eu até fiz café

Saio da minha bicicleta indo em direção ao meu segundo lugar favorito no mundo: Coffe Social Club. 

O Coffe Social Club é o lugar mais legal para pessoas intelectuais. Ele conta com uma enorme biblioteca com os mais diversos livros, algumas áreas de instrumentos livres e ainda uma cafeteria com muitas comidas. 

Alguma dúvida que este é o lugar perfeito? Todos vão até lá.

Combinei com Dallas que a veria para tomarmos um café lá. Preciso contar tudo sobre o quão grosso aquele idiota do menino que eu sinceramente não quero lembrar o nome foi. 

Enfim, adentro o estabelecimento, começando a escutar a música que ecoa das salas. Eu realmente nunca prestei muita atenção nos sons, mas desde ontem eu não consigo retirar aquelas notas da minha cabeça, é como se tivessem entrado aqui dentro com algum propósito - o de me prender a elas. 

Avisto a minha amiga. Ah, eu gosto tanto dela. Tenho orgulho em dizer que ela é uma das minhas únicas reais amigas, sabe, Dallas foi " amor a primeira vista de amizade". É assim como nos tratamos. Somos almas gêmeas da amizade.

- Hey, cheguei! - Digo, colocando minha pequena bolsa no banquinho desocupado ao lado da mesa em que ela está sentada, sentando-me no banquinho de frente a ela. 

- O que tinha de tão urgente para me contar, Alice Rose Spring Patterson Bullet? - Diz, contando nos dedos os meus nomes. Ah, ter três nomes as vezes pode ser meio estranho, juntando com os dois sobrenomes...

É bem estranho, na real. 

- Não tinha nada exatamente urgente, na real, não é nada demais...Mas me incomodou. - Digo, pegando o cardápio em cima da mesa. 

- E que coisa seria esta? - Pergunta, levantando o braço na tentativa de chamar o garçom. 

- Ontem eu fui até aquele Conservatório, sabe? Aquele que tem um monte de gente de diversos locais e etc, tocando um monte de instrumentos. Enfim, o lugar é incrível - Inicio, colocando o dedo em cima do café que iria pedir, um mocha acompanhado de um brownie. 

- E? - Impaciente, me visualiza com um olhar cansado e até entediado. 

Olho para os lados, tentando organizar meus pensamentos para explicar para ela. 

- Você nunca sentiu como se algo te chamasse e você precisasse saber do que se tratava ou sobre o que era, tudo? Foi como se minha alma tivesse sido puxada por um imã até uma sala onde uma música muito bonita estava sendo tocada. Não sei demonstrar a sensação que foi, mas te garanto, foi muito estranho...Alguma coisa dizia " Alice, vá". Eu fui.

- Ah, sério? - Ironiza. - E o que tão grandioso aconteceu nessa sala, Alice?  Você se apaixonou pelo garoto mais lindo do mundo? - Se encosta na coluna do banquinho. 

Olho para ela com uma feição de desdém. Dallas está zoando da minha situação, o que é perfeitamente normal.  

- Eu vi um garoto tocando de uma forma tão, tão...sentimental. Dallas, você realmente parou e escutou um pianista cheio de emoção nesse lugar? - Paro por alguns segundos, esperando a resposta que sei que não viria, então continuei. - Não tanto quanto aquele menino que eu vi. Ele foi sensacional, nunca vi algo parecido. Foi mágico, incrível. Mas ele não foi legal comigo quanto com o piano. - Digo com desgosto ao relembrar o quão embaraçoso aquilo foi para mim. 

- Ué, o que foi? - Arqueia a sobrancelha, jogando a cabeça para o lado com expressão duvidosa. - O que ele fez? Ah, boy querido e talentoso é difícil de encontrar mesmo, amiga. 

- Ele foi um idiota! - Me exalto, falando na lata. -  Um idiota do caralho! Nunca fui tratada tão mal na minha vida por absolutamente nada. Ok, eu entrei sem permissão, mas isso não é motivo para me tratar daquela maneira, ele foi a merda de um idiota, estúpido do.... - Largo minha raiva afundada dentro de mim para fora. 

- Tá, mas... - E ela iniciou a risada mais longa do mundo. Não conseguia parar de rir diante da minha tristeza, e o pior de tudo é que eu nem sei o nome da música. - Amiga... - E ela continua a rir, e sinceramente, não entendo o porquê. 

- Dá para parar? Sério, todo mundo já percebeu que você está tendo um ataque de asma, já deu, né? - Peço com o máximo de educação que consigo ter. 

Dallas volta a se comportar, olhando para os lados tentando procurar de algo. 

- Que demora de atendimento! Vou reclamar! - Ela se irrita, chamando novamente alguém para nos atender. 

- Calma, o lugar está lotado. - Digo, tentando amenizar a situação. 

- Está vindo. - Sorri, contente. 

Escuto passos ecoarem até nós enquanto pego meu celular para mandar uma mensagem para minha mãe. 

