Capítulo 5 - parte 2 (não revisado)
Omar continuou subindo para o último posto de vigilância e não viu nais ninguém. Encostou na construção, que estava escura, e entrou pela porta destrancada. Com o equipamento de visão noturna não teve dificuldade em andar ali. No térreo, não havia ninguém. Subiu um andar e viu uma mulher dormindo num quarto. Ao seu lado, estava um homem, ambos nus. No chão, ao lado da cama, uma arma. Omar ergueu a pistola e disparou, acertando o sujeito na cabeça. Depois, aproximou-se da mulher e cobriu a sua boca, despertando-a. Ela tentou gritar e ele desferiu-lhe uma coronhada, fazendo com que perdesse os sentidos, mas tendo o cuidado de não a ferir muito. Subiu mais um andar, começando a ouvir vozes e ver luz.
– Quem está de guarda? – perguntou um.
– Ninguém – respondeu outro. – Até alguém chegar aqui, nois vamo ouvir os tiro dos outro. Não precisamo ficar de guarda, tchê.
– Bah, o Alemão não vai gostar.
– Deixa pra lá. Tá todo mundo na maior farra, lá na mansão dele, e nóis aqui na merda. Me passa um gole dessa canha, tchê.
– Tu já bebeu demais, quera, vê lá se tu não vai encher a cara. Se o Alemão sabe disso vai dar merda. – Os outros riram e Omar contou vinte e uma vozes. Pegou as duas pistolas e avançou pela porta, vendo que a maior parte estava de costas, virados para a rua, o que lhe facilitou a tarefa. O que estava bebendo direto do gargalo da garrafa chegava a balançar, já bem tonto. Foi atirando sem resistência, matando um por um. Quando terminou, desceu pelo mesmo caminho e ligou o rádio, falando:
– Mancha Negra chama Gavião. Onde estás?
– "Na convergência, Mancha. Quantos patos?"
– Sessenta e nove. Com os teus, temos menos cento e seis aves. Faltam muitos para acabar com o bando.
– "Quanto tempo até ao encontro, Mancha?"
– Dois minutos. Estou quase na convergência. Mancha Negra desliga.
Omar caminhou o percurso restante e soltou o sinal, um coaxar de sapo, mas com uma nuance que o diferenciava sutilmente do animal verdadeiro. Dois segundos depois, ouviu outro coaxar idêntico a uns dez metros. Estavam no local onde ambas as trilhas se encontravam para virarem uma passagem larga, com cerca de quinze metros e alguma vegetação rasteira nas laterais. Do lado da trilha que Mateus subiu, um pequeno riacho muito poluído de lixo e dejetos só foi notado pelo mau cheiro, pois estava coberto por arbustos altos, exatamente onde Mateus escondeu-se. Omar seguiu em direção ao ruido para encontrar o primo que tomou um susto ao ver o delegado surgir do nada ao seu lado.
– Caramba, tchê, quase que eu atiro em ti. Queres que eu morra de susto é?
Omar deu uma risada e os primos seguiram juntos os últimos quarenta metros até ao alto, sempre agachados. No topo do morro havia uma praça com uns quinze guardas visíveis e espalhados. Ao fundo, a mansão bem iluminada, onde, do terraço, vinha música muito alta.
Era a única construção decente da favela, que até ostentava luxo, muito luxo e imponência. Um dos guardas estava de costas para eles, a menos de dez metros, mas os demais permaneciam longe e bem iluminados. Imediatamente Mancha Negra notou mais um grupo de guardas ocultos e apontou-os para Gavião.
Agachado, Omar pegou o punhal e avançou. O sentinela sentiu um peso súbito nas costas, que o derrubou, enquanto uma mão lhe cobriu a boca, sentindo logo a seguir uma dor alucinante na garganta e a escuridão. Omar limpou o punhal na roupa do morto e agachou-se, aguardando o primo.
– Melhor nós matarmos os mais afastados a tiro – sussurrou Mateus –, para só depois pegarmos os demais.
– Não. – Omar avaliou a situação e decidiu. – Eu vou-me esgueirar para a traseira da casa enquanto tu matas os guardas e cobres a saída. Trouxeste fuzil ou metralhadora?
