21°

SAIO do carro no mesmo momento que Tina estaciona o seu. Ela não está com uma cara muito boa e vai piorar se depender de mim.

Damon está sorrindo, mas não dou atenção a ele. Espero Tina sair.

Quando seu cabelo vermelhos está fora do carro e ela também, eu vou para cima.

— Você perdeu a cabeça?! — eu praticamente grito. Ela e eu somos do mesmo tamanho apesar de ela ter mais corpo.

— O que você quer? Você ganhou! Agora sai do meu pé. — Tina passa por mim, mas agarro seu pulo. Tenho certeza que minhas unhas ferem sua pele.

— Sua brincadeira podia ter custado minha vida. — digo entre dentes. Ela ri.

— Eu deveria me importar? — ela está rindo. Tina está rindo do meu desespero. Está rindo do medo que me ocorreu se ela me tirasse da pista. Ela está rindo de mim.

Em um momento estou olhando para seus olhos verdes escuros e no outro minha mão está torcendo seu pulso e estou atrás dela pressionando seu corpo no carro. Minha outra mão empurra sua cabeça contra o capô. Aproximo meus lábios do seu ouvido e sussurro:

— Sim, vadia, você deveria se importar.

Um braço em minha cintura me afasta de Tina antes que eu faça mais alguma coisa. Levanto as mãos.

— Já acabei aqui. — digo para o garoto me segurando. Conheço esse toque mesmo não estando em minha pele.

—  Ótimo, vamos — Damon diz em meu ouvido e me arrasta para longe. Ouço Tina gritar e alguém tenta acalmá-la. — Você foi muito bem, aliás.

Olho para Damon e flagro seu sorriso. Sua mão ainda está em minha cintura e não me importo. Eu até gosto, aliás.

— Eu detonei seu carro. — desvio o olhar quando fico vermelha.

— Não foi sua culpa, então eu te perdoo.

Reviro os olhos para ele. Chegamos a uma barraca e ele pede a uma mulher dois refrigerantes.

— Quando vamos embora? Acho que irritei muito a Tina. — olho para mulher um pouco longe de nós. Ela está discutindo com aquele tal de Finn. Coitado dele.

— Quando o... Ah, olha ele aí! — Damon sorri para um homem mais velho e gordo. Ele não sorri, mas entrega um pacote para mim e um rolo de dinheiro a meu companheiro.

— Se é para arrumar problema, não traga mais sua garota aqui, Westlake. — o homem diz e nos dá as costas.

— Foi um prazer revê-lo — Damon murmura e põe o rolo de dinheiro no bolso. Abro o pacote e encontro várias notas de vinte,  cinquenta e cem dólares. Muitas notas. — Vamos.

— Dez mil! — eu praticamente grito. Tem dez mil dólares nas minhas mãos. Não achei que fosse conseguir tanto com uma corrida idiota.

Damon está dirigindo já tem alguns minutos. Minutos o suficiente para que eu contasse toda a grana.

— O que vamos fazer com esse dinheiro? — pergunto a Damon. Ele passa a mão no cabelo e dá de ombros.

— Não deve ser muito dinheiro para você. — não sei se isso foi um jeito sutil de me alfinetar, mas ignoro mesmo assim.

— Quero tomar sorvete. — guardo o pacote com dinheiro no painel do carro e suspiro olhando para as estrelas.

Essa noite foi legal. Muito legal, na verdade. Gostei de correr contra Tina e desarmá-la. Gostei da adrenalina, um tipo diferente do que sentia com Kenan. Nós íamos a festas e bebíamos (ele pelo menos bebia muito) e ele sempre me ajudava a fugir dos seguranças, mas isso... Isso foi loucura. Eu gosto da loucura.

Pisco algumas vezes e olho para Damon. Ele parece relaxado, recostado no banco com apenas uma mão controlando o volante. A outra está em sua perna.

Odeio o pensamento que me ocorre... Sua mão acariciando minha perna, fazendo círculos preguiçosos na minha pele exposta... Seus dedos frios se tornando quentes e me causando arrepios.

Isso me lembra como fico a cada vez que ele me toca ou com o simples fato de ele estar próximo. Como faz meus batimentos cardíacos acelerarem de uma forma assustadora. E apenas por pensar nisso sinto minha respiração acelerar.

