Vestry


Você não consegue ver seus rostos derretendo enquanto o sol chove de seus olhos?

Eles irão manter sua cabeça com os corações que você deixou de lado

Olhe para você, se olhe no espelho, você não vê uma mentira?

que conta de novo para si mesmo mil vezes

e toda a verdade que nos faz rir fará você chorar

Então você cai num buraco

The Poison - The All-American Rejects

XXX

Rainha de lá, uma bela duquesa de cá. 
Uma mente insana pode até ser, o difícil é lhe compreender.
Uma vida de tragédias obrigou-se a viver. No teu reino voltará a reinar, quem lhe desobedecer, cabeças vão rolar.
Com um olhar profundo quanto o mar, que nenhum ser se aventurou por lá. 
Se em uma rainha voltar a se tornar, seu famoso dilema voltará a falar.

Sem sua insanidade, uma bela duquesa está a cativar. Com sua loucura a ativa, uma rainha rígida de pé ficará. "Cortem-lhes as cabeças!" Sua sentença final dará.

Grazielli S. Santos

Vinte e dois de novembro de 1888, quinta-feira, (Whitechapel) Inglaterra.

Caleb e Jaken me acompanham até Whitechapel, Barbie preferiu ficar e Bankotsu disse que tinha coisas a resolver e que parte delas eram culpa minha. Chego a um novo beco escuro perto das docas do Tâmisa e consigo ver a lua refletida nas águas, o vento cortando meu rosto faz tempo que eu não me sinto livre assim, suspiro e me concentro no que Can tem a nos dizer:

- As mortes do West End estão concentradas em dois pontos: o exército da salvação e o hospital comunitário.

- Onde os pobres e a margem da sociedade se escondem... – Jaken murmura. – Mas isso é comum.

- Não da forma que vem acontecendo. – Ambar responde. – São muitos mortos e alguns que nem estavam doentes ouvi que foram envenenados, eles acreditam que é uma eliminação dos mais fracos como uma nova praga, mas os médicos não dizem nada sobre isso nem mesmo os jornais.

- Não são noticiados? – Murmuro.

- Não. – Can me encara. – O aumento das mortes está sendo encoberto dizem que é para não alarmar as pessoas.

- Nesse ponto temos algo muito suspeito. – Caleb sussurra.

- Tenho mais algo a pedir. – Encaro Can. – Quero que procure informações sobre um padre que atua no orfanato Yadynnus, ele é muito suspeito.

- É bom ter ratos a nosso dispor. – Caleb comenta cruzando os braços.

- É bom ter aliados. – Corrijo-o. – Desde já agradeço aos senhores. – Jaken entrega uma bolsinha de couro para eles. – Aliás quero pedir mais um favor.

- Aí tem... – Jaken sussurra erguendo as sobrancelhas.

- Quero que amanhã espalhem um pequeno boato: que Lilith Maurêveilles vai visitar o exército da salvação para praticar caridade.

XXX

- VOCÊ O QUE? – Matthew guincha respirando fundo e andando em círculos rapidamente.

- É comum nobres praticarem caridade. – Rebato.

- Nobres Lilith não garotas que têm um alvo nas costas, sabe que isso com certeza vai atrair mais do que simples e inocentes pobres em busca de uma moeda.

- Eu cansei de ficar presa! – Matthew para de andar e Marcel que está sentado calado ergue as sobrancelhas. – Me deixe ao menos uma vez tentar algo! Vocês prometeram me ajudar, eu só estou pedindo para que me deixem fazer algo como eu mesma antes de tudo isso acontecer, não precisam me proteger nem manipular ninguém eu só quero... – Arregalo os olhos respirando rápido. – Eu só quero ter a minha liberdade de novo nem que seja por um breve momento...

- Você quer atrair eles. – Marcel fecha os olhos. – Esse seu discurso é todo falso Lilith, seu plano é ver quantos vão se mostrar a você e você será um alvo fácil. – Ele se levanta. – Te deixarei ir, mas te digo uma coisa: Abel não vai aparecer pra você.

Marcel sai da sala me deixando no mais profundo silêncio com Matthew e Caleb que observa tudo de longe com os olhos arregalados, guincho e me levanto dando um chute na mesa de mogno depois saindo da sala.

- O que ele pensa que é?! – Guincho erguendo os braços. – O que ele pensa que eu sou?!

