O TEMPO NÃO CURA TUDO.

Sehun já tinha tomado pelo menos uns dois remédios de dor de cabeça naquele dia ─ e que fique claro, ainda eram por volta das nove e meia da manhã. Depois tomar café, colocar comida para os cachorros e passar no hospital para dar bom dia para Sejeong, como uma rotina diária, ele foi para empresa.

Era início de um comeback. Fazia algum tempo que o EXO estava em hiatus por diversos motivos. Além de claro, a empresa ser bem bacaca e dificultar a vida deles todos os dias, eles alistaram os membros do grupo em data e anos distintos. Portanto, antes não tinha como voltarem como queriam.

Naquele momento, Oh Sehun se alongava no canto da parede. Afastado de tudo e de todos e banhado em uma aura triste e cansada. Quando ele aceitou fazer o comeback com os garotos, sabendo que isso ajudaria a se distrair, havia esquecido por um momento toda aquela pressão externa que sofreria. Ele sabia das responsabilidades em grupo e como dançarino líder, mas lidar com a mídia era um inferno.

Eles já vinham acabando com sua paciência há muito tempo.

─ Ei, você tá bem? ─ Junmyeon perguntou. Não apenas como líder, mas também como amigo, ele estava preocupado com o garoto. ─ Você chegou e nem falou muito... Ficamos preocupados.

Suho foi o primeiro a ir falar com ele. Não que os outros meninos estivessem com medo ou algo do tipo, na verdade eles estavam lhe ajudando muito, mas é que o líder do grupo havia dito que iria falar com ele primeiro antes de tudo. E Junmyeon sempre exerceu esse papel de pai com os garotos.

─ Acordei com dor de cabeça, mas já tomei remédio. Vou ficar bem. ─ Sehun deu aquele sorriu nada convincente, apenas para não preocupa-lo mais. Claro que Suho não acreditou.

─ É sobre aquela matéria de ontem? ─ O Kim puxou o assunto tenebroso. Sabia que era delicado, mas precisava saber para ajudar.

─ Quero que eles se fodam. ─ Foi o que Según conseguiu falar antes de começar a lacrimejar.

Aquela merda daquela matéria, não apenas sensacionalista, mas de alma ruim, postada em um site de fofoca. 'Quando tempo será que Oh Sehun, um dos astros do EXO, ficará esperando pela sua noiva 'quase morta' Kim Sejeong? A atriz e idol não acorda há mais de quatro anos, acho que deveria ser um sinal'. Porque algumas pessoas eram tão más? Ele não sabia, mas estava tão carregado emocionalmente, que qualquer coisa lhe incomodaria.

Sehun sentou-se no canto da parede, juntou as pernas no peitoral e começou a chorar. Por mais que aquela matéria fosse de uma maldade impressionante, o final que falava 'deve ser um sinal' era sempre algo que ele tinha dificuldade de aceitar. Suas esperanças gritavam, mas o medo o consumia. Junmyeon agachou ao lado de Sehun e o trouxe para um abraço apertado, fazendo um carinho no topo de sua cabeça.

O resto dos rapazes vinheram segundos depois, querendo entender o que estavam acontecendo. Todos eles se juntaram em uma roda ao lado de Sehun, mas não tão perto que pudesse sufocar o rapaz. Apenas o suficiente para estar perto.

─ Sehun-ah, sei que não podemos te prometer nada, mas se ela está aqui com a gente até agora, tenho esperança de que vai ficar tudo bem no final. ─ Xiumin quebrou o silêncio, enquanto alisava as costas do mais novo. Assim como todos, sabia que a situação era difícil, mas ainda se tinha pequenas esperanças.

─ Eles são uns babacas. Fazem isso para tentar destruir nossas vidas. ─ Baekhyun falou em seguida, suspirando fortemente. Ver Sehun tão mal, como todas essas pessoas maldosas iriam querer, faz seu sangue ferver. ─ Mas nós sabemos da verdade. Isso é o que importa... E o hyung tem razão. ─ Disse referindo-se a Xiumin. ─ Se mesmo depois desse tempo todo sala está aqui, temos esperança.

