Capítulo 6 - parte 2 (não revisado)
Numa rua do complexo da maré que era próxima à linha vermelha uma camionete pequena com o logotipo de uma conhecida distribuidora de cigarros entrou e parou, aparentemente perdida. Dentro, o motorista acendeu a luz do painel e consultava um mapa, olhando o relógio.
Alguém bateu na janela e ele abriu. Sorrindo, disse:
– Bah, ainda bem que tu tá aí, mano, que eu tô per...
Ele parou de falar ao ver que o transeunte lhe apontava uma pistola.
– Abra a porta e fique bem quietinho.
– Tudo bem, cara, só não me mata – respondeu, obedecendo apavorado. – Pode levar tudo. Eu sou trabalhador, tenho mulher e filho, por favor... me poupe.
– Desce, seu mané.
O assaltante entrou no veículo e saiu rindo, enquanto o motorista sorriu para dentro da noite, falando em um microfone de laringe:
– O pato caiu na armadilha – comentou. – Cavalo de troia a caminho do ninho.
– Troianos preparados, Mancha – respondeu uma voz feminina, meio baixa, mas perfeitamente compreensível.
– Isca aguardando Diabo e suas bestas do apocalipse.
– El Diablo fará tremer as suas entranhas, Isca. Prepare-se que o arrebataremos em trinta segundos.
Um carro preto de marca impossível de distinguir naquela luz e com os faróis apagados aproximou-se e parou quase ao lado do Omar, sem o ver.
– Ei, Mancha, onde você se meteu? – perguntou El Diablo que não o via em lugar nenhum, olhando para todos os lados.
– Aqui – disse Omar ao seu lado, batendo na janela.
– Caraca, mano, quase que atiro em você – comentou ele, quando Omar entrou. – Por acaso você sabe ficar invisível?
– Quase isso. – O delegado riu, tirando as roupas que cobriam o traje negro e colocando o capuz. – Vemos nessa. O sinal do GPS tá bom?
– Perfeito.
― ☼ ―
A van roubada parou de fronte a um pequeno depósito, a uns cem metros da avenida Brasil. Era uma rua escura e feita quase que exclusivamente por pequenos galpões, a maioria deles em mau estado. O assaltante piscou as luzes buas vezes e deu uma buzinada curta, aguardando.
Poucos segundos depois, a porta, que tinha tamanho suficiente para passar um caminhão grande, correu rapidamente para o lado e ele entrou. Dentro estava um breu, mas, quando fecharam a porta, as luzes foram acesas.
O local tinha de um dos lados alguns veículos estacionados e, da metade para os fundos, vários estrados cheios de caixas empilhadas. Do outro lado, ainda havia espaço para outros veículos, sendo que alguns homens descarregavam um mais para o canto, empilhando o que pareciam ser caixas de televisões de plasma.
O motorista saiu e dirigiu-se para a traseira, enquanto gritava:
– Ei, Zé – apontou um dos cantos. – prepara um estrado aí que vamos largar um estoque de cigarro. Depois leva o carro pro Joca desmontar na oficina.
Satisfeito e sorridente com o assalto mais calmo e tranquilo da sua vida, abriu a porta de trás da van. A primeira coisa que viu foi uma mulher muito gostosa, com uma roupa preta e justa que deixavam as suas curvas bem visíveis. Arregalou os olhos.
– Mas que baita gost... – começou a dizer quando o seu sorriso sumiu ao ver a metralhadora na mão dela e mais três homens atrás da morena. A moça ergueu a arma e puxou o gatilho. Ele sentiu algo explodir na cabeça e simplesmente caiu morto.
Vespa afastou-se para o lado enquanto punha a touca e os amigos saltavam do furgão disparando. Mataram três elementos e feriram mais cinco. Com a tranquilidade que lhe era peculiar, Gavião amarrou os vivos e foi em direção ao andar de cima nos fundos, onde ficava o escritório. Seus ouvidos treinados captaram barulho de luta e ele estranhou, pois a ação foi muito rápida, sem falar que nenhum dos colegas fui para aquele lado. Com cautela, ergueu a arma e foi avançando rente à parede quando se deparou com o primo, que carregava consigo um homem todo rebentado de tanta pancada.
