SARAH

Aqui estou eu de vez, na casa da minha avó. Ela se chama Rose. Bom, vou contar um pouco da minha 'linda' história de vida.

Eu morava com meus pais em Marselha, na França, porém sou americana, nos mudamos pra lá quando eu era bem pequena, e lá, eu me meti em várias confusões, sendo elas, envolvimento com drogas, bebidas e dívidas. Então, meus pais abriram mão de mim e a única que me acolheu e me quis foi a minha querida, avó Rose.

Faz uma semana que estou aqui, minha vó, sabendo de tudo que aprontei, ficou com receio de me deixar sair para conhecer o bairro, não a julgo por isso, se estivesse no lugar dela também ficaria receosa, afinal eu não sou flor que se cheire.

Organizei meu quarto do jeito que gosto, Desci as escadas e fui direto para a cozinha tomar café e minha vó já se encontrava lá.

_Bom dia, querida. Dormiu bem? -minha vó perguntou sorridente-.

_Dormi sim. E a senhora? -eu disse-.

_Não me chame de senhora. -rimos-, Dormi bem. Preciso que vá ao mercado pra mim.

_Claro vou sim, só vou acabar de tomar café. -disse me servindo-.

_Eu vou fazer uma lista pra você. -disse se levantando e indo para a sala-, A propósito, a partir de amanhã já pode ir a escola. -ela gritou da sala-.

_Sério? E onde é? -perguntei também gritando-.

_Aqui em Freeridge mesmo.

(...)

Me troquei e fui ao mercado comprar algumas coisas para minha vó, o bairro é lindo, os carros aqui são quase todos modelos antigos. Minha vó disse que o bairro é marginalizado por gangues, porém até agora não vi nada de estranho.

Cheguei rapidinho no mercado e fui pegar as coisas, ouvi o sininho da porta fazendo barulho, indicando que alguém entrou na loja.

_E aí, Sr. Dante. -uma voz masculina se ecoou, olhei e era um homem, alto, careca e com algumas tatuagens, suas roupas indicavam que ele era de alguma gangue-.

Desviei meu olhar dele e fui pegar mais coisas, a única coisa que faltava era um litro de leite, andei até onde ficavam e só havia apenas um, quando fui pegar o leite, sinto uma mão junto com a minha, era o careca alto.

_Ei! -disse assim que ele pegou a garrafa de leite, só havia uma-, Eu vi primeiro. -peguei a garrafa de sua mão-.

_Se liga pirralha, me dá isso. -ele disse rude e eu me afastei dele o impedindo de pegar-.

_Sai. Pirralha é a sua.. -disse olhando pra ele séria mas me conti-, Eu vi primeiro, careca.

_O que? Sabe com quem está falando? -ele perguntou parando em minha frente-.

_Não, e não estou afim de saber. -disse seca e sai de perto dele indo ao caixa pagar as compras-.

_Tá precisando que alguém tire essa marra de você. -ele disse passando por mim e dando o dinheiro para o dono do mercado e em seguida saiu-.

_Vai pro inferno! -gritei mas ele não ouviu, o dono do mercado me olhou e gargalhou-.

Saí dali com várias sacolas em mãos, olhando para um impala vermelho que estava parado, me encantei, adoro carros antigos.

_Tá gostando do que ta vendo?! -uma voz rouca gritou e a pessoa saiu do carro, era o careca do mercado. Mostrei dedo do meio para ele e saí andando rumo a minha casa-.

Cheguei em casa e entrei, havia uma garota conversando com minha vó, coloquei as sacolas na mesa e fui até elas.

_Monse, essa aqui é a Sarah. -minha vó disse me apresentando a tal garota, que era bem bonita-.

_Oi, você é a famosa Sarah. -a garota me abraçou e eu retribui, ela é bem gentil-.

_Sou eu sim. Por que famosa? -perguntei rindo-.

_Rose fala muito de você, que tinha uma neta bonita de mais mas não tinha nenhuma foto sua. -a garota disse-.

_Mas agora ela está aqui, não disse que era linda? -minha avó disse-.

_Que nada. -sorri tímida-.

Conversei bastante com a Monse, ela é super gente boa e gentil, acho que viramos amigas, ela almoçou com a gente e me contou que é bastante amiga da minha vó, vem vê-la direto, e agora é minha amiga também.

_Você vai estudar por aqui? -Monse perguntou enquanto caminhávamos até meu quarto-.

_Minha vó fez minha matrícula na escola do bairro. -eu disse a ela-.

_Ai, que ótimo. -ela disse felizinha-, Vamos estudar juntas. -ela sorriu e eu também-.

