𝐅𝐎𝐔𝐑 - 𝐀𝐋𝐄𝐑𝐓: 𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑
SUNGHOON PASSOU A NOITE em claro, como sempre, fingindo dormir até que as enfermeiras de seu corredor fossem embora e ele pudesse ficar a sós com seus pensamentos. Contudo, algo lhe chamou a atenção.
Eram exatamente três e meia da manhã quando ele ouviu diferentes vozes elevadas no corredor, que atrapalhavam sua leitura diária, Quando Nietszche Chorou. Levantou-se da cama com um movimento fluido e silencioso, aproximando-se da pequena janela de vidro na porta de seu quarto, aparentemente estressado pela quebra de foco ocasionada em si. A visão do que se passava, porém, o fez subitamente parar.
Além de toda a movimentação estranha, a doutora Jang estava ali, tentando acalmar um paciente visivelmente alterado. Ele gesticulava agressivamente, e ela, embora mantendo a compostura, parecia amedrontada e tensa.
A Doutora Jang Wonyoung, tão calma e sensata parecia um coelhinho indefeso ali, tão pequeno e frágil que qualquer predador se sentiria naturalmente atraído a sua delicadeza e insignificância.
Tão... apetitosa...
Sunghoon estreitou os olhos, seu instinto predatório ativado, e antes que pudesse perceber, já estava do outro lado da porta.
Ele atravessou o corredor com a rapidez de um raio, os seus movimentos eram precisos e silenciosos, quase imperceptíveis para os humanos ao redor. Ele sentia o sangue alheio fervendo nas veias, um desejo quase incontrolável pulsando dentro dele. Mas ao mesmo tempo, havia algo que o impelia a proteger aquela pequena e apetitosa figura vulnerável à sua frente.
A doutora Jang, que até então mantinha a calma, se virou quando sentiu uma presença se aproximando rapidamente. Seus olhos se arregalaram ao ver Sunghoon, como se não esperasse vê-lo ali, especialmente fora do quarto.
— Senhor, peço que se acalme... — A voz da doutora era baixa, mas firme.
O paciente alterado, agora completamente fora de controle, ergueu a mão para tentar golpear a Jang Wonyoung. A tensão e medo eram visíveis, mas antes que qualquer coisa pudesse acontecer, uma certa mão estava ali, bloqueando o movimento do homem com uma facilidade surpreendente.
— Eu não faria isso se fosse você — ele murmurou, com um tom de voz que gelava até os ossos.
A doutora Jang sentiu seu coração acelerar.
O paciente congelou, os olhos arregalados de medo ao encontrar os de Sunghoon. Algo na expressão do Park — talvez a intensidade dos seus olhos, agora com um leve brilho avermelhado, ou a frieza inabalável em seu rosto — fez o homem recuar, confuso e aterrorizado.
A doutora Jang, surpresa e desconcertada, observava a cena com uma tremenda surpresa. Ela tentou processar o que estava acontecendo, mas os olhos de Sunghoon, negros e com um brilho intenso que ela não conseguia explicar, a prenderam no lugar. Ele parecia ao mesmo tempo ameaçador e protetor, uma combinação que a fazia ter um deja-vù.
— Senhor Park... — A voz dela era um sussurro, quase inaudível. Ela não conseguia desviar o olhar, como se algo maior nos olhos dele a puxasse, um magnetismo sombrio que a fascinava e aterrorizava ao mesmo tempo.
Sunghoon não respondeu imediatamente. Ele estava focado no paciente, sua mão ainda segurando o braço do homem com uma força contida, mas inegável. O paciente se debatia ligeiramente, mas ele não cedeu, mantendo-o no lugar com um aperto firme.
— Você ouviu a doutora Jang — disse ele finalmente, soltando o homem com um gesto controlado. — Volte para o seu quarto.
O paciente, agora completamente abalado, recuou lentamente, os olhos ainda fixos em Sunghoon como se ele fosse algum tipo de monstro. Sem dizer uma palavra, o homem se afastou, desaparecendo rapidamente pelo corredor como um cachorrinho com o rabo em meio às pernas.
