Capítulo 10 - parte 1 (não revisado)
"Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis."
René Descartes.
Omar estava mais feliz do que nunca ao olhar o filho, um menino de nome Rodrigo em homenagem ao avô. Junto, a sua esposa amamentava a criança, deitada na cama. Passou mais de hora perdido ali enquanto Júlia descansava até que finalmente desceu e juntou-se aos amigos na sala. A equipe já analisou vários planos de contingência para o caso de atentados e riscos, mas sempre conjecturavam novas opções e ações possíveis.
Um carro estacionou em frente à casa dele e o casal que estava dentro beijou-se por intermináveis minutos. Omar observava discretamente pela janela e sorriu quando viu a filha despedir-se do namorado, lembrando-se de quantas vezes fez aquilo com Júlia, muitas delas voltando do motel. Retornou para a poltrona e continuaram conversando, tomando cerveja tranquilamente apesar de todos estarem de prontidão e bem armados.
Outro veículo passou pela frente, mas frenou fortemente. Assim que ouviram a derrapagem levantaram-se todos de armas na mão, mas uma rajada de metralhadora fez com que se atirassem ao chão. As janelas quebraram e as paredes ficaram marcadas enquanto cada um, graças aos seus treinamentos começou a arrastar-se para as devidas posições de acordo com um dos diversos planos pré-estabelecidos e muito bem ensaiados. Mateus e Michaela chegaram à porta da cozinha e, fora de perigo, levantaram-se e começaram a correr para a porta dos fundos, pulando pelo quintal do vizinho e saindo na rua de trás, onde forçosamente os criminosos teriam de ir para não serem alvejados pelos outros.
Na janela, Sócrates e Daniela aproveitaram a primeira folga das rajadas para atirar contra o carro que acelerou abruptamente e os quatro aproveitaram para sair porta fora atirando. Lobo Mau e Vespa correram para a rua e continuaram disparando contra o veículo que já estava quase na esquina. Corvo e Mancha Negra correram para verificar as possíveis vítimas e, apavorado, Omar encontrou a filha caída no chão a meio caminho da entrada.
Gavião e a namorada já estavam quase na esquina e ouviram o carro derrapar para entrar justamente na frente deles. Ambos pararam de correr erguendo as armas. Os disparos do casal ocorreram exatamente no mesmo momento em que Lobo Mau e Vespa atiraram. Os quatro disparos soaram como um só, mas o estrago foi múltiplo. Logo Mau usou uma ponto cinquenta que perfurou facilmente a carroceria, atingindo o motorista na coluna e seguindo adiante, enquanto o tiro da colega atingiu o pneu dianteiro por onde se concentrava o peso do carro durante a curva fechada, fazendo com que capotasse. Tanto Gavião quanto Diabinha acertaram os dois atiradores em cheio, no exato momento que a bala do Lobo Mau atingiu o motor e o veículo explodiu.
― ☼ ―
Desesperado, Omar conferiu os sinais vitais da filha, notando que estava viva e estável. Fez uma rápida avaliação e descobriu que Adriana foi atingida por dois tiros: um de raspão, na fonte e outro no ombro. Pegou nela ao colo e levou para o carro, na garagem.
O colega chegou correndo com o rapaz, também ferido e inanimado.
– Precisamos correr para o hospital, Mancha. Este garoto está muitíssimo grave, por um fio mesmo. E ela?
– Teve sorte. – Enfiaram o casal no carro e foram voando para o pronto socorro, enquanto os demais colegas fizeram um cerco maciço na residência de modo a protegerem Júlia e o bebê. No hospital, Omar falou com a esposa ao telefone, acalmando-a. Logo a seguir chamou os pais do jovem e, por último, ligou para o chefe de Porto Alegre, pedindo ajuda do esquadrão.
– Aguarda que eu chegue aí, Omar. – Foi o pedido lacônico e objetivo. – Não faças nada por enquanto, pelo amor de Deus. Irei no primeiro voo que conseguir.
– Ficarei à sua espera, chefe. – Embora Omar fosse o todo poderoso da federal local, continuava respeitando e acatando os conselhos do homem que foi amigo dos pais e seu superior, chamando-o de chefe mesmo depois de ambos estarem em pé de igualdade.
