— ESTÁ me espionando?

Uma luz se acende sob nossas cabeças e dou uma passo para trás para perceber o quão próximos estamos. Minhas costas batem na porta fechada.

Damon ergue a sobrancelha e cruza os braços, esperando a resposta e eu também. Por que sempre fico sem palavras ao falar com ele?

— Hã... Bom... Eu... — olho para o espaço apertado em que estamos. Meu banheiro é três vezes maior que isso. Damon é mais alto que eu e está quase batendo na lâmpada, pois o teto é baixo.

— O gato comeu sua língua, baby? — um sorriso felino se forma em seus lábios e ele dá um passo para frente.

Ele está tentando intimidar você, minha mente me avisa. Não vou dar esse gostinho a ele. Ajeito os ombros e ergo o queixo. Seus olhos descem para os meus seios e seguro seu rosto, fazendo-o olhar em meus olhos, com as sobrancelhas erguidas.

— Não se atreva a olhar para mim desse jeito. — sua pele está quente na minha e fico tentada a cravar minhas unhas em seu rosto bonito por ontem e por agora. Mas ele é mais rápido e em um piscar de olhos seus dentes estão em meu dedo. — Ai!

Recuo rapidamente encarando a marca de seus dentes em meu dedo. Olho furiosa para ele e ergo a mão para lhe dar um tapa bem merecido na cara, mas ele é mais rápido de novo e segura meu pulso.

— Você não vai querer fazer isso — seu aperto não é forte, mas me deixa frustrada e ergo a outra mão e ele segura também, pressionando minhas mãos na parede. Estou imobilizada. — Atrevida. Gostei de você.

— Seu cretino desprezível! — digo entre dentes. Ele ri, seu hálito de hortelã contra meu rosto.

— Você me seguiu até aqui só para me insultar? Devo ficar lisonjeado ou me sentir ofendido? — seus olhos brilham com a diversão e fico mais irritada. Faço força para me soltar e ele faz um estalo com a língua. — Por que você não responde nenhuma das minhas perguntas, baby?

— Vá. Para. O. Inferno. — minha respiração se mistura com a dele e noto que estou respirando com dificuldade. Ele está próximo demais, perto demais.

— Você é uma graça, sabia? Diga-me: qual o seu nome? — Damon finalmente me solta e não perco tempo. Lhe empurro, fazendo-o cambalear para trás.

— Idiota! — saio da sala de limpeza batendo a porta. Que se dane se souberem que ele arrombou a porta.

Eu o ouço assim que viro o corredor. Deve estar a dez passos de mim, seus sapatos fazendo tanto barulho quanto meus saltos. Não queria que me vissem com ele e vai ser impossível não assimilar que estávamos juntos.

Chego a nossa sala com ele parando atrás de mim, a dois passos de distância. A professora para a explicação ao ver quem está atrás de mim. Ela franze as sobrancelhas.

— Estavam juntos? — pergunta. Toda a classe está olhando para nós.

— Não. — respondo por nós dois e espero que ele fique de boca fechada. Sinto Damon sorrir atrás de mim, antes de seguir para sua mesa. Fico parada e pela primeira vez sinto-me envergonhada de ter tantas pessoas prestando atenção em mim.

Passo por Brad que ignora meu olhar. Finalmente vou para minha mesa. Beverly está me olhando com expectativa, mas não conto nada a ela. Não conto que Damon é um babaca. Não conto como senti meu coração acelerado quando ele me prendeu. E não conto que ainda consigo sentir sua respiração em meu rosto.

Estamos todos sentados na grama na hora do intervalo. Brad está discutindo alguma coisa com Jimmy sobre basquete. Miller está lendo. Beverly está deitada de bruços desenhando, enquanto Bonnie tenta chamar a atenção de Brad, falando coisas estúpidas.

Olhando para os meus amigos, até mesmo a Bonnie, sinto-me grata por ser popular. Com certeza eu não os teria como amigos se andasse por aí lendo livros de fantasia ou usando calça moletom. Talvez o preço de ser popular seja deixar de ser você mesma para ser alguém que os outros aceitem.