– Metralha.
– Passa para mim e pega o meu fuzil, que é mais preciso. Eu vou tentar eliminar os criminosos sem matar as mulheres. Mandarei um rádio assim que der. – Omar ligou o equipamento e chamou. – Cabana de Caça, estás na escuta?
– "Sim, Mancha, e com muita sede."
– Alerta os açougueiros que estamos no ninho principal. A caça grossa vai começar em cinco minutos. Precisaremos que limpem o local assim que terminarmos. Beberemos em breve.
– "Confirmado. Cabana desliga."
– O que ele quis dizer? – perguntou Moacir. – Não entendi direito.
– Para chamar a equipe de limpeza – explicou. – Há muitos corpos.
– Queres que também chame a civil?
– Não. A operação onde os pais dele e o meu irmão foram assassinados era em conjunto com a civil e alguém entregou para os bandidos. Achamos que é um dos vossos. Além disso, esses corpos vão desaparecer misteriosamente. Nada disto vai ser registrado. Amanhã, a favela vai amanhecer sem os bandidos, mas ninguém saberá o que lhes aconteceu a menos que seja dos nossos.
Angélica ligou para o setor de limpeza, deixando a equipe de prontidão.
Enquanto isso, Omar deu uma grande volta para poder entrar por trás da enorme e luxuosa construção de três andares, completamente incompatível com o local, uma favela paupérrima e muito feia. Como sempre fazia, esgueirou-se sutilmente, passando tão perto de alguns sentinelas que deveria ser impossível que não o vissem, mas era isso que ocorria. Subiu a uma árvore e foi para o primeiro andar, entrando pela janela. No quarto, havia um casal fazendo sexo e a moça viu-o, pois a luz estava acesa. Antes que ela gritasse, eliminando o fator surpresa e gerando um risco terrível para os agentes, matou ambos.
– Sinto muito, guria – murmurou, um pouco triste –, mas é a tua vida ou a minha. Infelizmente, estavas no lugar errado e na hora errada.
Foi à janela e olhou para cima, vendo os cabos de distribuição de energia elétrica. Alegre com isso, teve uma ideia e ligou o rádio, falando:
– Gavião, vou cortar a energia do ninho atirando nos cabos de distribuição da AESSUL que vêm para cá. Isso vai facilitar muito a tua limpeza. Prepara a iluminação noturna.
Sem esperar resposta, pegou a pistola e atirou nos cabos, cortando-os. Calmamente, tirou o pente vazio e pôs outro. Certificou-se que todas as pistolas estavam com os magazines cheios e saiu do quarto, enquanto a casa tornou-se um breu e o som parou. Revistou o andar e matou mais vinte criminosos que se divertiam com mulheres nas camas da mansão. Por estar escuro e elas não o verem, apenas as nocauteava.
– "Gavião para Mancha Negra. Eliminei os patos fora do ninho e estou entrando pela frente. Eram trinta e nove."
– Certo, Gavião. Limpa o térreo que o primeiro andar já terminei, mas faz uma segunda revista para garantir.
– "Confirmado, Mancha. Gavão desliga."
Omar subiu para o último piso e, com todo o cuidado, explorou o andar. Para a esquerda do hall da escada havia um escritório de tamanho médio e, para a direita, uma sala grande, com as portas para uma cobertura enorme, totalmente escancaradas. Bem à frente, viu uma piscina onde várias garotas nadavam nuas. Diversos criminosos bebiam e cheiravam cocaína, divertindo-se com as moças. Um casal vinha saindo e quase esbarrou no delegado, que atirou nos dois e arrastou os corpos para o escritório. Voltou a observar e localizou o Alemão, um homem loiro e muito alto. Ele estava sentado em uma mesa, bem no canto, com quatro mulheres e divertindo-se a beijar os seios de uma delas, com as mãos dentro da saia de outras duas. Havia várias velas iluminando o pátio, mas sem grande eficiência.
– Gavião, qual o status? – Omar pensou que o microfone de laringe era perfeito para aquilo. – Reportar.
– "Tudo limpo, Mancha, estou pronto para te encontrar."
