57 Meretriz

Emma ...

Dormi como uma pedra  e acordei sem saber se tudo havia sido um sonho, porém para minha felicidade havia várias pistas que me levavam a acreditar que tudo aquilo havia acontecido : como o fato do meu computador e a xícara de café estarem exatamente onde deixei ; a cadeira que subi para facilitar minha saída também estava na exata posição.
A felicidade encheu meu coração.

Cantarolando, vesti um short jeans e uma camiseta regata branca e foi até um café, comprei pães  , voltei para casa , tomei meu café da manhã,  troquei de roupa e fui correr em um parque não muito longe. Voltando para casa , coloquei um música feliz bem alta , arrumei a casa, tomei um banho e fui escrever meu livro.

Acho que a última vez que estive feliz desse jeito, meus pais ainda estavam vivos . Estava vivendo só pela próxima lua cheia.

...

Eugène...

Karen veio a viagem inteira me interrogando com perguntas do tipo: por que demorou tanto  no porão? Por que tirei a escultura do lugar se eu mesmo criticava as pessoas por tirar a Gárgula de lugar e por que eu decidi empurrar uma escultura depois de  cair de uma escada e rachar a cabeça? ( Palavras dela). A minha sorte é que eu já havia pensado em algo, já havia chamado Karen  para Orleans pensando em pedi-la em casamento, então acho que teria que colocar o plano em prática mais rápido possível porque desconfiada do jeito que ela é se demorar muito tempo não vai haver noivado.

Acordei mais cedo do que eu queria fui até uma padaria e comprei vários pães e bolos chegando em "casa" ( quarto  do hotel) preparei uma linda bandeja de café da manhã com o suco natural de laranja, croissants, macaron, cupcake e café, coloquei também morangos para o caso dela querer comer algo natural. Coloquei ali a aliança que eu havia comprado na manhã no anterior, bem em cima do cake  e estava na esperança que ela assim que visse o café da manhã  visse o diamante e tivesse uma ótima reação mas as coisas não correram  tão bem assim.

Com a cabeça doendo graças o corte criado por uma leiteira arremessada na noite passada, liguei para recepção do hotel e pedi a bandeja. Sim eu podia ter perdido um café da manhã super especial do hotel mas não teria tanta graça, seria muito impessoal. Depois de preparar tudo e colocar a aliança em cima do cake levei a bandeja de café da manhã até à cama e comecei a tentar acordar Karen com beijinhos  e sacudindo seu braço, mas a morena ressonava baixinho em um sono pesado. Assim que minha namorada abriu os olhos e viu a bandeja de café da manhã  a morena sorriu, bocejou e selou meus lábios.

- Bonjour, pelo tamanho do pedido de desculpa a merda que  fez ontem deve ter sido bem grande. - Karen falou levantando a tampa da bandeja  e sem prestar muita atenção, pois se a comer o Cake  que tinha o creme branco, não  tendo contraste como a pedra de diamante do anel, ato falho.

A morena pegou o kate e o levou direto a boca dando uma bela mordida antes que eu a interrompesse o que ocasionou em Karen se engasgar com o anel e eu ter que fazer o procedimento  para ela desenrascar. As pressas  sentei atrás dela e coloquei meu punho perto do seu peito, ela aparecia está perdendo o ar, no  desespero  Karen derrubou o suco de laranja, o  café e todo o resto do café da manhã na calma. Demorou mas Karen desengasgou cuspindo o anel em cima da cama e depois de respirar algumas vezes  finalmente avistou  o solitário e falou :

- Era sobre isso que estavam conversando ontem à noite enquanto me deixavam meia-hora no carro?  Havia pedido para quê Emma escolhesse o anel e havia esquecido de pegá-lo com ela e eu desconfiando de vocês... - A morena falou pegando o anel babado limpando na fronha do travesseiro e colocando em seu dedo. - Ele é lindo, desculpe mas eu detesto essa  impressão de quê você está escondendo algo de mim. - A morena falou me beijando.

- Meu amor, eu te amo , para com toda essa desconfiança porque você vai acabar estragando uma coisa que pode ser linda. Eu sei que vacilei com você, mas eram outros tempos, só tínhamos 15 anos , não tinhamos nada realmente serio , eu era um muleque éramos adolescentes. Eu aproveitei tudo que podia aproveitar da minha vida de solteiro e agora eu realmente quero ficar com você, realmente estou preparado para uma nova fase, uma fase onde nós dois podemos ter um relacionamento adulto, monogâmico, romântico e feliz, Karen , você quer casar comigo e ...- Meu discurso foi interrompido pelo barulho do estômago de Karen roncando.

