Leaving this place

 "Loucura é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes a cada vez."

Albert Einstein

Dezessete de novembro de 1888, sábado, (...?) Inglaterra.

A porta se abre e Caleb é enxotado da enfermaria por Scorpio, ele que chegou a casa Nonsense repentinamente e alarmado, Scorpio só o deixou entrar porque ele estava muito agitado e a todo o momento perguntando se alguém tinha nos atacado. Levanto-me com um salto e o encaro, Barbie coça os olhos e acorda, encarando Caleb confusa, ela dormia tão profundamente quando ele chegou que nem notou nada. Fecho a cara e cruzo os braços.

- Como ele está? – Digo firme, Caleb ergue as sobrancelhas. – E por que você perguntou se tínhamos sidos atacados?

- Ele está bem. – Caleb apoia as mãos no quadril. – E isso são assuntos meus.

- Não me interessa! – Engulo em seco, isso Lilith, onde está aquela que respondia a todos mal? Exato, ainda está aqui. – Eu já disse que quero saber. Não são assuntos seus, são assuntos do Cain também e eu tenho o direito de saber.

- Escuta aqui... – Caleb aponta um dedo pra mim. – Se quer mesmo saber aconselho a entrar aqui e perguntar ao seu irmão, se é que ele está em condições de te responder, mas eu sou de Espadas, e prefiro perder a língua a revelar segredos de meu mestre.

- Mas... – Sinto alguém puxar minha saia e me viro para Barbie.

- Eu não entendo isso de naipes muito bem, mas se ele está mandando a gente confiar nele eu confio.

- Você é desmiolada. – Rebato. – E você me deve uma. – Aponto para Caleb e cruzo os braços.

Caleb sorri e inclina sua cabeça, depois desaparece pelo corredor, me jogo de volta ao chão e Barbie se senta ao meu lado. Ser despertada com Cain gritando ou lutando para acordar de um pesadelo é quase corriqueiro, mas acordar com Cain gritando de dor e vomitando sangue é outra, totalmente desesperador... Aperto as mãos sobre minha saia e engulo em seco, por um momento eu...

Eu pensei que fosse perdê-lo.

Aperto os meus joelhos, não devia chorar, eu não posso fraquejar... Barbie passa os braços pelos meus ombros e me abraça. Uhn? Arregalo os olhos e a afasto, ela sorri e ergue meu rosto com o polegar.

- Reaja: não se entregue. – Barbie sorri largamente. – Se você chorar que nem uma idiota o que o Cain vai dizer?

- Pro inferno. – Me afasto e seco as lágrimas.

"Reaja"... O que essa idiota pensa que é? Cruzo os braços e encaro meus pés descalços, eu devia ter calçado alguma coisa.

- Ora, ora, vocês ainda estão aqui? – Scorpio ri e fecha a porta.

- E o Cain?! – Indago me levantando.

Scorpio ri e caminha até onde estou afagando meus cabelos. Uhn... Recuo e o encaro irritada.

- Ele está dormindo. – Scorpio se abaixa e ajuda Barbie a se levantar. – E aconselho as duas a fazerem o mesmo. Pela dose Cain só vai acordar amanhã à tarde.

- Mas... – Começo. Scorpio suspira. – Ele está bem mesmo?

- Está, Lilith. – Scorpio repete. – Está fora de perigo, medicado e bem tratado. Pode dormir tranquila.

Barbie suspira e se espreguiça ao meu lado, uhn... Scorpio sorri e caminha até a porta a abrindo, Barbie estanca ao meu lado.

- Vão lá, as duas, deem boa noite e voltem pra cá.

Caminho até ele sem esperar por Barbie. As luzes da sala já estão apagadas e uma fraca luminescência que vem da janela sem lua, Cain parece bem mais frágil do que antes de vir para a casa Nonsense. Ele mudou, nós mudamos... Paro ao lado da cama e o encaro, o rosto está mais pálido e as olheiras fundas velam seu sono quase tranquilo, suspiro e passo as costas das mãos sobre os olhos. Ele está bem, não vai acontecer como no circo, ele não vai morrer.

- Boa noite... – Abro os olhos, Barbie se inclina e beija Cain na bochecha, depois sorri. – Melhor irmos.

- Tá. – Encaro Cain e me apoio na cama, encostando meus lábios em sua bochecha fria.

Aposto que se estivesse acordado ele rosnaria, sorrio e me afasto, Scorpio sorri e dá um tapinha em minha cabeça quando passo, ele e Barbie sobem conversando, sigo-os a distância.

Eu não posso ficar parada, já passei tempo demais dependendo da boa vontade e dos alertas dos outros, está na minha vez de fazer algo sem ajuda de ninguém, e não é chegar a um espelho sem plano algum e tentar falar com alguém e chamar atenção. Está na hora de montar um plano, e fazer o máximo para conseguir meu objetivo: acabar de vez com Alice.

XXX

Entro no quarto, a cama vazia de Cain me faz sentir mais ódio por aquela maldita que arruinou tudo, não vou esperar mais. Caminho até o pesado baú ao lado da cama dele e o abro, atrás da edição de Alice no país das maravilhas sei que Cain anota coisas no livro e isso pode me ajudar. Encontro as duas edições que ele possui e as pego, volto pra minha cama e acendo um pequeno abajur ao meu lado, folheio os livros e encontro as anotações de Cain... Uhn... Desço da cama e abro meu baú.

