O maravilhoso País de Oz
Trinta e um de outubro de 2017, terça feira, - (Londres) – Inglaterra.
As crianças da sala conversavam animadas sobre o que fazer nesse Halloween, Cain olhava ocasionalmente para seu caderno rabiscado, enquanto Abel sussurrava sem parar ao seu lado, mesmo sabendo que o irmão o estava ignorando:
- Nosso pai vai viajar as duas e, provavelmente, vai voltar as dez, se sairmos cedo, talvez a gente consiga alguns doces.
- Você sabe que Emmeline estará em casa. – Cain sussurra. – Ela com certeza vai contar a ele que saímos.
- Contaria, mas Lilith convidou Chevonne para tomar chá, logo Emmeline se ocupará com ela. – Abel disse astuto. - E Jaken também estará lá! Ele sabe que vamos sair, e concordou com isso, vai distrair as duas, ele é bom nisso.
Cain revirou os olhos, o sinal bateu e os dois desceram devagar, Lilith os esperava embaixo de um pinheiro que ficava no pátio externo da escola, os dois se aproximaram, Abel e Lilith tramavam o plano da noite quando o carro preto estacionou perto deles, entraram em silêncio e disfarçaram, Cain olhava a rua pela janela do carro, Abel mexia no celular enquanto Lilith lia um livro antigo que fora da sua falecida mãe, Oscar olhava para as crianças pelo retrovisor e sorria, foi então que o carro fez uma curva que não estava no seu trajeto, e Cain indagou:
- Para onde estamos indo, pai? – Abel e Lilith desviaram o olhar das suas coisas também.
- Para Helena. – Oscar respondeu ainda sorrindo. – Não pensou que os deixaria sozinhos em casa?
- Mas Helena é uma velha louca! – Abel disse indignado. – Não somos crianças, e Emmeline estará em casa!
- Emmeline está de folga. – Oscar disse, ainda calmamente. – Vocês vão ficar com Helena até eu chegar.
E ali a discussão teve fim, Cain voltou a olhar a paisagem, não teve nenhum plano frustrado, Abel afundou no banco, cruzando os braços, e Lilith suspirou, voltando a ler seu livro, e em silêncio ficaram até o carro os deixar em frente ao casarão velho de Helena, desceram sem nenhuma despedida e tocaram a campainha, Oscar ainda dentro do carro observava atentamente, depois de um tempo o neto de Helena veio os receber, Caleb abriu o portão e encarou o homem dentro do carro preto, não sorriu, deixou que as crianças entrassem e fechou o portão silenciosamente. Assim que ouviu o som do carro se distanciar Abel soltou um grunhido de raiva e Lilith suspirou.
- O que ele pensa que é?! – Abel resmungou cruzando os braços e encarou Cain, que sorriu.
- Nosso pai. – Disse calmamente.
- Você é igual a ele! – Abel apontou para Cain. – Você é só um idiota que se priva de tudo, se fechando de todos! Você é só mais um lixo como ele!
Cain arregalou os olhos, o sangue subindo a cabeça, ergueu um punho, mas Caleb o segurou, Abel mordeu o lábio, se virou e correu, desaparecendo no enorme jardim da velha Helena.
- Você não devia ter me segurado. – Cain resmungou puxando o braço de volta.
- Oscar me mataria se um dos seus queridinhos voltasse pra casa com o nariz quebrado. – Caleb respondeu empurrando Cain. – Pra dentro.
Caleb era só alguns anos mais velho que Cain, mas muito maior, e mais forte que o pequeno e magricela Maurêveilles, entrar em uma briga com Abel era fácil, agora enfrentar Caleb lhe traria muitos problemas.
A casa da velha Helena se parecia naturalmente com uma casa antiga assombrada, Lilith foi até o sofá e se sentou, Cain logo atrás dela, Helena escutava a TV, escutava, porque era cega de nascença, Caleb voltou e se sentou ao lado das crianças.
