A busca de calor

Não vamos falar de coisa ruim, vamos fingir que  está tudo bem e que eu não to triste pra krl. Sinto muito por todo esse role. 

Boa leitura


Capítulo 4 – A busca de calor


"Depois perguntam por que a Rihanna mata os homens nos Clipe"

– Park Jimin


Jimin voltou para o laboratório em silêncio, pensando na porcentagem de matéria escura que precisaria para criar um buraco negro contido, estava tão focado nos próprios pensamentos que nem ao menos notou o alfa o seguindo.

Se sentaram na mesma bancada e durante horas trabalharam em silêncio, cada um focado em suas próprias preocupações. Jeon não queria admitir, mas a sensação ruim em seu peito estava forte demais para ser ignorada.

Tentava acreditar que era por ter magoado Jimin e ele não o ter desculpado, mas parte do problema também era o convite do beta, que poderia parecer inocente, mas uma voz em sua mente insistia em dizer que havia uma segunda intenção por trás de tudo aquilo.

Claro que ele não se importava. Jimin poderia flertar com quem quisesse e qualquer um poderia se interessar pelo ômega, ele não ligava, mas o pensamento de que talvez ele só estivesse fazendo aquilo para provar ao alfa que ele também conseguiria alguém facilmente passava pela sua mente repetidamente.

Não queria que Jimin o provasse algo, era claro que ele já sabia sobre aquilo. E, por mais que nunca fosse admitir em voz alta, achava o ômega lindo, de todas as formas, desde arrumado para a cerimônia de fim de ano até bagunçado após um dia cansativo no laboratório.

Isso era incontestável e ele não era cego, Jimin poderia ser chato, irritante, implicante, impaciente, intolerável e vários outros adjetivos, mas o ômega também era dono de uma beleza imensurável.

O cheiro de frutas era delicioso e mesmo que o beta não conseguisse o sentir com perfeição, ele deveria saber que Jimin era impressionante em todos os aspectos.

Jeon suspirou com aquela ideia. O beta tinha mesmo segundas intenções? Ele poderia só querer um parceiro de estudos, no final das contas, não é? Não tinha por que se preocupar. Já conhecia Jimin a tanto tempo e nunca havia o ouvido falar sobre relacionamentos, encontros ou interesses românticos.

Esse era até um dos motivos para Jeon o achar frio e insensível. Afinal, que tipo de ômega não precisava de calor e não pedia carinho?

Taehyung, ao menos, vivia pendurado nos amigos, sendo Yoongi, Hoseok, ou qualquer outro que estivesse parado perto o suficiente para que ele pudesse se agarrar.

Jimin nunca fazia isso, sempre estava em seu próprio mundo e nunca o via pedindo ou precisando disso. Tirando as raras épocas de Cio, onde ele não saia do quarto por nada, não tinha traços dele precisar de algo tão biológico e instintivo.

– O que estou vendo aqui? Isso seria o barulho do silêncio? – A voz do professor ecoou pelo laboratório, chamando a atenção dos dois estudantes. – Vejo que meu castigo deu certo.

– Eu não diria tanto. – Jimin resmungou baixo, mal-humorado, voltando sua atenção para o papel. – Pode conferir uns dados pra mim? Ontem eu li um artigo que dava uma hipótese nova, queríamos testar na prática no futuro.

– Claro, traga até aqui. – O professor autorizou e, em passos tediosos, Jimin se dirigiu até a mesa do tutor, ficando de frente para ele e se inclinando para mostrar seus pontos chave.

Jeon engoliu em seco, desviando o olhar. Jimin parecia bravo ainda e não o culpava por aquilo.

– Parece bom, acha que consegue melhorar a teoria? – Questionou para o ômega, que pareceu se animar.

– Acho que sim, acho que se misturarmos algumas hipóteses, e realmente tiver vida do outro lado e nós apenas não conseguirmos atravessar. Podemos enviar uma câmera, ou criar uma sonda resistente o suficiente para atravessar.

– Podem começar então. – Autorizou, contente em ver o progresso e feliz de não ter mais confusão em seu laboratório.

– Vou para a biblioteca mais tarde, vou ver se acho alguma coisa sobre laser e a propagação da luz. – Disse descontraído.

– Posso ir com você, pra ajudar. – Jeon ofereceu, tentando parecer casual, mas Jimin o encarou, com os olhos semicerrados em total desconfiança.

– Posso fazer sozinho.

– Não estou falando que não pode, apenas que quero participar. – Se defendeu.

– Que seja. – Bufou voltando para seu lugar.

