capítulo 22


Ele começa indo mais rápido, o senti indo fundo, cada vez mais. Depois de um tempo, ele coloca uma das minhas pernas no seu ombro. Olha para mim no momento que estocou com mais rapidez e força. Fechei os olhos, tentando absorver todas as sensações que estou sentindo. Ele continua em um ritmo acelerado. Suor se forma nos nossos corpos. Nunca tinha sentido algo tão incrível como agora.

Ele volta para a posição de antes e começa a me beijar, passa a língua no meu peito, com a outra mão segurou o bico do outro e aperta de leve. Tudo isso junto faz com que eu sinta o orgasmo vindo mais uma vez. E tudo se ilumina novamente, vejo pequenos pontos de luz na minha frente. Aaron continua a estocar com força. Ele solta um grunhido antes de gozar. Sinto a sua respiração no meu pescoço. Ele sai de dentro de mim e faço uma careta de dor.

Ficamos assim por um momento, apenas deitados um do lado do outro, tentando absorver o que acabou de acontecer.

― Como você está? ― ele pergunta preocupado.

― Estou bem, na verdade estou ótima. ― Sorrio, me virando para ele. Aaron segura no meu rosto e deposita um beijo na minha boca.

― Que bom que gostou, sinto muito se te machuquei.

Não falo nada apenas, me aproximo, ficando próximo ao seu peito.

As nossas respirações vão ficando mais estáveis, não sei por quanto tempo ficamos assim, mas acabo adormecendo. Abrir os olhos e vejo que estou deitada na cama sozinha, tem um edredom me cobrindo.

Levantei a cabeça, procurando Aaron. A porta do banheiro se abre e o vejo saindo, enrolado só com uma toalha branca. Quando me vê, sorri e se aproxima, me dando um beijo.

― Eu dormi muito?

― Uns quarenta minutos.

― Por que não me acordou?

― Estava dormindo tão serena, eu não quis.

― As minhas roupas chegaram?

― Sim, estão no banheiro.

Me enrolei no lençol e fui em direção ao banheiro, evitando olhar para ele. O meu rosto arde de vergonha. Ele não fala nada, o que dou graças a Deus.

Suspirei, me olhando no espelho. O meu cabelo está uma verdadeira bagunça. Vejo uma sacola com as minhas roupas. Só neste momento percebo que não peguei a minha calcinha.

― Burra, burra, burra. ― Bato na cabeça, irritada.

O que eu faço? Não posso ir embora e deixar a minha calcinha aqui. Ou posso?

Andei de um lado para o outro, pensando em uma maneira de sair dessa. 

Não tem jeito, vou ter que ir lá. Respirei fundo, estufando o peito.

Calma, Ella, É apenas Aaron. Nada de mais. Afinal de contas, ele já te viu nua, uma calcinha não é nada.

Abrir a porta e o vejo perto da janela. Quando ele ouve os meus passos, me observa. Tento não fazer contato visual, é melhor.

Vou em direção a cama, e comecei a procurar. Mas não encontrei.

― O que você está fazendo?

Não me virei quando respondi.

― Estou apenas procurando uma coisa.

Ouço um riso e continuo a minha exploração.

 Depois de retirar um lençol, vejo uma pequena mancha de sangue e engulo em seco. Me lembrando de tudo que aconteceu neste quarto. 

― É isso que você está procurando? ― Ainda abaixada, me virei e vejo Aaron segurando a minha calcinha. Ele sorri quando vê o meu rosto vermelho de vergonha. Me levantei. Ficando na sua frente.

― É exatamente isso. ― Levanto a mão para poder pegar, mas o infeliz a segura mais no alto.

― Me dê logo isso, Aaron, eu preciso tomar um banho.

Ele segura na minha cintura, fazendo com que os nossos corpos se encostem.

― Ou podemos ficar aqui e fazer com que os nossos corpos fiquem mais sujos, o que me diz? Adoraria tomar um banho de banheira com você.

Sinto o seu hálito quente próximo ao meu ouvido. Engulo em seco, porque já imaginei a cena.

― Eu estou um pouco dolorida ― digo um pouco sem graça. Ele me dá um beijo no rosto, antes de me entregar a minha calcinha.

― Temos muito tempo para fazer tudo isso. Agora vá tomar o seu banho, porque estou me controlando para não jogar você nessa cama, ― Ele fecha os olhos com força. Aproveito e vou direto para o banheiro. Quando fechei a porta o meu coração está martelando no peito. Respiro fundo. Tomo um banho, e me arrumo. Depois de um tempo saio. 

Vejo Aaron sentado em uma pequena mesa, que está repleta de coisas gostosas. Me aproximei, sentando na cadeira à sua frente. 

Ele sorri quando me vê.

Começamos a comer, estou bebendo um pouco de suco quando ele fala:

― Semana que vem irei fazer uma festa na minha casa e você vai.

Parei de beber e o encarei.

― Por que você faria uma festa?

Ele sorri.

― Será o meu aniversário.

Pisco várias vezes, olhando para ele.

― Eu não sabia que o seu aniversário era semana que vem, me desculpa. ― Ele sorri, relaxando o corpo na cadeira.

― Que feio, não saber o dia do aniversário do próprio namorado.