- Ele é seu superior. – Caleb responde. – E ele pensa que a loucura do Cain te subiu à cabeça.

- Eu não queria atrair o Abel!!!

- Mas aos outros sim. – Caleb sorri, fecho a cara. – Você é previsível às vezes, mas também é engenhosa.

- De que adianta? – Bufo abrindo a porta do meu quarto.

Toby está deitado de bruços na minha cama dormindo tranquilamente, Manson está encolhida ao seu lado enquanto Cain continua imóvel na sua cama desde o dia em que dormiu. Caleb suspira e me empurra com os ombros, sorrio e bagunço meus cabelos.

- Como você sabia...? – Ele ergue as sobrancelhas. – Você abriu a porta da casa Nonsense.

- Eu percebi quando saímos com o Jaken. – Ele ri e pisca pra mim. – Ele tinha uma chave no pescoço, Meredianna tem uma fita no pulso e Bankotsu um broche, são coisas da casa.

- Nunca reparei nessas coisas e nem iria pensar nisso...

- Mas você também sabe fazer isso. – Ergo as sobrancelhas. – Quando vim aqui pela primeira vez você ordenou a uma porta que te levasse para Meredianna.

- Isso é comum por aqui.

- Nunca vi Cain ou Barbie fazerem isso. – Caleb dá de ombros. – Eu vou para casa agora, boa noite Lilith.

- Boa... – Ele sorri e faz uma mesura, dou risada. – Não sou sua rainha para você se curvar.

- Estava sendo educado. – Ele bufa se endireitando. – Não queria que eu beijasse sua mão, queria?

- Não. – Sorrio. – Obrigado por perceber.

- Tudo bem. – Ele se espreguiça e se vira de costas. – Até amanhã.

Entro no quarto e suspiro não quero acordar Toby, parece que ele não vê uma cama há anos e não quero ser estraga prazeres, caminho devagar até a cama de Cain e me sento tirando as botas, ele resmunga e se mexe, ergo as sobrancelhas, continuo tirando uma meia devagar, Cain puxa seu braço repentinamente cobrindo o rosto, sento em alerta esperando ele me encarar ou dizer algo, mas nada. Seu rosto volta a ficar tranquilo, só que ele não abaixa os braços.

- Você é um idiota mesmo. – Resmungo segurando seus pulsos.

- Você também é. – Congelo, Cain abre os olhos devagar e dessa vez tenho certeza absoluta de que não é ele ali. – Minha Rainha.

Jaguadarte... Ele abre os olhos e olha ao redor.

- Tic-tac... – Ele murmura, engulo em seco. – Quinta memória minha dama. – Ele ergue um dedo e o balança simulando um ponteiro de relógio. – O tempo está ao seu lado, mas não ao do Cain. – Jaguadarte sorri. – Alice cruzou as oito casas e perdeu a razão, as cartas se rasgaram e o sonho acabou, você tem que fazer escolhas também se lembre disso.

Cain volta a fechar os olhos e a ficar imóvel, solto seus pulsos e cruzo as mãos sobre meu coração acelerado.

XXX

Fecho os olhos e me reergo tentando não dormir, Toby abaixa o olhar e começa:

- Me desculpe por ter dormido na sua cama, por minha causa a senhorita passou a noite em claro e agora...

- Não foi culpa sua. – Sorrio e balanço a cabeça. – E não existe senhorita por aqui, sou só a Lilith.

Toby me encara ainda preocupado, mesmo se ele não estivesse na minha cama eu não teria dormido com medo de acordar com Jaguadarte me encarando, pelo menos ele não voltou a abrir os olhos durante a noite o que é um sinal de que o Cain ainda está lutando contra ele, mas também não é agradável saber que ele consegue controla-lo nesse estado...

- Lilith... – Ergo a cabeça, Scorpio apoia as mãos no encosto da cadeira do Toby e sorri. – Deveria estar apresentável minha dama. – Sorrio. – Quanto a você mocinho tenho uma péssima notícia pra te dar.

- Ele pode ficar, não pode? – Sussurro alarmada.

- Claro que pode. – Scorpio franze as sobrancelhas. – Mas vai ter que passar por um interrogatório com Marcel e Cheshire.

- Coitado... – Sussurro encarando Toby que fica mais assustado. – Mas eu sei que você vai se sair bem. – Sorrio.