Brad olha para mim e eu sorrio. Ele não retribui.

— O quê? — pergunto finalmente. Nossos amigos olham para nós.

— Nada. — ele levanta e sai andando. Beverly e eu nos entreolhamos.

— O que deu nele? — pergunto para ninguém em especial enquanto observo Brad entrar. Bonnie dá um risinho e me viro para ela.

— Vai ver ele se cansou de você. — ela tirou aquele batom horroroso e agora está usando um gloss vermelho. Melhor, mas patético se ela fez isso só para parecer comigo.

— Como ele se cansou de você? — pergunto docemente. Jimmy ri e Beverly me dá um sorriso de aprovação. Ela também não gosta da Bonnie. Não sei por que ainda a mantemos no nosso grupo.

— Estávamos juntos ontem, sabia? — Bonnie põe o longo cabelo castanho escuro por cima do ombro e sorri. Sua pele bronzeada brilha por causa do iluminador e odeio o fato dela ser tão bonita.

— Ele foi atrás de você depois que eu o dispensei. Tão típico do Brad — pego minha bolsa e levanto, olhando para baixo — para ela. — As coisas sempre serão assim, Bonnie: eu no topo e você embaixo, então não adianta pegar os meus restos achando que vai conseguir subir.

Dou as costas para ela e meus amigos. Ouço a risada de Beverly e Jimmy, acompanhado por um grupinho que está próximo. Aposto que Bonnie deve estar vermelha de raiva e me odiando ainda mais.

É sempre assim: ela tenta usar Brad para me atingir, mas nunca dá certo. Não sei quando começamos a nos odiar, não lembro de um único dia em que tivemos uma conversa decente sem ofendermos uma à outra.

Chego a nossa sala e encontro Brad sentado em sua mesa, mexendo no tablet que usamos para as aulas. Ele nem sequer ergue os olhos para mim, mas paro ao seu lado mesmo assim.

— O que foi que eu fiz? — pergunto a ele. Brad respira fundo e fica de pé. Penso que ele vai falar comigo ou me beijar, mas ele tenta passar por mim. Ponho a mão em seu peito e o empurro de leve — Brad, por favor... — falo baixinho. Ele finalmente olha para mim.

— Mentiu hoje. O que você e aquele Damon estavam fazendo? — Brad está com um olhar sinistro agora. Me obrigo a engolir em seco e balanço a cabeça.

— Nós nos esbarramos no corredor, só isso — minto. Ele me olha por um bom tempo e sei que não está acreditando, então acrescento um pouco de verdade. — Acha que estávamos juntos? Brad, ele me atropelou!

— Claro, desculpe. — ele passa a mão pelo cabelo e assente. Quando ergue o olhar, não é para mim. Estou prestes a olhar quem está na porta quando sinto um puxão no meu braço e depois os lábios de Brad no meu. Sua outra mão segura meu rosto, me impedindo de recuar, então abro a boca para ele. Sua boca é agressiva contra minha e seu aperto em meu braço fica mais forte, tento recuar, mas ele me puxa para mais perto.

Com minha mão ainda em seu peito, eu o empurro e ele volta a me apertar. Sinto meus olhos ficarem marejados quando ele finalmente se afasta. Abro os olhos sentindo a lágrima escorrer por minha bochecha e vejo que ele não se afastou, foi afastado.

Damon está entre mim e Brad.

— Qual a porra do seu problema? — Brad grita, dou um passo para trás, assustada.

— Meu problema? Você estava beijando-a à força! — Damon grita no mesmo tom. Brad ri, como se tivessem contado uma piada. Me encolho ainda mais.

— Claro que não! Ela estava gostando, não estava, Elle? — os dois viram para mim. Os olhos de Damon vão direto para o meu braço. Está com a marca dos dedos de Brad.

— Eu vou ao banheiro. — enxugo a lágrima em meu rosto e dou as costas para os dois, andando o mais rápido que consigo.


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2bjs, môres ♥

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