Kim retrucou, fazendo um 'ok' com os dedos das mãos. ─ Saco vazio não para em pé!
Aquela era a velha Sejeong que adorava comer e fazia Oh Sehun ser um garoto saudável e que comia bem. Não apenas saudável de comidas sempre saudáveis, mas saudável de se alimentar... se fortalecer.
─ Tá bom, tá bom! ─ Se rendeu, levantando os braços. ─ Agora que você já me deu um ultimato, por onde quer que eu comece? ─ Perguntou a ela. Sejeong havia pedido para que ele contasse tudo que aconteceu todos esses anos. ─ São muitas coisas... vai ter assunto pra todos os dias!
─ Começa do... começo. ─ A garota arrumou-se na cama de hospital e olhou para ele com os olhos curiosos. ─ Me fala o que aconteceu desde aquele dia.
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