― Você por acaso sabe o dia do meu? ― pergunto, achando que ganharia essa. Ele sorri mais uma vez.

― Dia dezenove de dezembro. O que é engraçado, afinal é o último dia de aula.

― Como você sabe?

― Esse detalhe, não irei te contar.

Terminamos de comer. A viagem de volta para casa é tranquila. Quando ele me deixou em casa fui direto para o quarto, com um sorriso no rosto mas quando entrei,  logo vai embora quando vejo o namorado da minha irmã deitado só de cueca na cama dela. O meu rosto fica vermelho, uma mistura de vergonha e raiva. Ele se levanta quando me vê.

― Onde está a minha irmã?

― Tomando banho. ― Ele se aproxima ficando mais perto. Fico totalmente surpresa, afinal, ele nunca foi assim.

― E você. Onde estava?

Levanto uma sobrancelha, olhando para ele.

― Não é da sua conta, onde eu estava. ― Me virei colocando a minha bolsa na minha cama.

Sinto o meu braço doer quando ele o segurou com força. me puxando. Coloquei a mão na frente impedindo que o meu rosto bata no seu peito.

― Você era mais educada, Ella, que coisa feia, acho que a convivência com Aaron está te mudando um pouco.

― O que está acontecendo com você? Ficou louco, é, me solta!

Ele segura com mais força.

― Você está me machucando! Me solta agora.

Mas ele não faz o que eu peço e segura na minha cintura. Neste momento a porta se abre.

― O que está acontecendo aqui?

Ele sorri, me soltando.

― A sua irmã quase caiu, mas eu não deixei. ― Ele volta para a cama da minha irmã, pega o celular como se nada estivesse acontecido. Respiro fundo, tentando me controlar.

― Quando você for trazer o seu namorado para cá, por favor, tenha certeza de que ele vai estar com roupa. Dividimos esse quarto, querendo ou não.

A minha irmã apenas me observa, levantando uma sobrancelha, e sorri ao se deitar do lado dele.

― Nem todo mundo tem um namorado que pode te levar para qualquer hotel, se você está incomodada pode sair. Porque ainda não terminamos.

Fico sem reação olhando para a minha irmã. Eu não acredito que essa pessoa sorrindo, sentada na cama possa um dia ter sido a minha irmã, a minha amiga.

― Bella?!

― O que foi, hein...? Vai me falar que ainda não transou com Aaron, que continua virgem?

Eu não acredito que ela falou isso na frente do namorado idiota dela. O meu coração se acelera. Apertei a minha mão em punho, rente ao corpo, de raiva.

Me virei para sair, e quando estou fechando a porta ouço uma voz.

― Ela é virgem?

― Tenho certeza de que não é mais, afinal, conhecemos Aaron, não é mesmo?

Mesmo já sendo tarde, dou uma volta pelo bairro, eu não acredito em tudo que Bella está fazendo, Respiro fundo, tentando controlar as lágrimas que estão se formando nos meus olhos. Ela mudou tanto que não a reconheço mais. Ou talvez ela sempre fosse assim, mas só agora que estou percebendo. Está frio. Observo o céu e vejo que não tem nenhuma estrela, está escuro demais. Fico com medo que chova então decidi voltar.

Já estou chegando perto de casa quando vejo o carro da minha tia. Ele sai e fica próximo da porta, me esperando. Respiro fundo, me aproximando.

― O que você está fazendo aqui fora?

― Precisava de um pouco de ar fresco.

― E você como está?

Ela sorri.

― Estou ótima. Vamos entrar, acho que vai chover.

Concordo e entramos. Quando chegamos na sala, vejo a minha irmã sozinha. 

― Vocês já jantaram?

― Eu não estou com fome, tia. Obrigada! Eu vou subir, estou com sono.

Me despeço dela. Ignoro a minha irmã e subo.

Vou direto para a minha cama. A minha cabeça está doendo. Fecho os olhos, tentando que melhore. Ouço o barulho da porta abrindo, mas continuo com os olhos fechados.

― Você está dormindo?

Ouço a voz da minha irmã, mas continuo do mesmo jeito.

Ouço um suspiro vindo dela. Mas não me importo. Não vou mais me importar com alguém como ela nunca mais.

Adormeço pensando em tudo que aconteceu.

Na manhã seguinte, estou tomando café com a minha tia, quando Bella se senta conosco.

― Bom dia!

Continuo comendo.

― Você quer carona para a escola?

Engasgo, começo a tossir sem parar.

― Você está bem? ― a minha tia perguntou, se levantando.

― Estou sim. Só me engasguei. ― Respirei fundo, olhando para a minha irmã.

― Aaron vai me buscar.

Ela apenas balança a cabeça.

Mas afinal, o que está acontecendo? O que deu na minha irmã?

Ouvimos uma buzina, Bella dá tchau e sai. A minha tia ficou um pouco surpresa. Afinal, ela não é desse jeito.

― Aconteceu alguma coisa que não estou sabendo?

― Se aconteceu, eu gostaria de saber. Não faço ideia do motivo da Bella estar agindo assim.

― Prefiro a sua irmã assim. ― Ela suspira.

Me lembro de tudo como era antes, das nossas brincadeiras, de como era viver com a nossa mãe, de tudo.

Ouço outra buzina e sei que é Aaron.