- O que as senhoritas gostariam de pedir? - E a mesma voz charmosa de ontem sai da pessoa mais talentosa que existe. 

Levanto minha cabeça para poder vê-lo. É possível, é ele mesmo. 

- Você. - Sussurro baixinho. 

- Você. - Revira o olhar de forma impaciente e vira-se para Dallas. - O que pedirá? 

- Um capuccino com aquele pastel de frango maravilhoso que vocês fazem. - Sorri e eu infelizmente conheço o sorriso de alguém interessada. 

Então ele volta a atenção para mim, sorrindo timidamente. Ele tem coração, uhul.

- E para esta dama aqui? - Pede, fingindo esquecer do modo como já tinha me tratado anteriormente. 

- Quero o nome da música. - Digo, decidida. 

- Só? - Finge anotar no papel o "pedido", não ligando para a presença alheia. 

- Por favor. - Peço tentando no máximo ser educada com ele, uma pessoa que não merece. 

Ele suspira, largando a caderneta em cima da mesinha e me visualizando no fundo dos olhos, impaciente. Assim como ontem, ele consegue ser um insuportável no próprio serviço. 

- Murmures, garota. Murmures. - Diz, pegando novamente o caderninho e voltando a atenção novamente para mim. - O que vai querer? - A indiferença o domina mais uma vez, droga, por que ele tem que sempre ser assim? Ninguém merece tamanha frieza.

- Você sabe meu nome. - Digo. - E eu sei o seu. 

- Andou pesquisando, Margarida? - Ele pergunta, ironizando.

Volto meu olhar para Dallas, que permanece rindo baixinho da situação e achando extremamente hilária. Nem tentava esconder tamanha graça.

- Sim, Russel. - Disse da mesma forma que ele, em tom de ironia, porém não ironizando totalmente. 

- Agora que me procurou por todos os lados, você pode dizer o que vai querer? - Pergunta, arqueando a sobrancelha. 

Percebo que sua paciência está realmente acabando e o melhor a se fazer é não ser mais insuportável, assim como ele.

- Eu quero um mocha com brownie, por favor. - Peço, sorrindo de lados. 

- Finalmente. - Sorri sem mostrar os dentes e com uma pitada de deboche, se retira para ir em busca dos pedidos. 

Volto meu olhar para o teto, tentando encontrar um buraco lá para colocar a minha cara. A minha vontade é de me esconder e nunca mais ser encontrada. 

- Já entendi o motivo pelo qual está tão intrigada com o garoto, sem querer dizer nada, mas a personalidade do menino é realmente interessante. Ele é decidido, taca o foda-se para tudo. Eu te apoio. - Sorri com deboche, percebendo rapidamente de quem se tratava. 

- Não me olhe desse jeito. Ele é um idiota e eu não voltarei mais aqui agora que sei que o garçom é ele. - Decido, suspirando. Como nunca percebi que ele trabalha aqui? 

- Deixa de mentir, Margarida. - Ela gargalha mais um pouco, me deixando ainda mais irritada.

Tenho que admitir, uma parte de mim está feliz por saber onde ele está.

Passa-se cinco minutos de idas e vindas nas mais diversas conversas que possam ocorrer entre mim e Dallas, sinceramente, acho que jamais encontrarei alguém como ela. Agora que estamos de férias não nos vemos com a mesma frequência, mas quando as aulas voltarem estaremos mais grudadas que nunca. 

- Está vindo - Ela levanta a sobrancelha indicando que o idiota está vindo atrás de mim. 

- Cheguei, meninas! - Diz com uma animação jamais vista. 

Meu Deus, ou ele está aprontando ou ele tem bipolaridade. 

Aposto na segunda hipótese. Mas a primeira não é de se descartar.

O menino coloca o pedido de Dallas próximo dela e faz o mesmo comigo. Sorrio em agradecimento, mas ele não se retira. 

- Eu até fiz café para você. - Diz, me visualizando com uma certa ironia. 

- Obrigada. - Franzo minha sobrancelha, não entendendo. 

- Beba. - Pede, na verdade, praticamente manda. 

- Ok. - Comprimo meus lábios, me sentindo um pouco conturbada. 

Estranho a vontade do garoto, mas não o contrario. Levo a xícara quente até meus lábios e bebo o líquido, que por incrível que pareça, está muito bom. 

- Sem laxante? - Pergunto, arqueando a sobrancelha. 

- Sem laxante. - Afirma, se retirando e indo atender outros clientes. 

É, parece que Nicholas Russel é muito mais do que um jovem talentoso prodígio músico. Ele consegue fazer um ótimo café também.


E aí, pessoal? Sentiram saudades? O que vocês estão achando dos personagens, em especial, do Nicholas? 

Vou tentar postas tanto " Girassóis de Rose", quanto " You Look Pretty", uma vez por semana. Chamem os amigos para ler! Espero que gostem!

XOXO, Ana Louise. 

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