The ripper strikes again (p.1)


Não há como dizer quem poderia ser o próximo

Sombras que rastejam através da rua

Algum movimento chama a sua atenção

Você ouve o trovão do seu batimento cardíaco

Apenas onde, oh onde poderia Jack se esconder?

Estimulando o ritmo de seus próprios pés

O terror se acumula dentro

Para enganar o astuto Jack, o estripador

Ele vai fazer você correr pela vida...

Gumi

Nove de novembro de 1888, sexta-feira, (Whitechapel) Inglaterra.

Scorpio me segura pelo ombro, parece estar com medo de eu sair correndo a qualquer momento e atacar alguém, Jaken e Allyson desenvolveram uma estranha amizade repentina e seguem juntos na frente, Lilith e Valerie estão mais indiferentes do que postes de luz, caminham ao nosso lado sem dizer uma palavra.

Olho para as ruas, Whitechapel... Nunca pensei que voltaria pra cá. Jaken estanca e bate palmas.

- Minha mansão velha fica aqui por perto... – Ele olha as ruas e pensa.

- Por que se mudou? – Valerie indaga.

- Precaução. – Jaken ri. – Nunca se sabe quando o estripador pode agir novamente... Por falar nisso, nenhum coche a vista.

- Realmente... – Allyson suspira. – Devia ter esperado pelo papai.

O velho Sr. Thompson resolveu ficar na fábrica, olho por sobre o ombro, ele vai ficar bem... Ou...

O valete pode resolver atacar na fábrica porque estávamos lá...

Arregalo meus olhos e puxo Scorpio pela manga do terno. Ele me encara assustado, arrasto-o a uma distância segura e uno as mãos em concha para ninguém ouvir.

- Scorpio... – Ele consente. – Qual é a chance do Valete atacar hoje?

- Ora Cain não brinque com essas coisas. – Ele afaga meus cabelos.

- Mas... – Fecho a cara e afasto sua mão. – Não é brincadeira e ainda deixamos um inocente pra trás.

- Não vai acontecer nada Cain. – Scorpio diz firme.

- A fábrica é nossa. – Abro os braços. – Cain e Lilith, os alvos deles, a chance de sermos vistos andando assim na rua é enorme e se eles já estiverem atrás de nós? – Arregalo os olhos. – E se estiverem nos vendo agora? E se já estão...

Respiro rápido, meu peito se aperta, Scorpio segura meu rosto entre as mãos, mas minha visão está borrada, ele aperta suas mãos em volta das minhas bochechas e as puxa, como se estivesse vendo um bebê fofo. Afasto-o com um tapa e respiro ofegante.

- Isso pode ser histeria. – Scorpio segura meu pulso. – Taquicardia, acha que está sendo perseguido, surta repentinamente, tremedeira, suor excessivo...

- Isso se chama Jaguadarte... – Me abaixo e apoio as mãos nos joelhos e tento recuperar o fôlego.

- O que houve? – Jaken grita. – Por que estão parados aí?

- Cain está passando mal... – Scorpio responde.

Ora, pro inferno, se eles querem brincar que estou louco tudo bem, mas nada me tira da cabeça que algo de muito errado está para acontecer... "Vai ser como matar dois coelhos com uma cajadada só", não é mesmo senhora Loba?

Empurro Scorpio com toda força que possuo, e espero ter algo de Jaguadarte também. Ele guincha algo e desaba. Corro sem olhar para trás... Lilith grita meu nome, fecho os olhos com força e apresso o passo, viro na primeira esquina que encontro, meu peito se aperta novamente, eu não sei voltar para a fábrica... Mas não vou parar. Saio em outra rua enlameada, olho sobre o ombro, nada de Jaken...

Paro em frente a três vielas apertadas, encaro a última e corro por ela, um velho bêbado barra o caminho, salto por ele e continuo. Olho pra cima, mais chuva a caminho... Viro em outra rua perfeitamente igual à de trás, a tirar por ter um ou outro rato a mais, tenho que descer... Vou fazer o caminho de volta para a fábrica, com certeza alguém vai me procurar por lá também. Dou dois passos, meu peito começa a doer e minha respiração ofegante não ajuda em nada, minha visão apaga lentamente... Inclino-me para frente e apoio as mãos nos joelhos, minha garganta se fecha, puxo o laço que prende minha gola, não deveria ter corrido...

- Está tudo bem? – Viro meu rosto, mas tudo fica preto, desabo no chão. – Ai meu Deus, você está bem... Cain?

Cain...?

XXX

Abro os olhos, estou deitado no colo de alguém, arregalo os olhos e me sento, minha visão escurece novamente.

- Devagar...! – Mãos pequenas seguram meus ombros. – Cuidado Cain.

Viro-me e vejo quem está ao meu lado, cabelos curtos e olhos castanhos, encaro aquele menino estranho com medo, e recuo. Olho para os lados, estou em outra viela, ao nosso lado um barril velho com água acumulada, lama suja minhas roupas.

- Quem é você...? – Murmuro. – Por que me chama de Cain?

Blefar... Prendo a respiração, parece inofensivo, mas Abel e Jared também pareciam, ele puxa os joelhos contra o peito e sorri. Está usando calças velhas dobradas até os joelhos e uma boina puída.

- Por que eu vejo uma marca sobre seu coração. – O garotinho ri, é mais novo do que eu. – Por isso te chamei de Cain. Não é seu nome?

- Jeremy. – Mais uma vez essa farsa. Empino meu nariz. – Não respondeu minha pergunta, quem é você?

- Ah... – Ele me estende sua mão. – Clarence.

