MEUS pais já estavam quase ligando para a polícia. Literalmente. Assim que entrei em casa, meu pai desistiu de discar o verde para ligar para completar a ligação. Me abraçaram e brigaram comigo, mas não me colocaram de castigo.

Depois de prometer nunca mais dormir fora sem avisar, me arrastei até o meu quarto, mas antes que eu pudesse me jogar na cama, Max já estava na porta.

— Com quem você estava? — Meu irmão gêmeo está de braços cruzados e pernas separadas. O rosto indecifrável.

— Denise — não minto. Realmente estava com ela... Em algum momento da festa.

— Madelaine Price. — Seus olhos semicerrados me dizem que ele não acredita em mim.

— Maximilian Price. — Arqueio a sobrancelha, cruzando os braços também. Ele balança a cabeça.

— Não use esse tom comigo!

— Não use você esse tom comigo.

Nós nos encaramos. Ele não recua, muito menos eu. Sei que está preocupado, sei por quê está preocupado, mas estou estourando de dor de cabeça agora e ainda preciso resolver dois problemas: Sebastian e Theodore.

Um minuto se passa e Max suspira, recuando um passo e desviando o olhar.

— Se quiser conversar, meu quarto fica do outro lado corredor, sabe? — Meu irmão pisca e me dá as costas.

Suspiro e estou indo direto para a cama quando passo pelo espelho e vejo minha aparência: meu cabelo parece ressecado, minha roupa está amarrotada e eu cheiro a cerveja.

— LAURA! — Vou até a porta do quarto e grito o nome da empregada. Tiro meus sapatos que estão imundos e vou para o banheiro.

— Chamou, milady? — Laura entra no banheiro atrás de mim. Encaro a mulher branca de cabelos loiros e olhos tão azuis quanto o céu.

— Preciso que prepare um daqueles seus banhos magníficos! — Junto as mãos em súplica. Laura ri e balança a cabeça, fazendo seu rabo de cavalo loiro se movimentar.

— É pra já! — Laura vai até a banheira e começa a preparar o banho, despejando sais e óleos.

Eu lhe observo. Laura é nova. Mês passado completou 24 anos e trabalha aqui desde os 15, cuidando de mim (eu sei, é meio estranho eu ter uma "babá" nessa idade), mas ela é minha confidente. Nem mesmo para minha mãe eu conto certas coisas, mas falar com Laura é fácil.

— Fiquei sabendo que dormiu fora de casa... — Laura diz quando termina de preparar o banho.

— Não é o que está pesando! — começo a me defender enquanto tiro minhas roupas e ela vai pegar a toalha, me dando privacidade.

— Você não sabe o que estou pensando... Mas onde você estava? E com quem? E o mais importante: o que estavam fazendo?

Já estou dentro da banheira quando ela retorna. Fecho os olhos e mergulho na banheira. Não fico muito tempo, apenas o suficiente.

— Estava com um... — Sebastian e eu somos amigos? —... conhecido — digo por fim. Laura começa a enxaguar meu cabelo com shampoo.

— Só respondeu uma pergunta. — Seus dedos são delicados em meu cabelo e fecho os olhos.

— Theodore e eu terminamos e fui vê-lo ontem, para tentar consertar as coisas, mas quando cheguei em sua casa, encontrei Kendall. Fiquei chateada e fui para aquela festa que o bando foi. Bebi demais e esse meu conhecido... cuidou de mim— A última parte quase tenho certeza que ela não ouviu. Mas como eu disse: é fácil contar as coisas a Laura.

— Cuidou como? — Laura parece despreocupada e ao mesmo tempo concentrada. Movo os meus pés, brincando com a água.

— Impediu que um garoto me levasse para um quarto — apesar de ele ter me levado para o quarto — E não deixou eu beber mais e... — conto a ela sobre o resto? Opto por não. — E não me deixou fazer nenhuma loucura.

— Ele parece ser uma boa pessoa.

— É, parece...

~•~

Dormi até meio dia, o que não é comum para mim, mas considerando a noite que tive, foi compreensível. Minha cabeça já está melhor quando acordo e preciso agradecer a Laura por isso, que fez o maravilhoso chá milagroso e espantou minha dor de cabeça além de me fazer relaxar.

Meu pai e minha mãe não estão quando desço do meu quarto. E Max... Bom, ouvi uns sons do seu quarto que me dizem bastante sobre sua ocupação no momento.

Pego o bloco de notas em uma mesinha perto do corredor para o escritório e deixo uma nota.