– Então sobe rápido que a coisa aqui vai ficar complicada. Quero evitar matar as prostitutas e, sozinho, não vai dar. Não poderei usar a metralhadora porque são muitos inocentes misturados.
– "Ok, Mancha, trinta segundos."
– Aguardo. Cabana?
– "Fale, Mancha. Continuo com muita sede. Quantos patos faltam?"
– Uns quarenta, talvez um pouco mais. Manda os açougueiros limparem em baixo que vamos terminar em dez minutos. Mancha desliga.
Mal terminou de falar, o primo apareceu ao seu lado. Ambos olharam pela porta do hall, avaliando.
– Nada de matar o Alemão que quero o filho da puta bem vivo para dar respostas – ordenou o líder. – Tu atiras para a direita da piscina e eu para a esquerda, mas deixa as gurias fugirem.
– Vamos a isso, Mancha Negra.
Os dois apareceram na porta, já atirando. Omar apagou as velas com os primeiros disparos e passou a acertar os alvos, provocando confusão e muitos gritos. Quando as pistolas ficavam vazias, pegava outro par, atirando e matando sem parar, poupando apenas as mulheres. Uma das garotas que estava com Alemão e antes que Mancha Negra ou Gavião notassem, levantou-se e pegou uma pistola, atirando no Omar que sentiu uma dor forte nas costelas por conta do impacto do projétil contra o colete. Mateus viu e matou a mulher, levando junto as outras três não fossem elas mais guarda-costas.
Um segundo tiro acertou Omar no peito, mas ele continuou atirando e se aproximando do Alemão, que estava indefeso e assustado. Acertou um chute no seu rosto e nocauteou-o. As prostitutas gritavam desesperadas, prensando-se contra a saída para escaparem, mas os matadores ignoravam-nas. Finalmente o último criminoso caiu morto e Omar apanhou o Alemão pelo pescoço, sentando-o na cadeira. Enquanto as últimas garotas evadiam-se e atropelavam-se aos gritos, ele pegou um balde de gelo, cheio de água bastante gelada e jogou no rosto do criminoso, fazendo-o acordar assustado e arrepiado. Apavorado, observou os dois homens encapuzados e seus comparsas todos mortos. O par tirou as máscaras e olhou-o, severo, com Mateus ainda segurando uma pistola em cada mão.
– Mancha Negra chamando Cabana de Caça. Os açougueiros podem subir. – Virou-se para o bandido e disse. – Tchê, quero saber onde estão as armas e as drogas. E quero saber quem são os policiais comprados.
– Se não me matar, eu conto tudo. – Alemão tremia de medo, fazendo Mateus dar uma gostosa gargalhada, enquanto guardava as armas no coldre e pegava a espingarda.
– Um bandido covardão é coisa que nunca vi. – Mateus voltou a rir e ergueu o fuzil, apontando para Alemão. – Vamos, desembucha logo, tchê.
– Meu escritório. Tenho tudo documentado no cofre.
Omar e o primo arrastaram o bandido para lá e ele mostrou o cofre, dando o segredo.
Ao abrir, apareceram pastas de documentos bem como uma grande fortuna em dinheiro. Omar olhou a papelada bem arquivada e confirmou as informações do criminoso. Viu uma mochila num canto e pegou nela, esvaziando o seu conteúdo no chão. Depois pegou tudo, inclusive o dinheiro, e meteu dentro.
– O que vais fazer com essa grana toda? – questionou o primo, olhando sério para Omar. – Isso são provas...
– Provas é o cacete. Bem sabes que esta grana vai sumir bem rapidinho. Eu vou dar um jeito disto ir para uma instituição. – Virou-se para o bandido e perguntou. – Tens alguma religião? Se tens, é uma boa hora de fazer as pazes com Deus.
– O senhor prometeu...
– Deixava-te vivo se tu não tivesses morto os meus pais e a equipe deles.
Ergueu a arma e disparou uma bala no baço e outra no fígado. No chão, aos berros e choramingando, o criminoso confessou:
– Foi o Cobra que matou os federa. Não fui eu, juro, foi o Cobra!