Tento afastar os pensamentos inadequados que tomam minha mente. De seus lábios em meu corpo, adorando cada parte-

— Vai ficar aí? — sua voz me tira do transe. Engasgo com uma tosse seca e pisco algumas vezes. O que está acontecendo comigo?

Eu realmente preciso de algo gelado, concluo e saio do carro.

São quase duas da manhã, mas Las Vegas nunca dorme, então estamos em uma sorveteria que não fico surpresa ao ver quantas pessoas tem aqui.

Corro para montar meu sorvete e não economizo nas várias bolas de sabores diferentes que coloco. Quando termino, olho para Damon e o vejo com o menor dos copos e deve caber apenas três bolas de sorvete.

— É um pouco tarde para comer algo gelado. — explica ele. Dou de ombros e vamos pesar.

O meu sai mais caro e fico vermelha com o olhar que a mulher me dá. Deixo cem dólares no balcão, pagando o meu e o dele. A mulher está pronta para me dar o troco, mas eu nego.

— Você realmente não se importa com dinheiro. — Damon murmura. Reviro os olhos mas não lhe digo nada. Sentamos em uma mesa ao lado da janela.

Dou minha primeira colherada e suspiro de alívio. Quando foi a última vez que tomei sorvete?

Na verdade, lembro da última vez. Brad e eu estávamos saindo do cinema e paramos para tomar sorvete, mas eu derrubei nele sem querer e bom... Ele ficou um pouco bravo comigo.

Brad. O que ele acharia disso tudo? Ou Bonnie? Beverly... Eu quero contar a ela? Meu pai, ele vai descobrir?

Depois de comer metade do meu sorvete, ergo os olhos para o garoto sentado à minha frente. Ele está olhando para fora, o olhar perdido. No que ele está pensando? Será que ele se arrepende de ter me trazido? Ou ele está pensando em Tina?

Seus olhos disparam para os meus, mas não desvio. Pelo menos por alguns segundos eu tento suportar a intensidade que ele carrega nos seus olhos verdes brilhantes, mas é demais para mim, então encaro meu sorvete.

— Como você conheceu aquele lugar? — pergunto a ele antes que esse silêncio fique desconfortável.

— Oscar me levou lá assim que cheguei de viagem. — Damon volta a tomar seu sorvete e eu volto a observá-lo.

Ele é diferente do irmão, em quase todos os aspectos. Seu irmão é um encantador de mulheres, por assim dizer. Oscar deu em cima de mim a minha vida toda, mas só quando eu tinha quinze anos e ele dezessete, rolou uns amassos, mas nunca mais que isso. Mas ele também é mau caráter e talvez seja por isso que vá assumir o Casino da família. Não vejo Damon nessa posição.

Damon pode ter essa ar de bad boy e ser um cretino desprezível às vezes, mas ele tem bom coração. Já o Oscar... Ele faria qualquer coisa por poder.

— Você e a Tina... vocês ficaram? — finjo desinteresse. Eu sei a resposta, pelo jeito como ela falou, rolou bem mais que uma simples ficada.

— Sim. — eu não queria detalhes, mas um “sim” é meio vago. Suspiro e volto para o sorvete. Ele está irritado e não sei por quê.

— Você... — paro quando meu celular toca em cima da mesa. Brad. Encaro sua foto na tela. O sorriso amarelo e lindo que ele costuma dar para conquistar as garotas... Funcionou comigo, aliás.

— Seu namorado está ligando. Não vai atender? — Damon pergunta. Franzo o cenho para a palavra “namorado”.

Desligo o celular.

— Não somos namorados. — o que Brad ia querer uma hora dessas?

— E por que está com ele?

— Nós tínhamos um relacionamento aberto. — será que Brad quer se desculpar? Ele...

— Eu nunca vi você com mais ninguém. — Damon insiste. Olho para ele e suspiro.

— Eu não fico com mais ninguém e não me importo com quem ele fica. — não sei porque estou envergonhada em admitir isso. Brad sempre teve suas amantes, mas sempre me contentei em ser alguém com quem ele fosse assumir ter algo especial.

— Então você não o ama? — Damon parece confuso. Olho para ele, mas desvio o olhar. Não, eu não o amo. Não, nunca amei ninguém. Sim, eu desconheço esse sentimento.

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2bjs, môres♥

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