— ADEUS, escola! — Beverly praticamente grita. É nosso último dia de aula e em poucos dias será a formatura.

Estou mais que feliz que finalmente acabou. Sem mais deveres, trabalhos... Bom, tem a faculdade, mas isso é uma outra preocupação futura.

— Karaokê hoje a noite? — minha amiga pergunta, enquanto esvaziamos nossos armários.

— Hoje? — tiro embalagens de doces que eu nem lembrava de estar aqui. Pelo canto do olho vejo Beverly me encarando como se não fosse óbvio.

— Claro, é nosso último dia! Precisamos comemorar!

Eu planejava outro tipo de comemoração. Envolvendo um corpo musculoso, um rosto bonito, mãos grandes tocando-me, olhos verdes brilhantes...

— Elle, por favooooor! — Beverly começa a me adular. Com um suspiro, eu sorrio.

— Estarei lá. — garanto a ela. Minha outra comemoração pode vir depois.

Tenho que aproveitar esses últimos dias com minha amiga. Vamos estudar perto, mas não vamos nos ver sempre, como agora. E Damon e eu estaremos sempre juntos daqui para frente, é injusto que eu não a priorize. Além do mais, Beverly vai para Hamptons, passar as férias de verão.

Como se ele soubesse, Damon aparece no fim do corredor. Ele pisca o olho para mim e sorri. Retribuo discretamente.

— Que horas? — Beverly pergunta. Eu pisco, voltando a realidade.

— Às nove.

Tive bastante sorte de Oscar não querer sair comigo hoje e Jason não estar em casa para jantar, dando-me a oportunidade de sair pela passagem secreta, encontrando Beverly. Antes disso, estava arrumando minhas coisas. Minhas malas, para ser mais específica. Não vou levar todos os meus saltos ou vestidos extravagantes... Apenas o necessário para uma nova vida.

Ajeito a jaqueta no corpo — jaqueta que Damon me deu. Meu cabelo está solto, provavelmente cobrindo a rosa atrás. Uso uma camisa vermelha e calça jeans rasgada nos joelhos. Minhas botas completando.

— Vou pegar bebidas! — Beverly grita para mim. O bar está lotado e se conseguimos respirar aqui é um alívio. Como ela tem identidade falsa, só ela pode pegar bebidas. Eles não pedem identidade ao entrar, o que é bom.

Observo minha amiga se afastar, seu cabelo cacheado formando uma cascata escura atrás dela. Depois de ver que ela chegou ao balcão, desvio os olhos para as pessoas passando de um lado para o outro. Logo mais a frente um pequeno palco está montado, mas sem ninguém ainda. Apenas o DJ ao lado que está atendendo o pedido das pessoas para escolher uma música.

— Você viu aquele barman? Ele é um gatinho! — viro-me para Beverly, segurando duas canecas de cerveja. Pego uma e com olhos semicerrados, olho para o barman. Alto, ombros largos, pele clara, cabelo baixo e talvez olhos azuis.

— Ele me lembra Brad. — digo sem pensar. Beverly engasga com cerveja e faz cara feia.

— Agora não posso mais planejar meu casamento com ele porque você acabou de fazer parecer que vou me casar com Brad. Obrigada, Elle. — minha amiga revira os olhos. Dou risada.

— Tem vários caras por aí, só para saber. — tomo um bom gole da cerveja.

— O cara que eu quero está em outro continente. — ela murmura e dessa vez eu quem engasgo.

— Você e Kenan... Vocês ainda estão... O que rola mesmo entre vocês? — arqueio a sobrancelha. Kenan não falou sobre nada disso quando conversamos.

— Bom... Não rola nada... É só... — Beverly encolhe os ombros e suspira — Ele está em outro continente. — ela não diz mais nada por um tempo e como essa noite não é para lamúrias, eu deixo esse assunto para outro dia.

— Vamos dançar! — digo ao terminarmos a cerveja.

Ela concorda e nós nos misturamos com as outras pessoas na pista de dança.

Fazia um tempo desde que fui a algum lugar assim. Tirando a festa de despedida de Kenan, todas as outras vezes que saí foram escondidas e sempre com meu melhor amigo.

Beverly e eu dançamos a noite toda. Não bebemos muito, apenas o suficiente para deixar minha amiga meio doida e subir no pequeno palco para cantar uma música para mim. As palavras saíram um pouco arrastadas e talvez ela tenha desafinado em mais de um refrão, mas o sorriso em seu rosto e a alegria em sua voz por cima da embriaguez compensou todo o resto.

Eu nunca tive uma amiga de verdade antes, então essa noite foi uma das melhores e por isso também cantei uma música para ela. Minha felicidade por ter Beverly como amiga superou a minha timidez.

No dia seguinte estou estourando de dor de cabeça, mas feliz pela noite animada que tivemos. Cheguei às três da manhã e quase não consegui passar pela passagem secreta sem desmaiar de cansaço.