― Eu também. ― Me levanto. ― Te vejo à tarde, tia. ― Dou um beijo no seu rosto e saio.

Vejo Aaron ao lado do carro, me aproximo, ele sorri ao segurar o meu rosto entre as mãos e me dá um beijo.

― Como você está?

― Estou bem, e você?

― Melhor agora.

Fico um pouco sem graça. Entramos no carro, ele colocou uma música e saímos.

Já nos corredores da escola, ele segura a minha mão firmemente.

― Te vejo na sala, tenho que entregar uma coisa para a minha mãe.

― Ok. Te vejo depois.

Ele me dá um beijo e sai. Ainda estou suspirando quando sinto o braço de alguém segurando o meu ombro. Não preciso me virar para saber que é Vitória.

― Vocês dois ficam muito bem juntinhos.

Ela suspira. Comecei a sorrir igual uma boba.

― Confesso que estou muito feliz com ele.

― Dá para ver, olha esses olhinhos brilhando.

Tentei mudar de assunto.

― Vi?

― Fala.

― Você já foi em alguma festa de aniversário do Aaron?

Ela pensa um pouco.

― A única festa que já fui dele, eu tinha sete anos. Não sou a melhor pessoa para você perguntar isso, acho que Nicolas seria uma ótima opção.

― Não quero perguntar nada relacionado ao Aaron para Nicolas, eles não se dão bem. Não quero forçar nada.

― É. Eu tinha me esquecido dessa parte. Mas porquê da pergunta?

― Semana que vem é o aniversário dele, e não faço ideia de como vai ser a festa.

― A única coisa que eu sei foi o que eu ouvi das festas anteriores.

Estamos chegando na sala quando pergunto:

― O que você ouviu?

Entramos, coloco a minha bolsa no lugar e me sento. 

― Ahh, Ella. Digamos assim, que não era uma festa boba.

Levanto uma sobrancelha confusa.

― Aaron tinha uma tendência a fazer festas mais liberais.

― Como assim, liberais?

Ela fica sem graça.

― Pode falar.

― É um pouco chato falar sobre isso com você, mas tenho certeza de que a desse ano não será assim. A do ano passado, fiquei sabendo que rolou até mesmo sexo em grupo.

Os meus olhos se arregalaram de surpresa.

― Mentira!

― Por isso que eu não queria falar, mas é só suposição, não posso afirmar nada porque não estava lá. Pode ser só conversa do povo. Não é mesmo? Fica tranquila. A única coisa que tenho certeza é de que ele convida poucos alunos da nossa escola. A festa dele vai mais pessoas das outras escolas das cidades próximas.

― Entendi. Obrigada, Vi.

Fico pensativa. Ela percebe.

― Pode parar com essa cara, tá bom, Aaron mudou muito, tenho certeza de que será uma festa normal. Está na cara que ele gosta de você, Ella. Na verdade, nunca vi ele gostar de alguém como gosta de você, tenho certeza de que ele nunca faria algo para te magoar.

Sorrio para ela.

― Obrigada!

― Não por isso.

A aula acontece sem mais problemas. Na hora do intervalo, ainda fico pensando sobre o que Vitória falou.

Estou sentada quando vejo Aaron se levantando e vindo em minha direção. O meu coração se acelera.

― Vem comigo. Preciso te mostrar uma coisa.

Ele fala, segurando a minha mão.

Me levanto e saímos do refeitório. Vamos em direção ao terceiro andar.

― Onde vamos?

Ele sorri.

― No terraço.

Não falo mais nada, apenas o sigo.

Já no terraço, ele retira uma chave do bolso e abre a porta da estufa. Apenas o observo. Nós entramos no local e ele é diferente do que eu pensei. O local não está abandonado. Mas sim, completamente bem cuidado. Tem rosas de todas as cores. Fico encantada.

― Nossa! Aqui é lindo. Quem cuidou desse lugar? ― perguntei, me virando para Aaron. Ele se aproxima de um vaso repleto de rosas azuis. Uma mais linda que a outra. Pega uma tesoura e corta uma rosa. Se aproxima de mim e me entrega.

Fico sem reação por um momento, mas levanto a minha mão e a peguei.

― No final de semana eu vim aqui e dei um jeito. Lógico que com a ajuda do zelador. Você gosta de rosas, então achei que você fosse gostar.

Os meus olhos se iluminam. Eu não acredito que ele fez isso para mim.

― Você fez isso tudo para mim?

― Claro. Isso é pouco para mostrar o quanto estou apaixonado por você.

As minhas mãos tremem sem parar.

― Você está apaixonado por mim? ― A minha voz sai baixa.

Aaron se aproxima, levantando o meu rosto para que eu olhe diretamente para ele.

― É claro que estou apaixonado por você, Ella. Nunca me senti assim por ninguém. A minha vontade é ficar com você vinte e quatro horas por dia. 

― Eu também estou apaixonada por você, Aaron. Na verdade, eu te amo.

Apertei uma mão em punho.

Ele se aproximou, me beijando. Um beijo calmo. 

Ele para o beijo, mas continua próximo ao meu rosto, quando fala:

― Eu também te amo.

O meu coração se aquece. Não falo nada, apenas o abracei forte. Aaron correspondeu, me segurando com força.