– Bah, tchê, como foi que tu chegou tão rápido aqui?
– Entrei pelos fundos – explicou Omar –, e este vivente tava picando a mula. Como não se aquietava, meti-lhe uma cossa. Vocês deviam ter prestado atenção para cima porque a janela do escritório dá pro galpão e ele viu a ação.
– Mas que bosta – comentou Mateus. – Será que não escapou algum desgraçado?
– As bestas do apocalipse fecharam toda a redondeza, mas até pode ter escapado. Temos que contar com a sorte, irmão.
Após interrogarem os criminosos utilizando métodos nada delicados, descobriram que eram os culpados pelo arrastão que matou Angélica. Omar arrancou a localização do núcleo deles e, depois, começou a executar um por um, ignorando a choradeira deles que desesperavam sempre que o cano da pistola chegava aos seus rostos. Omar fez questão de usar uma ponto quarenta, que fazia um pequeno furo na entrada, mas que espalhava os miolos deles por toda a parede.
O Esquadrão tomou caminho para o outro esconderijo que, segundo eles, era o ponto do chefe da gangue e grande parte da gangue. O esquadrão carioca foi na frente e cercou o lugar, que era no coração da favela e muito escuro. Sempre que viam um homem armado aproximar-se, matavam-no em silêncio e carregavam o corpo para um canto isolado. Finalmente os cinco agentes gaúchos mais o líder do Rio de Janeiro entraram e foi o sinal para atacarem. O local estava realmente atolado de criminosos, bem mais de uma centena, só que não estavam preparados para a invasão e todos os sentinelas já haviam sido eliminados antes. Meia hora depois, tinham sido praticamente todos mortos, exceto um pequeno grupo que estava entrincheirado em uma sala no andar de cima do galpão, que seguia os moldes do anterior.
– Quem é o chefe? – gritou Mancha Negra no corredor, protegido dos tiros. – Quero falar com vocês, rendam-se ou vamos jogar granadas.
– Vai se fudê, mané – gritou um deles.
– Lobo Mau – cochichou o delegado no rádio. – Manda algo pela janela, uma granada de efeito moral.
– Ok, Mancha. – Ouviram um disparo seco e vidros quebrando. Logo depois, um estrondo enorme ao mesmo tempo que alguns homens se atiravam pela porta, caindo no corredor.
– Larguem as armas – gritou El Diablo, apontando duas pistolas com silenciador. – Mão na cabeça.
– Olha só – gritou Omar. – Quem tiver no quarto escondido, não vai ter outra chance. A próxima granada será pra detonar geral.
– Tudo bem – gritaram duas vozes – a gente sai.
– Quem é o chefe?
– E... eu – gaguejou o último a sair.
– Ótimo – disse Omar, enquanto o cunhado revistava o sujeito, um homem de estatura mediana para alta e mal-encarado. – Vespa, leva os outros para baixo e dá um trato geral. Eu e Diablo vamos bater um papo com o meliante aqui.
Levou os dois para dentro do recinto e notou logo que se tratava de uma pequena copa com uma mesa no centro.
– Oba, café – disse Mancha negra, tirando o capuz. – Nada como um bom café para se conversar melhor. Tá a fim?
Ele não esperou resposta, servindo três xícaras. Etregou uma para cada um a sentou-se na mesa, iniciando o interrogatório enquanto olhava a hora exata em que o criminoso deu o primeiro gole.
Alguns minutos depois, saíram do recinto que cheirava trementamente mal, abandonando o corpo morto. Desceram para encontrar os colegas que também já haviam executado todos os criminosos. Dois especialistas em demolição prepararam o local para incendiar de forma fulminante, coisa que não foi difícil devido à grande quantidade de materiais inflamáveis que havia ali, além de bebidas e drogas de todos os tipos e armas, o incêndio foi quase instantâneo.
Na volta para os carros, Diablo e Mancha caminhavam lado a lado quando o primeiro disse:
– Meu amigo, jamais vi alguém tão perigoso e mortal como você. Apesar de seu apelido ser muito adequado, acho que você que é o Diablo. Precisava matar o chefe deles daquele jeito?