- Falta um. – Helena disse olhando pras crianças sorrindo. – Onde o diabinho foi parar?
- Provavelmente na casa da árvore. – Caleb respondeu trocando de canal. – Eles já chegaram agitados.
Helena soltou uma gargalhada louca e se levantou, indo para a cozinha, Caleb deu uma olhada para ela e se voltou para os dois.
- Vocês querem pedir doces? – Provocou sorrindo.
- Nosso pai não deixa... – Lilith sussurrou encarando Cain.
- Ele não está aqui. – Caleb respondeu, ainda sorrindo. – Helena nem ia perceber que vocês saíram, e se percebesse não faria nada. – Lilith voltou a olhar pra Cain, agora esperançosa. – Devem ter algumas fantasias minhas no sótão, eu pego em um instante, vocês só precisam chamar o Abel.
- Mas... – Lilith olhou para Cain. – Por favor?
- Tá... – Cain cruzou os braços. – Mas você vai comigo chamar ele.
- Eu vou pegar as fantasias e vocês trazem o Abel, certo? – Caleb se levantou e foi para o sótão.
Os dois se levantaram e saíram pela porta que dava para o jardim, na casa de Helena tudo crescia livre, roseiras selvagens, amoreiras, pequenos arbustos floridos e um grande carvalho, ali no meio existia uma casinha de madeira, pertencera a Caleb quando ele era pequeno, estava velha e perigosa, mas sempre que estavam ali, os três subiam nela.
Lilith subiu na frente, Cain logo atrás, o céu escurecia e dava mostras de que a noite a chuva ia ser intensa, Lilith entrou na casinha e Cain parou na escada, olhou o interior, Abel estava sentado abraçando os joelhos, assim que ouviu o barulho dos dois subindo ergueu o rosto, molhado pelas lágrimas e fechou a cara.
- O que vocês querem? – Indagou secando as lágrimas.
- Caleb disse que podemos pedir doces! – Lilith se aproximou dele. – Isso vai fazer você se sentir melhor, não vai?
- Talvez. – Abel voltou a encarar Cain. – E você? Não quer pedir doces, pelo que sei o que vai ganhar com isso?
- Nada. – Cain ergueu as sobrancelhas. – Diferente de você, que só faz as coisas pra si mesmo, eu estou fazendo isso pelos dois.
- Você sempre se acha muito superior...
Lilith encarou Cain, tinham ido ali para pedir desculpas, e não começar outra briga, Cain respirou fundo, poderia ferir seu orgulho mais uma vez. De repente, por um segundo, o mundo inteiro se apagou ao redor dos três. Um barulho ensurdecedor pareceu partir a casa em dois e jogou as crianças árvore abaixo.
XXX
Lilith foi a primeira a acordar, sua visão estava embaçada e ela não se lembrava de nada, olhou ao seu redor, estava em um lugar amplo, não parecia mais o jardim de Helena, ela se sentou, a visão clareando e se lembrou que estava na casinha antes de tudo se apagar, talvez um raio da tempestade tenha atingido a casa de madeira, ou a idade acabou a derrubando, olhou em volta, mas não viu vestígios da casinha, estava em uma sala escura, uma pequena penteadeira estava no canto e sobre ela um gato preto sorria para Lilith, ela arregalou os olhos.
- Vejo que acordou... – Disse o gato se espreguiçando. – Devo chamá-la de Alice, Wendy, Dorothy, Coraline...?
- Lilith. – Disse devagar. – Você é o gato de Cheshire? – O gato sorriu e consentiu. – Oh certo, eu devo ter batido a cabeça bem forte.
- Não diga isso. – O gato saltou da penteadeira e caminhou, uma porta surgiu a sua frente. – Gostaria de me acompanhar?
Lilith se levantou e consentiu, era apenas um sonho, seguir um gato Risonho deveria ser normal. Passou pela porta e olhou em volta, uma tenda listrada, arquibancadas, um picadeiro, estava em um circo.
