58 Notebook voador.
-Eu fui seu companheiro, seu amigo seu porto seguro; estou com você antes de a Karen aparecer com a tal ideia que deu origem ao livro Crônicas de machado e espada, estava com você antes de ficar famosa. Eu não acredito que me traiu com aquela abominação. Sua história nada mais era que o reflexo da realidade; me traiu com um assassino sanguinário que está matando minha família a gerações.
- Jean o Pierre nunca tentou matar ninguém da sua família que não fosse o duque. Fez isso por amor a Maya. - Falei dando dois passos para frente em direção ao meu notebook.
- Emma, você é tão ingênua, está enfeitiçada por esse ser demoníaco, terá o mesmo fim de Maya e da bruxa. - Jean falou terminando de virar a última dose de whisky que havia no copo.
- Jean você está bêbado vamos esperar essa bebedeira passar e conversamos.- Falei amedrontada. Vou fazer um café bem forte para você, você pode tomar um banho enquanto isso...
- Esse maldito livro; nossa vida estava ótima antes dessa ideia idiota de um livro sobre Gárgula . -Jean falou olhando fixamente para o notebook.
Corri até a mesa na tentativa de pegar meu computador, mas Jean pegou primeiro e o levantou erguendo o braço como fazemos com as crianças quando não queremos que pegue alguma coisa.
Daí para frente foi só ladeira abaixo: tentando pegar o notebook fiquei na ponta do pé e comecei a gritar:
- Pierre não faça nada que venha a se arrepender depois. - Eu não havia notado que tinha trocado o nome de Jean , mas o mesmo notou.
Jean com a mão esquerda me deu um tapa com as" costas " da mão enquanto aproveitando que a porta da varanda estava aberta , lançou meu computador que caiu sobre algum carro, e causou um grande engarrafamento.
Eu desequilibrei e cai no chão com o tapa e fiquei por algum segundos sem reação mas assim que recuperei a consciência limpei as lágrimas no meu rosto , peguei meu patinete elétrico e entrei no elevador; encostei no espelho e chorei compulsivamente e só depois de 5 minutos notei que não havia apertado o botão para descer. Com o rosto todo molhado de lágrimas sair do elevador abri a portaria do prédio e subi no patinete vendo o estado que estava a rua, com um engarrafamento se formando , com o meu computador no para-brisa de um carro. Sem pensar muito fui para o primeiro lugar que me veio à cabeça : o café que havia marcado com Eugène. Antes de entrar no café tentei limpar o meu rosto mas as lágrimas insistiam em cair.
Vi o restaurador ficar com o semblante sério quando me viu entrando pela porta do café.
- O que aconteceu ? - Falou Eugène antes mesmo que eu me sentasse.
- Jean, o Jean descobriu tudo .
- Tudo o que? - O restaurador perguntou levantando o dedo indicador para o garçom e pedindo um chá de camomila.
- Tudo , sobre o Pierre, sobre eu ter beijado ele antes...
Eugène ficou irado e falou fazendo menção de se levantar da cadeira:
- Eu vou quebrar a cara daquele idiota, nada do que você faça justifica ele te bater, você está longe de estar certa traindo Jean mas...
Eu não sabia mas meu rosto estava marcado.
- Você é louco ou o quê? Ele é policial você não pode simplesmente sair de um café e esbofetear um policial sem arcar com as consequências. Eu o trai, acho que no lugar dele faria o mesmo. Eu estou muito nervosa ia acabar atropelada se continuares guiando meu trotinete nervosa como estou. Eu só quero te pedir para que me leve para casa de Karen. - Falei enquanto o garçom colocava o chá de camomila sobre a mesa.
- Eu te levarei até a Karen uma hora dessa ela não está em casa, já deve está na editora. Vou telefonar para ela e pedir para que ela vá para casa. Enquanto isso você toma seu chá.
...
30 minutos depois na casa de Karen ...
- Eu realmente não acredito que Jean tenha feito uma coisa dessas, vocês eram tão perfeitos. - Karen falou com a caixa de primeiro socorros na mão limpando o arranhão no meu super cílio e fazendo um curativo. - Isso vai ficar roxo. Como assim você tem um amante e nunca me contou? Agora tudo faz sentido era por isso que estava nervosa para voltar da Espanha. Quem é? eu conheço?
- Karen , não é hora para fofocas, Emma precisa descansar, tomar um banho e de roupas emprestadas. - Eugène falou interrompendo as perguntas que sua noiva estava fazendo.
Karen ficou olhando por alguns segundos para nós dois e o restaurador falou:
- Não comece a inventar nenhuma fanfic em sua cabeça, não temos nada, só chegamos juntos porque já viemos marcado de conversar em um café sobre um evento que estou querendo fazer e Ei a pedir para Emma usar sua influência para pedir a Gárgula emprestada , o amante de Emma se chama Pierre.
- Claro que se chama, e é a inspiração para o Gárgula. - Karen falou sorrindo. - Espera, você não trouxe o notebook?
- Jean jogou o computador pela varanda .
- Emma , por favor que você tem tudo salvo em um pendrive.
- Karen , eu tenho tudo salvo em um pen drive, o problema é que eu pendrive está no apartamento, mas eu também salvei no meu e-mail.
- Emma meu amor, o apartamentos é seu, você não pode somente dar de mãos beijadas para o Jean.
Meu telefone tocou me dando um susto, eu não me lembrava que me celular estava no acessório no meu braço. Eu tirei o fone que havia guardado no acessório e vi o número do Capitão Lohan ; respirei fundo e falei:
- Capitão em que posso te ajudar?
- Bonjour Emma, eu ia te fazer a mesma pergunta, o seu notebook foi encontrado sobre o para-brisa de uma BMW prata , na frente do prédio onde mora, causando um considerável engarrafamento, a senhora pode me explicar por favor como isso aconteceu? Liguei por diversas vezes para Jean mas ele não atendeu nenhuma ligação.
Capitão Lohan
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