– Tchê, foi exatamente assim que matei o assassino do teu irmão e dos meus pais: o Cobra. Eles precisavam de sofrer muito. Afinal, aquele demônio assassinou a minha mulher e filho. Diabinha estava grávida. Só não entendi ele falar no Cobra, se o matei anos antes! Tem algo muito errado por aqui, muito mesmo.
― ☼ ―
De volta para Porto Alegre, Omar tirou as suas férias e foi para Santo Agostinho, chegando à sua casa já perto da uma hora da tarde. Abatido, deixou o carro na residência e saiu para caminhar um pouco.
Apesar de não ter amado Angélica como ela merecia, sentia muito a sua falta, especialmente a sua alegria e tranquilidade que lhe davam uma grande paz no seu espírito tão conturbado por desgostos. O que mais queria na vida era ter conhecido aquele filho e foi forçado a admitir para si mesmo que não chorou muito pela sua morte, mas sim a do bebê, sentindo-se um pouco envergonhado com isso.
Solitário e ainda muito abalado, acabou sentando no bar, novamente o mesmo onde terminou com Júlia. Como não podia deixar de ser, os seus pensamentos acabaram voltando-se para ela e novamente foi tomado pela saudade. Foi bebendo devagar, sem prazer e, a cada segundo que passava, atinava-se mais para as perdas que sofreu, aumentando sua tristeza de forma desesperadora, até que não aguentou mais, apoiou os cotovelos em cima da mesa e cobriu o rosto com as mãos, chorando muito e baixinho. Pensava na mulher que jamais esqueceu e na que perdeu, a única que lhe trouxe estabilidade e tranquilidade suficientes para aguentar esse fardo. E agora ele estava novamente jogado no mundo de onde tinha fugido quatro anos antes.
― ☼ ―
Júlia estava em casa e sentia-se muito angustiada sem saber o porquê disso. Ela estava infeliz demais com o casamento e só a filha lhe dava alguma alegria, a filha que sabia ser do seu grande e eterno amor. Apesar de ser uma boa esposa e atender aos desejos do marido, embora com pouca frequência, quase nunca sentia prazer algum. Muitas vezes pensava no seu querido Omar, quando estava a sós, e acariciava-se delicadamente, imaginando os seus carinhos que eram sempre muito doces e agradáveis. Naquela tarde estava sozinha em casa, pois a filha tinha ido para a creche e só voltaria às seis, com o pai. Começou a sentir essa angústia inexplicável e, sem aguentar mais, saiu para caminhar um pouco.
Passou perto de um bar, lembrando-se do dia que Omar terminou tudo, ali mesmo, voltando a sentir uma tristeza infinita e uma grande nostalgia à medida que se aproximava do local. Nesse momento, viu que estava naquela mesa, sozinho e chorando muito.
Aproximou-se dele e pousou a mão no seu ombro. Este ergueu o rosto com os olhos manchados de vermelho e molhados, para ver a sua Júlia que, aflita, abaixou-se e abraçou-o, puxando a cabeça dele contra o seu peito e fazendo carinho nos seus cabelos. O delegado chorou desalmadamente nos seus braços, até que, aos poucos. foi-se acalmando. Ela sentou-se ao seu lado, segurando sua mão enquanto Omar secou os olhos e bebeu um gole, dizendo:
– Desculpa, Júlia. Era angústia demais enterrada aqui dentro por um tempo excessivo.
– O que foi, meu amor? – perguntou ela, chamando-o daquele jeito, como sempre fez quando estavam a sós. – Onde está Angélica?
– Angélica está morta.
– Sinto muito – disse, ficando triste por ele. – Era por causa dela que choravas?
– O pior é que não, Jú – respondeu com sinceridade. – Eu gostava muito dela, mas nunca a consegui amar. Até hoje, só tive um amor na vida e jamais o esqueci.
– Mas não me quiseste...
– Não vamos discutir isso novamente, ok?
– Então por que choravas?
– Por tudo o que eu já perdi nesta vida – respondeu com a voz embargada. – Porque me roubaram a chance de conhecer o meu filho. Quando a mataram, estava grávida. Jamais terei a chance de ter um filho meu, que eu possa chamar publicamente de meu, Júlia.
