"O medo pode nos paralisar, mas é na escuridão que encontramos a força para lutar pelo primeiro raio de luz."

~????

AUTORA

UMA SEMANA DEPOIS...

O garoto pega um pedaço de papel e começou a pensar em uma frase. Queria que só uma pessoa conseguisse ler. Então, ele, ficou um bom tempo naquilo, se dedicando.

Pensou em inúmeras possibilidades, então, teria que ser cauteloso.

*

Margot que estava em seu quarto, escuta uma batida na porta e quando se levanta, vê um papel que foi passado por de baixo. Ela se aproxima e abre a mesma, a garota da uma olhada e não vê ninguém. Voltando a fechar a porta, a menina pega o bilhete.

Ela abre e começa a ler:

"Me encontre onde os ventos levam os nossos pensamentos"

P.M.

Ela lê rapidamente e logo volta a dobrar o papel.

- O que...

Ela suspira e guarda o papel no bolso. Margot volta a abrir a porta e começa a andar, em direção ao terraço. A garota chega lá de forma rápida até. Era de manhã e como era sábado, não encontrou ninguém no caminho.

Assim que ela começa a andar para fora do elevador, consegue ver Pietro perto da beira. Ele se vira e quando olha ela, da um sorriso vitorioso. Deu certo o bilhete que ele escreveu.

Margot se aproxima e para na frente dele. Nenhum dos dois falam nada.

- Vai ficar calado?

- Bom dia. Isso é o que dizemos para as pessoas, quando vemos elas pela manhã- Pietro diz calmamente- Mas, também tem pessoas que ignoram o bom dia. Geralmente são os mais velhos. Não que você seja velha, não foi isso que eu quis dizer!

Ela olha para ele todo desesperado e acha até engraçado, mas se mantém séria.

- Tarde de mais, já estou ofendida- Ela passa para trás dele e fica perto da beirada, olhando para baixo. Ela pegou esse costume. Sempre que está em um lugar alto, gosta de olhar para baixo.

- Sério? Me desculpa eu... - O garoto se cala quando escuta uma leve risada vindo dela. Foi uma risada baixa e curta. Mas ele percebeu- Você está... Rindo...

- Não.

- Estava sim!

- Eu não estava!

- Agora está mentindo!

Margot se vira para ele e pensa em revidar, mas, respira fundo e fica quieta.

- Anotado!- Pietro pega uma pequena agenda azul marinho, abre algumas folhas e começa a anotar com uma caneta azul que estava grudada na agenda- Sente muito raiva quando é contrariada, mesmo, quando está errada.

- Você... O que você acabou de escrever aí?

- Olha, anotações minha, ok? Respire fundo- O garoto demonstra como ela deveria fazer e ela olha para ele com mais raiva ainda- Eu passei a semana inteira pensando em como te ajudar, ocupei um pouco mais da metade dessa agenda.

- Ótimo. Me deixe ver- Margot tenta pegar a agenda, mas ele usa seus poderes e para ao lado oposto em que estava.

- Não tão rápido minha querida, um passo de cada vez, eu irei dizer quando será o momento de você descobrir o que tem aqui- Ele guarda a agenda em seu bolso do moletom, e sorri enquanto olha para ela.

- Você me chamou de quê?- Margot segura o moletom dele, perto do pescoço. O sorriso dele some por um instante.

- É... Foi sem querer... Eu não... Não pensei muito...

Ela solta e ele, e volta a ficar ao seu lado.

- O que você queria me dizer ao me chamar aqui?

- Você quer se conhecer, então, poderíamos pensar nas coisas que você gosta, o único obstáculo: você odeia tudo- Ele diz, voltando a abrir seu sorriso. Margot concorda levemente com a cabeça- Bom, minha primeira página está o seguinte plano: pensar com calma, nos pequenos detalhes.

- Como assim?

- Sabe, quando eu e a Wanda... Decidimos virar um experimento da HIDRA, a gente não tinha algo para temer, algo que nos fizesse desistir, a não ser, um ao outro- Ele desvia seu olhar para frente- Nós sabíamos que tinha a opção de morrer... Mas, se um aguentasse, o outro também iria aguentar. Não poderíamos viver sem o outro. Quando o teste foi feito, ficamos em quartos diferentes, mas, eu senti ela ao quarto ao lado. Ainda estávamos perto. Não foi fácil... Mas dei as forças necessárias para ela, e ela para mim.

- Eu acho burrice... Várias pessoas sofreram com esse tipo de teste... Foram forçados, no entanto, aceitaram isso... Por qual motivo?

- Raiva. Um míssil... Atingiu onde eu e minha família morava... Só eu e a Wanda sobrevivemos - Ele diz com um pouco de dificuldade- No míssil... Indústria Stark... Ficamos vendo por horas... Esperando quando iria explodir... Com medo... Sobrevivemos, e queríamos vingança.

- Mas desistiu... Por quê?- Margot geralmente não é tão curiosa, mas, queria saber o que motivou os dois a esquecerem o passado. Desistiram da vingança. Conversam com o que fabricou o míssil, como se fosse qualquer outra pessoa, menos aquele que construiu aquilo que tirou a vida de seus pais. Da vida que eles tinham.

Pietro ficou quieto por um tempo.

- O Tony, pode ter criado aquele míssil, mas não foi ele quem o lançou. Ele não sabia o que acontecia, e quando soube, parou de produzir armas- Ele olha para ela, que observava ele- Não tenho motivos para o culpar, não mais. E não me arrependo, ele é uma boa pessoa, sempre foi. Apesar da fama, quem o conheceu, sabe disso. Ele já se culpava o suficiente, várias pessoas o culpavam, então, percebi que ele precisava de alguém para dizer que, no fundo, ele não teve culpa de tudo.

