TALKING ALONE IS VERY BORING.

O clima naquele dia mantinha-se particularmente um pouco frio demais. Ter vestido uma camisa, outra de algodão e um casaco não pareceram o suficiente. Até passou pela cabeça dele achar que poderia estar ficando doente, mas esse opção logo foi descartada depois de ouvir diversas pessoas reclamando do frio em Seul.

Na verdade Sehun gostava de inverno, era sua época favorita ─ ele até fez parte do clube de alpinismo quando estava no colégio. Entretanto, particularmente naquele dia, ele estava sentindo muito frio. Era diferente, como se algo fosse acontecer. Seus pelos dos braços até se arrepiavam.

Suas mãos foram empacotadas em duas luvas pretas e ele se enrolou em um dos lençóis quentinhos do hospital. A poltrona em que sentava todas as semanas estava quase do seu formato e quase sempre reclinada um pouco para trás. Seus olhos passavam pelo teto branco da do quarto do hospital, e passava pelas paredes com tacos de madeira. Era um quarto bonito, grande e aconchegante, mas isso não significava nada quando tudo que ele queria era que ela acordasse.

─ Hoje eu comi bastante também, sabia? ─ Sehun comentou, falando com Sejeong. ─ Os dias ainda são difíceis, mas acho que estou em sentindo um pouco melhor.

Dessa vez ele não estava mentindo, pois por algo motivo suas choradeira havia parado mais do que o de costume.

─ Eu até cozinhei ontem de noite. ─ Um sorriso meigo e doce saiu de seus lábios. Era genuíno como ele sentia que aquela conversa bilateral. ─ Aprendi umas receitas novas que você vai gostar.

Sehun olhou para o lado e encarou o corpo e mente adormecido de sua noiva. O corte de cabelo era 'novo' e curto, um pouco diferente das madeixas mais longas que Sejeong costumava ter. O corte de cabelo foi feito por ser mais fácil de cuidar, já que a garota, por estar inconsciente e obrigatoriamente de cama, tinha que tomar o 'banho de leito'.

─ Ei, sabia que não responder é feio? ─ Disse em um sussurro, brincando. Seus olhos estreitaram por alguns segundos e ele suspirou levemente. ─ Quando nos casarmos, vamos continuar nos falando todos os dias, certo?

O aparelho apitou como resposta. Não era nada incomum, apenas aquele mesmo 'bip' do aparelho respiratório, mas ele aceitou como uma resposta positiva.

─ Ótimo, porque casamento é apenas mais uma etapa. ─ O Oh inflou as bochechas, pescando um pouco os olhos. O frio estava lhe deixando com um pouco de sono e aquela posição em que ele estava era ótima para dormir. ─ E a gente gosta de conversar, então vamos nos entender conversando, ok?

Outro bip acompanhou seu raciocínio.

─ Jagiya, eu sei que um dia eu disse que acreditava em amor a distância... ─ Falou, se lembrando de um pedaço de uma certa entrevista. ─ Mas não era isso que eu estava pensando.

Sehun tirou a luva e estendeu a mão até a dela. Seus dedos quentinhos tocaram os dela por debaixo do cobertor que esquentava Sejeong. Quando as mãos de ambos finalmente se completaram, um arrepiou percorreu pelo braço do rapaz. Com a outra mão, tocou levemente o colar com uma aliança no pescoço, dedilhando cada detalhe daquela peça que ele escolheu minuciosamente. Seu corpo virou de lado para ficar ainda mais confortável e ele a encarou mais um pouco antes de cair no sono.

Duas horas depois, Sehun sentiu uma mão balançar seu ombro esquerdo e acordou no susto. Era a enfermeira.

─ Senhor Oh, boa noite. Como está? ─ A enfermeira o cumprimento, se curvando um pouco. Ela cuidava do de Sejeong desde o acidente. ─ Desculpa te acordar, é que vou dar banho nela agora.