– Tens uma filha linda de morrer, Omar...
– Que nunca poderei assumir pelo bem de todos...
– Já te disse que basta quereres e peço o divórcio...
– Para viveres uma vida de dúvidas se eu chegarei vivo após uma missão, Júlia? Sabes o que iria acontecer com Moacir se tu pedisses o divórcio? – perguntou, incisivo. – Ele morreria, meu amor, essa é a verdade. Iria cometer suicídio tão certo como dois e dois serem quatro. Conheço Moacir desde os quatro anos!
– E nós, não temos direito a sermos felizes?
– É o preço pelos erros que cometemos, anjo.
Ela acabou trocando de assunto e beberam por mais uma hora, quando Júlia notou o seu estado semiembriagado.
– Amor, andas bebendo demais!
– Não bebia nada há quatro anos, Jú – comentou, sempre muito abatido. – Acho que apenas quis afogar as mágoas. Mas tens razão e já estou muito tonto.
– Vem, eu te levo para casa – disse levantando-se, abraçando o homem dos seus sonhos e sentindo uma vontade louca de ir para a cama com ele.
Abraçada a Omar, caminhou muito apertada e decidida a se aproveitar da situação, sabendo que ele não resistiria. Na casa dele, Júlia entrou e fechou a porta, beijando-o loucamente. Como sempre, o delegado não se aguentou e ambos acabaram na cama, muito apaixonados.
– Tu não tens jeito, Julinha, não mesmo. – Omar fez-lhe um carinho no corpo e sorriu. – E nem eu, que simplesmente acabo cedendo sempre.
– Se não te posso ter como marido, Omar, vou ter-te como meu amante. – Disse, muito arrepiada com a carícia. – Não é justa a vida que levo, sem qualquer prazer. A partir de hoje, sempre que puder, serei tua amante.
– Não existe amante melhor que tu, meu amor, mas não está certo.
– Moacir vive dando as suas escapadinhas e tenho fortes evidências disso, mas não o culpo – deu uma risada alegre, a primeira em muito tempo –, pois eu não costumo dar muito...
– Caramba...
– Então, a partir de hoje serei tua amante – decidiu, Júlia incisiva. – Por falar em amante, era bom com ela?
– Não se pode comparar contigo, mas era bom sim. Eu conseguia fugir um pouco do meu sofrimento por ti. Entretanto, a única verdadeira felicidade que ela realmente me deu, foi a notícia da gravidez. Por isso o meu desespero todo, especialmente porque sei que nunca mais terei outra vida como aquela. De todas as garotas que conheci, foi a única que tinha algo mais, algo que me deu vontade de tentar recomeçar, embora jamais te esquecesse. E ela foi tão especial que sabia disso e não me cobrava ou brigava. Simplesmente se esforçava para que eu minimizasse a minha dor, oferecendo todo o seu amor em troca.
– Agora tens outra para te dar esse amor – beijou-o com todo o carinho. – Mas temos de ser muito discretos.
– Eu aceito, Júlia. Pode até ser interessante para sabermos como seria nosso relacionamento, para sabermos se podemos realmente ser harmoniosos. Eu te amo muito.
Duas horas depois, ela levantou-se e disse:
– Preciso de ir para casa. Moacir e Adriana chegam às seis.
– Queria vê-la, amor – comentou Omar, enquanto também se levantava.
– Amanhã trago-a para o bar e podes vê-la, ou na saída da creche.
– Combinado.
Omar saiu de mãos dadas com Júlia até à primeira esquina, onde se despediram com um beijo terno e ela foi para casa, enquanto Omar caminhou a esmo e acabou encontrando alguns amigos da adolescência em um bar, sentando-se com eles.
Júlia estava chegando a casa quando viu o marido e a filha entrando. Gritou pelos dois e a menina correu para os braços da mãe. Quando desceu do seu colo, o marido beijou-a e perguntou:
– Por onde andavas?
– Eu senti uma angústia muito grande e quis dar uma volta. Olha, encontrei Omar num bar e ele chorava copiosamente.
– O que houve com ele!? – perguntou Moacir, assustado.
– Angélica foi assassinada há poucos dias e estava grávida. Ele ficou acabado, Moacir.