Saí para dar uma volta. Volto para o jantar.

Ps: Max, peguei seu carro.

Meu irmão tem um Mustang que eu adoro dar umas voltinhas às vezes, mas ele nunca deixa, a não ser que ele precise que eu faça seus deveres de casa.

Deixei as calças de lado e optei por uma saia quadriculada, uma camisa do Max e um moletom pesado. Não é muito bom para o sol, mas não me importo muito.

Meu cabelo voa com o vento enquanto dirijo para casa de Sebastian. Ele me mandou seu endereço quando liguei mais cedo. Não poderia pedir que fosse a minha casa. Max acharia estranho e começaríamos uma briguinha besta. Meu irmão e eu não brigamos muito, apenas quando ele quer se intrometer na minha vida.

A casa de Sebastian fica um pouco longe, é em uma área afastada da cidade. A rua é movimentada e várias crianças estão brincando e aproveitando mais um dia de sol em San Francisco. Estamos no outono, mas hoje o sol está escaldante a ponto de me fazer pensar em ter vestido outra coisa.

Paro em frente a uma casa azul. A tinta está meio desgastada, mas ainda é uma casa bonita. Uma bicicleta está jogada na grama e parece ser pequena para Sebastian. A garagem não está completamente fechada e consigo ver um carro vermelho dentro enquanto caminho até a porta. Toco a campainha e espero. Na varanda da casa tem brinquedos espalhados também...

— Quem deseja? — uma voz doce e alegre fala. Viro-me para porta e abaixo os olhos até a garotinha parada me olhando.

— Hã... — franzo as sobrancelhas para a roupa dela. Um vestido bufante rosa, uma coroa na cabeça e asas nas costas. Sem falar na varinha que ela segura na mão.

— Você é muda? — a garotinha pergunta, seus olhos descendo para minha roupa. — Você não sabe nada sobre moda, não é?

— Quê? — não acredito que uma garotinha de provavelmente 6 anos esteja me insultando.

— Suas roupas. Dã! — Ela revira os olhos azuis. — Você é muito bonita, mas essas roupas não favorecem o seu corpo.

— Ah? Então a fantasia de fada ficaria melhor em mim? — Arqueio a sobrancelha, rindo dessa pequena criatura.

— Não é uma fantasia! — Arregalo os olhos quando ela praticamente grita. — Eu realmente sou uma fada!

— Fadas não existem. — digo como se não fosse óbvio. A garotinha me olha espantada e leva as mãos ao rosto quando começa a chorar.

Droga!

— Ei! — Me agacho na frente dela, tentando achar um jeito de reparar o que fiz. — Eu quis dizer que...

Ela abaixa as mãos e me encara, seus olhos parecem o mar, as lágrimas a própria água salgada.

— ...Fadas como você não existem... Porquê... Porquê você é única... Né? — Sorrio hesitante. A garotinha parece parar para pensar e depois enxuga as lágrimas.

— Faz sentido. — Seus olhos azuis me fitam por um tempo e me pergunto se ela vê a verdade: que realmente não acredito em fadas. — Você também é uma fada?

Seus olhos brilham tanto que mordo a língua para não falar de novo que fadas não existem e fazê-la chorar, então minto:

— Sim.

— E onde estão suas asas? — Ela olha por cima do meu ombro.

— Minhas.... asas? — ergo as sobrancelhas. Ela faz que sim. — Elas... Elas foram arrancadas.

— Eu sinto muito! — sem hesitar, a menina joga os braços em torno do meu pescoço e preciso me equilibrar para não cair. — Deve ser muito difícil perder as asas.

— É... É sim... — sussurro, imediatamente lembrando-me de algo, do passado, enquanto envolvo seu corpo pequeno com meus braços.

— Vejo que já conheceu a Safira. — Levanto os olhos e vejo Sebastian nos encarando com as sobrancelhas erguidas. Carinhosamente, me desvencilho da garotinha – Safira.

— É... Ela é uma graça. — Sorrio forçado. Safira sorri contente

— É de família. — O garoto loiro dá de ombros, então percebo a semelhança: o cabelo castanho claro é o mesmo, o nariz empinado também e até o sorriso. Mas a cor dos olhos... Bom, são bem diferentes.

— Ti, ela é sua amiga? — Safira pergunta enquanto abraça a perna do irmão. Sebastian bagunça o cabelo da garotinha e sorri para mim.

— Somos melhores amigos, Sassá.


~•~

Votem e comentem
2bjs môres ♥

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top