Angustiado, Omar caminhava de um lado para outro, muito preocupado com o estado de saúde do namorado da filha. Os pais dele chegaram e o delegado explicou tudo.
– Agora está estável – finalizou –, mas inspira cuidados sérios.
– Sabe quem foi, delegado?
– Os que fizeram isso já foram mortos pela nossa equipe durante a interceptação, mas sei quem são os mandantes. Para o vosso bem, prefiro nada dizer por enquanto, só que basta ficar de olho na televisão pelos próximos dias. Ninguém atira na minha família e sai para fazer festa, principalmente políticos corruptos e pior, responsáveis pelas mortes na Beijo da Noite.
De manhã cedo, Adriana recebeu alta e Omar levou a filha para casa, mas ela estava muito deprimida pensando no namorado. O pai acalmou-a, avisando que ele já estava bem melhor. Lá, além da equipe original, havia mais dez agentes do esquadrão cercando a casa e quase todos os federais de Santo Agostinho cercavam o quarteirão. Ninguém se aproximava daquela rua sem ser revistado. Além da equipe da federal, o delegado Norberto, que se tornou chefe da civil, destacou um contingente enorme para policiar a região e ajudar os amigos da federal.
– Oi, gente. – Omar estava exausto, abatido e notava-se logo pela sua voz. – Oi, chefe.
– Quero falar contigo... em particular.
– Vamos ao meu escritório, senhor.
– Viste a merda que arrumaste, Omar? – principiou ele, muito preocupado. – Devias ter feito o que te disse e jamais levado isso para a TV.
– O senhor acha mesmo que esses filhos da puta iam ficar quietos estando cientes que sei de tudo? – perguntou Omar bem sério. – Até estranhei a demora em reagirem! Mas agora, espero sinceramente que o senhor não tenha vindo com a intenção de me impedir de matar todo mundo, porque vai perder seu tempo.
– Claro que não. Eu trouxe mais dez elementos, mas para protegerem a tua casa e família. Para a ação, vais usar apenas o Gavião e a Diabinha. Isso é mais do que suficiente [ara gente d vosso gabarito.
– Combinado. – Omar fez um aceno com a cabeça. – Considerando que eu ia sozinho mesmo, isso já é muito lucro. Eles dão apoio e eu faço o serviço. Segundo Diabinha, que já conversou com o nosso pessoal da inteligência local enquanto eu estava no hospital, eles foram identificados e trabalhavam para dois dos quatro deputados envolvidos no grosso do esquema. O vereador original parece estar fora disso e é café pequeno. Por enquanto, vou poupá-lo. Agirei hoje, antes que preparem outra surpresa, mas agora pretendo dormir um pouco que passei a noite em claro.
– Descansa que estás com as costas protegidas e a família guarnecida.
― ☼ ―
Omar dormiu muito mal porque era constantemente assolado por pesadelos onde matavam a sua família. Por isso, acordou cansado, embora melhor que antes e muito determinado. Nessa noite, envergou a roupa que não usava há dez meses e que julgava que não mais precisaria.
Calmamente, como sempre, Mancha Negra preparou-se para a ação assassina. Uma vez que eram poucos para enfrentar, carregou apenas um par de pistolas com silenciadores, vários pentes de balas e um punhal.
Beijou a esposa, o bebê e a filha. Pôs a touca e foi para a rua, sumindo na escuridão e aparecendo ao lado do carro, onde o primo e a namorada aguardavam.
– Prontos? – perguntou Mancha, rindo do susto que pregou nos dois.
– Bah, tchê. Nunca vou me habituar a isso. – O delegado entrou no carro e a amiga começou a dirigir devagar para o primeiro alvo, enquanto Gavião perguntava. – E então, como vai ser a peleja?
– Agora, nós vamos pegar os graúdos, os demônios que ficaram atrás de tudo deleitando-se com as mortes dos outros. Diabinha fica no carro e na direção, preparada para uma eventual fuga. Tu vais cobrir a minha retirada e eu entro. Primeiro vamos passar em frente à casa e ver o terreno. Diabinha, vai devagar nessa hora. Depois, dás a volta ao quarteirão e paras uns vinte metros antes da residência daquele desgraçado para eu sair e agir. Vai ser simples assim: obtenho informações, mato o filho da puta e saio. Quem aparecer à minha frente e no meu caminho vai ver o capim nascendo pela raiz.