_Nossa que bom, tava com receio de ir e não conseguir fazer amizade nenhuma.

_Agora você tem uma amizade, que mora aqui do lado. -ela disse mostrando a casa dela da janela, ela morava ao meu lado-.

Conversamos o resto da tarde e depois ela foi embora, dizendo que iria encontrar com o namorado dela. Fui para a sala onde minha avó via novela.

_Faço gosto da sua amizade com a Monse. -minha avó disse sorrindo e eu deitei minha cabeça em seu colo enquanto ela acariciava meu cabelo-, Ela é uma boa garota.

_E eu gostei muito dela, vamos a escola juntas amanhã. -disse e minha avó sorriu-.

_Que bom que fez amizade, fico feliz. - ela sorriu-.

_Vou dormir, preciso acordar cedo amanhã. -disse beijando seu rosto e indo para meu quarto-.

{...}

Acordei de manhã com o despertador, me levantei, tomei banho, fiz minhas higienes e comecei a me arrumar para o colégio.

Fui para a cozinha, onde minha vó se encontrava tomando café, assim que me viu sorriu.

_Bom dia, querida. Está linda. -ela disse sorrindo pra mim e eu retribui-.

_Bom dia. -beijei seu rosto-, Obrigado. Monse me chamou pra ir na casa dela hoje, posso?

_Depois da escola? -ela perguntou com receio mas acabou concordado-, Pode sim, mas tome cuidado e não volte tarde. -ela disse e eu assenti-.

Tomamos café juntas e conversamos um pouco, saí de casa e Monse já me esperava.

_Oi, Sarah. -ela me cumprimentou com um beijo no rosto-, Ansiosa para hoje? -perguntou enquanto caminhávamos rumo a escola-.

_Bastante, viu. -disse sorrindo-.

_Vamos esperar o César? -ela perguntou me olhando-.

_Vamos, quem é?

_Meu namorado, garota. Esqueceu. -ela disse rindo e eu gargalhei-.

_Esqueci mesmo.

Paramos em uma esquina, logo um garoto um pouco alto, com roupas de gangue se aproximou.

_Oi, amor. -ele disse beijando Monse e em seguida me olhou-, Oi..

_Sarah. -disse o cumprimentando com um aperto de mão-.

_Prazer, sou César. Namorado dessa férinha aqui. -disse sorrindo enquanto Monse revirava os olhos-.

_Ela é a neta da Rose. -Monse disse enquanto começamos a caminhar novamente-.

_Ah sim. -César disse-.

Logo chegamos na escola, César e Monse são da mesma sala que eu, e alguns outros amigos deles.

_Oi, prazer sou, Jamal. Mas pode me chamar de amor. -um garoto alto se aproximou e disse e eu gargalhei-.

_Prazer, Jamal. Ou devo dizer, amor. -entrei na brincadeira-.

_Não dá trela, se não ele gama. -um garoto baixinho disse e eu ri-, Prazer sou Ruby, seu mais novo namorado, se você quiser, claro. -ele disse e sorriu de uma forma sensual e eu gargalhei-.

_Deixem a garota em paz, seus loucos. -Monse disse rindo-.

_Ela vai se assustar com a cara de pau de vocês. -César disse rindo-.

A primeira aula foi tranquila, me apresentei para a turma e logo já era hora do almoço. Eu, Monse e os meninos nos sentamos em uma mesa e almoçamos, conversamos e rimos bastante.

Enquanto o sinal não tocava os meninos foram jogar um pouco de futebol e eu me Monse ficamos conversando.

_Vamos ver filme de terror hoje, mas não conta pro Jamal porque se não ele nem vai. -Monse disse e eu gargalhei-, Nunca vi mais medroso.

_Ele tem cara de ser medroso mesmo. -eu disse rindo-.

_Oi, meninas. -um garoto alto se aproximou de mim, ele é bem bonito-, você é a Sarah, né?

_Oi, sou eu mesma. -disse gentil-.

_Então, você é aluna nova, né? -ele perguntou e eu assenti-, Gostei de você, Sou o Dylan, me passa seu número?

_Claro, passo sim. -disse e assim fiz-.

Quando passei o número e ele se despediu, Monse me olhou com uma cara animada.

_Garota, o cara mais popular do colégio, pediu seu celular. -Monse disse-.

_É sério? -perguntei com cara de desanimada-.

_Sim, garota. -ela disse-, Todas aqui queriam uma chance com ele, menos eu porque eu já tenho o meu boy. -ela disse se gabando e eu gargalhei-.

_Ele é muito cobiçado, já desanimei.

(...)

_Qual filme de terror você gosta? -Monse perguntou enquanto entrávamos na casa dela-.

