34°

ODEIO vomitar. Ninguém gosta, claro, mas eu realmente odeio. Não consigo respirar depois de colocar tudo o que tinha no meu estômago para fora e meus ossos ficam trêmulos.

— Eca! — tinha esquecido de Kendall. Deveria ter vomitado nela. Seria divertido vê-la surtar porque estraguei seu vestido de trezentos dólares.

Para minha surpresa, Kendall me entrega papel higiênico e acho que é mais porque eu fiz isso por ela outro dia, do que por bondade.

— Ah, Meu Deus! — Kendall grita. Qual o problema dessa garota? Estou tão trêmula que ainda estou de joelhos. — O que você e o Sebastian andaram aprontando, hein? Sua safada!

— Quê? — Minha voz não é mais que um sussurro, enquanto franzo as sobrancelhas.

— Bom, sei que ele é bom no que faz, mas... Podiam usar camisinha, ao menos!

Como assim ela sabe?

— Você está louca. — Ela está. É claro que está. Nós usamos camisinha. Não que isso seja da conta dela, mas...

— E você está grávida. — consigo ouvir o sorriso diabólico na sua voz.

Eu não estou grávida. Não tem como. Nós usamos camisinha. E mesmo se não tivesse, sintomas de gravidez não aparecem um dia depois do ato. Ela está equivocada. Porque se estiver certa...

Eu vomito de novo.

~•~

Os dias passaram e os vômitos não cessaram ou as dores de cabeça, náuseas e tonturas. Não contei para ninguém, também. Se Kendall estiver certa... Não quero pensar se ela estiver, na verdade foi muito difícil pensar essa semana. Tudo pareceu... confuso. Eu estava mais uma vez desconcentrada, mas não tinha nada haver com Sebastian, Kendall, Theodore ou Maximilian.

Viro para o lado, rolando na cama e algo me aperta. Abro os olhos, encarando um quarto que não é o meu. Encaro o braço em volta da minha cintura e franzo as sobrancelhas, olhando por cima do ombro. Sebastian está dormindo agarrado a mim.

Espere... O quê?

Sento-me na cama, levando a mão à cabeça por causa da dor latejante. Droga de remédio que não funciona. Encaro minhas roupas. Na verdade, essa camisa duas vezes o meu tamanho não é minha, apenas as meias em meus pés.

— Que horas são? — Sebastian parece acordar e eu o encaro.

— O que a gente tá fazendo aqui? — pergunto, tentando não encarar seu corpo. Ele está apenas de cueca.

— Eu deveria me sentir ofendido por você não lembrar o que nós fizemos aqui? — Sebastian ri, mas para ao ver minha expressão. — Está falando sério?

Olho ao redor do quarto e paro nas minhas roupas jogadas no chão. Uma luz acende em minha mente e eu lembro de nós entrarmos ao tropeços dentro do quarto, nos beijando e tirando a roupa. Depois nós fizemos amor e eu peguei no sono.

— Claro que não. — Forço um sorriso, não contando a ele que por um breve momento eu tinha mesmo me esquecido disso.

— Você anda muito engraçadinha, sabia? — Sebastian agarra minha cintura, me fazendo deitar e me enche de beijos.

Apesar de meus pais saberem da nossa aproximação, não contamos ao resto do bando e meu irmão também não. Sebastian não parece se incomodar, então estamos bem assim, do nosso jeito. Eu vindo na casa dele ou nos encontrando por acaso na biblioteca.

— Adoro quando você sorri — diz ele e meu sorriso fica maior. — Espere um segundo.

Sebastian levanta, indo até a escrivaninha, pegando a câmera. Não a instantânea, mas uma profissional que ele contou ter demorado o verão passado todo juntando dinheiro para comprar.

— Não... Eu tenho vergonha. — Cubro o rosto, impedindo-o de tirar uma foto minha.

— Não precisa ter vergonha de mim. — isso é verdade. E eu não tenho. Abaixo as mãos.

Sebastian se põe em cima de mim, seus joelhos em cada lado do meu corpo e posiciona câmera na frente do rosto.

— Sorria, Medellín.