- Você também tem que se sair bem. – Scorpio responde. – Ou vai levar umas palmadas depois.

- Engraçadinho. – Suspiro e me apoio na mesa. – Sinto falta do Cain resmungando aqui... – Deixo escapar.

- Logo menos ele estará de volta, ainda mais com um incentivo. – Scorpio puxa a bochecha de Toby, arregalo os olhos. – O que foi?

- Que incentivo...? – Toby murmura mais confuso ainda.

- Nada meu querido ratinho. – Ele ri e se afasta de Toby. – Boa sorte para os dois.

Suspiro e me levanto deixando Toby sozinho, hoje vai ser um longo dia.

XXX

É estranho estar em uma carruagem quase que tranquilamente depois de tanto tempo, encaro a vista pela janela e ela não parece nada agradável Jaken ao meu lado encara a rua também, sorrio se Cain estivesse aqui com certeza isso seria como um dèjá vu. A carruagem para e desço com Jaken ao meu lado, a movimentação na rua continua a mesma, uma velha vende frutas podres em uma barraca, alguns pedintes estão amontoados nos cantos encolhidos sob cobertores pútridos e poucas crianças circulam na rua vendendo fósforos, respiro fundo e caminho em direção ao exército da salvação alguns olhares me seguem enquanto caminho, vamos lá com certeza têm algum membro da Wonderland escondido por aqui, talvez entre os pedintes ou sendo atendidos lá dentro eu sei que estão escondidos assim como os membros da Nonsense também estão.

Entro no Exército da Salvação sendo seguida por olhares, escuto o barulho de saltos e vejo uma senhora bem vestida vindo em minha direção deve ser uma das fundadoras, sorrio e espero paciente sua chegada, ela faz uma mesura e repito o ato esperando Jaken me anunciar.

- Somos da família Maurêveilles madame... – Ela abre um sorriso.

- Catherine Booth, senhor. – Ela faz outra mesura. – Fico feliz que tenham vindo conhecer nosso estabelecimento, gostaria que minha filha estivesse presente para fazer companhia a sua filha...

- Ela não é minha filha. – Jaken ri cobrindo os lábios. – Lilith é minha prima. – Ele apoia uma mão sobre meu ombro. – Sou seu tutor legal agora, mas jamais serei como seu pai.

- Sinto muito pela discrepância. – Ela faz outra mesura. – Gostariam de conhecer as instalações?

- Sim, por favor. – Digo um pouco alto, engulo em seco. – Madame...

- Você é diferente das filhas dos nobres normais... – Ela ri e indica um corredor com a mão. – Vamos?

- Meu pai me deu uma boa criação... – Murmuro andando.

Na verdade, crescer com as empregadas me deu uma boa educação, agradeço por não ter sido como o Cain. Olho ao redor vendo pessoas sentadas pelos corredores, embaixo a maioria está suja e bêbada, mas quando começamos a adentrar no prédio vejo condições melhores.

- Sabe como funcionamos? – Nego com a cabeça. – Temos três "S" primeiro sopa, depois sabão e por fim salvação.

- Sensato... – Dou uma olhada em volta. – Como se mantém...?

- Com doações e trabalho duro. – Ela ri tremendo todo seu corpo.

Sorrio... Onde eles estão...? Por que não vieram para cima de mim ainda? Talvez eu esteja paranoica e eu não duvidaria, mas já deveriam ter aparecido ao menos um.

- Que tipo de trabalho? – Jaken se pronuncia, me viro para ele.

- Temos missões em outros países senhor, também temos que nos manter em alerta contra as gangues que querem destruir nosso belo exército, ademais executamos tarefas como todos os outros perante a Deus.

Jaken concorda com a cabeça, só com isso? Ergo as sobrancelhas, algo não está me cheirando bem.

- Quer conhecer o padre? – Arregalo os olhos quando ela se vira repentinamente. – Ele pode te ouvir se quiser.

- Eu adoraria. – Sorrio. – Qual seu nome?

- Bill. – Troco um olhar com Jaken. – Apesar de novo ele é um bom sacerdote, venham.

Subimos por uma escadaria de madeira que leva ao segundo andar, alguns quartos estão com as populações de rua, mas existem outros de porta fechada que devem ser para assuntos administrativos... Catherine para próxima a uma porta de madeira esculpida.