//~//

Quando o último tempo chegou, desligaram o equipamento, recolheram suas coisas e se prepararam para sair, Jimin se surpreendeu ao encontrar Daehyun na porta, e se sentiu culpado por esquecer do beta.

– Pronto pra ir? – Questionou animado pelo encontro com o ômega.

– Sim, na verdade, nós precisamos achar alguns livros sobre irradiação. – Informou, deixando o beta confuso.

– Nós? – Questionou perdido.

– É, o idiota quer ir comigo. – Afirmou se referindo ao alfa que estava atrás do seu corpo, fechando o laboratório.

– Eu só quero ajudar. – Jeon revirou os olhos. – Espero não atrapalhar. – Mentiu, encarando o beta, que parecia surpreso e desconfortável, talvez até frustrado.

– Não, não atrapalha não. – Afirmou meio perdido, fazendo um gesto formal e engraçado, como se fosse um cavalheiro, para que Jimin passasse na frente, fazendo o ômega sorrir. – A pesquisa vai indo bem?

– Acho que com essa nova teoria podemos publicar nosso primeiro artigo científico. – Jimin contou animado, seria um grande feito em sua carreira tão nova.

– Fico muito feliz por você então. Precisa de alguma ajuda? – Questionou se aproximando mais, fazendo sua mão raspar na mão do ômega, querendo a segurar, mas com medo da reação do menor.

Eu vou ajudar ele. – Jeon, que vinha caminhando atrás dos dois, respondeu, notando o que o beta fazia, tendo agora a confirmação de que sim, ele tinha uma segunda intenção com o ômega.

– Não preciso de ajuda. – Jimin bufou. – Vamos conseguir. Jeon só está tentando me tirar do sério de novo. – Respondeu brincando para o beta. – Criar um artigo com ele vai ser realmente um desafio.

– E por que vocês tem que fazer juntos? – Questionou confuso, não entendia aquela parte.

– Bom, nós somos parceiros de laboratório, estamos estudando o mesmo projeto e cada um mostrou uma teoria diferente que se conecta, então estamos juntos nisso. Sem falar que estamos a quase dois anos estudando a teoria das partículas escuras. – Jimin listou pensativo, por mais que o alfa o tirasse do sério, seu papel ali era importante e primordial.

Jeon era irritantemente bom na área, tinha um pensamento rápido e lógico e sempre o ajudava, mesmo que o importunasse muito antes de fazer algo realmente útil. De forma geral, trabalhavam bem juntos, por mais que na maioria das vezes fosse entre farpas, gritos e discussões.

E o professor Xin até cogitou trocá-los de parceiros e projetos, mas notou que a implicância e a tentativa de se provar os motivavam a serem melhores, então achou que seria uma competição saudável deixá-los juntos.

Claro que tanta confusão era cansativo e às vezes queria os tratar como crianças, os fazendo dar as mãos para fazer as pazes, mas pensou que talvez, se conhecessem melhor um ao outro, enxergando mais como o outro se sente, aquela raiva contida sumiria.

Os dois eram extraordinários e só precisavam se acalmar e respeitar um ao outro, nada que algum tempo de conversa pacífica não pudesse resolver.

– Entendi. – O beta respondeu baixo, pensativo.

Todos da universidade sabiam da rivalidade dos dois, principalmente porque elas nunca eram silenciosas e o beta até chegou a cogitar a ideia deles terem algo, já que viviam juntos e se provocando, mas deixou a ideia de lado ao ouvir uma das discussões gritadas do refeitório, onde o ômega afirmou para os amigos que preferia beijar um dementador do que beijar o parceiro de laboratório.

Depois disso, tentou se aproximar e conseguir uma chance com o ômega bonitinho do bloco ao lado. Gostava de Jimin, ele era inteligente, divertido e sagaz, e o fato de ser um ômega garantiria noites quentes. Daehyun achava um combo perfeito.

– E no bloco da matemática? Algo novo? – Jimin questionou apenas para não deixar a conversa acabar e logo uma nova conversa se iniciou.

Entraram na biblioteca vazia, diminuindo a voz. Naquele horário a maioria dos alunos de exatas já deveriam estar jantando ou quem sabe indo para os seus quartos, então era um bom horário para quem queria se concentrar.

Caminharam até as prateleiras que precisavam à procura de seus livros e mesmo procurando por algo, Jeon não deixava de reparar em alguns sinais. Olhos se encontrando, mãos se esbarrando, muito próximos e o tom de voz abaixando gradativamente, entrando em uma conversa que não tinha mais a ver com números ou fórmulas, eles estavam flertando.