– Quem é esse Cobra? – Omar demonstrou bastante interesse pois o nome não lhe era estranho.
– Só sei que é da polícia. Ele é o verdadeiro chefe, mas nunca aparece. Quando vem, usa sempre uma máscara e roupa parecida com essas de vocês.
– Ok. – Omar ficou pensativo. – Eu descobrirei.
– Vai me deixar vivo? – perguntou, gemendo de dor. – Eu cooperei...
– Tu já estás morto, tchê. Os tiros que levaste provocaram danos irreversíveis, mas vou poupar a tua dor.
Ergueu a arma e deu o tiro de misericórdia no meio da testa do bandido, que morreu instantaneamente.
– Vamos, Gavião.
– Quem será esse Cobra?
– Não faço ideia, mas vou descobrir... – Omar calou-se por alguns segundos. – E, quando souber quem é, ele vai desejar não ter nascido. Isto é uma promessa solene que faço a mim mesmo aqui e agora.
Enquanto desciam as escadas, Omar continuou, pensativo:
– Eu acho que já ouvi esse nome em algum lugar...
No caminho, depararam-se com a equipe que subia o morro e que lhes apontou as armas até que viram os distintivos que deixaram pendurados no peito. Os homens, ao toparem com apenas dois sujeitos de preto e armados até aos dentes, perguntaram:
– Ei, cadê o resto da equipe? Ainda estão na mansão?
– Equipe? – perguntou Mateus. – Que equipe?
– Porra, com tanto presunto espalhado por aí deve ser uma turma grande e da pesada.
– Sinto desapontar o senhor, meu amigo, mas somos apenas nós dois – afirmou Mateus, rindo. – Eu e meu primo, o delegado Schmidt.
– Schmidt? – O agente arregalou os olhos. – O senhor é filho do delegado Rodrigo Schmidt?
– Sim. Eles não deviam ter morto os meus pais e nós viemos apresentar a conta.
– Meus sentimentos, colega, todos nós gostávamos muito dos seus pais, sempre ponderados e bons conselheiros.
– Obrigado – respondeu Omar. – Nós vamos indo. Até mais.
Desceram a ladeira, encontrando Angélica e Moacir no carro. Omar e o primo colocaram as armas na bagageira e entraram. Angélica, sorrindo, abraçou o colega e beijou seus lábios.
– Que limpeza, gato, vamos para o bar?
– Precisamos trocar de roupa. Tu vens, Moacir?
– Vou. Só me deixem ver se Júlia pretende ir. – Ligou para a esposa e Omar ficou triste ao se lembrar dela. – Júlia não quer vir. Então acompanho vocês, pois meu carro está na tua casa, Omar.
– Moacir. Existe algum policial que se denomine Cobra?
– Nunca ouvi falar de um. Por quê?
– Porque aquele merdinha, antes de morrer, disse que um tal de Cobra é que era o verdadeiro chefe daqui e, também, que foi quem matou meus pais. Logo descobrirei, questão de tempo.
Na casa do Omar os primos trocaram-se e guardaram o armamento. Omar subiu para o seu quarto e levou a mochila junto, dando um sumiço nela. Escondeu em um lugar tão secreto que nem se invadissem a sua casa e a revistassem por inteiro descobririam.
Voltaram para o carro e Moacir pegou o dele. No bar, beberam e divertiram-se um pouco, tentando esquecer a matança toda. Angélica não desgrudava do delegado, dando-lhe uns beijos bem quentes. Pela meia note, foram-se embora.
Omar mostrou o seu ex-quarto para o primo, que dormiu lá, enquanto ele e Angélica foram para o que era dos pais.
― ☼ ―
Chegando a casa, Moacir viu que a esposa já dormira. Ele estava cheio de desejos e a mulher vinha evitando o sexo há quase um mês. Suspirou e deitou-se, pensando nela e no amigo, sentindo que fez uma grande besteira em ter casado com uma mulher que amava loucamente outro homem. Os primeiros meses foram gostosos, mas ela foi esfriando lentamente. Sentiu que ela desejava separar-se e concluiu que deveria ser o correto a se fazer, mas amava tanto a mulher que não tinha coragem para isso.
