48°

O Natal chegou, então. Aquele baile foi o último dia que iríamos para escola e depois férias de fim de ano. Eu não estou muito animada e o motivo é óbvio, mas finjo o máximo que eu posso.

Deise e Theo vieram mesmo e estão agora na sala, conversando com minha mãe e meu pai. Ele ainda podia ser seu namorado, minha mente me avisa. Se eu não tivesse entendido toda a situação de forma errada... Não. Não é hora de pensar no que teria sido se tal coisa não tivesse acontecido.

Contenho um suspiro e tento prestar atenção no que eles falam, mas tudo que eu queria era me enfiar na outra sala e pintar até amanhecer.

Descendo as escadas, Max e Collin conversam animadamente. Collin é nosso primo, sobrinho de nosso pai. Ele e a tia Jessie vieram passar o Natal aqui também. Ela está agora na cozinha, gosta de cozinhar igual minha mãe.

Max diz alguma coisa e sobe as escadas de novo, enquanto Collin segue para as portas que dão para a piscina. Resolvo seguí-lo.

— Pelo menos você tem senso — digo ao meu primo. Ele está sentado em uma espreguiçadeira. Seus olhos escuros me encaram.

— E aí, priminha. Quer? — Collin me oferece seu baseado quando sento ao seu lado.

Penso em dizer não, mas... Pego o baseado da sua mão.

— Você já fumou antes? — ele me pergunta, vendo que estou examinando demais.

— Deixei o cargo de fumante da família para você.

Ele ri e joga o corpo para trás, deitando na espreguiçadeira. Volto a encarar o baseado e sabendo que vou me arrepender disso, levo aos lábios.

Eu nunca fumei nada na minha vida, então quando sinto aquilo na minha garganta, tenho uma crise de tosse, soltando fumaça.

— Ei, vai com calma — Collin está dizendo e rindo ao mesmo tempo.

— E você só diz isso agora? — Eu o encaro franzindo as sobrancelhas. Collin pega o baseado da minha mão e fuma, soltando fumaça na minha cara.

— Agora que já teve sua tentativa frustada, tenta de novo.

Ignoro seu sorriso zombadeiro e aceito de novo. Então eu trago de novo, deixo aquilo se instalar em mim e depois libero a fumaça e observo ela desaparecer na noite.

— Você aprende rápido — Collin diz e instantâneamente eu lembro de quando eu disse para alguém que aprendia rápido.

Sorrio para ele, afastando a lembrança e dou outra tragrada no baseado.

— É melhor a gente parar por aqui ou Max vai me matar.  — Collin pega o baseado e eu reviro os olhos — Mas — ele fuma antes de prosseguir. — Vamos à uma festa amanhã, talvez você queira ir.

Antes que eu responda, minha mãe nos chama. Rezo mentalmente para não estar cheirando a maconha quando me levanto para entrar.


~•~

E ele não estava mentindo. São 23h da noite do dia 25 de dezembro e meus pais já foram dormir, assim como a tia Jessie. Max não disse nada quando eu avisei que ia com eles, então estamos em uma festa.

Não está tão cheio como de costume, mas há adolescentes bebendo e fumando pelos cantos.

— Cerveja? — Collin me pergunta. Eu não bebo, isso todo mundo sabe, mas há tantas coisas acontecendo que eu sinto que preciso relaxar.

— Por favor.

Ele vai pegar e eu fico na sala, no meio de toda essa gente dançando. Vou para um canto que não está ocupado por nenhum casal tentando se comer e me encosto na parede. Essa sou eu em festas.

Max sumiu assim que avistou Maria, mas antes fez Collin prometer cuidar de mim. Eu não estava com saco para discutir sobre isso. Eu nem mesma estou vestida para chamar  atenção. Estou de calça jeans e camisa de mangas compridas até os pulsos. Meu cabelo está solto como de costume e estou de all star. Nada demais.

— Aqui. — Collin aparece e me entrega um copo com cerveja.

Eu bebo metade do conteúdo, sentindo o gosto horrível que a cerveja tem.

— Vamos dar uma volta. — Ele pega minha mão antes que eu negue.

Há pessoas que conheço e outras não. As conhecidas acenam e eu retribuo. O bando não está aqui, o que é uma surpresa. Talvez eles ainda cheguem... Ele chegue.

Collin é dois anos mais velho e já estudou na nossa escola, então também há pessoas que ele conhece aqui, amigos que agora ele cumprimenta e me apresenta. A maioria são garotos que dão em cima de mim na maior cara de pau. Eu deveria estar aproveitando isso e pegando todo mundo, apenas para me vingar, mas não sou assim e o fato de estar em uma festa bebendo não muda isso.

Depois de muito beber cerveja, Collin e eu apostamos se um dos seus amigos, Fred, vai conseguir ficar com uma garota em cinco minutos. Ele diz que sim, mas eu discordo. Entretanto, as garotas parecem desesperadas por alguém e a primeira que ele chega perto, já lhe beija.