– Só estou falando, que é fofo como você... – Jeon, incomodado com a situação, entrou no meio dos dois, abrindo um livro na cara de Jimin.

– Olha o que eu achei. – Disse falsamente interessado, vendo Jimin se distrair da conversa anterior. – Era algo assim que precisávamos, né?

– Eu acho que sim. Onde você pegou? – Questionou para o alfa sem tirar os olhos do papel.

– Ali atrás, vem comigo que eu te mostro. – Chamou, agarrando o ômega pela mão para o conduzir até o outro lado.

Em momentos como aquele, quando Jimin não estava verdadeiramente focado no mundo a sua volta, se deixava levar e nem ao menos notava a aproximação, mas Jungkook sentiu o frio na barriga ao segurar o ômega daquela forma e, mesmo quando parou em frente a estante, não soltou a mão de Jimin, que havia automaticamente se entrelaçado com a sua.

Os olhos curiosos varreram as prateleiras, concentrado em sua missão e apertou a mão do alfa, o puxando levemente para baixo em reflexo, quando leu algo que chamou sua atenção.

Batendo com o livro anterior no peito do alfa com a mão livre, se esticou para pegar o outro livro e só notou que segurava a mão de Jungkook, quando precisou folhear o livro novo.

Ao notar aquilo, encarou o alfa, que, falsamente, parecia não notar ou se importar com aquilo, ele então desfez o contato devagar, voltando a folhear o conteúdo das páginas.

– Esse também parece bom. – Afirmou, logo entregando novamente o livro para o alfa, para que ele segurasse em uma pilha. – Será que esse já está muito desatualizado? – Perguntou ao ver um livro datado com o ano de 1987.

– Talvez, mas deve ter alguma informação ainda válida. – Jeon murmurou, olhando por cima do ombro do ômega, o beta, agora esquecido, que folheava algum livro, como se não tivesse tido seu momento interrompido.

– Tem razão, vamos levar ele também. – Disse o entregando o livro. – Poderíamos...

– Jimin? – Daehyun chamou sua atenção, notando que talvez o ômega passasse o resto da noite naquilo e não se lembrasse de voltar ao encontro.

O beta não era bobo, havia notado o que o alfa havia feito e estava disposto a conseguir a atenção de Jimin de volta.

Notando que havia se perdido e deixado Daehyun sozinho, Jimin se xingou mentalmente, voltando a olhar para o beta, que não parecia abalado.

– Conseguiu o que queria? – Perguntou despreocupado para o menor. Jimin achava que havia mais livros ali, mas sabia que aquele não era o momento certo.

– Claro, só um segundo, me deixa só falar algo para o Jeon e eu já vou. – Garantiu, logo se virando para o alfa e o puxando para mais no canto. – Escuta, amanhã, quando a gente acordar, vem aqui e procura mais alguns. Eu quero achar algo sobre partículas atômicas e tipos de matéria.

– Por que não olhamos isso agora? Temos mais algum tempo antes da lanchonete fechar. – Jeon questionou, tentando impedir que Jimin voltasse para o beta.

– Porque, caso não tenha notado, e talvez para a sua grande surpresa, alguém se interessou por mim e eu estou no meio de um encontro. – Brigou em um sussurro contido. – E eu queria poder dar atenção pra ele, mas você fica me distraindo. – Reclamou. – Continuamos amanhã, vá pra lanchonete ou pro dormitório e me deixe sozinho com ele alguns minutos. – Pediu sem esboçar uma reação.

– Um encontro? Um cara é mais importante do que a nossa pesquisa? – Questionou ultrajado e mesmo que soubesse que aquilo era só uma desculpa, era uma questão plausível em sua mente.

– Eu não entendo você. – Jimin voltou a resmungar, se aproximando mais do alfa. – Me chama de frio o tempo todo, mas quando eu estou tentando buscar calor, você quer me atrapalhar.

– Espera, tá achando que aquele cara vai te aquecer? Não seja ridículo Jimin. Daehyun é um cara legal, mas você merece mais. – O ômega hesitou ao ouvir aquilo, encarando os olhos do alfa, espantado com aquele comentário.

Jeon também parecia espantado com sua própria fala, que parecia tão verdadeira e natural, como se aquele fosse um pensamento recorrente. Os olhos do ômega o analisando tão profundamente, o deixaram nervoso e sem saber ao certo o que fazer a seguir, mas a voz trêmula e o pedido baixo de Jimin o deu sua resposta final.

– Apenas... apenas me deixe terminar essa noite, okay? 

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