- Você já veio aqui? – O gato disse lentamente, ela o encarou.
- Não. Meu pai não deixaria.
O gato riu, o que a fez erguer as sobrancelhas. Lilith olhou bem o picadeiro, a primeira coisa que notou foi o trapézio, alguém se balançava nele, demorou a perceber que aquele era Abel, seu rosto estava maquiado e ele usava roupas remendadas, ainda confusa olhou em volta, ao lado de uma placa de arremesso de facas Cain estava sentado, ele mexia nas facas que estavam no seu colo, ocasionalmente atirando uma sobre a tábua marcada por sulcos de facadas anteriores, seus rosto tinha linhas prateadas e suas roupas eram do mesmo tom, e mais adiante ela viu um garoto ruivo preso em uma jaula, Lilith não se lembrava do seu nome, mas já o vira com Cain muitas vezes, olhou para o gato, que estava a encarando.
- Você deve se perguntar, quem são esses. – Ele disse lentamente. – Veja, no alto, aquele é o Espantalho, há muito tempo ele ficou louco. – Lilith voltou a olhar para Abel. – Sua sanidade foi toda levada, e ele passou a agir somente pela sua emoção, como se não tivesse mais um cérebro para reger o que é certo ou errado. – O gato olhou para Cain. – Aquele é o Homem de Lata, há pouco tempo ele entregou seu coração ao seu amado, mas ele o feriu, o Homem de Lata perdeu suas emoções e jurou jamais amar alguém novamente. – O gato indicou a jaula com a cabeça. – Aquele é o Leão, foi a ele que o Homem de Lata entregou seu coração, mas ele não tinha coragem de aceitá-lo, ele se fechou na sua jaula com medo de ferir mais pessoas, e de lá não saiu mais. – Lilith encarou o gato. – O circo faliu, as pessoas não quiseram mais ver essa decadência, sabe? Você pode mudar isso, se quiser, é só falar com Oz.
- Pelo que eu me lembro essa história não era assim. – Lilith sussurrou olhando em volta. – Parece tudo tão triste. – O gato sorriu, ela voltou a erguer as sobrancelhas. – Eu devo seguir pela estrada de tijolos amarelos, ou seguir o Coelho Branco?
- Você pode encontrá-lo. – O gato se levantou, andando em direção as sombras. – Mas não vai achar se procurar.
- Ah ótimo. – Lilith se virou para olhar o gato, mas esse já tinha desaparecido. – Eu prefiro cachorros. – Disse para a escuridão.
Respirou fundo e caminhou em direção a Cain, sempre foi mais fácil falar com ele, e Abel estava no alto, se aproximou, Cain se virou para ela, uma faca na mão, ela parou.
- Quem é você? – Ele disse pausadamente.
- Sou sua irmã, Lilith. – Ele inclinou a cabeça, confuso. – Ouvi dizer que você não tem coração, é verdade?
- Sim. – Cain se virou, acertando mais uma faca na tábua. – Eu não tenho coração. – Lilith deu um passo, Cain se virou novamente. – Por que quer se aproximar de mim?
- Por nada. – Ela se afastou, indo até a jaula, olhou para o garoto deitado no seu interior e teve uma sensação estranha, apoiou a mão na grade fria e disse: - Oi... – Ele continuava de costas. – Meu nome é Lilith, eu te conheço. – O garoto suspirou. – Você pode se virar?
- Não gosto de encarar as pessoas, elas me assustam. – Ele murmurou. – Vá embora.
Lilith empinou seu nariz e caminhou até o centro do picadeiro, olhou para cima e gritou:
- Você pode descer?
- As pessoas têm medo da minha loucura. – Abel respondeu ainda se balançando. – Eu esqueci como se desce, só para não vê-las mais.