Depois de um tempo, ele me pergunta:

― Você gostou da rosa?

Estamos no corredor, indo para a sala.

― Sim. Ela me lembra você.

Ele sorri.

― Por quê?

― Porque o azul dessa rosa me lembra do seus olhos.

Ele deposita um beijo no meu rosto.

Quando entramos na sala, vejo Sofia nos olhar com ódio. Se Aaron percebe, não demonstra. O seu olhar vai em direção da rosa que estou segurando.

O restante das aulas é tranquilo. Cheguei em casa e fui diretamente para o quarto. 

Segurei a rosa próxima do meu rosto e respirei profundamente, sentindo o seu cheiro. Sorrio, procurando um livro grosso. Vou na direção da minha estante e pego um. Quero que essa rosa dure muito, então a coloquei dentro do livro e o fechei. Coloco mais livros em cima para que tenha mais peso. 

Respiro fundo, retirando a roupa e colocando um vestido mais fresco. Estou tão feliz que por um momento não consigo acreditar. Estou sozinha em casa. A minha tia saiu comprar algumas coisas para a loja. A minha irmã não está agora.

Então decidi ficar tranquila na sala. Depois de um tempo, a minha irmã aparece segurando uma caixa marrom. Ele me observa. Vai em direção às escadas, mas para e vem em minha direção.

― Eu ganhei uma caixa de chocolates. Você quer um pouco?

Fico um momento sem entender o porquê dela estar falando comigo. Acho que ela percebe, porque ela suspira e se senta ao meu lado.

― Eu sei que você tem ódio de mim. Eu sei disso. E sei que mereço isso e muito mais. Mas eu queria te pedir desculpas. ― Não respondo. Ela continua.

― Eu fui uma verdadeira vaca. Me desculpa, Ella.

A minha irmã começa a chorar. Eu não sei o que fazer. A minha garganta se fecha completamente. Depois de um tempo, consigo falar.

― Você me magoou muito.

― Eu sei. Eu fui uma idiota fútil, insensível. Na verdade, eu estava com inveja.

― Inveja?

― Sim. Inveja. Acho que eu considerava Aaron um prêmio. Que eu tinha que conseguir. E vi que você estava conseguindo o que eu achava que queria. Mas hoje eu vejo que era apenas um capricho meu. Eu nunca gostei dele, Ella. Eu sei que você não vai me perdoar agora. Eu sei disso. Mas saiba que vou fazer de tudo para que você me perdoe.

Ela não espera uma resposta, apenas se levanta e sai.

Fico pensando em tudo que a minha irmã falou. Mas na verdade, estou muito magoada com ela para simplesmente a perdoar assim. 

As duas horas, vou para o café. Fico lá até a minha tia voltar. Ela chega às cinco com o carro cheio de coisas. Eu a ajudo a arrumar tudo que ela trouxe.

A noite eu não vejo Aaron e fico estudando. 

No outro dia, fico pensando no que dar a ele de presente.

― O que você está pensando? ― Vitória me pergunta. Estamos indo para o refeitório.

― Eu não sei o que dar para Aaron de presente. O aniversário dele é no domingo, hoje já é sexta e eu não faço ideia do que eu vou fazer.

― Ele gosta muito de motos. Dê a ele algo relacionado.

― Eu vou dar uma saída amanhã para procurar. Você poderia vir comigo!

― Eu adoraria. Mas os meus pais vão viajar amanhã e eu tenho que ir com eles.

― Então você não vai na festa no domingo?

― Isso é um saco. Eu nunca fui convidada para uma festa dele. E agora que fui, não posso ir.

― Mentira. Você foi na de sete anos. 

― Essa não vale. Ficar brigando com as outras crianças para decidir quem pega o maior pedaço de bolo não é legal.

― Pelo menos você pegou? ― falo, passando o braço ao redor dos seus ombros. Ela sorri.

― É claro. O maior pedaço foi meu.

Vitória fala toda orgulhosa.

O restante da aula é tranquila. Conversei pouco com Aaron por mensagens. 


Hoje já é sábado e Aaron tem um almoço marcado com a família, mas às três ele me busca para um passeio.

No carro dele, eu pergunto.

― O que você quer ganhar de presente?

Ele dá um sorrisinho safado para mim.

― Pode parar ― falo, dando um soco no seu braço. ― Ele sorri.

― Só estava brincando. Não precisa me dar nada, Ella.

― É lógico que precisa. Amanhã eu irei procurar.

Ele sorri.

Chegamos na casa dele. 

Na sala vejo o seu pai. Ele está sentado no sofá mexendo no notebook. Quando me vê, sorri e me cumprimenta.

― Ella. Que bom te ver novamente.

― Muito obrigada por me receber, senhor.

― Nada de senhor.

― A mãe. Onde ela está? — O Aaron perguntou.

― Ela teve um problema na escola e teve que sair.

O pai do Aaron me observa atentamente e por um momento fico sem graça. Ele percebe.

― Me desculpa se estou te deixando sem graça. Mas é impressionante como você se parece com a sua mãe. 

― A minha tia fala que me pareço muito com ela 

― A sua tia está certa. Você é idêntica a sua mãe, na sua idade. É impressionante.

Ficamos conversando por um tempo. Depois, ele acaba saindo para resolver um assunto da empresa.

