31 Maya

No dia seguinte fui ao meu curso e tentei prestar o máximo de atenção pois sabia que na aula seguinte finalmente íamos começar a restaurar algumas relíquias, mas minha atenção na aula foi tirada ao ver o arcebispo passando em frente à sala que estávamos. Em menos de meia-hora ele passou pela sala duas vezes e isso não era nada comum. Eu travei não conseguia mais prestar atenção no que o professor falava. Com certeza deve está atrás de mim por eu ter roubado a chave do pescoço dele.

-Ow mon Dieu. - falei mais alto do que estava esperando e Eugène veio até a mim e falou.

-Emma Müller sei que não precisa de nenhuma das 3 vagas que abri para trabalhar comigo como restaurador , mais seus amigos precisam então agradeço muito se não falar alto enquanto estou explicando.

- Perdão , Eugène.

- As peças que restauraremos amanhã não são muito antigas, algumas nem são tão valiosas mas para os donos essas têm muito valor sentimental, então deem o seu melhor.

Depois do curso fui até a nave e me sentei em um dos bancos e orei:

-Olá Senhor eu sei que tem muito tempo que não falo contigo. Inclusive caso não se lembre eu sou a Emma. Eu fiz uma coisa muito errada :roubei a chave do arcebispo mas sei que o senhor já sabe disso. Prometo não roubar mais nada. Eu também prometo me desculpar com o arcebispo mas por favor faça com que ele não chame a polícia . Desde já muito obrigada.

Levantei-me e quando achei que iria embora o arcebispo em pessoa veio falar comigo e eu olhei "de rabo de olho" para o altar.

-Senhora Müller , tem alguém querendo falar com a senhora no sótão.

-Ow mon Dieu. Senhor arcebispo eu sei que eu fiz errado em pegar a chave do seu pescoço sem autorização, mas eu já conversei com Deus e já pedi desculpas, é que eu prefiro conversar diretamente com ele do que com alguém fazendo mediação sabe?
por favor não chame a polícia nem me tranque no sótão. Se acha melhor eu posso dar uma gorjeta bem grande para a igreja, desculpa gorjeta não, oferta, é que eu estou tão nervosa. Eu quero também pedir perdão ao senhor por ter feito isso e te prometo que nunca mais vou roubar nada do senhor , quer dizer nem do senhor nem de ninguém.

- Fico feliz que tenha se arrependido senhora Müller, mas ainda precisa ir ao sótão Pierre deseja falar com a senhora.

-Ow mon Dieu.

Segui o arcebispo até o sótão e o vi abrir o mesmo com a chave que outrora eu havia roubado .Quase morri de vergonha.
O sacerdote desceu a escada primeiro e eu desci em seguida. Eu ainda descia a escada quando avistei a grande escultura coberta por um lençol. Meu coração acelerou.

-Sabe porque pierre quer te ver? O arcebispo perguntou enquanto ainda desciamos os últimos degraus da escada.

-Sim , ele acha que eu sou a Maya , mas já falei que eu não sou.

- Então é só deixar isso claro para ele deixar que vá em paz. - O sacerdote falou assim que pisamos no salão.

-Ele tem que ficar sempre assim? digo com esse lençol em cima? - Perguntei andando perto da parede , ainda muito ressabiada.

- Não é nada místico, não tem nenhuma necessidade , cubro pois se alguém olhar pelas pequenas janelas empueirada só verá um velho sótão empoeirado. Você já viu ele acordado não é?

Assenti com a cabeça.

-Você tem medo dele? -O sacerdote perguntou com a voz calma e eu novamente assenti com a cabeça.

-Ele só quer conversar, saber o por quê de você ser tão parecida com uma pessoa que ele conheceu no passado.

-Ele ainda vai ficar assim por muito tempo? -Perguntei olhando para a escultura ainda com lençol .

- No inverno ele desperta muito mais cedo, mas no verão ele depende da lua cheia e da escuridão para acordar. - O arcebispo falou em tom solene puxando o lençol de cima do gárgula e uma nuvem de poeira se levantou.

Fiquei quieta por alguns instantes e o silêncio foi quebrado por um espirro que não consegui segurar.

Sem ter o que fazer me perguntei porque ninguém havia trocado a luz do sótão que havia queimado mas depois pensei que com o arcebispo tão velhinho não é bom que fique subindo em escadas.

-Então bruxas existem?- Perguntei para o arcebispo ainda andando perto dos móveis empoeirados e antes que o sacerdote respondesse ouvi uma voz grossa responder minha pergunta.

- Decerto que sim, se não existissem eu não estaria aqui. Se não me engano combinei nossa conversa para o alto da torre. - O gárgula falou abrindo as asas que bateram em algum móvel e o mesmo foi ao chão fazendo barulho .

-Ainda não estou em condições de ficar subindo todos aqueles degraus meu amigo. - O arcebispo falou calmamente .

-Tenho certeza que a duquesa sabe o caminho. -Pierre falou andando um pouco parecendo está tentando se esticar sem quebrar nada à sua volta.

-Irei para cima . Você seja educado e você vê se não rouba nada. - o sacerdote falou subindo as escadas.

- É eu mereci essa. - Falei baixinho.

-Cinco ave Marias e cinco Pai nossos senhora Müller.

Respirei fundo.

Assim que o sacerdote fechou a porta Pierre chegou a mim e tocando meu rosto falou:

-Maya.

Meu corpo arrepiou de uma maneira que eu nunca achei possível ao sentir o dedo gelado da escultura passando por meu rosto.

- Desculpe ,não me chamo Maya , sou Emma Müller Leroy , não tenho certeza mas acho que já falei isso.

-Leroy ? - Durand perguntou.

- Sim, da parte de meu marido.

- E sabe de quem estou falando? - o gárgula pegou uma mecha do meu cabelo e com os dedos e ficou admirando.

-Sei sim , há um tempo veio parar em minhas mãos o diário de Maya e foi assim que fiquei sabendo de sua existência.

-O que sabe de nossa história ? - Durand perguntou .

-Muito mais que devia e muito menos do que queria. - Respondi dando dois passos para trás ao ver que o gárgula ia passar sua mão de mármore em meu rosto.

-Eu preciso desse diário.- Durand deu um passo para frente.

-Não acho que seja uma boa ideia, já que no mesmo também tem as intimidades de Maya com o duque . - Falei me afastando de Durand

O gárgula ficou parado pensativo com a luz da lua passando por um pequeno buraco do vidral e iluminando o seu rosto de uma maneira explendorosa.

-Posso te tocar? - perguntei mesmo com minhas pernas bambas.

Durand sem responder pegou minha mão direita com sua mão gelada de mármore e levou minha mão até seu rosto.

Minha reação não foi como esperava: não foi como tocar a mesa da sala, ou a pia da cozinha , eu não consigo explicar.

Ainda segurando meu pulso , Durand guiava minha mão por seu rosto, passando por seu nariz e a boca .

Meu coração começou acelerar , inclusive temi que ele pudesse ouvir .

O gárgula ainda em total silêncio, continuou com a excursão, guiando minha mão até seu pescoço , sua asa e seu peito. O que fez meu coração disparar. Puxei minha mão e subi a escada desesperada ; abri a porta nervosa e quando a fechei já no corredor; encostei na mesma ofegante; "tentei engoli em meu coração , na tentativa dele voltar para o lugar de origem e parar de bater em minha garganta."

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