Lilith bufou frustrada e se afastou, resolveu sair daquele circo, caminhou até um pedaço de tenda que estava farfalhando e descobriu uma saída, olhou em volta, o exterior não era mais amigável que o interior, tudo parecia enegrecido e doente, recuou, voltando para o circo, nem ao menos existia uma estrada de tijolos amarelos, suspirou e resolveu se sentar em um amontoado de feno perto da saída, estava perdida e confusa, provavelmente era tudo um sonho, ela devia ter caído da casinha na árvore e batido a cabeça, assim como Alice, acordaria no final. Viu um sorriso se formar sobre ela e involuntariamente sorriu também.
- Já o encontrou? – Disse o Gato manhoso, Lilith negou com a cabeça. – E os integrantes?
- Continuam no mundinho deles. – Sussurrou. – Acho que foi por isso que ficaram assim.
- Por quê? – O gato se deitou sobre seu colo preguiçosamente.
- Porque eles são idiotas. – Lilith disse empinando o nariz. – Meninos são idiotas...
- E gatos? – Sussurrou. – Ou você prefere cachorros?
- Eu menti, prefiro gatos. – Lilith coçou atrás das orelhas do gato risonho, - Sabe, acho que esse sonho é como um milk-shake de Alice e O Mágico de Oz.
- Um "leite mexido? " – Repetiu o gato levantando a cabeça. – Eu adoraria no momento.
- Sabe Gato, - Ela continuou olhando Cain. – Acho que essas são as representações que eu criei na minha cabeça, para mim o Cain não tem coração, o Abel é meio desmiolado, e bem, eu acho que nunca falei com o garoto ruivo, nem sei seu nome!
- E o que você pensa sobre isso? – Ronronou o Gato.
- Que eu deveria fazer alguma coisa! – Disse, subitamente se levantando e derrubando o gato. – Desculpe... – Ele a olhou ofendido, sem o sorriso. – Poderia me ajudar com isso?
- Você deveria agir sozinha... – Sussurrou o Gato. – Mas... – Lilith sorriu. – Eu vou lhe dar uma força.
E desapareceu por completo, Lilith, confusa, suspirou olhando seus sapatos vermelhos e reparou que um dos corações que o enfeitava tinha caído e estava ao seu lado, surpresa, ela o recolheu, era de veludo, acariciou sua superfície macia e teve uma ideia, tirou um dos grampos que prendia o cabelo e o passou pelo coração, transformando-o em um broxe, se encheu de coragem e caminhou até Cain, que se virou irritado para ela.
- O que você quer? – Disse hostil.
- Dar-lhe algo! – Lilith se aproximou devagar. – Eu encontrei seu coração!
- Encontrou? – Cain abaixou as facas e olhou curioso para as mãos dela. – Onde?
- Eu o encontrei em uma noite chuvosa, quando eu estava assustada. – Lilith chegou perto o suficiente para se sentar ao seu lado. – Você se sentou na minha cama e leu para mim, até eu me acalmar. – Cain ergueu as sobrancelhas. – Você me disse como a mamãe era linda, e cuida de mim mais do que ninguém. – Ela abriu o broxe improvisado. – É aí que está seu coração, e você me emprestou ele, mas agora eu te devolvo. – E para finalizar prendeu o broxe sobre o peito de Cain que sorriu, ela sorriu de volta.
E para sua surpresa, Cain passou os braços ao seu redor, ela também o abraçou, se afastou e olhou em volta, algo deveria a ajudar com o Leão. Um lampejo chamou sua atenção para uma garrafinha caída, se aproximou, estava vazia, sorriu e foi em direção a jaula com a garrafa em mãos.
- Oi! – Ela se apoiou na porta da jaula, vendo que estava aberta, puxou o trinco, fazendo o Leão se virar para ela. – Eu te trouxe algo.
- Feche isso! – O Leão se sentou, recuando até tocar as barras da jaula. – Eu não quero que ninguém entre! Eu não quero ferir outra pessoa!
