II - Reencontro
Arya P.o.V.
21/01/2019
Sou acordada por um corpo se jogando contra o meu. Abro os olhos com o susto, e quase dou um soco na pessoa, só não finalizei o movimento porque percebi que era o Alexander. Aquela peste sempre fica descuidada para me acordar, uma vez quase tomou um tiro, e ainda não aprendeu.
Quando ele finalmente saiu de cima de mim, apontou para o lado, onde fica o meu criado mudo. Não consegui deixar de sorrir, havia uma bandeja de café da manhã, com torradas, ovos mexidos com farofa, e suco de laranja. Sorri para ele e o mesmo deitou-se ao meu lado, na cama, aproveitando o espaço por ser de casal.
— Café na cama, é? O que eu fiz para merecer isso?
— Não fez nada, sou seu melhor amigo, mas nunca se sabe quando você vai precisar que alguém fique te devendo uma.
— Então te devo algo? — dei um meio sorriso, com a língua entre os dentes.
— Talvez. — Ele sorriu, irônico.
Comi as torradas, com calma, adiando um pouco para contar a ele sobre a ligação de ontem à noite. Todavia, sabia que não podia fugir para sempre, então logo que terminei, já despejei toda a informação nele...
— Uma espiã, treinada da mesma forma que a gente, pede para te encontrar, sem falar contigo por meses... E você não acha isso estranho? — ele indagou, após eu dizer tudo.
— Eu acho sim, estranho, mas se ela fizer alguma coisa, eu corto a garganta dessa vadia sem pensar duas vezes, só preciso entender o que aconteceu, Alec... — suspirei.
— Você não cortaria a garganta dela, eu sei, mas também sei que você sabe se defender. Mesmo assim, não vou te deixar ir sozinha, você sabe. — Ele disse o final sorrindo.
— Eu preciso escolher o lugar, a hora, e o que vou vestir para encontrar ela.
— O que você vai vestir eu não sei, mas por baixo você vai usar algumas coisinhas...
— Alec! Eu não vou transar com ela, para precisar me preocupar com as roupas de baixo.
— Mas eu nem estava falando disso. Para você ver como você ainda sente algo por ela.
— Eu não sinto mais nada, só conheço sua mente pervertida. — falei, mordendo o interior da bochecha.
Mandei uma mensagem para o número da Catarina: Um local público, mas com um toque que lembra os tempos da academia.
16A3 St Burgundy Street, California
Look - Arya
Algumas horas depois...
Eu fui até o bar quando já era noite, no horário que combinamos, e me sentei próxima ao bartender. Alec estava a alguns metros de mim, mais disfarçado, com uma escuta, e um rastreador ligado à minha pulseira, se tudo desse errado, ele ainda me acharia.
Alguns minutos depois, a senhorita Bertrand chegou, o visual era simples, mas não deixava de ser linda, e eu me odiava por pensar nisso quando ela entrou, invés de me concentrar no que eu tinha ido fazer lá.
Look – Catarina
Ela me viu e abriu um sorriso grande, indo em minha direção. Eu fiz uma cara de irritada e impaciente, e acho que isso assustou ela, pois o sorriso sumiu rapidinho, dando lugar a um olhar sério.
— Uma dose de scotch e outra de curaçau. — Pedi ao barman, enquanto ela sentava na mesa.
— Olá, Arya. — falou e sua voz me trouxe tantas lembranças que todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, mas mesmo assim, não demonstrei.
— Aqui suas bebidas, senhorita. — O homem trouxe e piscou para mim. Eu só ri e acenei com a cabeça.
— Obrigada. Olá, Catarina. Podemos ir direto ao que importa ou você quer conversar um pouco antes? — falei com um pouco de ironia, bebendo meu curaçau.
— Sempre direta, adorava isso. Enfim, você não deve ter a menor ideia do porque eu sumi, e eu não posso te contar muito sobre isso agora, mas eu falei sério sobre a vida de vocês estarem em perigo.
— Como assim? Explique, Catarina. Chega de joguinhos.
— Bem, eu tenho algumas "dividas" — fez aspas com as mãos. — E por isso tinha sumido, estava tentando pagar elas. — Suspirou. — Porém, não consegui. E no meio disso descobri que estão armando um plano contra você e o Alec.
— Mas que plano, quem, como? Nossas vidas estão sempre em perigo, não é novidade alguém querer nos matar.
— Sim, mas é novidade quando isso vem da própria organização.
Abri a boca um pouco chocada, isso estava estranho, bem estranho, Alec escutava tudo, mas só dizia para pedir mais informações.
— Alguém de dentro da agência está colocando a cabeça de vocês dois a prêmio, e contratando os melhores assassinos para isso. Tomem cuidado, é sério, logo vão vir outros atrás de você.
— E o que você ganha me contando isso? — perguntei, com a sobrancelha arqueada.
— Arya, eu me importo com você, é só isso. — Me olhou séria.
— Você não pareceu se importar esses meses todos. — exclamei e logo em seguida me arrependi, parecia uma adolescente irritante. — Esqueça, mas a gente não fez nada, porque colocariam alguém atrás de nós?
— Porque, acham que vocês fizeram, eu não posso falar muito mais do que isso, porque também não sei direito, mas logo, eles irão atrás de vocês. Acho que tem algum conflito interno sobre se vocês são culpados ou não, e por isso não fizeram nada ainda.
— Conflito interno, é? Tudo bem, tomaremos cuidado. Obrigada pela dica. — falei, mas não estava muito confiante que aquilo fosse verdade. Até teria um motivo para quererem nossa morte, hackearmos o sistema do internato, mas é quase impossível terem descoberto isso.
— E, Arya... Eu não deixei de me importar ou pensar em você nesses últimos meses, é só... Complicado. Quando eu me livrar disso, eu prometo que te conto tudo, mas não estou te evitando porque quero, ou algo assim. — Ela me disse e seus olhos expressavam tristeza e nervosismo.
— Eu não preciso de explicações, nós nunca namoramos. E eu preciso ir embora, vou verificar o que você disse, mas ainda não entendi essa história de conspiração, tem certeza disso? — Falei me levantando da mesa.
— Tenho, eu não me arriscaria tanto para te contar algo sem importância. Até outra hora, Arya.
Ela se levantou também, e antes que eu pudesse fazer algo, colocou a mão no meu rosto e me deu um selinho. Me afastei rapidamente, olhando-a com uma cara incrédula, o que diabos essa menina pensa que está fazendo?
— Foi só um selinho, Sharmer, não é o fim do mundo, e pelo que lembro, você costumava adorar meus beijos. — Sussurrou no meu ouvido e foi embora.
Toquei os lábios, em uma mistura de choque e saudade, mas com uma risada do Alec, voltei a vida real, indo para onde ele estava, enquanto ouvia sua voz na escuta:
— Arrancar a cabeça dela, não é? Mais fácil você querer usar ela para outras coisas. — falou, rindo da minha cara.
— Cale a boca. — Rosnei, de mau humor.
— Mas agora, sério, precisamos descobrir o que está acontecendo.
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