― Vamos no meu quarto, tenho algo para te mostrar.

Me levantei e subimos as escadas.

Ele abre a porta e vai direto a uma mesinha ao lado da sua cama.

Ele volta com um porta retrato e me entrega. Quando vejo a foto, o meu coração se aquece. Tem uma foto minha na praia. Os meus cabelos estão voando ao redor do meu rosto. Ele pegou o exato momento em que eu estou sorrindo.

― Está vendo como eu tenho sorte em ter uma namorada linda como você?

Ele se aproxima ficando ainda mais perto de mim.

Ele retira o porta-retrato das minhas mãos, o colocando em cima da mesa. Segura na minha cintura, me trazendo para mais perto. 

― Os seus pais? ― pergunto, próximo da sua boca.

― Pode ficar tranquila. Eles não voltarão agora. ― Ele me beija intensamente. Abro a boca para que ele possa aprofundar o beijo e é exatamente o que ele faz.

Seguro na sua nuca, correspondendo.

Aaron beija o meu pescoço saboreando cada parte dele. Sou pressionada contra a parede. Ele segura minhas pernas, as levantando, entrelaço as pernas em sua cintura, e começo a me esfregar nele, o sentido fica mais duro a cada minuto. O ajudo a tirar a blusa e passo as minhas mãos pelo seu corpo, desejando que isso nunca acabe. Ele abaixa a calça em uma rapidez fora do comum, estou de vestido. Aaron abaixa o meu vestido revelando os meus seios. Ele os suga com força, me fazendo gemer a cada segundo.

Com apenas uma mão, ele tira a minha calcinha, a rasgando. Não me importo com esse detalhe. Não agora. Ele mexe no meu clitóris devagar e continua a sugar o meu seio. Os dedos dos meus pés começam a se curvar de prazer e seguro no seu pescoço com força, sentindo como se cada célula do meu corpo estivesse em colapso. Fechei os meus olhos com força. Ainda estou sentindo os últimos espasmos do orgasmo quando o sinto entrar em uma em uma estocada forte. Solto um pequeno grito de surpresa, mas que logo é calado com a sua boca.

Aaron intensificou as estocadas. Ele segura na minha cintura a empurrando com força para baixo. Ele está me deixando à beira da loucura. Beijei o seu pescoço e suspirei de prazer. Eu o sinto ficando ainda maior dentro de mim. Ele aperta a minha cintura com força quando goza.

Ainda estou encostada no seu pescoço quando ele sai de dentro de mim. Me colocando no chão.

― Você rasgou a minha calcinha! ― falo sorrindo.

― Me desculpa.

Apenas sorrio para ele que logo me corresponde, me beijando novamente.

Lá pelas oito horas ele me deixou em casa e quando cheguei fui direto tomar banho. Ainda estou com o cheiro dele por todo o meu corpo. Após o banho eu coloco um vestido florido. Quando desço as escadas, vejo Bella sentada com o Gabriel. Ela me vê e sorri. Vou em direção a cozinha para pegar um copo de água, mas parei assim que ouço a sua voz:

― Nossa tia só vai voltar mais tarde. Ela está no café esperando consertarem o forno que estragou.

― Ela precisa de ajuda?

― Eu perguntei, mas ela falou que está tranquilo. Ela ia aproveitar e dar uma olhada no que está precisando. Pode ficar tranquila.

Ela se levanta e vem em minha direção. 

― O Gabriel trouxe uma garrafa de vinho. Você quer beber uma taça conosco?

― Acho que não é uma boa ideia. Nossa tia não gostará de nos ver bebendo.

― É só uma taça. É apenas para comemorar.

― Comemorar o quê?

― Decidi que vou fazer faculdade.

― Sério? Eu pensei que você não quisesse.

― Eu também pensei, mas decidi fazer. Acho que era isso que os nossos pais iriam querer. Então, só uma taça? O que me diz?

― Ok, só uma taça.

― Ok. Pode se sentar, eu vou pegar as taças.

Me sento em uma poltrona em frente ao sofá e Gabriel está sentado olhando o celular.

Bella enche cada taça, nos entregando.

Dou um pequeno gole. 

― É gostoso, não é?

― É sim. Bem doce.

― É uma delícia ― ela fala e bebe mais um pouco.

― E aí, Ella. Decidiu qual curso vai fazer? ― minha irmã pergunta.

― Estou entre Literatura ou História.

― Acho que Literatura tem mais a ver com você.

― Eu também acho. Acabei sorrindo e bebi mais um pouco. Impressionante o vinho é como um suco forte de uva, muito bom.

― E você decidiu?

― Acho que irei fazer Moda, tem tudo a ver comigo.

― Eu também acho.

Ficamos conversando até que o telefone dela toca. 

Ela se levanta para atender na cozinha.

― Me dê licença um pouco. Vou só ali fora resolver uma coisa.

― Aconteceu alguma coisa?

― Sofia está no carro aqui na frente. Pelo visto acho que ela bebeu. Vou só dar uma olhada.

― Você quer que eu vá com você?

O namorado dela pergunta.

― Acho melhor não. Você sabe como ela é. Só vai demorar um minuto. Vou só ver o que ela quer. Espera por mim.

Ela sai e nos deixa sozinhos. Ouço o meu celular, o pego e vejo uma mensagem do Aaron.