— Bom dia. — Jason diz para mim quando desço para o almoço. Geralmente eu almoço sozinha, mas Magda não levou meu almoço. Também estou surpresa por Jason estar em casa.

— Bom dia. — murmuro. Felizmente não vomitei mais que uma vez e estou tão faminta que pulei o café da manhã porque estava dormindo.

— Dormiu bem? — consigo sentir seus olhos em mim enquanto empilho a comida em meu prato. Balanço a cabeça, recusando-me a dirigir mais palavras a ele. — Onde você dormiu?

Meu coração para e meu braço que estava a caminho da salada também. Pisco algumas vezes e retomo meu movimento.

— Em minha cama. Onde mais? — não estou mentindo. Eu realmente dormi na minha cama, certo?

Jason suspira e eu o ignoro enquanto sirvo suco que parece ser de laranja para mim.

— Olhe isso e vou fingir que não está mentindo para mim. — ele joga o que parece ser fotografias em cima da mesa. O líquido laranja derrama pela mesa quando percebo que essas fotos são todas de mim e... E Beverly em um bar... Ontem...

Deixo a jarra de lado e ergo o rosto.

— Mandou me seguirem?! — não escondo meu horror. E como? Depois de tantos anos, como ele...

— Sou seu pai, tenho todo direito...

— Ah, não me venha com essa! — levanto tão bruscamente que a cadeira vai parar no chão.

Subo as escadas depressa, com medo que ele me alcance, mas quando chego no topo percebo que ele nem sequer se moveu. Estranho. Pelo seu tom afiado, achei que me trancafiaria em casa ou gritaria comigo, mas está lá sentado, nem mesmo perguntou como consegui sair ou se foi a primeira vez...

Engulo minha desconfiança e tento convencer a mim mesma de que talvez ele esteja se tocando do quanto tudo isso faz mais mal do que bem para mim.

As mãos do diretor estão geladas quando ele me entrega meu diploma. Dou uma olhada rápida para multidão vestida de azul e aceno para Beverly e Damon sentados em fileiras diferentes, mas que consigo reconhecer bem.

Aperto a mão de mais dois professores e contribuintes com a escola, depois desço do palco, voltando para o meu lugar.

Esse foi o passo final para uma nova vida. Agora eu poderei seguir em frente, mesmo depois da dor da traição do meu pai e a morte da minha mãe, ainda tenho esperança, e olhando para trás, para minha melhor amiga e meu namorado, sei que não estarei sozinha. E mesmo se estiver, aprendi a amar minha própria companhia. Tenho eles, sim, mas antes... Antes tenho a mim mesma.

Robert estava lá. Ele assistiu quando subi para pegar o diploma e me aplaudiu. Jason... Ele não foi, não esperava que fosse, mas... Afastei essa angústia. Minha formação não importava para ele.

Meu tio também me levou de volta para casa quando tudo acabou. Terá um baile mais tarde, então vou aproveitar as próximas horas para me arrumar. Talvez Beverly passe aqui para irmos juntas, já que Damon não pode vir me buscar como queria que fosse... Será também para comemorar meu aniversário. Não estava brincando quando disse que não queria festa, então vou aproveitar a da escola.

Já livre da beca, subi para o meu quarto e meu coração parou quando notei a porta aberta. Não aberta, mas escancarada. Eu poderia dizer que esqueci de fechar se não fosse por isso.

Com o rugido dos meus batimentos cardíacos ecoando em meus ouvidos, entro no meu quarto. As malas que havia feito estão onde deixei, mas o que não deixei aqui foi o homem parado no meio do cômodo, agora olhando para mim.

— Achou mesmo que eu a deixaria fugir de mim? — Jason pergunta. Engulo em seco, pensando no que dizer. Alguma desculpa. Talvez ele me trancasse no quarto e eu fugisse pela... — Achou também que eu não descobriria aquela passagem?

Tento me acalmar conforme processo a informação. Se ele descobriu, qualquer chance que eu tinha de fugir... De sair dessa prisão...

— Está fazendo 18 anos hoje. Pela lei, você já pode se casar — mal ouço suas palavras, mal consigo respirar. — Você se tornou uma decepção para mim, Elle.

Antigamente essas palavras poderiam me magoar, mas agora eu não me importo.

— Você e Oscar se casam em dois dias.

OLHA QUEM VOLTOU!!!
KSKSKKSKSKS
Espero que estejam todos bem e me perdoem pela demora de postar capítulo.
Aqui vai: já terminei o livro, estou apenas revisando os capítulos.
Ainda essa semana irá sair (talvez amanhã mesmo) e peço que se preparem, pois eu escrevi o epílogo com quase 10k de palavras!
Também queria dizer mais uma coisa: obrigada pelos 9k de leituras! Na verdade está quase alcançando 10k. Obrigada de coração ♥️

Capítulos finais em breve

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2bjs, môres♥