Então eu sorrio para ele — para câmera. O único sinal que ele tirou a foto é quando abaixa a máquina fotográfica, encarando a tela.

— Ficou boa? — Estico a borda da sua cueca e ele aperta os joelhos em torno de mim.

— É claro. Eu tirei a foto.

— Mas eu sou a modelo! — Dou um beliscão na sua coxa e ele me aperta mais.

— Tudo bem, modelo, por que não faz outra pose?

— É difícil quando você está montado em cima de mim! — digo rindo, mas ele sai e eu me apoio nos cotovelos, bem quando ele tira outra foto. — Isso não tinha sido uma pose.

Sebastian apenas ri, indicando que eu me mexa.

— O que eu deveria fazer? Não é sempre que eu sou fotografada, você sabe.

— Apenas sorria, amor, e está tudo certo.

— Espere um pouco... Sebastian Blackwood acabou de usar um termo carinhoso ao se referir a mim? — pergunto, fingindo uma surpresa exagerada. Não fingindo completamente, porquê eu realmente estou surpresa.

— Medellín também é um apelido carinhoso — ele diz, seu rosto corando. É muito fácil fazê-lo corar, percebi nesses dias.

— É claro, Bibble. — Sorrio e Sebastian revira os olhos, mas rapidamente tira uma foto.

Fico de joelhos na cama e faço uma cara que acredito ser sedutora.

— Não faça essa cara ou essa sessão de fotos acaba agora e nós vamos fazer coisas muito mais interessante.

Apesar do calor que sinto entre minhas pernas, eu apenas dou risada e Sebastian aproveita o momento para mais uma foto. Seguro meus cabelos, deixando os cachos caírem e faço careta. Depois mando um beijo fantasma para ele e a câmera e por aí nós seguimos, entre risos e fotos.

Depois de um bom tempo disso, eu fico de pé ou tento. Sebastian me segura quando eu me desequilibro, levando a mão à cabeça.

— Tudo bem? — Seu rosto estampa preocupação.

— Sim... Só levantei rápido demais. — Não contei nem mesmo para ele sobre os vômitos constantes ou o que Kendall disse. Bom, ela disse duas coisas: as suspeitas ridículas dela e a outra coisa. Aquela frase "Bom, sei que ele é bom no que faz...". Eu não quero saber o que isso significa. Talvez ela só tenha ouvido os boatos como eu, sobre como ele é... produtivo.

O celular de Sebastian toca e ele vai atender. Eu me sento na cama, esfregando as têmporas.

— O quê — nada daquele garoto gentil quando atende — Estou ocupado. — Um sorriso malicioso quando ele olha para mim. — Hum... Talvez eu apareça... Tchau.

Ele desliga, senta-se ao meu lado na cama.

— Era Turner chamando para ir à praia. Parece que todo mundo está lá. Quer ir?

Todo mundo. O que significa que Max está lá. O que significa Kendall também. Não sei se minha tarde de sábado vale o estresse.

— Se aparecermos juntos... eles vão saber — digo e isso não me amedronta. Em outra semana eu teria ficado apavorada se alguém suspeitasse, mas Theodore sabe, meus pais sabem, Max sabe. Ele nunca deixou claro, além daquela suposição, mas desconfiava desde aquele dia que encontrou Sebastian no meu quarto.

— Eles já sabem... — Sebastian diz, hesitante, como se eu fosse surtar. — Ethan viu uma foto nossa, juntos... Ele quis saber quando foi, já que você e eu nunca tiramos fotos um com o outro... Quando eu não consegui responder... Ele entendeu.

— Vocês brigaram? — Se sim... Ethan gostar de mim já ruim por dezenas de motivos e daí eles brigarem por isso...

— Não, mas as coisas estão... estranhas... — por minha causa, ele não precisa acrescentar.

— Desculpe por causar isso. — É só o que posso oferecer a ele: desculpas.

— Não tem porque se desculpar, assim como eu não posso pedir desculpas por gostar de você. — Gostar, não amar. Não sei por quê meu peito afunda com isso.

— Não queria magoar o Ethan. — Apoio a cabeça em seu ombro. Mais uma pessoa para minha lista. Sou um ser humano horrível.