- A senhorita pode entrar, temo que terei que tratar com seu primo sobre a visita.

Contenho o impulso de revirar os olhos claro uma visita guiada custaria alguma coisa, consinto e abro a porta entrando em uma salinha pequena existe um crucifixo grande preso na parede oposta e uma janela que ilumina o cômodo no centro um pequeno altar e uma pessoa ajoelhada a sua frente, seus cabelos negros fazem um choque percorrer meu corpo apoio as costas contra a porta sorrindo.

- Bill...? – Minha voz ecoa na sala.

- Padre... – Ele murmura sem se virar.

- Padre Bill... – Olho em volta, será que é ele mesmo? – Nos conhecemos?

- Todas as ovelhas se conhecem. – "Ovelhas" o mesmo termo usado no orfanato. – Assim como os irmãos.

Meu sangue gela não seria possível ele está blefando, mas eu estava certa porque existe alguém de lá aqui ou ao menos alguém que sabe alguma coisa diferente dos outros.

- Então... – Me inclino para frente. – Você é meu "irmão" Bill?

- Todos somos irmãos perante a Deus. – Ele se levanta ainda sem se virar. – Lilith.

Sinto minhas pernas bambearem por um segundo e me recomponho.

- Conheço seu pai. – Ele ergue a cabeça. – Que os anjos o tenham.

- Ele não está no céu...

- Não? – Ele ri. – Temo que sua visita tenha fim agora, mas você sabe onde me encontrar...

A porta se abre quase me derrubando no chão, Catherine entra apressada, aparentemente depois do dinheiro a visita se acaba, ela me convida para um chá e me tira da sala deixando Bill ainda de costas sem me deixar ver seus olhos uma única vez sequer.

XXX

- Ele disse que conhecia seu pai? – Caleb indaga jogado na cama de Barbie. – Cain vai me matar por não ter te acompanhado.

- Ele nem ao menos me olhou nos olhos, ficou o tempo todo de costas.

- Mas ele podia te matar... – Barbie murmura.

Arregalo os olhos e me sento na cama com uma ideia um tanto arriscada na cabeça.

- Vamos voltar.

- O QUE? – Escuto Barbie e Caleb guincharem juntos.

- Ele me disse que sabia onde encontra-lo, era um convite hoje à noite podemos usar a desculpa de ir encontrar as pessoas do circo e ir ao exército da salvação, quem sabe assim falar com o Bill!

- Lilith eu realmente acho que isso não tem necessidade... Cain nem ao menos sabia desse Bill... – Barbie sussurra.

- Mas ele vai querer saber quando acordar! E veja só teremos mais coisas pra mostrar para ele, provando que fizemos um bom trabalho.

- Um trabalho arriscado. – Caleb rebate.

- Pensei que você gostasse disso. – Resmungo. – Se nada der certo nós voltamos, já fugimos dele uma vez.

- Mas... – Barbie suspira e se levanta. – Tudo bem, nós vamos, mas ao menor sinal de emboscada nós voltamos!

- Como quiser. – Sorrio.

- Eu só vou pela emoção. – Caleb sussurra na cama.

Sinto um formigamento tomando conta das minhas mãos, algo grande vai acontecer e eu vou conseguir provar pra todos que sei muito bem me virar nesse jogo. 

XXX

Tic tac o relógio começa a rodar,
Tic tac a hora começa a passar,Tic tac a morte de Alice irá chegar,
Tic tac o trono meu novamente será, Tic tac corte-lhes as cabeças direi!
Tic tac os gritos de Alice ouvirei, Tic tac corte-lhes as cabeças direi!

Grazielli S. Santos

XXX

Heyo! Tudo bom leitores? Apareci pra comentar e agradecer a @Meiko_Zoldyck <3 por ter feito esses poemas fofos para a Lilith (tem um pro Cain também, mas eu posto no próximo capítulo dele :v) acho que meus bloqueios criativos vêm diminuindo T^T eu gosto de como o Caleb e a Lilith vem virando amigos nesses capítulos, não é como escrever com o Cain e o Jared, mas ner eu gosto igualmente sdklkdlskdl o Bill é aquela coisa aliado, inimigo ou um novo Abel? Nunca saberemos (midira saberemos sim) enfim é isso, fui =3= 

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