Não tinha como seu amigo não se abalar. Mexer com alguém que você ama te destrói.

─ Ela deve está lutando para ficar com a gente, Sehun-ah. ─ Jongin o abraçou. O mais velho por apenas três meses, o confortou. ─ Com você.

─ Exatamente. Enquanto isso a Sejeong está nos protegendo. ─ Lay concordou com os outros. Assim como Suho, ele era um dos que mais se preocupava com o bem estar dos seus amigos. ─ É difícil se acostumar e não ver ela com toda aquela energia, mas pode ter certeza que aquela pestinha está guardando para depois.

O depois era uma droga, mas tinham que espera. Ao mesmo tempo em que Yixing falava aquilo, se lembrava muito bem dos grande momentos caóticos entre eles. Existiam poucas pessoas de fora que eles se sentiam confortáveis para compartilhar momentos, mas Sejeong parecia fazer parte da família há muito tempo. Ela os deixava felizes, animados e rendia boas risadas. Mesmo sendo a mais nova de todos, muito do que a garota falava virava uma boa lição de vida.

A vida era difícil. Contudo, com as pessoas certas ao seu lado, às vezes simpatizava mais com o lado bom da vida.

─ Ela é demais. ─ Chanyeol comentou, fazendo um 'ok' com a mão direita. Ele e Sejeong estavam sempre rindo, fazendo palhaçada ou falando coisas engraçadas. Não tinha como não rir perto desses dois.

─ A Sejeong-ah acreditava em milagres... Também deveríamos fazer isso. ─ Kyungsoo deu dois tapinhas nas costas de Sehun. Acho que eles já haviam falado aquelas coisas muitas vezes, mas nunca cansava. O amor deles um pelo outro era um combustível para tentar tornar aquela situação um pouco menos dolorosa. ─ Não é impossível.

Ao contrário do que muitos acreditavam, por ser mais calado e observador, D.O. também é amável, alegre e educado. Ele se considerava o senhor das palavras, mas era maduro na hora certa para dizer o necessário quando precisava.

─ Sim. ─ Baek balançou a cabeça, concordando. ─ Não lembram daquelas matérias que lemos? Das pessoas que acordaram de um coma muitos anos depois?

Eram raros, mas haviam impressionantes casos de um homem que acordou de um coma 19 anos depois, e outro de uma mulher que acordou após 27 anos. É claro que não queriam que a situação chegasse a esse ponto, mas eram notícias que sempre lhe davam esperança.

─ Vamos estar aqui com você sempre, Sehun-ah. ─ Jongdae sussurrou baixinho, como se houvesse outras pessoas na sala e quisesse que apenas eles escutassem.

Durou por volta de vinte minutos até que os garotos conseguissem acalmar um pouco o maknae. Como bem diria Suho em uma entrevista, apesar de muitos acharem que Sehun poderia parecer frio e durão por fora, ele era muito sentimental por dentro. O Oh quando mais novo nunca aprovou muito ser considerado fofo ou sentimental, e talvez por isso as pessoas que não o acompanhavam tanto, achavam que era verdade. No entanto, quando foi ficando mais velho, acabou se acostumando com isso.

Pelas próprias palavras de seu líder, Sehun é um garoto incrivelmente carinhoso, caloroso e que cuidava das pessoas as seu redor. Sempre dando muito carinho aos membros, assim como os membros do EXO faziam o mesmo com ele. Uma verdadeira troca de amor.

Após se acalmar, Sehun limpou as lágrimas com as costas das mãos e respirou fundo. Ele arrumou o cabelo deliberadamente, já que havia ficado muito bagunçado e o jogou totalmente para trás. Seu rosto estava mais vermelho do que um morango de tanto chorar, seus lábios um pouco secos de desidratação e os olhos opacos. Os garotos, todos sentados e observando ao redor dele, esperaram pacientemente.

─ Foi mal por preocupar vocês. ─ Disse depois de muito tempo. A voz ainda um pouco embargada e anasalada, mas mais calma. ─ Eu estou melhor, obrigado.