“Durma bem. Eu te amo.”

“Eu também te amo.”

Respondo. Quando me levanto para tomar uma água fico tonta.

Gabriel se levantou rapidamente e balançou a cabeça.

― Acho que esse vinho é mais forte do que eu imaginei.

― Tenho que concordar. Já estou ficando tonto 

Me sentei na poltrona novamente. Ele faz a mesma coisa. Aos poucos os meus olhos vão ficando pesados e acabo apagando.

A minha cabeça dói muito. Respirei fundo e ouço um barulho incessante.

Quando abro os olhos, a claridade machuca. A minha garganta está seca. Sinto algo duro, olho para o lado e vejo um corpo.

Grito de pânico.

― Para de gritar. A minha cabeça está doendo.

Gabriel fala, se sentando.

Vejo que ele está nu. Nesse momento, também percebo que estou sem roupa. A minha cabeça está doendo. Não sei o que está acontecendo. O meu coração acelera. Tento me levantar e segurei o cobertor, me cobrindo. As minhas pernas estão trêmulas. Observei duas garrafas de vinho no chão e as minhas roupas espalhadas iguais às dele. 

O vejo se levantando, não se importando se está pelado 

― O que aconteceu? ― perguntei baixo.

― Acho que é óbvio o que aconteceu. Não é mesmo? 

Ele fala, se vestindo.

― Não. Não. ― Passo a mão pelo cabelo.

― Não se faça de idiota, garota. Foi apenas sexo.

Ele pega a carteira e o celular.

― Eu só lembro de tomar uma taça de vinho.

― Sim. Depois mais uma e no final duas garrafas, pelo que parece.

― Você é gostosa e tudo mais, mas espero que não conte nada para ninguém. Afinal, estou com a sua irmã. E sou amigo do Aaron.

― Não! Isso está errado. Eu não lembro de nada. Eu nunca faria isso.

Ele sorri, colocando o tênis.

― Se assim a sua consciência fica mais tranquila, o problema não é meu. Não é mesmo? Mas confesso que adorei você se jogando em mim. Nunca pensei que você tivesse esse fogo todo. Agora eu sei porque Aaron está assim. ― Ele se aproxima e fica na minha frente.

― Qualquer dia que você quiser repetir é só me ligar. Lógico que isso será o nosso segredo, não é mesmo?

Ele sai. Fico no quarto não acreditando em nada. Lágrimas saem sem parar. Vou correndo para o banheiro e fico lá um tempo. As minhas mãos tremem sem parar. O meu estômago embrulha, vou para o vaso sanitário e vomitei tudo que estava no meu estômago. A minha cabeça dói.

O que eu vou fazer? Termino de tomar banho e vou para o quarto. Retiro toda a roupa de cama e a joguei no chão. Fico lá um momento, não acreditando no que supostamente aconteceu. Guardo todas as coisas e quando estou passando pela sala vejo o meu celular no sofá. Eu o pego para ver a mensagem do Nicolas e da minha irmã.

“Ella, Sofia não está bem. Vou com ela em casa e no máximo em vinte minutos eu volto.”

Às nove e quarenta vejo outra mensagem, mas dessa vez de Nicolas.

“A sua irmã sofreu um acidente. Ela está no hospital. O celular dela quebrou. Ela me pediu para te avisar.”

Entro em desespero, já é quase meia noite.

Corri para me vestir e coloquei a primeira coisa que vejo. Estou quase chegando na porta quando vejo a minha tia e minha irmã entrando.

A minha irmã está com uma tipoia no braço. Ela sorri quando me vê.

― Pelo visto você dormiu, não é mesmo?

Eu não consigo olhar nos seus olhos.

― Acordei agora.

― Não tem problema. Nicolas me levou para o hospital e ligou para a nossa tia.

― O que aconteceu?

― Vou ajudá-la a subir e lá no quarto vocês conversam.

Já no quarto, a minha tia sai para preparar algo para que ela coma. 

― Quando saí, vi Sofia chorando no carro. Tentei conversar com ela, mas ela estava muito mal. Foi na hora que te mandei mensagem falando que ia com ela em casa. Mas você não respondeu. Quando estávamos chegando na casa dela, eu não sei o que aconteceu, mas ela simplesmente acelerou. Fiquei morrendo de medo. Tentei convencê-la de que era para ela parar o carro, mas ela não ouviu. Então tentei parar, mas o carro acabou batendo em uma árvore.

Ela suspira. 

― Nicolas ouviu o barulho e saiu correndo para nos ajudar. Levou nós duas para o hospital.

― E Sofia? ― pergunto.

― Ela está bem. Só teve um pequeno corte na testa. Tentei entrar em contato com o Gabriel, mas não consegui. Provavelmente deve estar com raiva porque o deixei aqui. Mas amanhã eu vou explicar para ele.

O meu coração se apertou.

― Você está bem? 

Ela sorri.

― Apenas machuquei o braço. 

Ela mostra a tipóia.

― Bem, agora vou tentar descansar. Tomei uns remédios no hospital e estou um pouco tonta. ― Ela se deita. ― Me desculpa, Ella. Por não ter conversado com você como eu queria, mas temos muito tempo para isso.

