23°

— NÃO. — é a única palavra de Damon depois que conto a ele meu plano de ir para Malibu. Ele está negando com a cabeça enquanto anda de um lado para o outro.

— Sim. Você vai nos levar. São só cinco horas. Nós vamos e voltamos no mesmo dia. Simples. — sorrio de forma encorajadora.

— Seu pai vai nos matar. Então meu pai vai matar o seu e depois ele vai para cadeia onde vai morrer. — Damon repete minhas palavras de ontem. Solto um gritinho de frustração.

Eu sempre tive tudo o que quis. Mesmo com a superproteção do meu pai. Então ouvir Damon dizer não para mim é mais irritante do que ouvir meu próprio pai dizer.

Ele pelo menos tem o direto. Mas Damon? Ele não pode olhar para mim e simplesmente dizer não.

— Você é um covarde! — disparo de repente. Ele para e olha para mim. Não consigo ler seu rosto e também não me importa. Estou com raiva dele agora.

— Certo... Vamos pensar com calma. — Beverly parece preocupada e eu já tinha esquecido que ela estava aqui.

— Eu já pensei. Vamos para sua casa. Vou dizer ao meu pai que vou passar o fim de semana lá, então no primeiro raio de sol, nós vamos para Malibu. Voltamos antes do sol se pôr — olho para Damon. — Mas não posso fazer nada disso sem você.

— Na verdade — Beverly franze as sobrancelhas — Nós podemos muito bem fazer isso sem ele. Eu não sei dirigir, mas você sim, então... Ele não tem uma utilidade — ela olha para Damon. — Sem ressentimentos.

Cruzo os braços e desvio do olhar dos dois. É claro que não preciso dele. Não preciso que ele dirija um carro nem nada assim... Eu só queria ele comigo. Queria seu apoio... Mas ele não parece se importar muito com isso.

— Desde quando você tem medo do meu pai? — encaro Damon com os olhos semicerrados. Ele desvia — Damon. — fico de pé e me aproximo dele.

Ele não quer me encarar e eu não entendo.

— Você não parecia com medo quando fugimos daquela festa. — cruzo os braços. Nossos olhares se encontram.

— Eu não tenho medo por mim e sim por você. — não aguento com a intensidade do seu olhar e desvio para o seu pescoço.

Não tem por que ele ter medo por mim. O que ele acha que meu pai vai fazer?

— Ele não vai fazer nada além de me colocar em outro castigo. E isso não vai acontecer porque ninguém vai descobrir.

Mesmo assim ele não parece convencido.

— Damon... — tento tocar seu braço, mas ele se afasta tão rapidamente que eu me encolho.

— Eu sinto muito. — e sai.

Encaro o lugar onde ele estava.

Seus olhos estavam tão frios e o jeito como ele se afastou...

— O que foi isso? — ouço Beverly perguntar, mas não tenho a resposta.

Eu tinha 6 anos quando ela foi embora. Ela não fez a mala e saiu às escondidas. Não, minha mãe me contou o que faria. Explicou-me o quanto era difícil para ela me deixar, mas que um dia eu entenderia.

E eu entendo. Realmente entendo como ela se sentia sufocada aqui. Não sei por que papai é tão obcecado por segurança.

Tudo bem que seu trabalho atrai muitos inimigos, mas... Ser vigiada vinte e quatro horas por dia? Isso não é um pouco demais?

Suspiro ao me jogar em uma poltrona perto da lareira. O fogo está crepitando e me deixo ser hipnotizada pelo barulho de madeira queimando.

Essa casa é extraordinariamente grande, mas vazia. Não há um barulho sequer além da madeira virando cinzas. Os empregados são silenciosos e os seguranças lá fora também.

É um silêncio gritante. Me deixa surda e atordoada.

— Senhorita Elle? — a mulher baixinha e rechonchuda está parada ao lado da minha poltrona com uma xícara de chá.

— Você é um anjo, Magda. — sorrio para ela e pego a xícara da bandeja. Magda sorri antes de coloca a bandeja em uma mesinha e sair.

Um instante depois, as portas da mansão são abertas e meu pai entra. Ele discute alguma coisa com um dos seguranças antes de dispensá-lo.

Observo papai passar pelo saguão e dar o primeiro passo na escada antes de me ver.

Ele sorri.

— Oi. — tomo mais um gole do chá e o observo se aproximar e beijar meu cabelo.

— Tudo bem? — papai senta na outra poltrona e não posso deixar de notar o quanto ele parece exausto.

Seu rosto tem traços de preocupação e aposto que ele está com dor de cabeça.

— Sim e você? — vou até a mesinha com bandeja e ponho chá para meu pai. Parece que Magda adivinhou.

Entrego a xícara de chá a ele antes de pegar a minha e voltar para a poltrona.

— Problemas com o Casino. — ele suspira e toma o chá.

Eu estava esperando por ele, não só para jantar, mas para conversar também.

Eu acho que ainda estou de castigo, então preciso mesmo persuadi-lo a me deixar ir para casa de Beverly.

Limpo a garganta e apoio a xícara no pires.

— Eu estava pesando... Posso passar o fim de semana na casa de Beverly? — talvez eu não devesse ter sido tão direta. Poderia ter enrolado um pouco, mas sou tão impulsiva e tola!

Segundos passam e ergo os olhos para papai. Ele está me olhando cuidadosamente e sinto que a mentira está escrita na minha cara.

Ele trabalha com mentirosos, não deve ser difícil detectar as mentiras da sua própria filha.

— Você está de castigo.

Merda!

Respiro fundo e anuo. Forço meus olhos a se encherem de lágrimas.

— Ah, querida... Não precisa chorar. Você só está de castigo por causa daquele pilantra do filho de Sam. Estou fazendo isso para o seu bem.

— Não é justo — franzo as sobrancelhas. — Damon e eu não estávamos fazendo nada...

— Não? Você me arrumou um problema enorme se envolvendo com o irmão errado! — papai parece muito irritado agora e com certeza não se deu conta do que disse.

— Como assim me envolvendo com o irmão errado? — enxugo as lágrimas falsas e encaro meu pai.

— Não é nada. Apenas fique longe de Damon Westlake. — papai fica de pé e eu também. Ele é bem mais alto que eu e para eu conseguir empurrá-lo naquele dia, com certeza foi com ajuda do álcool em seu organismo.

— Por quê? — exijo.

— Por que eu estou mandando. Damon não é o garoto certo para você...

— Mas presumo que Oscar seja. — arqueio a sobrancelha. Há algo acontecendo e estou com medo de descobrir.

— Vamos falar sobre isso no futuro, está bem? Mas fique longe desse garoto. Ele já foi avisado e Sam não foi muito generoso. — papai ri, mas é uma risada estranha. Má.

— Papai...

— Chega desse assunto, Elleonor. Já me estressei bastante com isso.

Ele nem sequer olha para mim antes de sair.

Algo está errado. E Damon sabe. Ontem ele estava estranho na sorveteria e hoje também.

E eu vou descobrir por quê. Malibu está em segundo plano agora.

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2bjs, môres♥

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