35 Um beijo
- Emma meu amor hoje é o último dia de lua cheia do mês, meus superiores deram ordem de aumentar o número de policiais na rua à procura do justiceiro então só hoje eu te peço que falte o bendito curso em Notre-dame; somos bons policiais mas ainda somos humanos e humanos cometem erros, não quero perder você por causa de um erro dos outros. - Jean falou enquanto saía de casa totalmente fora do horário já vestido com sua farda enquanto eu ainda tentava acordar e entender o que estava acontecendo.
Como não cheguei a prometer nada para meu marido esperei até o entardecer e fui a notre-dame mas realmente não fui para o curso fui direto para o sótão esperar que Pierre acordasse.
Dessa vez consegui pegar a chave a tempo como arcebispo , é claro que tive que explicar o porquê da minha aflição.
...
-Você entendeu? Todos os policiais de Paris , redondezas e quem sabe até o exército vão estar na rua procurando pelo tal do justiceiro.Você não pode ficar saindo por aí e fazendo justiça com as próprias mãos, existem leis e elas são para serem cumpridas. - tentei explicar para o gárgula que me deu as costas como resposta.
- Você não está preocupada comigo, está preocupada com o seu marido , aquele Leroy.
- Pierre você gostando ou não eu também sou uma Leroy. Se matar Jean estará matando a descendência de Maya .- tentei argumentar.
- Não , estarei matando a descendência dos Leroy. Eu não tenho ninguém , não tenho nada a perder porque me importaria?- o gárgula deixa claro ainda sem olhar nos meus olhos.
-Hoje Paris estará como um campo de guerra, só hoje vi mais policiais em Paris do que vi em 5 anos, por favor não saia hoje, eu te peço, eu suplico, eu faço o que você quiser.
-O que eu quiser? - Pierre pela primeira vez naquele dia olhou em meus olhos.
-Sim, o que você quiser desde que fique em Notre Dame hoje. - respondi feliz por ter conseguido chamar atenção do gárgula.
- Não sairei de notre-dame se apenas me der um beijo, dou minha palavra - Pierre falou.
- Um beijo.- falei dando dois passos para trás.
- É claro , você me vê
como todos os outros , para você eu sou um monstro, como poderia ser o contrário? - Pierre falou novamente me dando as costas.
- Não lembro de ter falado, não. - falei indo até o rosto do gárgula e ficando parada olhando para ele até que ele me olhasse , e quando assim o fez cheguei bem devagar e selei seus lábios , de maneira demorada , não porquê ele pediu, mas porque eu quis.
- Verdadeiramente eu queria ter sentido esse beijo. - Pierre falou enquanto eu me distânciava de si e andava em direção à porta.
Enquanto ainda subia as escadas falei para Pierre :
- Maya não é quem você pensa.
- Por que se importa? Porque se importa comigo? Sou só um monte de pedra. -Pierre Durand falou antes que eu fechasse a porta do sótão.
...
Aquela noite foi realmente assustadora, o táxi em que eu estava foi parado pela polícia duas vezes e ouvi até sons de tiro enquanto tentava chegar em casa.
Quando cheguei em casa ainda estava assustada, não só com fato de quê Pierre poderia quebrar a promessa e sair da catedral ou mesmo que o gárgula cumprisse a promessa e ficasse em Notre Dame mas algo de ruim também acontecesse com Jean; tem bastante gente que não deve estar gostando desse monte de policial na rua.
Eu tentava me iludir mas o que realmente me deixava preocupada era o fato de que aquele beijo não foi como beijar, a pia de mármore da cozinha ou a mesa de mármore da sala de jantar ou uma das esculturas que ficam na sala.
Meu coração acelerou e sei que o dele também.
Minha cabeça estava muito ocupada eu não conseguia dormir, então decidi nem tentar.
Quando Jean chegou em casa pela manhã do dia seguinte eu o abracei demoradamente e falei:
-Que bom que você está vivo.
Tirei peça por peça toda a farda de Jean e transei com ele ali na sala, com a cortina aberta e sem me preocupar se alguém estava vendo.