Sehun esfregou os olhos com as mãos e bocejou, cumprimentando a enfermeira em seguida. Ele olhou para o relógio que marcava nove horas e espreguiçou-se. Aquela era uma das noites que ele iria dormir no hospital, já que era sexta-feira e poderia acordar um pouco mais tarde no sábado.

─ Vai me ajudar hoje? ─ Perguntou, como se ele não fizesse isso há quatro anos. Já tinha até mesmo virado uma "piada" para descontrair.

Sehun concordou, arrastando sua poltrona um pouco para longe para dar espaço para os dois.

Geralmente no hospital, o banho de leito é realizado por um enfermeiro, já que ele tem experiência e o preparo profissional adequado, para realizar o banho de maneira correta e segura. No entanto, no segundo ano de coma, como Sehun havia insistindo tanto em ajudar para ficar mais próximo, a enfermeira acabou lhe ensinando em como ajudá-la. E é claro, ele só limpava áreas sem aparelho nenhum, como da barriga para baixo.

A enfermeira, Hwang Goowi, foi até o aparelho de temperatura na parede e aumentou um pouco. Deixando a temperatura mais agradável.

─ O senhor esqueceu de novo que dava para regular a temperatura? ─ Ela riu, vendo o tanto de cobertas nele. ─ Como pode se lembrar de tudo, menos do regulador?

─ Dá última vez que eu mexi, acabei quebrando. ─ Disse pressa do os lábios em uma linha reta e colocando as mãos para trás.

A mulher, que tinha por volta de seus cinquenta anos, soltou uma risada.

─ Você parece meu filho. ─ Falou enquanto organizava as coisas na prateleira. Ela ofereceu o álcool para ele, que saiu andando bem rápido para pegar. ─ Só não sei se ele teria a mesma força que você, querido.

Ela sentia pena, mas achava muito bonito e cheio de amor aquela atitude.

Não demorou muito até que eles começassem o trabalho. A senhora Goowi limpava com muito cuidado entre os aparelhos, para que nada acontecesse. Enquanto Sehun, tinha ao lado outro jarro de água, um balde para despejar a água utilizada durante o banho, um sabonete líquido e hidrante.

─ O cabelo dela ainda está muito bonito, então vamos deixar para cuidar disso da próxima vez. ─ Ela comentou para quebrar o clima. Gostava de sempre falar com o garoto, porque sua estadia se quatro anos ali sempre parecia muito sozinha.

Mesmo com todas as visitas de outros amigos ou parentes, no fim, quem ficava  era Oh Sehun.

─ Você já comeu? ─ Continuou com a conversa.

─ Sim, e a senhora? ─ Ele Respondeu, devolvendo a pergunta.

─ Claro! Estou ficando velha, tenho que aproveitar enquanto posso comer bastante. ─  A senhora Hwang riu, fazendo Sehun rir um pouco também. ─ Então não deixe de comer.

─ Certo.

Os olhos de Sehun a todo momento ficavam atentos nos próximos passos. E por mais que não fosse algo tão bom assim, eles brilhavam todas as vezes que conseguia ajudar um pouco sua noiva. Dava para ver o amor e cuidado, não só nas ações, mas nos seus olhos.

─ Você falou com ela hoje? ─ Ela sabia que sim, mas continuava perguntando todas às vezes.

Sehun não se irritava com as perguntas, os dois já estavam acostumados um com o outro.

─ Sim, falei a ela que voltei a cozinhar e que deveríamos nos entender mesmo depois da gente se casar. ─ Respondeu, sentando em um banquinho para ficava na altura dos pés da garota e limpa-los.

─ É mesmo? Isso é ótimo! ─ Disse entusiasmada. ─ Fazia algum tempo que o senhor não cozinhava, certo?

Depois de um ano, eles começaram a conversar mais e Sehun passou a contar algumas coisas. A senhora Hwang também servia um pouco como psicóloga de Oh Sehun, seu 'quase filho adotivo do hospital', nas horas vagas.

─ Sim, eu até aprendi alguns pratos novos pra fazer pra ela depois. ─ Disse todos orgulhoso de si mesmo.

