capítulo 20
― Eu liguei para a diretoria avisando que irei um pouco mais tarde na escola. Mas ela me disse que tudo bem ― a minha tia fala, e logo depois bebe um pouco de café.
Eu e minha irmã já estamos arrumadas para a escola, não sei o que vai ser hoje. Como Aaron vai agir. Não faço ideia, mas espero que ele continue a me tratar como está me tratando agora.
Recebi uma mensagem dele, falando que chegará em cinco minutos. Logo depois ouço uma buzina. Sei que é o namorado da minha irmã. Ela sai apressada sem se despedir. Vejo que a minha tia fica magoada, mas ela não fala nada.
― Você quer uma carona?
― Não precisa, Aaron vem me buscar.
― Vocês estão namorando?
― Ele me pediu em namoro ontem.
Só de lembrar, o meu coração se acelera.
― Que bom, Ella. Espero que dê tudo certo.
Sempre que a minha tia fala desse jeito, sinto que ela quer me dizer mais alguma coisa. Abrir a boca para perguntar, mas ouço o som de uma buzina e sei que é ele que chegou.
Me despeço da minha tia e saio. Eu o vejo parado ao lado do carro com seu uniforme impecável. Seguro com mais força a mochila, me lembrando de ontem.
― Bom dia. ― Ele se aproximou, me dando um beijo na boca.
― Bom dia.
― Vamos. ― Mais uma vez ele abre a porta do carro para mim.
Já no caminho para a escola, o ouço perguntar.
― Dormiu bem?
Me viro para ele para ver se ele está sorrindo, mas diferente do que eu pensei, ele está sério.
― Muito bem, e você?
― Ótimo. Estava pensando se você quer ficar comigo na hora do almoço?
― Na mesma mesa em que seus amigos?
― Sim.
― Eu gostaria de ficar com você, sim. Mas se não tiver problema prefiro ficar com os meus amigos, por enquanto.
― Eles são um pouco diferentes, mas são pessoas boas, Ella.
Penso na minha irmã.
― Eu sei o quanto a minha irmã e a Sofia são boas pessoas.
Ele suspira.
― A sua irmã me parece tranquila.
― É, elas sempre parecem.
Poderia dizer para ele o que eu acho. Poderia dizer que a minha irmã já estava com raiva de mim por antes, mas agora eu sei que ela sente ódio pelo meu envolvimento com ele. Porque sei que ela gosta dele. Mas não estou a fim de ficar falando disso.
― Ok. Você tem os seus motivos. Vou respeitar isso. Mas vou sentir um pouco de saudade de você.
Me virei, o encarando.
― Você pode sentar com os meus amigos.
Ele fica um pouco em silêncio.
― Digamos assim que eu não me dou muito bem com Nicolas.
― Mas ele é seu primo. ― Cruzo os braços com ironia.
Ele sorri.
― Ok. Eu entendi.
E sorrimos.
Ele estacionou o carro e saímos juntos.
Percebo várias pessoas olhando e cochichando e isso me deixa sem graça. Ele segura a minha, não facilitando as coisas.
― Você precisa se acostumar com isso.
― Eu sei.
― Ella, que bom que eu te encontrei ― Vitória fala, para logo em seguida ficar nos encarando. Ainda estamos no corredor. Ela olha para a minha mão e logo em seguida sorri.
Aaron me dá um beijo.
― Te vejo na sala, preciso falar uma coisa com a minha mãe. ― Ele sorri, virando para a minha amiga. ― Bom dia, Vitória!
― Meu Deus, vocês estão juntos.
Ela fala quase gritando, e preciso segurar no seu braço para que se controle.
― Sim. Ele me pediu em namoro ontem.
Ela me dá um tapa no braço.
― E não me disse nada.
― Desculpa, é que aconteceram tantas coisas.
― Vou te perdoar, se me contar exatamente como foi.
Vamos andando lentamente até chegarmos na sala só para que eu conte um resumo do que aconteceu. Estamos sentadas em nossas cadeiras quando o restante da turma começou a entrar.
Logo em seguida, Aaron entra, o seu olhar se encontra com o meu e o meu rosto se esquenta só de vê-lo. Ele se senta com o Gabriel e começam a conversar.
Ouço o meu celular vibrando e o peguei.
É uma mensagem dele.
“Impressionante como o seu rosto fica vermelho.”