— Pode conversar com ele... Talvez ele entenda.

Mas o que eu poderia dizer? Como explicar isso que tenho com Sebastian? Essa "amizade colorida". Nós dois sabemos que é mais que isso, mas o meu medo impede que essa relação se concretize. Sei que Sebastian quer, ele pode não reclamar que nos encontramos às escondidas, mas eu sei que ele mudaria isso. Assumiria um relacionamento. Mas tenho medo que, se assumirmos algo sério, as coisas mudem. Foram as expectativas e cobranças que arruinaram meu relacionamento com Theo. Errado. Meu relacionamento com Theo foi arruinado por mim, por não merecer seu amor.

— Para onde você foi? — Sebastian sussurra, apertando minha coxa. Passo as penas por cima de seu colo.

— Tenho medo de magoar você também — sussurro, passando a mão por seu rosto.

— Você não vai. E se fizer, tudo bem... Significa que gosto de você o suficiente para me deixar ser magoado. — Ele beija minha mão.

No fundo, desejo que ele não goste tanto de mim assim, desse jeito eu não vou magoá-lo.

~•~

Estamos no final de outubro e o sol ainda persiste. Eu não gosto muito de praia, na  verdade eu não gosto de usar biquíni e como estava na casa de Sebastian e obviamente não tinha um, estou usando apenas o short folgado e uma blusinha amarela que escolhi hoje mais cedo.

São quase 17:00h mas o grupo animado na areia não liga muito pra isso. Há uma rede cortando a areia e os garotos estão jogando vôlei com algumas garotas.

— Olha quem resolveu dar as caras... O casal do ano! — Kendall cantarola quando passamos e eu me controlo para não mostrar o dedo do meio para ela.

— Não liga pra ela — Sebastian sussurra em meu ouvido, enquanto passamos por Kendall e seu belo corpo deitada na canga cobrindo a areia.

Mais para frente, Déborah nos encontra.

— Cadê seu biquíni? — Ela mesma está vestida com um cor de rosa que eu vi assim que pus os pés na areia. Seu cabelo castanho está solto e molhado.

— Não gosto muito de biquínis. — dou de ombros. Ao meu lado, Sebastian tira a camisa. Déborah nem mesmo disfarça o olhar. Eu sorrio, sabendo exatamente os pensamentos impuros que passam por sua mente. Esse é o efeito Sebastian Blackwood.

— Vai entrar na água? — o garoto pergunta, despreocupado, sem notar o olhar descarado da minha amiga.

— Não. — Franzo as sobrancelhas para a água e depois ergo os braços para pegar sua camisa, sua carteira e celular. Ele não tira o short. — Você é tímido?

— Eu sou? — Sebastian sorri de forma maliciosa e vai correndo para água. Estou corando quando olho para Déborah.

— Ai meu Deus! Ele é um gostoso! — minha amiga diz, parecendo impressionada. Arqueio a sobrancelha. — Não me olhe assim. Você sabe que é verdade. E se chegaram juntos... Como ele é na cama?

— Déborah! — digo incrédula. Preciso desviar o rosto quando coro, pois a resposta para sua pergunta é que ele é muito bom.

— O quê? Amigas falam sobre isso. E nós somos amigas.

— Estamos em uma praia cheia de gente!

— Está bem... — ela Suspira. — Passo na sua casa mais tarde e você me conta tudo.

— Você é impossível! — Balanço a cabeça, mas dou risada.

Déborah e eu nos sentamos em uma canga bem longe de Kendall, observando os meninos jogarem. O bando todo está aqui e Wesley acenou para mim, seguido por Turner. Sebastian volta da água e se junta a eles no jogo, no time de Max e eu fico tensa.

— Posso te perguntar uma coisa? — Déborah está perguntando. Aceno em confirmação, sem querer tirar os olhos do jogo. — Carson é uma pessoa legal?

— Ele é uma pessoa incrível, apesar das idiotices diárias. Por quê? Está interessada? — Olho de esguelha para ela, vendo seu rosto corar.

— Não... Bom, sim... Ah, você entendeu. — Déborah está com vergonha!

— Não entendi não. — Tento não rir do seu desespero.