Apenas balanço a cabeça. Os meus olhos ardem sem parar. Eu preciso contar para ela, mas eu não consigo. Deito na cama e fico quieta, tentando me lembrar de tudo que aconteceu. Mas não consigo.

No outro dia, acordei e permaneci deitada na cama. A minha cabeça dói sem parar. Já é meio-dia e ainda não consegui sair da cama, mesmo após uma noite inteira sem conseguir dormir. A minha irmã e a minha tia saíram.

Eu só queria voltar no tempo. Eu não sei como vou olhar para Aaron. Só de lembrar dele, começo a chorar de novo.

Depois de um tempo me levanto e vou tomar um banho. Quando termino e volto para o quarto, vejo a minha irmã.

― O que aconteceu com você? ― ela me pergunta, se aproximando de mim.

― Por quê?

― Você está com olheiras. Você não conseguiu dormir?

― Não muito bem. E você?

― Eu consegui, mas acho que foram os remédios. Mudando de assunto. Que horas você vai na festa do Aaron.

― Eu não sei ainda, por quê?

― Só para saber. Eu vou me arrumar na Sofia. 

― Eu não decidi que horas eu vou.

Na verdade, eu não sei como vou olhar para a cara do Aaron. 

― Ok. Eu vou sair agora. Mesmo com o braço desse jeito, tenho que arrumar um vestido bonito. Até a noite.

Ela fala isso e sai.

Ouço o meu celular e vejo uma mensagem.

“Como você está? Fiquei sabendo da sua irmã. Ainda bem que não foi nada mais sério. Estou morrendo de saudades. Te vejo a noite. Já ia me esquecendo. Não vai dá para te buscar. Tem algum problema?”

Respiro fundo antes de responder.

“Nenhum. Posso pedir para a minha tia me levar.”

“Eu te amo. Estou louco para te ver.”

Estou chorando quando respondo.

“Eu também te amo.”

Já são sete horas e até agora não sei o que fazer. Não me lembro de nada, estou com medo. Estou completamente apavorada com tudo. Não sei se vou na festa. Mas tenho que conversar com ele, preciso contar tudo. 

Coloco o primeiro vestido que vejo. Amarro o meu cabelo no alto da cabeça o mais rápido possível, e coloco o meu All Star. 

Aviso a minha tia que irei à casa do Aaron. Ela me observa de cima a baixo, provavelmente estranhando a minha roupa, mas não estou preocupada com isso, só preciso vê-lo. Conversar…

Peguei um táxi e em menos de quinze minutos eu estou na frente da casa dele. Não consigo me mover. Estou próxima de uma árvore. Pensei que ainda era cedo, mas me enganei. Várias pessoas entram e saem sem parar. O meu telefone toca e sei que é Aaron. O meu coração martela no peito. Estou quase desistindo de entrar quando levo um susto, alguém segura no meu ombro. 

― Ella? Aconteceu alguma coisa?

Me viro e vejo Nicolas. Ele me observa curioso.

― Não é nada.

― Ok. Você ia entrar? Que bom, pensei que não encontraria ninguém. Mas ainda bem que você está aqui.

Ele sorri.

― É bom te ver também. Obrigada por ontem.

Ele fica sem graça.

― Não foi nada. E como a sua irmã está?

― Ela está melhor.

― Que bom. Vamos entrar.

Eu e Nicolas entramos. Estou tão sem graça. Eu queria conversar com Aaron em uma situação melhor, e sei que não conseguiria ficar mais um dia mentindo para ele.

A primeira pessoa que vejo é Bella. Ela está sozinha. Quando me vê, se aproxima.

― Você demorou, por um momento eu pensei que não viria. Aaron já me perguntou várias vezes sobre você.

― Eu demorei um pouco. Onde ele está?

― Ele está próximo da piscina.

― Obrigada.

Me viro para Nicolas.

― Te vejo depois.

― Sem problema.

Vou em direção à piscina. Acabei me lembrando da última vez que estive aqui em uma festa e em tudo que aconteceu.

Procurei pelo Aaron, mas não encontrei. Já estou do outro lado da piscina. Vejo várias pessoas que nunca vi na vida. Meu coração se aperta tanto. Só preciso encontrá-lo e pedir desculpas, só isso.

― Achei você.

Me viro e vejo Aaron. Ao observá-lo, a minha única vontade é abraçá-lo. E é isso que eu faço.

― Aconteceu alguma coisa? ― ele me pergunta, preocupado.

― Eu estava com saudades de você.

Ele me abraça mais forte.

― Eu também. Me desculpa. Estava ocupado hoje que não te dei atenção. Mas não se preocupe, vou reparar o meu erro.

― Você não fez nada de errado.

Ele me solta e observa bem o meu rosto.

― O que aconteceu? Você não está bem.

― Eu estou bem. Eu só… eu só. ― Respiro fundo. ― Preciso conversar com você.

― Agora?

― Sim. Agora.

― Ok. Vamos no meu quarto.

― Seria ótimo.

Ele segura a minha mão. Respiro fundo. Estamos passando pela sala quando somos parados pelos amigos dele.

Sofia pega um microfone perto da escada e começa a falar.

― Espera só um minuto e vamos conversar. 

Ele fala, me dando um beijo no rosto.