O meu coração se acelera só de lembrar de ontem a noite. Engulo em seco, respondendo.
“Culpa sua.”
“Com toda certeza.”
Balanço a cabeça.
Guardo o celular. O professor entra e começa a explicar a matéria e faço de tudo para prestar atenção.
Na hora do almoço, ele se senta com os amigos dele e eu com os meus.
Nicolas está do meu lado e o ouço perguntar baixo:
― Você e Aaron estão juntos?
― Sim ― respondo.
Ele abre a boca, mas depois fecha.
― O que foi?
Ele sorri nervoso.
― De todas as garotas daqui, eu nunca pensei que ele se interessaria por você.
Levanto uma sobrancelha, olhando para ele.
― O que você está querendo dizer com isso?
Ele suspira, olhando para mim.
Vejo dor no seu olhar.
― Esquece. Só espero que ele não te faça sofrer.
― Por que está falando assim? ― Fico incomodada.
― Você é uma pessoa muito boa, Ella, só desejo que dê tudo certo.
Abro a boca para perguntar o que está havendo, mas sinto uma mão sendo passada pelo meu ombro. Ouço o riso de Vitória, me viro e vejo Aaron sentado, sorrindo para mim. Ele me dá um beijo na bochecha e o meu rosto se esquenta. Me viro a tempo de ver Nicolas se levantando.
― Preciso resolver uma coisa, nós vemos depois.
Faço uma pergunta só com o olhar para Vitória, ela apenas move os lábios dizendo que não sabe o que ele tem.
― É impressão minha ou ele saiu só porque eu cheguei?
Me viro para Aaron.
― É apenas impressão.
― O que vai fazer à tarde?
― Vou ajudar a minha tia no café.
― Que pena!
Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Voltando para a sala, sinto o meu telefone vibrando, o pego e vejo que é uma mensagem de Nicolas.
“Me desculpe por mais cedo”.
Fico um tempo olhando para aquela mensagem.
“Eu entendo que você não se dê bem com o seu primo, mas eu gostaria que nada mudasse entre nós”.
A resposta demora para chegar.
“A história é bem longa, Ella. Talvez um dia eu te conte, eu não falei por mal, só espero que você seja feliz. Só isso.”
“Eu sei, por isso você é um ótimo amigo.”
Mas uma vez a resposta demora para chegar.
“E sempre serei.”
No final da aula, Aaron me dá mais uma carona.
Já são seis horas, o café está cheio e estou atendendo um casal. Sinto o meu celular vibrando, mas como não posso atender apenas ignoro.
Às sete e meia, estou arrumando as mesas quando vejo Nicolas entrando, ele sorri quando me vê. Me aproximo.
― Resolveu vir tomar um capuccino?
Ele sorri.
― Estava passando perto, então resolvi te dar uma carona até a sua casa.
― Espera só um minuto, vou só pegar a minha bolsa.
Vou para trás do balcão e peguei a bolsa. O café já está fechando e a minha tia está terminando de colocar uns doces que sobraram na geladeira. Me despeço dela.
Nicolas me espera do lado de fora. Andamos até chegar ao seu carro e como sempre ele abre a porta para mim.
― Como foi o trabalho? ― ele me perguntou, olhando para frente, prestando atenção no caminho.
― Cansativo, mas até que eu gosto, e você, o que fez hoje.
― Estou tentando entrar na universidade de Yale, então já pode imaginar, estou estudando igual um louco. E você pretende se inscrever em que faculdade?
― Sabia que é a primeira vez que alguém me pergunta isso? ― Pensei um pouco. ― Estou pensando na Universidade de Nova York, mas não tenho certeza.
― Quando estava pesquisando, eu dei uma olhada nessa, mas já viu né, o meu pai prefere a outra.
― E o que você prefere?
Ele sorri.
― Sinceramente, não sei.
Nicolas suspira, ele para o carro em frente da minha casa.
Ele sai e abre a porta para mim, fico um pouco sem graça.
― Eu preciso te falar uma coisa. Já está me deixando louco.
Franzo a testa, olhando para ele.
― O que aconteceu?
― Eu sou seu amigo, e eu gosto muito de você, Ella.
Sorrio para ele.
― Eu também gosto de você.
Ele sorri, mas a sua expressão se fecha.