— Ele fica me provocando sempre que pode. Isso é irritante, mas... Eu gosto do jeito dele e ele... Ah, vai, ele é um idiota de gostoso!

Eu começo a rir do seu jeito atrapalhado. Sim, Déborah está mesmo apaixonadinha pelo meu amigo. Isso é fofo.

— Vocês já se beijaram? — pergunto ansiosa.  Mal posso ver Carson rastejando por alguém.

— Hum...? Hã... Bom... Mais ou menos...

— Como a gente beija alguém "mais ou menos"? — Franzo a testa.

— Beijando! — Déborah fica de pé. — Essa conversa me deu calor. Já volto.

Fico dando risada dela, observado-a ir para água e não é só eu que está fazendo isso. Carson para o jogo, olhando diretamente para minha amiga e sorri como um bobo. Ah que lindos!

— Quem vem a praia sem biquíni? — Ethan senta no lugar de Déborah e eu nem tinha percebido que ele tinha se aproximando.

— Eu. — Encolho ombros. Seus olhos vão para o meu colo, onde estão as coisas de Sebastian.

— Então é verdade mesmo? — ele pergunta baixinho. Então vamos ter essa conversa, onde eu explico que estou com o melhor amigo dele?

— Ethan...

— Estou feliz por vocês... Sebastian sempre foi apaixonado por você, você sabe. — Ele sorri, mas eu franzo as sobrancelhas. Sempre? Ou melhor, ele é apaixonado por mim?

— É mesmo? — Tenho quase certeza que Ethan está equivocado.

— As implicâncias com você, eram porque ele gostava de você. Gosta ainda, pelo que vejo. — Meu amigo engole em seco e força um sorriso.

— Eu... Eu sinto muito. — Ele sabe do que eu estou falando. Ethan anue, talvez incapaz de falar mais alguma coisa.

Ficamos em silêncio, observando o jogo, a praia e o mar. Pelo menos ele não parece me odiar ou ao Sebastian. Pelo menos isso.

Fico de pé, indo procurar alguma coisa para beber, mas paro perto do saco que eles usam como lixo quando uma náusea muito forte me atinge e me ajoelho, vomitando.

Imediatamente, mãos fortes estão em minhas costas e segurando meu cabelo.

— O que aconteceu? — Ouço Max a poucos passos de distância.

— Não sei, ela simplesmente se ajoelhou aqui e vomitou — Ethan diz, ainda segurando meu cabelo.

Eu vomito mais ainda.

— Vão se acostumando. Vocês sabem, grávidas tem dessas coisas. — Kendall. A desgraçada não perde tempo. Limpo minha boca e olho para ela com raiva.

— Do que ela está falando? — Max pergunta, de olhos arregalados. Ao lado dele, Sebastian não parece respirar.

— Nada...

— Não contou a eles? Opa. — Kendall leva a mão a boca e faz a cara de espanto mais falsa que eu já vi.

Ainda ajoelhada, observo Max encarar Sebastian. Nunca vi meu irmão tão bravo como agora. Nem mesmo quando discutimos aquele dia.

— Engravidou a minha irmã? — ele pergunta, sua fúria se elevando.

— MAX! — grito, mas já é tarde demais quando meu irmão avança para cima de Sebastian que nem reage ao golpe.

Fico de pé, mas cambaleio, tendo Ethan para me segurar quando tudo escurece por um segundo.

— Faça-os parar! — peço a Ethan, me afastando dele quando na verdade não tenho certeza se posso ficar em pé sozinha.

A poucos passos de nós, a areia se espalha para os lados enquanto os dois se golpeiam. Sebastian, que Deus o ajude, mal consegue desviar do punho de Max. Ele está atordoado demais com o que Kendall disse, para se concentrar na briga.

— Vá! — empurro Ethan, quando os outros também vão tentar afastá-los.

Ethan mal dá dois passos e minha visão escurece de novo. Mas agora não tem Ethan para me segurar e meus olhos não abrem de novo quando atinjo a areia.

~•~

Oi, môres, como vocês estão depois desse capítulo?

Alguma teoria?

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2bjs môres ♥

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