Devagar, passaram em frente a uma mansão enorme, pesadamente guarnecida.
– Vais matá-los, Mancha? – Gavião olhou para os guardas, que estavam muito atentos, como que aguardando o retorno. – São muitos, apesar de ser fácil apagar todo mundo. Eles estão esperando a nossa vinda. Tá na cara que estão.
– Só se não tiver escolha. O fator surpresa é necessário. Gavião, tu sais e procuras um ponto para agir sem seres visto. Verifiquem os comunicadores. Fui.
Omar abriu a porta do carro e desapareceu nas sombras. Escalou o muro e passou rente a um dos seguranças sem que ele desse por isso. Calmamente entrou na casa e começou a revistá-la, tendo a tarefa muito atrapalhada pelos guardas que estavam em toda a parte. Achou um local com dois seguranças na porta e concluiu que era onde o seu alvo devia estar. Antes de escolher matá-los, achou prudente ver se havia outra forma de entrar na sala sem ser visto. Para tal, foi ao quarto contíguo e olhou a janela.
Sorriu quando viu que as câmeras de segurança não abrangiam o andar de cima e, para ajudar, havia uma pequena calha que facilitaria o acesso à janela dele, que estava aberta e era uma pequena sacada. Com mais uma vista de olhos para averiguar se nenhum dos guardas cuidava de olhar para cima, moveu-se rapidamente e galgou os cerca de cinco metros que o separavam do inimigo.
Mal entrou, deparou-se com o deputado de costas e ao telefone, falando alto enquanto manipulava o computador de mesa. Como o aparelho estava no viva voz, o delegado acompanhava a conversa. Foi-se deslocando pela sombra rente à parede, aproveitando a penumbra do recinto porque a única iluminação era uma pequena luminária na mesa do alvo, Sentou-se em uma poltrona afastada, observando atentamente e gravando tudo com o celular.
A mesa do deputado, um móvel grande e maciço feito em madeira de lei ficava quase ao fundo do quarto retangular e, atrás, uma estante de lado a lado até ao teto estava repleta de livros de todos os tipos. De frente para a secretária do alvo, um tapete espesso separava a mesa de algumas poltronas bem confortáveis, sendo uma delas, a mais ao canto e do lado escuro da sala, aquela onde o delegado estava sentado. Para o outro lado, entre as janelas, uma televisão de plasma enorme e um home theater estavam desligados. Omar voltou a prestar atenção à conversa.
– Eu disse que esse cara é demasiado perigoso, mas vocês não me ouviram, tchê. Além disso, mandei não atirar em alguém que não fosse ele.
– "Eu sei, cara, mas..."
– Mas o quê?
– "Temos muito a perder se ele ficar vivo. Afinal, já tivemos um prejuízo enorme com o incêndio da boate e a perda do ponto de tráfego. Não te esqueças que é isso que ajuda a sustentar o partido."
– Já te ocorreu que, se a coisa vem a público, estamos todos ferrados?
– "E como!" – O interlocutor riu. – "Os documentos estão todos muito bem guardados em um cofre do meu apartamento de Brasília!"
– Onde tu estás?
– "Na minha casa, aqui em Santo Agostinho."
– Então volta imediatamente para lá e te livra desses documentos que ele está perto demais. Pelo jeito, ninguém tem competência de matar o desgraçado.
– "Calma. Estou indo para lá amanhã ao meio dia."
– Eu também, nesse mesmo voo. Conversaremos melhor no avião. Até amanhã.
– "Até."
O deputado voltou a se concentrar no que fazia, completamente alheio ao visitante.
– Sabes, tchê – Mancha Negra rompeu o silêncio e o político tomou um susto tão grande que saltou da cadeira – não devias ter entrado no meu caminho, já que sabes que eu sou muito perigoso. Menos ainda teres permitido que a minha filha e o namorado fossem quase mortos. Conseguiste deixar-me zangado demais e eu, quando entro numa peleja, não paro até acabar tudo; jamais aparto. Eu tava lá no meu canto quieto, mas fizeram a merda de me atacar. Então vocês estão metidos em muito mais do que já foi levantado, né? – Olhou displicente para o deputado e sacudiu a cabeça. – Já vi que a coisa tá preta para o vosso lado.