― Eu sinceramente espero que dê tudo certo entre você e Aaron, não gosto dele, é verdade. Mas espero que dê tudo certo. Só tenha cuidado, ok. Eu não quero que ele te magoe no final.
― Aaron não é como você pensa.
Ele sorri sem graça.
― Eu espero estar errado, mas acho que não, eu o conheço desde sempre e sei do que estou falando. Palavras podem machucar muito mais do que um tapa, e acredite em mim quando eu te falo, Aaron é mestre em destruir as pessoas com palavras.
Eu já presenciei esse lado do Aaron, o meu rosto fica vermelho, e não me orgulho disso.
― Ele está mudando.
― As pessoas não mudam de um dia para o outro, eu só… ― Ele para um pouco e respira fundo. ― Eu só quero que seja feliz. Só isso.
O meu coração aperta. Não consigo expressar a minha gratidão em palavras, então me jogo nos braços do Nicolas, o abraçando. Ele leva um susto, mas depois de um tempo corresponde.
― Obrigada!
― Pelo quê?
― Por ser meu amigo, obrigada por se preocupar comigo.
― Eu sempre vou me preocupar com você. — Ele sorri.
― Nós vemos amanhã.
― Até amanhã. E obrigada pela carona.
Entrei em casa e fui direto para o meu quarto. Encontrei Bella mexendo no celular. Ela levanta o olhar para mim, mas não falou nada.
Peguei uma toalha e vou tomar banho.
Após o banho, ainda de toalha, peguei o meu celular e dei uma olhada. Vejo duas ligações perdidas de Aaron.
Mando uma mensagem para ele, perguntando o que ele quer, e explicando que eu estava ocupada no café.
Me visto com uma roupa de dormir. Me deito na cama. Espero uma mensagem dele, mas essa não vem. Deve ter dormido.
No outro dia, espero Aaron em frente de casa. Já são quase sete e ele não chegou. A minha sorte é que a minha tia ainda está em casa e me leva. Quando chegamos na escola, sair correndo do carro para poder entrar antes que dê o horário. Os corredores estão vazios. Vou correndo e cheguei na sala toda sem graça, peço licença para o professor, e ele me deixa entrar.
Tento não olhar em direção de Aaron. Mas é impossível, ele está olhando para o outro lado.
― O que aconteceu? Por que chegou atrasada? ― Vitória me pergunta.
― Perdi o horário.
A minha cabeça dói e sei que é porque a minha menstruação está chegando. Mandei mais uma mensagem para o Aaron, perguntando o porquê de não aparecer, mas igual as outras mensagens, ele não respondeu.
Apertei a minha mão em punho, de raiva. Estamos no segundo horário quando peço para ir ao banheiro, e como eu desconfiava, a minha menstruação veio mesmo.
O horário passa rápido e quando dá a hora do intervalo vejo Aaron saindo igual rápido.
― Aconteceu alguma coisa?
Vitória me perguntou, andamos juntas em direção ao refeitório.
― Se aconteceu, eu não faço ideia do que seja.
Chegamos no refeitório e vejo um grupo de alunos perto de onde sentamos.
― O que está acontecendo?
― Não faço a menor ideia.
Andamos até chegar perto, e vejo Nicolas discutindo com alguém. Entramos no meio, no mesmo instante em que Aaron dá um soco no rosto do meu amigo. Entrei em desespero, me colocando no meio. A confusão começa e ouço vários gritos incentivando que continuem a briga. Nicolas vai para cima do Aaron e os dois começam a brigar parecendo animais.
― Para com isso!
Grito, mas ninguém me ouve. Me coloco no meio novamente e seguro no braço de Aaron.
Ele segura o meu braço com força, retirando a minha mão dele, e fico sem saber o que fazer. Observo a sua sobrancelha sangrando, ele me observa com ódio e sai pisando forte.
Me virei para Nicolas e a sua situação não é diferente, ele respira rápido. Chego perto dele.
― O que aconteceu?
― O idiota do seu namorado veio tirar satisfação.
O olhei sem entender nada.
― Satisfação de quê?
― O idiota tem um vídeo de nós dois abraçados e achou que estava acontecendo algo entre nós.
Fico um momento sem saber o que fazer. Vejo Vitória olhando horrorizada para Nicolas.
― Vi, leva ele para a enfermeira.
― Pode ficar tranquila, vai lá resolver isso.