Naquele dia cozinhei o prato favorito do meu esposo , fiz massagem e tomei banho junto com ele.
Estranhamente meu psicológico ficava me perguntando a cada segundo: eu estava fazendo isso por que realmente gostava do Jean ou será de consciência pesada por ter beijado Pierre e me transformando no que eu mais temia : uma nova Maya.
...
Dois dias depois...
Aproveitei para procurar a tal família Caron e achei Lua , que era historiadora e que guardava muitas coisas da história da família.
Lua morava a apenas 20 minutos da minha casa,( isso se não tivesse trânsito claro) então aproveitei para conhecer um pouco mais dessa história.
- Como falei por telefone eu estou escrevendo uma história baseada em Pierre o gárgula e a família Leroy e sem querer acabei tropeçando na história da sua família já que fiquei sabendo que a bruxa que enfeitiçou Pierre Durand era uma Caron. - expliquei a Lua enquanto entrava em sua casa .
A casa de Lua era muito peculiar para ser a casa de uma jovem de 25 anos. Havia bastante quadros estranhos: quadro de Castelo, quadros de uma jovem apavorada no escuro , e até um quadro de uma mão que faltava um dedo.
Também havia vários penduricalhos e senhor dos ventos com formato de lua e estrela.
- Os senhores dos ventos são para espantar os maus espíritos , as várias coisas de lua estrela é porque lua e estrela são os símbolos dos Caron .
Os quadros foram pintados por várias gerações , são basicamente visões ou sonhos do passado. -Lua explicou.
- E esse ? - perguntei apontando para um quadro que era um anel de lua estrela que parecia está sobre areia de praia e sobre o anel havia o que parecia uma gota de sangue.
- Esse é uma profecia. - a jovem falou.
Lua tinha um longo cabelo loiro até o joelho e seus olhos eram tão claro que pareciam brancos.
-E o que você pode me falar sobre a transformação de Pierre Durand?
- A ordem do duque era bem clara que transformasse Pierre Durand em uma estátua, porém para Lohan Leroy a morte era muito pouco para quem ousou tocar em seu maior tesouro; então queria uma bruxa para que fizesse com que Durand ficasse vivo eternamente sem poder se mexer , vendo a felidade de todos , sem poder aproveitar nada. Em alguns livros você pode encontrar vários nomes mas nós a conhecemos como Sophie Caron. Sophie se apaixonou por Pierre Durand que ficou a seus cuidados até reunir todos os ingredientes do feitiço , porém Sophie modificou o feitiço, para ao invés de ter o resultado esperado pelo duque, o resultado seria que o rapaz ficaria na forma de um gárgula ,mas durante a lua cheia poderia voltar à vida porém algo aconteceu de errado e Durand nunca voltou a ser humano. Na verdade Sophie fez o melhor que pode já que nunca foi uma bruxa tão poderosa. Tudo ia muito bem até que o duque descobriu a mudança no feitiço e mandou Durand para para a catedral de notre-dame alegando que a estátua era possuída por um espírito maligno e Sophie foi queimada em uma fogueira.
-E tem alguma forma de quebrar esse feitiço? - perguntei tentando não transparecer ansiedade.
- Meu amor, eu sei o que quer. Pierre Durand foi amaldiçoado de todas as formas que você imaginar, ele nunca conseguirá ser feliz e o mesmo acontecerá com quem o amar. Tem muito ódio envolvido nisso e como pode ver , na minha mão não há o anel de lua estrela carregado por todos os bruxos da família. A cada geração diminui a quantidade de pessoas com poderes na nossa família então boa sorte para achar uma bruxa Caron. - Lua falou desviando o olhar do meu.
-Sei que sabe onde encontro alguma bruxa Caron. - falei sem medo de que Lua visse meu desespero.
- Eu realmente não sei, minha tia-avó foi para algum lugar na América do Sul atrás de uma história de uma poderosa Caron que havia cruzado o oceano para fugir de alguém a séculos atrás e desde então não temos notícia da minha tia avó.
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