Ergo as sobrancelhas, ele abaixa a mão e abraça os ombros, Clarence desvia o olhar e depois ergue as mãos bruscamente, recuo acertando minhas costas contra o muro, ele abre um leque de fósforos velhos e molhados.

- Eu vendo fósforos pra ajudar o orfanato onde vivo. – Clarence abaixa as mãos e encolhe os ombros. – Mas eles molharam, porque os derrubei em uma poça e com certeza agora eu vou ser vendido para os nobblers... Só porque não sei fazer nada direito. – Ele suspira.

- Nobblers? – Penso um pouco. – Eu já ouvi essa gíria, quer dizer que vai virar um limpador de chaminés?

Clarence consente. Mais um infeliz, o que posso fazer? Olho para o lado... Um momento.

- Disse que viu uma marca sobre meu peito? – Ele me encara assustado. – Como...?

- Eu vejo coisas... – Ele se inclina para frente. – Coisas que pessoas normais não veem. – Clarence olha para algo atrás de meus ombros. – Você é acompanhado por um homem de cabelos negros e olhos vermelhos... – Ele abaixa o olhar. – Ele tem chifres como o diabo e está rindo de mim.

- De certa forma ele é um demônio. – Clarence arregala os olhos.

- Você também o vê? Você é como eu?

- Não. – Ele encolhe os ombros. – Eu o vejo porque ele está em mim, não sou como você. – Clarence me olha de esguelha.

- Você vendeu sua alma...? – Ele murmura.

- De certa forma... – Dou de ombros, escuto passos apressados, arregalo os olhos. – Comprarei todos os seus fósforos se me fizer um favor. – Enfio as mãos nos bolsos e alcanço todas minhas moedas. – Vá até a fábrica de tecidos dos Maurêveilles, diga ao Mister Thompson para sair imediatamente da fábrica antes que algo ruim aconteça.

Despejo minhas moedas em seu colo. Clarence arregala os olhos.

- Ele vai agir novamente... – Ele murmura. – O estripador vai atacar novamente.

Engulo em seco, eu sei que vai. Empurro Clarence contra o muro, atrás do barril. Ele me olha apavorado.

- Fique quietinho... – Apoio um dedo sobre seus lábios. – Só saia quando eu me for.

Clarence consente, alguém para no fim da viela, viro-me, Scorpio fecha a cara, sorrio e me levanto correndo para longe dele. Saio na próxima rua, não estou correndo para fugir, só para Scorpio não achá-lo, dou alguns passos até que sou puxado para trás.

- Sua praga... – Scorpio aperta meu braço com força. – Eu... Você... – Ele para e respira fundo. – Você vai se ver comigo.

- Sinto muito. – Sorrio. – Um pouco de exercícios faz bem, não é mesmo?

- Cínico... – Scorpio me puxa subindo a rua.

Olho para trás, nenhum sinal de Clarence... Espero que ele faça um bom trabalho, respiro fundo e sorrio, que nada dê errado, por favor.

XXX

- Achei ele! – Scorpio acena para Jaken e outro homem.

- Mocinho... – Jaken trinca os dentes, Lilith solta um gritinho, Scorpio para ao lado deles e me solta. – Você está muito encrencado.

- Desculpe. – Abro as mãos em frente ao corpo e sorrio. – Boa tarde policial.

- Um estripador a solta e temos que correr atrás de um menininho mimado. – Ele toma notas em seu bloco marrom.

- Desculpe-me senhor Abberline*. – Scorpio sorri. – Mas tenho certeza de que vai pegar esse estripador, e... – Scorpio abaixa o olhar. – E vingar as mortas.

O inspetor mexe em seu quepe e depois nos libera... A voz de Clarence volta a minha mente, se eu não fizer nada agora...

- ELE VAI AGIR NOVAMENTE! – O investigador se vira e me encara irritado. – Hoje à noite, o estripador vai atacar novamente...

Ele franze as sobrancelhas grossas e resmunga se virando de costas e seguindo, Jaken me segura pelo colarinho, arregalo os olhos.

- O que você pensa que está fazendo?! Pare de falar asneiras e não levante suspeitas contra nós! – Ele ergue as sobrancelhas. – Você é insolente Cain, pra que diabos sair correndo assim? – Ele me solta com um empurrão. – Não terá proteção para sempre, nem sorte.

- O que você estava fazendo?! – Lilith guincha. – Quase me matou do coração Cain!!! – Encaro meus pés. – Está tudo bem...?

- Está. – Scorpio aperta uma mão sobre meu ombro. – Desculpe-me.

- O que você estava fazendo seu louco?! – Scorpio se abaixa e me vira para ele. – Agora sabe como vai ser complicado arrancá-lo daquela casa? Não poderemos mais ver a Helena... Era isso que queria?

- Não... – Recuo me afastando de seu aperto. – Não era isso, mas...

- Chega de "mas". – Scorpio suspira e se levanta. – Vamos logo.

Lilith estende um lencinho e o esfrega em meu rosto, afasto-a com um empurrão. Droga. Abaixo a cabeça e a puxo para um abraço.

- Ele vai agir de novo... Eu sei que vai. – Murmuro e me afasto.

Lilith arregala os olhos. Viro-me e sigo Jaken e Scorpio que abrem uma porta, não adianta o quanto eu fale, eles não vão fazer nada. Agora minha única esperança é que Clarence seja útil e que o senhor Thompson não seja a próxima vítima... Suspiro e cruzo a porta, já me preparando para o interrogatório.

XXX

*Frederick George Abberline - real investigador do caso de Jack, o Estripador, e eu quase esqueci de ressaltar esse detalhe ;w; 



Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top