A morena passou a mão no croissant em cima do lençol e disse :

- É claro que aceito casar com você, mas podemos ligar para o serviço de quarto e pedir um outro café da manhã?

...

Jean ...

A noite no jantar de aniversário de Alís...

Eu estava muito feliz que havia chegados finalmente o dia em que a grand-mère  iria acabar com o mistério e me contar o que está por trás do incêndio. Todas as vezes que perguntei a ela sobre o assunto ela me respondeu que iria dizer após o jantar na festa do seu aniversário pois assim que eu soubesse de toda a verdade iria querer voltar  para Paris.

Eu realmente queria voltar para Paris, queria pegar minha esposa e aproveitar esses resto de folga para viajar com Emma até a Holanda e passarmos  alguns dias agradáveis longe da bagunça que é Paris.

A festa de aniversário de Alís estava lindíssima mas sentia falta de Emma, várias pessoas me perguntavam pela minha esposa, eu comecei a pensar que talvez não seria uma boa ideia trazer Emma para festa de aniversário de Alís, com certeza Emma iria chamar bastante atenção o que seria bastante deselegante,  não é bom chamar mais atenção do que a aniversariante.

O palacete estava lindamente decorando, minha avó havia convidado cerca de 100 pessoas entre parentes e pessoas influentes,  a comida estava maravilhosa mas eu realmente estava ansioso pelo que viria depois do jantar e não estava falando sobre a sobremesa.

Durante a festa fiquei conversando com  alguns dos meus antigos amigos da polícia e familiares e me surpreendi ao ver uma tia que não via desde criança , lembre-me que minha mãe falava que a tia Hanna era louca e havia sido internada quando criança, mas ela me parecia muito bem , inclusive achei muito desnecessário Alís  ter mandado ela vir com  um enfermeiro. Mais cedo ouvir minha tia avó   falar que Hanna estava morando agora em Marselha , em uma casa de repouso.

Na hora do jantar minha grand-mère me colocou em sua mesa junto com minha mãe , tia Hanna   tia Elise  e tia Lucí,  o que  causou burburinho entre os netos, na verdade as netas ( pois eu era o único neto homem) .

Após o jantar veio um enorme bolo de aniversário de três andares , e cantaram  parabéns mesmo contra você de Alís, na verdade o bolo foi um presente do prefeito  um antigo aluno da época que minha grand-mère dava aula para crianças do 5º ano. Após Alís estourar um champanhe , costumes da minha família ,( dizem que dá sorte o aniversariante abrir uma garrafa de champanhe em seu aniversário), Alís fez um pouco de sala para todos e depois pegou a minha mão e apenas falou:

- Chegou a hora.

Então subimos para seu quarto, minha grand-mère em seu elegante vestido longo e luvas (mesmo fazendo 31 graus aquela noite), subiu as escadas de braços dados comigo e  minha mãe veio atrás.

Minha avó se sentou em sua cama puxei uma cadeira em formato de  U de madeira de cedro do Líbano e um tecido de cor carmesim para minha mãe e  outra para mim.

-Bom, tenho a certeza que já ouviu essa história muitas vezes , eu mesma a contei diversas vezes e algumas outras vezes o primogénitos da família a contam nas reuniões anuais,  mas você como suas primas e tias nunca levou a história  a sério ,  a história que contamos quando todos os visitantes já foram embora da festa e só estão os familiares. A história que os jovens reviram nos olhos quando começamos a contar , é a história que toda a cidade sussurra por nossas costas.  O começo da história você deve saber,  pois o diário de Maya estava em  sua casa. Maya era uma pobre camponesa que caiu nas graças do duque de Leroy. O duque é esse que como já viu em algum quadros é bem parecido com você . Maya era bastante pervertida e acabou por se  envolver com um dos guardas do duque ,  o bastardo Pierre Durand. A história que foi espalhada foi que Durand traiu o duque passando informações políticas para seus oponentes, mas a verdade não era essa , como é contada no  livro, o motivo foi passional, estou falando o motivo de Pierre Durand ter sido transformado em uma Gárgula.

-Grand-mère, o que essa história de fazer crianças dormirem tem  a ver com o incêndio do palacete?