― ☼ ―
Omar acordou nos braços da Angélica. Quieto, pensou na sua vida e no seu grande amor. Aquela garota era muito agradável, mas ele estava ciente que não a amava nem nunca amaria. A moça abriu os olhos e viu que o parceiro estava acordado. Beijou-o e atracou-se nele, muito fogosa.
Durante o banho, Angélica perguntou:
– O que pretende fazer hoje?
– Vou estudar o material aprisionado. Quero descobrir quem é esse Cobra.
– Vou pesquisar para você lá na inteligência.
– Não te exponhas, pois algo me diz que isso é um codinome de esquadrão negro. Que droga, eu já ouvi esse nome!
– Sei não, gato – comentou enquanto secava o corpo. – Aqui não há esquadrão negro, só nas capitais.
– Pode ser um ex-elemento. Eu vou pedir para o meu chefe descobrir isso, pois ele é da antiga e conhece muita gente. Mais tarde passo na tua sala e levo o material apreendido para vocês avaliarem, ok?
– Claro, gatinho. Se cuide. – Despediu-se com um beijo carinhoso.
Depois que a garota saiu para o trabalho e Mateus retornou para Porto Alegre, ele sentou-se na mesa e espalhou o conteúdo das pastas, separando por tipo de documento. Logo descobriu a relação de policiais corruptos e isolou a pasta do grupo, guardando-a para si. O criminoso que pegou, o Alemão, era muito bem organizado e cada policial tinha uma ficha própria.
Pegou no telefone e ligou para o chefe.
– Chefe. Preciso de mais uns dias. Tenho uma limpeza para fazer na civil.
– "Como assim?"
– Matar uns corruptos da gangue que detonei noite passada. Já que comecei, pretendo limpar tudo de vez.
– "Procura ser discreto, Mancha" – respondeu a voz do outro lado da linha. – "Matar policiais, mesmo corruptos, não é boa política."
– Por falar em apelidos, sabe se existe algum Cobra e de que esquadrão ele é ou era?
– "Céus! O que tem ele a ver com isso?"
– É o verdadeiro chefe da gangue. Quem é?
– "Cobra é uma lenda, Omar, e ninguém sabe quem é. Ele trabalhava sempre sozinho e só uma pessoa sabia quem era. Diziam que Cobra atirava como ninguém, mas aposentou-se. A única coisa que se sabe, é que ele tem a tatuagem de uma cobra no ombro esquerdo."
– Eu sabia que já tinha ouvido falar nele. Na certa foi algum comentário dos meus pais. Bem, é bom mesmo que saiba atirar, pois vou matá-lo e assim vai dar-me algum prazer. Obrigado, chefe. Em duas semanas devo retornar.
Desligou e separou o material que interessava para a polícia federal. Entrou no carro e foi para a delegacia, sendo imediatamente recebido pelo chefe, que comentou:
– Haja estrago, meu jovem. Estou impressionado, mas devia ter-nos avisado do ataque para darmos suporte.
– Eu quis que o fator surpresa fosse total, chefe, para não correr riscos. E deu certo.
– Encontraram alguma coisa de aproveitável?
– Peguei as pastas do cofre dele e já passei para a Angélica assim que cheguei aqui. Tem todos os dados sobre rotas de tráfico, carregamentos, armas, enfim, tudo o que encontrei menos os dados dos policiais que eles mantinham comprados. Esses, vou matar um por um durante as próximas semanas. São doze, mas há um décimo terceiro que só tem um nome: Cobra. O senhor sabe algo a respeito?
– Não, nunca ouvi falar disso, mas até parece um codinome do esquadrão negro!
– Realmente parece, chefe. – Omar suspirou. – Esse vai ser difícil de achar, talvez impossível. Que pena, pois o Alemão entregou o cara como o verdadeiro líder e assassino dos nossos agentes. Mas já levei uma porrada e, em breve, mais doze para fechar com chave de ouro. Eu vou indo, chefe. Se precisar de um apoio meu, enquanto estiver aqui, sinta-se à vontade.