— Parece que alguém perdeu a aposta. — Collin está sorrindo, bêbado. Eu reviro os olhos.

— Tudo bem. Aposta é aposta. 

Como perdi, preciso beber dez shots de vodka.

Eu viro o primeiro com as pessoas contando comigo, aos gritos. Não escondo minha careta e viro o segundo. Então o terceiro, quarto... No quinto, eu já estou tonta.

— Vocês me pagam! — grito para todos os idiotas a minha volta e viro outra dose e mais uma depois.

Quando já virei todas os dez shots, meu corpo está em chamas e não daquele jeito que Sebastian costumava deixar. Sebastian. Não quero pensar nele.

Peço a ajuda de um dos garotos e ele me ajuda a subir na mesa e eu começo a dançar. Sempre quis fazer isso, mas nunca admitiria que faria se estivesse sóbria, mas estou bêbada, então aproveito.

— Vocês querem que eu tire a camisa?! — pergunto a eles, segurando na borda da camisa.

— Tira! Tira! Tira! Tira! — eles gritam em coro, mais alto que a música.

Estou prestes a tirar quando avisto alguém. Eu queria mesmo ter uma palavrinha com ela...

Desço da mesa e os garotos resmungam, mas não dou atenção, estou muito concentrada em Kendall, agora me encarando com desdém.

— Você perdeu alguma coisa aqui? — pergunto a ela quando ficamos cara a cara. Bom, eu preciso levantar um pouco o rosto, mas é irrelevante no momento.

— Eu não, mas você com certeza perdeu a vergonha na cara. — Ela ri e eu também, mas por outro motivo.

— Você não pode perder isso já que nunca teve, não é mesmo? — umas garotas perto de nós, riem. O sorriso de Kendall some.

— Está irritandinha por que perdeu o Sebastian?

— Não posso perder o que nunca tive, não é?

— É verdade. — Sorrindo, ela se vira para ir embora, mas eu não vou deixar. Não sem causar nenhum dano.

— Ah, Kendall, você esqueceu isso.

Quando ela se vira, eu jogo a cerveja que peguei da mão de uma garota.

— Achei que você precisava de um pouco de vergonha na cara... Mas, ah, isso é cerveja! — eu finjo choque e depois dou risada.

— Sua doida! — ela grita, olhando para o seu vestido molhado.

— Sabe, uma vez você disse que ia acabar comigo... Estou esperando por isso até hoje. — eu a provoco e talvez seja a bebida, mas... Eu vou gostar disso.

— Eu vou te matar! — Kendall vem para cima de mim.

Então é apenas mãos e unhas e gritos. Eu passo a perna pela sua, fazendo-a cair e ela me leva junto, mas para o seu azar, era esse meu plano.

Um tapa tão forte que faz minha não doer.

Lhe dou outra tapa e ela grita, virando nós duas no chão, suas mãos indo para meu pescoço em um ato rápido.

— Acha que pode contra mim? — Kendall ri e mesmo eu ficando sem ar, eu também dou risada.

— Eu tenho certeza. — me impulsiono para cima, batendo minha testa em seu nariz. Já vi Max fazer isso uma vez e dá certo. Kendall sai de cima de mim, aos pratos e com o nariz sangrando. Minha cabeça dói, mas eu ainda não acabei e nem ela pelo visto.

— Sua filha da puta! Você tá muito ferrada agora. — Kendall também fica de pé e volta a me atacar, mas eu sabia que ela ia usar a mesma estratégia e quando ela parte para cima, eu dou um soco em seu estômago.

Ela cai de joelhos, arfando.

— Desculpe, pode repetir o que você disse? — me agacho quando ela cai completamente no chão. — Parece que a cachorra não tá conseguindo latir.

Antes que ela possa recuperar o ar, eu seguro seu cabelo e saio lhe arrastando pela casa. Ela é pesada, mas quando vê que estou mesmo puxando seu cabelo, o segura para doer menos, enquanto grita.

— Pare com isso, sua louca!

As pessoas também gritam. Não, elas comemoram. Tão alto que nem ouço a música.

Todos abrem cominho enquanto puxo Kendall pelos cabelos, com ela esperneando igual uma criança e pedindo ajuda.

— Por favor, pare!

— Parar? Você parou de infernizar a minha vida? Me perseguindo no banheiro, na biblioteca, na minha casa... Por que eu tenho que parar?

Quando chegamos do lado de fora, ela já desistiu e está andando agachada e chorando. Quando chegamos na piscina, eu sorrio e a empurro.

— PIRANHAS NÃO PODEM FICAR MUITO TEMPO FORA DA ÁGUA!

Observo ela beber boa quantidade de água da piscina, até subir na superfície, então digo:

— Se você não cumpre suas ameaças, Kendall, então não as faça.

Lhe dou as costas, apenas para encontrar Sebastian.


~•~
OUVIMOS UM AMÉM???

Quem tava ansiosa por isso, respira!

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2bjs môres ♥

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