- Jean meu filho ouça sua Grand-mère.

- Meu neto, como você sabe o duque achando que a morte fosse pouco para Pierre Durand, contratou uma bruxa para quê fizesse um feitiço para que Durand  não  morresse mas ficasse o resto da eternidade como uma escultura medonha podendo ouvir  e ver tudo que se passava em sua volta porém sem poder se mexer ,  falar ou interferir de alguma forma. Durand havia traído a confiança do duque, que o havia colocado como segundo no comando apenas abaixo de si. Pierre Durand foi em inconsequente não pensou no que poderia acontecer com Maya por trair o duque, Maya por sua vez foi mal agradecida por não ter levado em consideração tudo o que o duque havia feito por ela.  Durand seduziu a bruxa que fez um feitiço para que toda  a noite de lua cheia ele voltasse  a vida. Ela fez isso na esperança de Durand voltar a ela e ela   desfizer a magia , mas a Gárgula estava apaixonado demais por Maya que acabou por ficar louca após ter visto seu amante falando consigo naquele formato amedrontador. O duque com raiva da bruxa não ter feito o que ele mandou, mandou que erguessem  uma enorme pira e queimasse  a bruxa que amaldiçoou toda a família Leroy dizendo que em nossa família não faltaria nem louco nem inférteis, isso ela gritava encontro queimava na fogueira. O tempo foi passando, o filho de maya nasceu e todos acharam que a praga rogada pela bruxa não havia pegado, porém  dos quatro netos do duque o menino era louco e a menina era infértil . É um milagre nossa família ter conseguido chegar até aqui com tantos loucos e  inférteis na família.

- Desculpa grand-mère, mas o pensamento de vocês e meio retrógrado, o que vocês chamam de loucos hoje em dia é tido como  autismo , a tia Hanna nem tem necessidade de andar para cima  e para baixo com um enfermeiro, se ela for medicada corretamente tenho certeza que as crises nervosas que tem irá diminuir bastante de repente até  assumir, olha a filha na Nina , ela tem a mesma coisa que a tia Hanna, a diferença é que  sua neta Nina não internou a menina em um manicómio; a garota é linda, inteligente, está na escola como  qualquer criança de 6 anos . É verdade que nossa família tem um histórico de autismo maior do que o normal mas não é o caso de serem chamados de loucos. Da mesma forma é a infertilidade em nossa família, o histórico é antigo , talvez    desde antes do duque só que ninguém prestava atenção nisso naquela época , muito menos escreviam isso em livros , só começaram  a emprestar atenção depois que a garota rogou a praga. Eu acho impossível uma pessoa poder transformar outra em um  ser inanimado como uma Gárgula.

- Meu filho eu vi a Gárgula tanto no quarto da minha mãe quanto no jardim.

- Pierre Durand tem perseguido e matado nossa família ha séculos e séculos: matou o neto mais velho do Duque, o que era louco , quando ainda era uma criança, roubava gado dos  nossos rebanhos, roubava pertences de alto valor. Os muitos anos que se passaram fez com que ele ficasse cada vez mais cruel, matou o grand-père Oscar de Leroy assustando o seu cavalo e fazendo com que morresse com a queda;  matou o tio Martin, que foi achado estraçalhado      20 minutos após sair para uma viagem para Toro ( Espanha) , onde comprava vinho para revender em sua taberna; matou o meu irmão quando  tinha apenas 16 anos. Por muito tempo contamos esses fatos  como histórias para assustar crianças , mas você tem que saber que tudo isso é verdade. Quando eu era pequena a minha Grand-mère viu que eu acreditava em tudo o que ela falava, e me ensinou tudo o que ela sabia . Eu optei por poupar vocês da verdade mas estou adiantada em dias e sua mãe não tem o que  é necessário para bater de frente com a Gárgula. Meu neto meu quarto pegou fogo porque eu tentando me proteger dessa besta fera , joguei querosene  nele para ver se o fogo de carvalho o queimada e assim eu pudesse  o matar como minha Grand-mère havia ensinado. Jean eu preciso que acredite em mim. O que eu falo é verdade. Pierre Durand a Gárgula, é o justiceiro de Paris,  fiquei preocupada quando soube que ele havia  deixado o ladrão de relíquias na porta de sua casa, tudo que o ladrão falou é verdade, a Gárgula foi quem o deixou em frente à sua casa.