─ A senhorita Kim vai ficar muito feliz. ─ A enfermeira sorriu, achando muito bonito.  ─ E isso de se entenderem no casamento é muito importante! Às pessoas depois que se casam, costumam esquecer ou deixar o amor de lado... Se acomodarem. ─ Ela disse, parrando de limpar um pouco apenas para olhar para ele e falar. ─ Não deveria ser assim. A maioria se casa porque ama, então porque se acomodar? Deveria continuar se dedicando, não acha?

Sehun concordou.

Por ele, se dedicaria para sempre por sua Kim Sejeong.

Sinceramente não ligava como os outros levavam sua vida, mas ele nunca deixaria de mostrar seu amor por ela. Nunca iria querer perde-la ou deixa-la achar que ele não a amava mais.

A porta do quarto 309 abriu de repente, tirando o rapaz dos pensamentos. Era o médico que cuidava de Sejeong.

─ Senhor Oh, podemos conversar? ─ O médico pediu educadamente, deixando a porta atrás de si aberta para que ele o seguisse.

Sehun colocou o pano que estava usando ao lado do balde, limpou as mãos e um outro pano limpo e seguiu o médico.

O homem alto, que tinha por volta de 56 anos, o guiou até a cafeteria do hospital. Sehun não entendeu e nem se atreveu a perguntar antes, apenas o seguiu sem falar nada. O médico pediu para que ele se sentasse em uma das mesas e foi buscar algo na cantina.

O doutor voltou três minutos depois com um copo de café para ele e um chá para Sehun, já que o Oh não bebia café. E sentou-se de frente ao mais novo e suspirou, se preparando para dá a notícia. As atualizações para ele e os familiares de Sejeong eram constantes, mas... com certeza essa era a mais difícil.

─ Pode falar logo? ─ Sehun foi bem direto, já sabendo que não eram boas notícias. ─ Poupe meu sofrimento e diga logo o que vai acontecer.

─ O quadro dela piorou e receio que não há mais volta. ─ O médico respondeu, olhando o jovem bem na sua frente com um olhar profundo e empático. ─ Sei que algumas pessoas em coma passaram anos até que acordassem, mas elas também dependiam de seus estados clínicos.

─ Então o que vão fazer? Desligar os aparelhos? ─ Sorriu sarcástico. Morrendo de raiva por dentro. ─ Só falta você me falar essa notícia maravilhosa!

Não era culpa de ninguém, é claro, mas Sehun precisava descontar sua raiva.

─ Na verdade quem tem que decidir isso é a família dela. ─ Essa era a última coisa que o doutro também queria, mas infelizmente não tinha uma notícia melhor para dar. ─ Vocês ainda não são casados, mas... receio que a família dela também peça sua opinião.

Parecia inacreditável que esse momento havia chegado. Ele simplesmente não conseguia acreditar que o médico havia "desistido" depois de quatro anos. Certo, ele é o médico e deve saber exatamente das condições da paciente, mas... ainda sim é difícil de aceitar.

Aceitar que o fim pode está chegando.

─ Senhor Oh, eu lamento lhe dá essa notícia, também não era o que eu queria. ─ O doutor abaixou a cabeça por alguns segundos, encarando seu café. ─ Sei que deve estar pensando que desisti, mas irei fazer o possível até o último segundo.

Por fim, o médico se levantou, fez uma referência e foi embora. Sehun fez o mesmo em alguns minutos, se levantando depois de tomar seu chá e indo direto para o quarto. Ao chegar lá, já estava escuro novamente e bem limpinho.

A senhora Goowi havia acabado de limpar quando ele chegou, mas os dois acabaram não se esbarrando na saída por causa de alguns minutinhos.

Depois de trocar de roupa e se preparar para dormir no sofá, Sehun ajoelhou-se no chão de frente para a cama. Ele segurou as mãos de Sejeong entre as suas, fechou os olhos e começou a rezar. Sendo cristão, Oh Sehun sempre orou todas as noites para Deus cuidar daqueles que ele amava. E principalmente nessa noite em especial, por sua noiva.

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