_Gosto de halloween.

_Garota, eu amo. -ela disse-, quando os meninos chegarem a gente vê ele. -ela disse e eu assenti-.

Me sentei no sofá, enquanto Monse se trocava, os meninos passaram em casa e chegariam depois.

Eu estava ajudando Monse na cozinha, estávamos fazendo pipoca doce, quando a campainha tocou.

_Sarah, atende por favor? -Monse perguntou e eu fui atender-.

Caminhei até a porta, tocavam a campainha insistentemente. Quando abri a porta, dei de cara com um careca alto, que não me era estranho.

_Você?! -dissemos em uníssono-.

_Perai, se conhecem? -César perguntou enquanto parava ao lado do careca-.

_Ela que roubou o leite. -o careca disse me olhando de cima a baixo-.

_Escuta aqui, careca. Eu não roubei nada, só vi o leite primeiro. -disse dando de ombros-.

_Os meninos chegaram?! -Monse gritou se aproximando-, Oscar, o que tá fazendo aqui? -ela perguntou parando ao meu lado. Então ele se chama Oscar.

_Tô procurando seu pai, ele tá aí? -o tal Oscar perguntou-.

_Não, mas está quase em casa, me ligou agora mesmo. Se quiser pode esperar. -ela disse e ele entrou, sendo acompanhado por, Jamal, César e Ruby-.

_De onde se conhecem? -Monse sussurrou-.

_Fui comprar leite e ele simplesmente queria roubar meu leite, aí eu peguei a garrafa da mão dele, xinguei ele e mostrei dedo. -disse rápido enquanto Monse ria-.

_Sua maluca, não julgo, pois faria o mesmo, esse cara é um chato. -disse enquanto voltávamos para a cozinha-.

Acabamos de fazer a pipoca, César colocou o filme e Jamal reclamava de medo o tempo todo, o tal Oscar estava no banheiro há horas.

_Então quer dizer que a Sarah é amiguinha do Spooky. -Ruby disse e eu o olhei-.

_Quem? -perguntei confusa-.

_O Oscar. -ele disse revirando os olhos-.

_Que apelido ridículo. -ri-, Não sou amiga dele e nem quero ser.

_Que ótimo! -Jamal disse aliviado-, Menos uma concorrência.

_Ai Jamal, só você mesmo. -Monse disse e todos gargalhamos-.

Estávamos no segundo filme quando olhei as horas e já era tarde, então decidi ir pra casa, me despedi dos meninos e fui pra casa, antes de entrar em casa alguém me chama.

_Ou. -uma voz rouca chama-.

_O que foi? -olhei e era o Oscar, ele estava parado com um cigarro em mãos-.

_Você é bem folgadinha, né? -ele disse e eu fui até ele-.

_Me chamou pra isso? -perguntei revirando os olhos-.

_Na verdade não, mas fico estressado com sua marra. -ele disse e eu ri-.

_O que você quer, Oscar? -perguntei e ele me olhou-.

_Já sabe até meu nome, tá interessada? -ele perguntou rindo-.

_Quem veio atrás foi você. -fiz cara de desentendida-.

Ele se aproximou de mim e segurou minha cintura forte, colando nossos corpos, seu toque é bom e firme.

_Cheia de marra, né? -ele disse com a boca próxima a minha, seu hálito de menta me anestesiou, sua boca estava tão próxima a minha que fechei os olhos esperando um possível beijo-, Não vou te beijar. -ele sussurro debochado e eu abri os olhos o olhando com ódio, o empurrei e saí de perto antes que eu desse na cara dele e entrei em casa-.

Entrei em casa com ódio do Oscar, quem ele pensa que é pra fazer isso? Cara maluco, ele vai se ver comigo! Me sentindo completamente idiota por ter esperado um beijo dele, devo me afastar, tô correndo de problemas. Vi minha vó na sala vendo a novela e a cumprimentei.

_Boa noite, querida. Como foi seu dia? -ela perguntou e eu me sentei ao lado dela-.

_Foi bem legal, conheci umas pessoas legais hoje. -disse e ela sorriu-.

_Fico feliz por você, o jantar está pronto, fiz aquela lasanha que você ama. -ela disse e eu sorri-.

Me levantei e fui jantar, como esperado a lasanha estava divinamente deliciosa, acabei de comer e fui tomar banho e dormir, estava quase dormindo quando chega uma mensagem no meu telefone.

Mensagem

XXXX Oi, aqui é o Dylan, salva aí, gatinha.

Sarah Oi, Dylan. Já está salvo.

Dylan Nos vemos amanhã na escola?

Sarah Claro que sim.

Notas finais:
Gostaram?