- Grand-mère, me desculpa mas fica muito difícil de acreditar nisso, além da senhora e da minha mãe alguém mais viu a Gárgula?

- O ladrão , Emma  e com certeza alguém da catedral de Notre Dame.

-Emma?

-Sim, sua esposa. Eu entreguei o diário a ela achando que mais pra frente fosse poder contar tuda a verdade como estou contando para você e que  fossem nos ajudar a proteger a nossa família, fosse nos ajudar a matar esse monstro, mas ela descobriu a verdade por conta própria, de certo em alguma noite que saiu da catedral mais tarde do que  de costume. Quando a Gárgula deixou o ladrão na sua casa Emma já sabia de tudo.

- Grand-mère eu não estou entendendo porque Emma não me contou a verdade?

-Jean, você é um policial e estava procurando pelo justiceiro, Emma com certeza caiu nos feitiços de Pierre Durand como tantas outras mulheres e  está protegendo a Gárgula de você desde então. Quando fui em sua casa, fui
Pedir para que Emma ajudasse a te proteger da Gárgula mas ela já havia sido corrompida.

- Não preciso da proteção  da Emma , não  precisa que dela  para me proteger.

- Se não acredita no que eu estou falando, puxe pela  memória, você tem certeza  de que Emma continua a mesma pessoa que ela era quando morava em Nancy? Ela continua amorosa como sempre foi? Não começou a te evitar?
Meu neto, você é único que posso confiar para proteger a família desse assassino. Se não acredita em mim faça como eu fiz toque no nome de Pierre Durand com Emma e veja a reação que ela terá.

Minha cabeça começou a latejar,  e não era por causa da bebida que foi servida na festa,  fui para o porão do palacete onde mexi em um monte de guardados da minha avó e realmente era incrível a semelhança tanto Emma com Maya como minha com o duque,  por volta das 2:00 da madrugada quando quase todos haviam ido embora da festa peguei minha mala e coloquei no carro; me despedi de alguns parentes e ainda bêbado peguei minha mala entrei no meu carro e fui embora.

Eu estava muito bêbado e ainda carregava uma garrafa de whisky 12 anos no banco do carona dirigi por 2 horas e quase  bati  em um caminhão por não frear a tempo , por esse fato decidi dormir um pouco então estacionei em um acostamento e dormi por 2 horas antes de voltar a dirigir em direção à Paris.

...

Emma...

Acordei mais uma vez de ótimo humor e decidi correr no parque, correr me ajuda a manter minha cabeça ocupada então não fico ansiosa e nem contando os dias para chegar a próxima lua cheia.

No meio da minha corrida Eugène me ligou e eu  ofegante parei, parecendo  que ia desmaiar ,  o cansaço era tanto que encostei em uma árvore  para atender o telefone.

- Bonjour Emma , espero não tenha te acordado.

- Não, está bem longe disso.

- Eu gostaria de conversar com você sobre aquele assunto.

- Ah ! Aquele assunto. É claro que sim Eugène.

- Pode ser às 10 horas?

- Claro, manda  uma mensagem com a localização, vou para casa tomar um banho e já  passo no local combinado.

Bom, comecei a fazer o percurso contrário não terminando a minha corrida e  indo em direção onde havia guardado meu patinete elétrico para ir para casa. Mas assim que cheguei  no prédio desliguei a música que estava no celular,  empurrei meu patinete até o elevador e me assustei ao tentar abrir a porta do meu apartamento e  pois  já estava destrancada .

Empurrei meu patinete até o hall de entrada e encontrei Jean às 9:20 da manhã com um copo de whisky cheio até a boca enquanto mexia em meu notebook , ao lado do computador havia uma garrafa de whisky vazia o que me assustou pois Jean não era de beber. Geralmente levava 50 minutos para acabar com uma latinha e cerveja. Respirei fundo coloquei meu melhor sorriso e falei:

- Jean, que surpresa.

-  A história se repete:  o Duque chegou quando ninguém esperar e achou o diário de Maya em cima da cama leu e descobriu tudo. Você é muito mais astuta  do que a duquesa escondeu a verdade debaixo do meu nariz eu poderia ler a qualquer momento e nunca saberia, achei ridícula à ideia de uma garota se apaixonar por uma Gárgula, mas você apenas estava escrevendo o que estava acontecendo na vida real, a realidade é tão tosca  que a ignorância chega a ser uma dádiva.

- Jean, eu posso te explicar tudo.

- Calhe a boca meretriz.





















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