Me virei e saí correndo na direção em que Aaron foi. Vou para fora e o vejo entrando no seu carro, corri o mais rápido possível, me colocando na frente do carro e ouço o som do barulho do motor. Ele buzina, mas não sai da frente. Ele abre a porta do carro com força e vem em minha direção. Mesmo sem querer, me encolhi um pouco. Ele percebe e dá um passo para trás.
― Sai da frente, Ella!
Respirei fundo, tentando controlar o meu coração, sei porque estou assim, e que não é apenas pela corrida.
― Não! ― gritei.
Ele se aproxima.
― Sai da frente, porra!
― Não!
Ele passa a mão pelo cabelo, nervoso.
― Por que você não me perguntou o que aconteceu? Tirou suas próprias conclusões, sem saber de nada.
― Eu não precisei perguntar, não é mesmo? Afinal, eu vi o vídeo.
― Você é louco, Aaron, eu apenas abracei Nicolas, nada mais do que isso, ele é meu amigo.
― Amigo? Você acha que vou acreditar nisso, por acaso tenho cara de idiota!
― Você não tem cara, mas as suas atitudes são de uma pessoa idiota e infantil! ― grito, não conseguindo me controlar.
Ele respirou fundo, olhando para mim.
― Por que você não atendeu a minha ligação?
― Se tivesse olhado as mensagens que mandei para você, saberia. ― Respiro fundo. ― Quer saber? Já chega! Eu não quero mais discutir com você.
Me virei para sair, mas parei quando ele segurou o meu braço.
― Vamos conversar, Ella.
― Conversar? Você deveria querer conversar comigo antes de partir para cima do Nicolas, que não tinha nada a ver com isso.
― Então é esse o problema, a sua preocupação é com ele?!
― Não. A minha preocupação é saber que eu tenho um namorado que prefere acreditar em qualquer coisa, menos na namorada.
― Tenta entender o meu lado.
― O seu lado? Que lado? O lado que acha que pode resolver as coisas batendo em outras pessoas?
Ele segura no meu rosto.
― Me desculpa.
Respiro fundo.
― Depois conversamos, você precisa cuidar do seu rosto.
Ele sorri, chegando próximo do meu rosto. Mesmo tentando me controlar, engulo em seco.
― Está preocupada comigo?
― Claro que estou preocupada com você, idiota!
Ele abre a boca para responder, mas somos interrompidos.
― Aaron. Quero ver você na minha sala, agora! ― A mãe dele fala com uma cara de raiva. Aaron olha para mim por um segundo.
― Depois conversamos.
Balanço a cabeça, concordando com ele.
Ele entra com a mãe e vou atrás sem graça. Ainda estamos no intervalo e vou em direção à enfermaria. Lá, vejo Nicolas deitado. Vitória está ao seu lado e quando ela me vê, se levanta, se aproximando de mim.
― O que aconteceu com seu namorado?
― Depois eu te explico. E ele como está?
― Está com essa cara de ódio desde que chegamos.
― Vou conversar com ele.
Me aproximo, ele me olha e seu rosto vai suavizando.
― Você está machucada? ― Nicolas me pergunta, fico sem entender a pergunta, afinal, é ele que está sangrando.
― Por que da pergunta?
― O seu braço. ― Ele segura o meu braço esquerdo e só neste momento eu percebo o que ele está falando.
― Ele não me machucou.
― Eu vi como ele segurou o seu braço, Ella. Não dê desculpas para o que ele fez.
― Não foi nada. E você, como está? ― Tentei mudar de assunto.
Ele me observa, mas aos poucos a sua expressão vai melhorando.
― Eu estou bem. Pode ficar tranquila.
― Mentira, ele levou um soco no estômago, você tinha que ver, está roxo ― Vitória fala, se aproximando de nós.
― Não é melhor te levar ao hospital?
― Não precisa exagerar, estou bem. A enfermeira só quer que eu fique aqui mais um pouco, para que o meu nariz não sangre novamente.
― Você quer que eu fique aqui com você?
Nicolas ia responder, mas quem faz isso é Vitória.
― Pode ficar tranquila, eu vou ficar com ele.
Nicolas apenas ficou calado.
― Ok, então, eu vou indo, e te passo qualquer coisa que o professor passar.
Ela concorda e me despeço dos dois. Estou indo em direção da sala quando vejo Aaron encostado na parede. Ele me vê.
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