– Quem é o senhor? – perguntou o deputado, enquanto movia a mão para um botão em baixo da mesa. – O que faz aqui?
Mancha Negra pegou a arma e ameaçou.
– Tchê, trata de manter as tuas patas bem visíveis. Se apertares esse botão, eu te mato.
– Suponho que seja o delegado Omar Schmidt.
– Vulgo Mancha Negra, caro Deputado, e não gostei nada de ver a minha filha sangrando no chão, sabias?
– Devia ter pensado nisso antes de meter o nariz nos nossos negócios, Delegado.
O disparo silencioso acertou o deputado na mão, que soltou um grito de dor.
– Eu já te mandei ficar com as patas longe do botão, seu monte de merda. – Omar cuidou a porta e aconteceu quase de imediato. Ela foi aberta de par em par e os dois seguranças entraram. O primeiro erro que cometeram foi olhar direto para o patrão; o segundo foi entrarem sem as armas na mão. Quando o deputado apontou, Mancha negra já tinha mais uma pistola na mão e os seguranças caíram mortos antes de entenderem que aquela sombra preta no sofá não era uma sombra e sim o inimigo.
– Sabes, meu caro Deputado – disse enquanto calmamente levantava-se e fechava a porta –, por causa das tuas falcatruas, mais de trezentos jovens foram brutalmente assassinados. Como tudo foi abafado, eu vim apresentar a conta em nome das suas famílias.
– Isso foi o Cobra e não nós.
– Eu ouvi a conversa toda e sei que o Cobra era apenas o vosso lacaio, o órgão executor. Tens alguma religião?
– Sou espírita, m...
– Nesse caso não precisas de temer a morte, já que nascerás de novo em outro corpo, com a chance de voltar e, dessa vez, fazer a coisa certa, correto? – Mancha Negra apontou a arma para a cabeça do deputado e voltou a baixar, sorrindo de forma cruel. – Não. Na cabeça será instantâneo e não terás tempo de pensar na bosta que fizeste.
Tremendo e impotente, o deputado olhou para aquele homem frio e calculista.
– Que tal um acordo? – perguntou, desesperado e com a voz tremida.
– Qualquer chance de um acordo morreu quando atiraram na minha filha e genro. Na verdade, eu não tenho preço. – Omar ergueu a arma e deu três disparos rápidos. O político soltou um uivo agudo e muito alto, caindo lentamente sobre a mesa, cheio de dores lancinantes. – Esse é o meu acordo: uma morte lenta e dolorosa. Adeus, tchê, e manda um beijo para o Diabo.
Mancha sabia que agora foram todos alertados e tornou-se invisível, misturado ao ambiente escuro do escritório. Não tardou muito e seis homens entraram às pressas de armas na mão. O que ia mais à frente tropeçou nos corpos dos colegas abatidos e caiu, mas Omar não aguardou para ver o que ia acontecer. Erguendo ambas as pistolas, matou-os rapidamente e saiu da casa.
No pátio um alarme começou a tocar e o bando de guardas corriam de um lado para o outro, deixando Gavião apreensivo. Viu o primo na janela fazendo sinal e começou a disparar silenciosamente contra os gurdas da saída. Com isso os demais entrincheiraram-se entre a porta e a saída, enquanto Mancha Negra pulada para uma árvore e descia do outro lado do muro. Os tiros cessaram tão rápido quanto começaram, mas com um saldo de doze mortos. Omar entrou no carro e disse, lacônico:
– Vamos para a casa do outro demônio.
Quando chegaram, Omar novamente entrou sozinho. Procurou o deputado e encontrou-o na cozinha, comendo um sanduíche enquanto a máquina de café trabalhava.
Como se aquilo fosse um encontro amigável, pegou na cadeira e virou-a com as costas para a mesa, sentando-se de frente e pousando a pistola bem à vista, encarando o homem que estava de olhos esbugalhados.