– Amanhã de manhã, vou passar na casa dele. Hoje estou demasiado cansado para isso.
– Ok. A propósito, amanhã eu pego Adriana na creche. Ele pediu para a ver. Pelo menos Adriana tem um padrinho muito atencioso.
– Realmente ele gosta muito dela. – Moacir notou que a esposa não estava com o ar infeliz de sempre e estranhou bastante. – Bem eu ia pedir isso para ti porque volto tarde. Vou cobrir um colega doente.
Nessa noite, Júlia não se negou ao marido, como uma compensação pelo que lhe fez, embora, como sempre, se sentisse insatisfeita.
Na manhã seguinte, Omar foi acordado com a campainha. Mais por hábito que outra coisa, pegou a pistola e foi à porta, mas era o seu amigo que o abraçou e entrou a convite do delegado. Na cozinha, começou a preparar um café. Pousou a arma na mesa e esperou que o amigo falasse.
– Júlia me contou que te encontrou no bar e disse o que houve. Tchê, não tenho palavras para expressar os meus sentimentos.
– Sim, foi muito ruim e só ontem caiu a ficha. Saber que jamais verei o filho que ia ter... doeu muito, Moacir.
– São os riscos das nossas profissões, amigo.
– Cara, o pior é que não foi por isso. Ela foi para o Rio de férias. Íamos juntos, mas fui chamado para uma missão na Colômbia e iria encontrá-la depois. Ela foi assassinada num arrastão, na linha vermelha.
– Então imagino que aquelas centenas de mortes anteontem foste tu! – comentou, espantado.
– Claro. Eu, quatro do meu esquadrão e o esquadrão inteiro do Rio. O líder dele era irmão dela e o pai chefe da federal. Limpeza completa.
– O que pretendes fazer? – perguntou Moacir, curioso.
– Estou de férias e vou passar o mês aqui, para relaxar e esquecer um pouco. Sinto falta da Angie, pois era muito fácil gostar dela, cara. Tanto que foi a única mulher com quem aceitei manter um relacionamento.
– Então vamos tomar umas esta noite. Saio da polícia pelas onze, pois estou de plantão.
– Combinado.
– Vou indo, cara. Te cuida.
Pouco antes do meio dia, Júlia apareceu na sua casa e Omar esqueceu de tudo o resto, curtindo a amante, como ela decidira que passaria a ser. Na hora de buscar a filha, ambos foram juntos. Ao ver o pai, a garotinha gritou de alegria e atirou-se aos seus braços.
– Tio Omar – beijou-o, cheia de felicidade. – Que legal que o senhor tá aqui!
– Oi, meu amor. Olha aqui um presente para ti – disse, estendendo um embrulho para a menina.
– Obrigada, tio. – A menina voltou a beijar o pai com os olhos brilhantes e Omar sentiu um grande aperto no coração. Júlia viu isso e segurou a sua mão com carinho.
O mês que se passou foi maravilhoso para Omar, que ficava todos os dias com Júlia, agora sua amante declarada. Ela também passou a ficar mais leve, mais feliz.
Quando as férias terminaram, Omar retornou para Porto Alegre e Júlia tornou a ser o que era. Não só ela, porque já na segunda noite o delegado também sentia-se triste e solitário. Por isso, começou a sentir uma falta danada da Júlia e passou a ir para Santo Agostinho todas as férias e sempre que podia.
Às vezes, quando estava muito solitário, saía com alguma garota, mas jamais se envolvia. O caso mais longo que teve, foi com Isabela, sua colega e nova chefe da inteligência, que durou cerca de três meses.
Depois disso, chegava a sair eventualmente com ela, mas não adiantava. O seu coração só tinha lugar para Júlia.
Dois meses depois, num intercâmbio com os Estados Unidos, Omar foi convidado a participar de uma especialização naquele país.
Tratava-se de uma oportunidade única, mas ele ficou reticente ao descobrir que passaria um ano lá, sabendo que sentiria uma saudade enorme da sua Júlia. O chefe, porém, exigiu que ele fosse, tendo que aceitar.
Quando foi para Washington fazer o curso no FBI, perdeu contato com seu grande amor, mas jamais a esqueceu.
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