Cain não vai gostar nada de saber que eu peguei os livros dele, pego um caderno empoeirado que usava com minhas lições em casa, eu levei isso quando fui morar com Jaken, mas nunca o usei de fato, muitas coisas aconteceram depois que o papai morreu, pego uma pena velha e um tinteiro, a primeira coisa que devo fazer é copiar as anotações dele, depois eu vou fazer as minhas próprias e resolver esse mistério.

XXX

Acordo com a cara enfiada no caderno e com minha mão pegajosa de tinta. Aí não! Sento-me e encaro o tinteiro virado, por sorte a tinta escorreu para o chão e não sujou nenhum livro, tampo o frasco com o que restou e esfrego as mãos na barra do vestido, Chevonne vai me matar. Recolho os livros de Cain e os guardo no baú, exatamente como encontrei e o fecho, encaro minhas novas anotações, só nomes e reflexos, algumas pistas, charadas... Oito casas. Oito casas?

Olho para minha cama cheia de tinta e suspiro. Já copiei as anotações agora preciso ler os livros, não adianta ter as pistas e esperar que as soluções caiam no meu colo. Puxo o cobertor sujo e o dobro ao pé da cama, volto a me sentar, dessa vez com minha cópia de Alice através do espelho, e começo a ler essa maldita aventura.

XXX

Escuto as batidas suaves na porta e acordo, fecho o livro e o escondo embaixo do travesseiro, Chevonne abre a porta e sorri, sorrio de volta.

- Estan tudo bem? – Ela entra de costas e fecha a porta, está segurando uma bandeja. – Vous non aparreceu, resolvi verr o que tinha acontecido.

- Só estava tirando um cochilo. – Sussurro. – Eu não consegui dormir bem ontem à noite.

- Ah... Por Dieu! Non me assuste assim. – Ela ri e se senta, apoiando a bandeja na minha frente, com bolo e frutas, assim como uma xícara de chá, Chevonne franze o nariz e encara a cama. – O que aconteceu aqui?

- Eu derrubei tinta... – Pego a fatia de bolo e enfio na boca. – Delicioso! O meu preferido.

Chevonne cruza os braços e ergue as sobrancelhas, reviro os olhos e engulo.

- Eu estava anotando umas coisas do livro da Alice, acabei pegando no sono e derrubei a tinta.

- Uhn... – Ela encara o cobertor acusadoramente. – Só isso...?

- Eu juro. – Faço um X sobre o peito.

- Pois bem... – Chevonne empurra a bandeja prateada. – Coma e vá se lavarr, se moi voltarr aqui e vous estiver toda suja... Ah mocinha, você vai se arrepender.

Engulo em seco, pra ela ter proferido essa frase sem nenhum sotaque eu devo me preocupar. Consinto e abaixo a cabeça, Chevonne sorri satisfeita e se retira, junto com os lençóis sujos de tinta, encaro meu caderno manchado e suspiro. Sair do lugar é mais difícil do que parece.

XXX

Depois de me lavar e trocar a roupa volto para o quarto e me assusto ao encontrar Cain sentado na cama, ele não parece nada feliz. Engulo em seco e fecho a porta.

- Por que estava mexendo nas minhas coisas? – Ele dispara.

- Eu não estava... – Olho para a tampa do baú e vejo a marca de uma mão manchada de tinta. – Eu... – Ele cruza os braços. – Peguei seus livros e copiei suas anotações.

Cain ergue mais as sobrancelhas, reviro os olhos e vou até minha cama, atirando meu caderno nele, Cain o folheia e joga de volta, parece convencido. Sento-me na minha cama e o encaro, ele está com o pescoço coberto por uma faixa, os olhos continuam com olheiras fundas, desvio o olhar e fico quieta.

- Está tudo bem. – Ele resmunga, encaro-o. – Ainda dói quando eu falo, mas bem melhor.

- Foi...?

- Sim. – Ele me encara. – Foi ele. E isso me fez tomar uma decisão.

- Fez...? – Sussurro, receosa.

- Sim. – Cain consente. – Eu quero desafiá-lo para um jogo. – Ele diz as palavras devagar e alto, como se houvesse uma pessoa fora do quarto precisando ouvir.

- Por quê?

- Porque ele sabe de muita coisa. – Cain encara as próprias mãos. – E eu sei que ele nunca vai falar isso para mim, por isso eu tenho que apostar algo com ele.

- E o que você está pensando em apostar...? – Murmuro, mas, horrivelmente, eu já tenho ideia do que seja.

- Eu. – Ele sorri. – Apostarei minha mente e meu corpo, se eu perder, ele assume.

- VOCÊ É LOUCO?!

- Eu nunca neguei isso. – Cain ri. – Veja, é uma chance ótima para ter umas boas respostas eu só preciso pensar em um jogo, e é claro, vencer.

- Mas... – Encaro-o. – E eu...?

- Eu ainda não terminei. – Ele ri. – Também tenho planos pra você.

Engulo em seco, isso, definitivamente, não é um bom sinal. 

XXX

Primeiro capítulo do ano! Cheio de bugs, mas ainda sim o primeiro, e temos uma surpresa... Tchananam

 The Ripper ganhou o segundo lugar em Mistério/Suspense do Projeto Dark in Dark da @Darkdivulga <3 se você curte histórias trevosas deem uma olhada nesse projeto super trevoso e legal :3 mas enfim, é isso, mais um ano se iniciando e espero conseguir seguir com essa história até o final e obrigado por estar aqui comigo =3= enfim fui :3   

P.S se esse capítulo aparecer duplicado é porque ele deu muito problema para postar, perdoe qualquer incomodo na sua leitura ;3; 

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