- Olha, eu não tenho medo de você... – Lilith se sentou e balançou a garrafa. – Vou te contar um segredo, uma vez eu vi um garoto como você. – O Leão ergueu as sobrancelhas. – Mas eu não tive coragem de ir falar com ele, porque eu era uma covarde. – Ele, agora mais convencido, se sentou no chão. – Então eu tomei um golinho dessa bebida mágica e perdi todo o meu medo, e estou aqui conversando com você, sabe? Eu já deveria ter feito isso antes.
- Mas essa garrafa está vazia. – Sussurrou o Leão.
- Ora! Não está não, você é que não está vendo o que tem aqui dentro, quando beber vai poder ver a linda cor que ela tem.
- Mas o que eu ganho bebendo isso? – Ele perguntou.
- Coragem. – Lilith fez a garrafinha rolar até os pés dele.
O Leão continuou a olhar confuso para a garrafa, mas a pegou, receoso abriu a tampa cheirando seu interior, balançou ela uma vez e virou seu "conteúdo", Lilith riu da cena, ele arregalou os olhos e a encarou.
- A garrafa está vazia! – Disse zangado.
- Está porque você bebeu tudo. – Sorriu. – Como se sente?
- Enganado... – Cruzou os braços.
- É... – Lilith riu. – Mas você está me encarando e respondendo, você criou coragem para falar o que sente. – Ele arregalou os olhos. – A jaula está aberta, cabe a você ter a coragem para sair dela, ou ficar sozinho.
Ela desceu da jaula e esperou, achou que não tinha funcionado, mas para sua surpresa o Leão desceu e parou ao seu lado, ela estendeu a mão para ele, que a apertou.
- Meu nome é Lilith, e o seu?
- Jared... – Ele sorriu afastando uma mecha do cabelo vermelho. – Meu nome é Jared, Lilith.
- Sabe, tem uma pessoa que gosta muito de você. – Jared corou. – Você poderia conversar com ele, ao menos falar um "oi". – Ele a olhou de esguelha. – Eu tenho que falar com mais uma pessoa, até mais.
Ela se afastou e olhou em volta, nada que a fizesse subir, falar com Abel seria muito complicado, suspirou e enfiou as mãos nos bolsos, encontrou uma fita de cetim vermelha, era de um trabalho da escola, teve uma ideia e parou em baixo de onde Abel estava.
- Eu tenho uma corda! – Gritou, ele continuou se balançando. – Se você descer eu te dou ela, ela é mágica, quem a amarra em um chapéu se torna o louco mais sábio!
O trapézio parou de balançar e Abel olhou para baixo. Lilith sorriu e escondeu as mãos atrás das costas, Abel olhou bem, mas não viu nada.
- Não vejo corda alguma, você está me enganando!
- Ela é mágica, lembra? – Gritou em resposta. – Só vou deixar você ver se descer.
Abel não conseguia imaginar como seria uma corda mágica, mas estava curioso, ficou em pé no trapézio e se balançou, Lilith pensou que tinha falhado, mas se surpreendeu quando entendeu o que ele estava fazendo, Abel balançava o trapézio para se aproximar do posto onde havia uma escada para o chão, com um impulso ele saltou, Lilith prendeu a respiração, ele caiu na prancha de madeira e fez pose, depois desceu as escadas. Abel parou ao seu lado e a olhou novamente.
- Aqui. – Lilith tirou a fita de trás das costas. – Soube que ela enfeitou as coroas dos mais sábios reis, aqueles que você decorou o nome na aula de história, porque se interessava. Também ornou os cabelos das mulheres que fizeram a diferença no mundo, aquelas que você mais admira, e que eu nem ao menos lembro o nome, porque sou mais nova e não estudei tanto quanto você. – Abel se encheu de orgulho das falas dela, e se inclinou, fazendo uma mesura. Lilith amarrou a fita no seu chapéu de palha e ele se endireitou. – Como se sente?
- Inteligente. – Ele pensou, e conseguiu pensar, sorriu satisfeito. – Mas ainda sou louco, e isso não é mau.