Wonyoung continuava parada, os olhos ainda presos nos de Sunghoon. Ela tentou falar, mas as palavras pareciam presas na garganta, incapazes de sair.
— Está tudo bem agora, querida... — Sunghoon disse suavemente, seu tom mais calmo, mas ainda carregado com uma intensidade que a desconcertava. — Você está segura.
Finalmente, a doutora Jang conseguiu soltar o ar que nem percebeu estar segurando. Ela deu um pequeno passo para trás, tentando recuperar a compostura.
— Obrigada... — Ela conseguiu dizer, ainda com a voz trêmula. — Eu... não esperava que você... — Suas palavras falharam novamente, o misto de alívio e medo ainda visível em seus olhos.
— Não foi nada — respondeu Sunghoon, quase casualmente, embora seu olhar ainda estivesse fixo nela. — Mas você deveria ter mais cuidado. Esse lugar... não é tão seguro quanto você pensa.
Havia um subtexto nas palavras dele, algo que Wonyoung não conseguia decifrar, mas que a fazia sentir um frio na espinha. Ela assentiu lentamente, ainda processando o que acabara de acontecer, ambas as mãos trêmulas por detrás de seu corpo.
— Você deveria tirar uma pausa — Sunghoon sugeriu, mas havia algo mais em sua voz, uma sugestão de cuidado que parecia estranho vindo dele.
— Sim, eu... vou chamar as enfermeiras para que ele consiga dormir... — ela disse, finalmente conseguindo dar um passo para trás.
Sunghoon permaneceu parado, observando a figura da doutora Jang desaparecer pelo corredor. O ar ao seu redor parecia mais denso, carregado com a tensão não resolvida da interação recente. Ele fechou os olhos por um breve momento, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos que passavam por sua mente. Seus instintos gritavam para agir, para satisfazer os desejos que ele lutava para controlar em relação àquela tão saborosa e frágil mulher, mas havia algo na vulnerabilidade de Wonyoung que o mantinha em cheque.
A doutora Jang caminhava pelo corredor com passos rápidos e incertos, o coração ainda batendo acelerado. Ela tentou se recompor, mas as imagens dos olhos de Sunghoon, aquele brilho letal que ela mal conseguia explicar, não saíam da sua mente. Havia algo profundamente perturbador e atraente nele, algo que a fazia questionar tudo o que ela realmente sabia, até mesmo o irreal.
Ela chegou até a sala de descanso e encostou-se à parede, tentando recuperar o fôlego. As palavras de Sunghoon ainda ecoavam em sua mente, a maneira como ele a olhou, como se estivesse vendo além de sua pele, como se pudesse ver a própria alma dela.
A doutora Jang Wonyoung passou a mão pelo rosto, sentindo as palmas levemente suadas. Sua mente estava dividida entre o medo irracional e uma curiosidade perigosa. Sunghoon era um mistério, um quebra-cabeça que ela não sabia se queria resolver, mas algo dentro dela queria se aproximar mais, entender mais, apesar de todo o perigo que ele poderia representar.
Enquanto ela tentava acalmar os pensamentos, o telefone de emergência ao lado começou a tocar, quebrando o silêncio da sala. A doutora atendeu automaticamente, ainda meio perdida em sua própria mente.
— Doutora Jang, há um paciente no quarto 304 que está pedindo por você. Ele está bastante agitado, acha que pode ajudar?
Ela fechou os olhos, respirando fundo. — Estou a caminho.
Desligando o telefone, Wonyoung forçou-se a sair da sala e voltar ao trabalho, mas a imagem de Sunghoon e o que poderia realmente estar acontecendo dentro de sua mente não saíam de sua cabeça. Ela sabia que não podia se deixar levar por essas emoções, mas algo naquela noite havia acontecido e trazido uma certa tensão, algo que ela não sabia como lidar.
E talvez, apenas talvez, ela quisesse entender mais sobre aquele homem enigmático, mesmo sabendo que isso poderia levá-la a um caminho sem volta.
Um caminho cheio de espinhos e sangue.
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