– Obrigado, rapaz. Deves ser o melhor agente do esquadrão que já ouvi falar. – Levantou-se e estendeu a mão. – Se precisarmos de algo, entrarei em contato. Novamente obrigado pelas informações levantadas. Qual é o teu codinome?
– Mancha Negra, pois sou capaz de ficar invisível, como uma mancha na sombra. – Omar sorriu e saiu. Enquanto caminhava para o gabinete da Angélica, pensou que o chefe sabia mais do que disse. Algo no seu olhar, quando mencionou aquele nome, deu a entender que ele sabia ou tinha uma ideia de quem era esse Cobra e desejava proteger Omar, o que lhe confirmou o fato desse homem ter sido uma verdadeira lenda e um demônio. No gabinete da moça, que se levantou, abraçou-o calorosamente e beijou-o para grande espanto dos colegas que pararam pasmos para olhar, ele sentou-se. Ao ver a reação dos subordinados, foi até à porta do seu gabinete e berrou a plenos pulmões:
– Qual é o problema? – Muitos já baixaram a cabeça e retornaram ao trabalho. – Nunca viram uma mulher beijar alguém, seus paspalhos? Quero ver todo mundo trabalhando e bem rápido, senão passarão o fim de semana de serão. Têm um dossier enorme para analisar, então apressem-se.
– Sabes, gatinha – disse Omar, sorrindo quando ela retornou e sentou-se cadeira. – Eu garanto não queria ser teu subordinado nem a pau, pois se tu berras assim quando olham, imagina eu com tudo o que fizemos nestas duas últimas noites. Na certa era morto a tiros.
A moça deu uma risada bem alegre e espontânea. Depois, sentou-se na cadeira, esquecendo de tudo e rindo, deliciada com as lembranças da noite anterior.
– Eu vou matar você, Manchinha, mas será de cansaço, pode ter certeza disso. – Mais séria, continuou. – O que o chefe achou do material apreendido? Toda a inteligência está trabalhando nele, mas não há uma única relação de policiais corruptos aqui.
– Claro que não há. – Omar fez cara séria. – Esses arquivos estão comigo e vou matar um por noite a partir de hoje.
– E eu que pensei que íamos passar umas noites mais agradáveis, no mínimo idílicas, só nós dois e sem o tarado de seu primo que ficou olhando minhas pernas, seios e bunda.
– Não o posso culpar, Angélica. – Omar sorriu, olhando abertamente o corpo dela. – Afinal, são lindas e perfeitas, todas as três partes.
– Você pode olhar, agarrar, beijar e fazer tudo que quiser com elas – Angélica riu, deliciada e apaixonante. – Tudo mesmo. Então, vamos sair de noite? Já tô cheia de vontade só de pensar e ver esse seu olhar tarado.
– Façamos assim. – Omar também riu. – Vamos para o bar tomar algo e, quando estiver noite fechada, eu dou cabo de um sujeito. Depois, voltamos para o bar ou para a minha casa. Que tal?
– Combinado. Encontro você no mesmo bar de ontem, ok?
À tardinha, Omar foi para o bar e a amiga já estava lá, esperando por ele. Ela usava um vestido preto, muito curto e com um decote tentador que deixava a cabeça de muitos frequentadores andando à roda e que não paravam de a olhar. Com inveja, viram Omar sentar-se e beijá-la.
– Tu estás tentadora demais, Angélica – Omar riu. – E ainda arrumas confusão por aqui.
– Nada que uma 765 não resolva – abriu a bolsa e mostrou a arma. – A nove milímetros não cabe aqui, mas esta também pode fazer um estrago legal. Os homens morrem de medo de mulheres policiais. Você não?
– Só se fosse teu subordinado, meu anjo. – O delegado sorriu e passou o braço em volta da sua cintura, puxando-a para si, enquanto Angélica deu uma gostosa gargalhada e abraçou-o. Após um beijo longo, acrescentou, ficando séria:
– Sabe, Manchinha, o que eu disse é a mais pura verdade. Todos os homens com quem me envolvi, afastaram-se quando descobriram quem eu era. Nunca tive um relacionamento que durasse mais de uma semana e fico muito carente com isso.
– Então eles não sabem o que perderam, minha linda...
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