- Exatamente. – Lilith segurou suas mãos entre as suas. – Agora, você poderia me dizer quem é Oz?
- Ora isso é simples! – Abel abriu um largo sorriso. – O Gato.
- O Gato?! – Lilith recuou assustada. – Mas, não, ele é um gato risinho, não um mago...
- Ele é um ilusionista, e cria ilusões que mantêm as pessoas, por que não ele? Vá falar com ele.
- Mas... – Abel se virou e caminhou até Jared e Cain que conversavam. – Como?
- Às vezes... – Se virou em busca do Gato. – As pessoas precisam de ilusões para seguir em frente, você não é muito diferente de mim, afinal. – Lilith então viu um homem sorridente sentado atrás dela. – Acho que você deve voltar para onde pertence, mas não se esqueça do que aconteceu aqui, evite isso, muitos já erraram no passado. – O homem se levantou e foi até ela. – Você não vai ser como eles, vai fazer diferente, antes que seja tarde demais.
Com um gesto amplo indicou os três garotos, o que perdeu seu coração porque se feriu, o que enlouqueceu porque era diferente e o que se fechou porque não tinha coragem, Lilith entendeu que tudo aquilo podia acontecer em seu mundo, e que era dever dela evitar isso, sorriu e fez uma mesura para o Gato, que a cumprimentou com a cabeça também, Lilith encarou ele e, ainda sorrindo, bateu os calcanhares três vezes, afinal, todos sabem que é essa a mágica, então lentamente o mundo escureceu ao seu redor, menos uma luz insistente que atingia seus olhos, os cobriu com as mãos e ouviu vozes, abriu os olhos e viu que estava deitada, Cain e Abel se inclinavam sobre ela.
- Ela acordou! – Abel guinchou se afastando, provavelmente indo chamar Helena.
- Tive um sonho muito louco... – Lilith sussurrou para Cain. – Você aparecia nele. – Ele então ergueu as sobrancelhas. – Nunca se esqueça de que você é incrível e eu te amo. – Lilith se inclinou e sussurrou: - Você precisa me apresentar ao Jared, eu torço por vocês. – Deu risada e se afastou.
Cain, ainda mais confuso, ficou vermelho e calado, Abel retornou, e olhou para o irmão sem entender, e se virou para Lilith, antes que ele falasse qualquer coisa disse:
- Você não precisa se preocupar por não ser igual ao Cain, você não é inferior a ninguém, e eu te admiro muito. – Abel inclinou sua cabeça confuso. – Eu preciso dormir um pouco, se vocês me dão licença, tenho um novo amigo, mas eu só posso vê-lo nos meus sonhos, vocês poderiam se sentar e conversar. – Os dois trocaram um olhar assustado. – Há muito tempo vocês vêm precisando disso.
Lilith sorriu e fechou os olhos, não estava dormindo, ficou em silêncio, Abel então foi o primeiro a falar:
- Ela enlouqueceu quando caiu da casinha.
- Eu gosto dessa mudança. – Cain respondeu. – Desculpe-me. – Acrescentou.
- Na verdade... Eu é que me desculpo...
- E quanto ao Jared? – Lilith disse se sentando, Cain corou novamente. – Eu preciso conhecê-lo!
E assim as três crianças passaram o seu Halloween, não pedindo doces como tinham imaginado, mas ouvindo Lilith contar sobre seu sonho, e também sobre outras coisas, histórias que tinha lido, e coisas que fazia longe dos irmãos, ela sabia que a distância poderia machucá-los e que ela precisava dar o primeiro passo para manter a harmonia desse estranho, e maluco, trio.
XXX
Atualização surpresa :3 um especial de Halloween para essas crianças s2
Eu não falei que ia fazer especial porque eu achei que não ia sair, juro que comecei isso dia primeiro de outubro e só terminei hoje ;w; mas deu tempo e isso que importa <3
Espero realmente que vocês gostem dessa historinha, e bem, feliz Halloween =3=
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