O som alto para e muitas pessoas começam a olhar para Sofia. Vejo Nicolas próximo do sofá. A minha irmã com o Gabriel. Eu não consigo olhar para eles. Abaixei a cabeça de vergonha.

― Eu queria desejar um feliz aniversário para você, Aaron. Eu te conheço desde sempre. Pensei muito no que te dar de presente, então acho que no começo você não irá gostar, mas tenho certeza de que irá me agradecer depois.

Ouço várias pessoas comentando, não entendendo o que está acontecendo.

Ela pega um controle e aperta um botão. Um painel sai do alto do teto. 

As minhas mãos tremem sem parar. Um vídeo é passado e nele eu estou sentada em cima do Gabriel, na minha cama. Nós estamos fazendo sexo. Estou com o mesmo vestido de ontem. A cena é deplorável.

Aaron solta a minha mão e ouço várias pessoas falando sem parar.

Eu estou passando mal.

― O que é isso?

Ele pergunta sem acreditar.

Aaron se vira para mim.

― O que é isso, Ella?

― Vamos para outro lugar. Por favor.

― Porque precisamos ir para outro lugar. Apenas fale que é mentira.

Eu não consigo olhar para ele. Os meus olhos se enchem de lágrimas.

― Por favor.

― Retira esse vídeo agora, porra!!!

Levo um susto com os seus gritos.

Sofia desliga o vídeo. Ele segura a minha mão com força, me levando para o seu quarto. Quando já estamos lá, ele bate à porta com força, me fazendo estremecer.

― Você transou com o Gabriel?

Eu não consigo responder. Ele se aproxima, segurando com força o meu rosto. Ele faz com que eu olhe diretamente para ele.

― Me responde, porra!? É isso mesmo, você transou com o Gabriel?

― Por favor… me desculpa. Eu... eu… não sei o que aconteceu…

Ele me solta e começa a andar de um lado para o outro.

― Como você pode? Como você pode fazer isso comigo?

― Aaron, por favor. Vamos conversar. Por favor.

A minha voz sai estranha, como se não fosse minha.

― Conversar sobre o que, Ella. Me fala. ― Ele balança a cabeça indignado. ― Falar sobre você transando com o meu amigo. Ou o fato de eu ser um completo imbecil por gostar de você?

Observo os seus olhos cheios de água.

Quero sumir. A única coisa que eu quero é sumir.

― Aaron…

Seguro no seu braço. Ele o retira com nojo.

― Não encoste em mim...

Ele sorri com ironia, mas eu sei que tudo isso é uma farsa. O seu olhar está do mesmo jeito de como era antes.

― Eu quero que você esqueça tudo que aconteceu entre nós dois. Eu não quero ouvir o seu nome nunca mais na minha vida. E obrigado por me mostrar o que você é  de verdade. Você não passa de uma puta.

Ele sai batendo a porta com força. As minhas mãos tremem. Tento respirar, mas não consigo. Sinto uma dor no peito interminável. 

Fiquei no seu quarto um pouco. Mas não posso ficar aqui para sempre. Ainda tremendo, saio do quarto. Só quero sair daqui. Só isso.

Estou descendo as escadas quando ouço vários comentários com o meu nome. Mas não quero prestar atenção, só preciso sair daqui.

Mas quando estou na sala, sinto alguém pegando no meu braço. Levanto o rosto para ser recebida com um tapa na cara. Sinto o gosto de sangue na boca. Vejo a minha irmã na minha frente, chorando.

― Bella.

― Como você pode? Me fala? ― ela grita, chamando atenção de todos. ― Como pode fazer isso comigo? Eu sou sua irmã. Você transou com o meu namorado no nosso quarto, enquanto eu estava no hospital.

― Vamos conversar, Bella. Por favor.

Eu não estou nem conseguindo enxergar com tantas lágrimas embaçando os meus olhos.

― Eu não quero nunca mais conversar com você. Eu vou fingir que você morreu junto com a mamãe.

Ela sai correndo. Não consigo me mover. Vejo Sofia em um canto sorrindo. Algumas pessoas olham para mim com pena e outras com desprezo. Saio dali correndo sem saber para onde ir.

Corri o mais rápido que consigo, tentando fazer com que o meu cérebro esqueça de tudo que está acontecendo.

Não sei quanto tempo fico andando sem rumo. Só sei que estou chegando em casa. 

― Onde você estava, Ella. Estou te procurando faz horas.

Levantei a cabeça e vi Nicolas. Comecei a chorar, sem saber o que fazer.

― Ei, calma.

Ele fala, me abraçando. Fico ali em seus braços, sem falar nada por um tempo.

― Você precisa se sentar, Ella

Ele me ajuda a sentar no banco do carro. Fico lá, olhando para frente, sem saber o que fazer.

― Você quer conversar?!

― Acho que não tem nada para explicar, não é mesmo? Afinal, você viu o vídeo.

― Eu vi o vídeo, mas quero saber de você.

Me virei para ele 

― Na verdade, eu não sei o que aconteceu ― falo tudo que eu me lembro.

― Isso é estranho. Nenhuma bebida faz isso.

― Pelo visto, essa faz. Mas contra aquele vídeo não há discussão. Não é mesmo?

Ele fica em silêncio por isso um tempo. Acho que até ele percebeu que eu realmente fiz isso.

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