– Boa noite, Deputado, embora eu não a considere assim tão boa.
– Quem é o senhor e como passou pela segurança tão facilmente?
– É por isso que sou conhecido como Mancha Negra, tal e qual o dos quadrinhos, só que eu sou bonzinho em vez de bandido, o que não é o teu caso, tchê. Buenito, pero no mucho, porque eu mato sem piedade quem merece morrer, meu caro, e tu estás no topo da lista.
– O que fez com os guardas?
– Guardas? – perguntou Omar. – Quer dizer os capangas assassinos que cuidavam da sua casa? Sinto muito, mas foram fazer um piquenique com São Pedro. Afinal a noite está linda!
Omar sacudiu a cabeça e, tremendo, o deputado perguntou.
– O que deseja?
– Informações precisas. Onde guardas as xícaras? – Omar levantou-se e o deputado olhou para as armas no corpo dele, muito assustado. – Também quero um pouco desse café.
– Ali, no armário. – Apontou com o dedo e observou a pistola em cima da mesa, pensando se teria uma chance de pular até ela e pegá-la. – Afinal, quem sabe o senhor explica o que faz aqui.
Omar pegou duas xícaras e ofereceu uma ao deputado.
– Já disse, tchê, informações. – Displicente, pegou a pistola da mesa e pôs no coldre, sorrindo. – Tu querias pegar a arma? Não te ia adiantar grande coisa porque gastei as últimas azeitonas com teus capangas; está descarregada. Onde fica a tua casa em Brasília e quem é o resto da gangue?
– Que besteira é essa? – barafustou o político. – Eu sou um deputado federal e não um criminoso.
– À é mesmo? – Omar riu. – Fala sério, para mim tu não passas de um criminoso barato. Eu estava bem pertinho do teu amigo enquanto vocês falavam ao telefone.
Omar tocou a gravação do celular e o homem começou a ficar pálido. Desesperado, tentou negociar.
– O que deseja em troca para esquecer tudo isso?
– A tua vida e a da gangue atrás disso.
– Isso vai muito alto no escalão do governo, cara. Tu ainda acabas morto.
– Tentaram me matar muitas vezes, mas estou vivinho da Silva, meu caro, porque acredito que o demônio não goste da concorrência e para santo não sirvo. Quanto a vocês, só cometeram um grave e terrível erro: atiraram na minha filha.
– À, é o delegado...
– Raciocínio lento!
– Posso pegar açúcar? – perguntou. – Este café está muito amargo.
– Pode, mas nada de movimentos bruscos ou te furo o couro. Desculpa, mas eu tomo sem açúcar.
O deputado procurou ganhar tempo, mas Omar apontou a outra pistola.
– Esta tem o pente cheio e dá pra te meter um monte de furinho no couro – disse Omar, ameaçador. – Então desembucha logo e fala onde é a tua casa em Brasília?
Assustado, o deputado forneceu o endereço do apartamento e o delegado pediu:
– E onde fica o cofre?
– Se me deixar vivo, te levo até lá.
– Só me diz onde fica a porra do cofre que eu deixo de atirar em ti, ok?
– No escritório, atrás da estante de livros do lado esquerdo.
– Menino esperto. Raciocínio lento, mas esperto.
– Vai me deixar vivo?
– Só pelos próximos quinze segundos.
– O senhor prometeu, delegado.
– Prometi que não atirava, tchê. Não era exatamente o açúcar que deixava o café amargo, tá ligado?
– Seu filho da pu... – Nada mais saiu da sua boca. Omar levantou-se e desapareceu da casa sem ver o resultado da sua obra porque estava cansado de ver gente morrer.
– E daí, Mancha? – perguntou o primo.
– Para casa – respondeu. – Preciso de comprar uma passagem para Brasília e obter uns documentos. Vamos acabar ou, no mínimo, abalar seriamente o governo.
– Pelo jeito há muito mais em cima do que foi apurado – comentou Michaela, espantada. – Sabes o quanto vai?
– Muito, gente, muito mesmo, mas ainda não sei tudo, só que tenho a fonte e parece que pode ir a nível presidencial.
― ☼ ―
Bonzinho, mas não muito (espanhol).
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