- De tudo?

- Ele criou as armas, no fundo, ele deveria saber que não seriam usadas para fazer carinho, mas, também não sabia que estavam usando de forma errada. Meu caso é da Wanda, foi um dos vários casos que teve depois.

Os dois ficam em silêncio por um tempo. Margot refletia no que ele dizia.

- Sabe, eu quero que esqueça o passado. É o primeiro passo. Esqueça aquilo que te feriu, por um tempo que seja- O platinado se vira para ela, fazendo a mesma de virar para ele- Minutos que seja. Seu maior problema, é a falta de confiança de si mesma e dos outros, e, também deixa o seu passado te ferir cada vez mais. É se alguém tivesse fincado uma faca em você, e ao invés de puxar, você finca cada vez mais.

- E o que você sabe sobre meu passado, para pedir algo do tipo?

- Nada, mas sei que, tem momentos, que precisamos esquecer por um pequeno tempo que seja, para conseguirmos nos encontrar. Se eu vivesse só com a vingança e com a dor, eu iria deixar de viver- Ele olha para o lado e logo volta a olhar para ela- Eu deixaria de fazer os amigos que eu tenho, que são tudo para mim. Meu pais sempre terão um lugar no meu coração, mesmo que as vezes eu sinta saudades, é isso dói um pouco, mas, eu encontrei e conheci pessoas, que hoje, são minha família também. Minha situação, o que aconteceu comigo, não é igual a sua, mas a dor, o medo, a neblina que você enxerga quando olha para frente, são parecidas.

- O cérebro humano é fraco e falho. E também, muito complexo. Mudar o que ele cresceu acreditando, é quase impossível.

- Falou certo, quase impossível, temos uma chance. Mas, só vai dar certo, se você se esforçar- Pietro fica quieto por um tempo- Sabe, tem situações de pessoas que ficam muito mal mesmo, que se elas não quiserem voltar a vida, elas de fato morrem. Se elas não quiserem lutar pela vida, elas morrem. Eu te observo Margot... Desde que você chegou aqui... Mas não vi você lutar nenhuma vez... Quando parece que vai lutar, algo te puxa e te faz parar.

A garota suspira e olha para baixo, vendo a cidade que parecia pequena. Estavam em uma altura grande, não dava para ver o que de fato acontecia lá. Carros? Pessoas? Não dava para enxergar com clareza. Irônico, já que também não enxergava uma solução para os problemas que tinha. Se é que tinham soluções.

- Eu não lembro das coisas porque quero. Não sempre, pelo menos. Mas também, tem coisas de que não mereço esquecer- Margot diz com a voz baixa- Eu... Não tenho pelo o que lutar... Então porque tentar?

- Você tem. Natasha Romanoff. Essa mulher pode ser o seu motivo de lutar. Se não quiser ela, saiba que tenho uma lista enorme, somos bastante pessoas aqui na Torre. Todos nós no importamos com você, acredite ou não- Pietro diz, frustrado- Lee, ele também... Aquele cara de bigode enorme... Ele parece se importar com você... Te conhece bem... Você tem motivos para lutar... Só não quer.

Pietro diz olhando para ela, mas a mesma não retribui o olhar dele. Ele estava de certa forma, bravo. Pietro estava bravo ao ver que, ela fazia parte das pessoas que desistiam de viver, quando estava em situação crítica, por mais que ele suspeitasse disso, não queria que fosse verdade.

O garoto queria que ela na verdade, tivesse alguma vontade para viver. Margot, sem perceber, acabou assumindo que se estivesse em um estado grave e depende-se de si mesma para sobreviver, provavelmente, iria morrer por desejar a morte.

- Mesmo dizendo que não quer... Me procurou. Isso, é admitir que no fundo, você lutaria. Lutaria para sobreviver- Ele diz com uma certa esperando em seu ser. Era uma faísca no meio da escuridão- Você quer se conhecer, quem você realmente é. Não uma máquina mortífera ou sei lá o que. E eu irei te ajudar. Sabe o por quê?

A garota finalmente olha para ele. Não demonstrava nada, mas em sua cabeça, não parava um minuto.

- Por que eu te ameacei?- Ele nega com a cabeça.

- Porque eu acredito que você é muito mais, do que ele te dizia.

A garota poderia se manter com o semblante sério, inexpressivo, o que deixava o garoto sem saber o que de fato passava na cabeça dela.

Apesar de tudo, cada palavra que ele disse, ficou na mente dela pelo resto do dia.

Mesmo que ele tenha dito que ela lutaria por sua vida, um tempo atrás, quando estava com a HIDRA, iria dizer que não passava de um engano, mas... Agora, talvez ela lutasse, como já fez... Para ver no que ia dar.

Afinal, na vida em que ela está, se tudo piorasse, depois de tudo de pior que ela já viveu, seria fácil acabar com sua vida.

- Sangraria até a morte- A garota fala de repente.

- O quê?

- Se algo te perfurar e você retirar, teria ferimentos internos e sangraria até a morte- Ela explica olhando para ele- Fincar ainda mais a faca, seria ruim, mas tirar também. Deixar ela lá, mesmo que incomode seria a melhor solução, até que alguém competente saiba tirar e fazer o sangramento parar.

Pietro absorve o que ela falou.

- Deixa eu tentar ser a sua pessoa competente.

- Acho que todos dessa Torre estão tentando ser- Ela volta a olhar para baixo.

*

Oiiii! Como estão?

Feliz ano novo!

Confesso que era para eu ter postado bem antes esse capítulo, mas não consegui :(

Espero que estejam bem e que gostem do capítulo!

Logo logo as coisas vão começar a ficar interessantes!

É isso!

Adios!

Feito com muito carinho EVFR.💝