Era um pouco triste ver uma pessoa tão jovem sofrendo tanto, mas Sehun não se arrependia por passar por tudo isso pelo amor da sua vida.

Literalmente, sofrendo por amor.

─ Quando ela acordar, a gente conta que o Jongdae se casou e virou pai. ─ Xiumin disse tentando amenizar o clima. Os outros riram, sabendo que seriam um momento engraçado.

Sejeong havia conhecido a esposa de Chen apenas como namorada e no máximo, noiva. Porém, infelizmente, não conseguiu ir ao casamento. O casal até tentou adiar um pouco mais devido as circunstâncias, mas como ninguém sabia quando ela acordaria, acabaram se casando e tendo filhos não muito tempo depois.

─ Acho que ela vai enlouquecer e ficar "meu deus, não acredito, cadê eles?" e esquecer da gente. ─ O próprio Jongdae falou, completando. Sabia que Sejong ficaria muito animada em saber da notícia.

─ Eu também esqueceria de vocês se escutasse isso. ─ Chanyeol brincou, fingindo que estava falando muito sério. Baekhyun empurrou levemente o ombro do rapaz. ─ Só ia querer saber dos bebês.

A risada em conjunto poderia ser ouvida do outro lado do corredor. Até mesmo Oh Sehun conseguiu se sentir mais leve e rir um pouco com aquele comentário.

─ Agora que você está um pouco melhor, que tal a gente treinar? ─ O melhor para Sehun nesse momento seria se distrair como ele queria, então ensaiar as músicas dava ao rapaz a oportunidade de ignorar um pouco a triste realidade. E claro, Suho estava ciente disso. ─ Temos muita coisa pra falar quando ela acordar.

Junmyeon sabia que era muito arriscado falar com certeza que ela iria acordar, porque isso dava esperança. Porém, naquela situação, eles não tinham mais o que fazer. Haviam apenas dois fins para aquela história e ele esperava que fosse um final feliz.

─ É, acho melhor. ─ Sehun falou se levantou logo em seguida. Ele era forte, passaria por isso como conseguiu durante os quatro anos.

─ Depois a gente pode ir almoçar naquele restaurante que a gente ia em Dogok-dong. ─ Jongin deu a ideia. Já havia comido lá muitas vezes, mas nunca enjoava. ─ Faz algum tempo que não vamos lá todos nós.

─ Parece uma ótima ideia. ─ Lay concordou, pegando uma garrafa d'água e oferecendo para o mais novo. Era um restaurante bem diverso e tinha desde comidas mais saudáveis, refinadas, até junkfood. E entre os membros, Zhang Yixing é quem mais gostava de junkfood.

─ Ok, agora vamos trabalhar que temos um show no MC pra fazer. ─ Baekhyun se levantou em seguida, batendo palmas. ─ Se não vocês vão passar a manhã pensando no almoço!

Os rapazes fizeram o mesmo e seguiram para suas posições. Organizando o que faltava para começarem de verdade a ensaiar. Tinham um longo dia pela frente.

─ Mais tarde quando terminar tudo podemos passar no hospital e falar com a Sejeonnie. ─ Byun Baekhyun abraçou Sehun e arrumou o resto do cabelo dele que estava fora do lugar. Com um sorriso no rosto e energia calorosa de irmão. ─ Ainda não mostrei meu cabelo novo pra ela.

Eles acreditavam que, apesar dela não falar, poderia estar escutando o que os mesmos falavam para ela. Não seria estranho, já que há relatos de pacientes que mesmo em coma, quando acordaram revelaram que se lembravam de algumas coisas.

Aquele dia passou relativamente rápido. O grupo treinou quase o dia todo, fizeram algumas promoções, almoçaram no local onde haviam prometido e depois passaram no hospital para uma visita. Sehun agradeceu mentalmente por ter irmãos tão incríveis ao seu lado, que amavam tanto ele, quanto Sejeong. Sem desistir, ou deixá-lo cair sem se levantar novamente.

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