Face valente fala tão levemente

Esconde a verdade

Agora eu estou farta de perder almas gêmeas

Então, onde é que vamos começar?

Eu posso finalmente ver

Você é tão fodido quanto eu

Então, como vamos ganhar?

Sick Of Losing Soulmates - Dodie Clark

Vinte e quatro de novembro de 1888, sábado, (Whitechapel) Inglaterra.

Voltamos pra dentro de casa a fim de encontrar alguma coisa, mas mesmo revirando a sala e meu quarto nada foi achado, o quarto do meu pai está vazio há muito tempo afinal ele não ficava muito aqui, com certeza deixar suas coisas pessoais em outro lugar foi uma prevenção para mim e o Cain, bufo e me sento na minha cama antiga, Toby anda pelo quarto mexendo nas coisas e Caleb se encosta na porta olhando para Toby.

- Por que só tem o seu quarto mobiliado aqui? – Toby indaga se virando com um livro na mão.

- Cain não morava aqui. – Encaro o assoalho de madeira. – Meu pai ficava pouco também, tem quartos lá embaixo onde as criadas moravam... – Agora ele abre meu roupeiro e puxa um vestido de veludo acariciando sua superfície. – Eu odiava essa casa.

- Você tinha uma vida boa. – Caleb olha em volta. – Aquele ali viveu no lixo desde cedo. – Toby o encara com raiva. – Eu morei em um quarto sujo e passava o dia treinando para servir Alice, independente da minha idade se um combate surgisse eu tinha que estar lá.

- Alice é tão cruel... – Bufo e me deito. – Como é... Do Outro Lado?

- Triste. – Caleb abaixa sua voz. – Sem esperanças e vazio...

Suspiro e penso em confortá-lo, mas Londres não é muito diferente afinal. Me sento na cama novamente e meu sangue gela quando escuto a campainha. Caleb arregala os olhos também, me levanto e caminho até a porta, essa casa estava abandonada há quase um mês e não acredito que seja algum vizinho querendo me ver, espero em silencio até que escuto passos no corredor de madeira, mas são passos tranquilos, não apressados. Alguém bate na porta, Caleb fica na minha frente e abre uma fresta da porta.

- Sou eu, idiota. – Jaken força a porta. – Tem uma coisa estranha lá embaixo e ela diz que veio do Outro Lado e que te conhece.

- Caleb? – Repito chocada. – Como?

- Isso é uma pergunta que eu espero que ele responda, mas ela não nos atacou nem se mostrou hostil.

- Eu sei quem é... – Caleb encara Jaken. – E ela veio para cá comigo, mas nos separamos...

Ergo as sobrancelhas.

- Então é seguro? – Sussurro.

Caleb consente e não diz mais nada, desço com Jaken ao meu lado e Toby logo atrás, Caleb parece paralisado por algo terrível e vem se arrastando pelo corredor, quando termino as escadas passo pela sala de estar e vejo alguém sentado na mesa da sala de jantar, é uma garota estranha, ela se vira quando entramos e me assusto com sua aparência. Ela tem metade do cabelo branco e a outra é preta como o breu, seus olhos também seguem o mesmo padrão e praticamente toda sua roupa é dividida dessa forma, ela arregala os olhos e se levanta fazendo uma mesura.

- Fico feliz em conhece-la Copas! – Ela murmura se levantando.

- Sou Lilith. – Respondo baixinho, escuto Caleb entrar depois e a garota solta uma gargalhada alta.

- Olha só se não é o pequeno Caleb. – Ele fecha a cara, olho melhor pra ela e reparo os sinais abaixo dos seus olhos: Ouros e Espadas, arregalo os olhos. – Você ficou com uma cicatriz, mas teve sorte de não ter perdido um olho. – Ela bate um dedo abaixo do olho de íris branca que tem o sinal de Espadas. – A fraqueza do guerreiro é a sua visão.

- Foi você?! – Exclamo me virando para Caleb e vendo a cicatriz irregular sobre seu nariz que vai até a testa.

- Foi... – Ele rosna. – Essa cretina deve ter ficado vagando sem rumo por Londres depois que eu a deixei e agora veio atrás de mim.

- De você não. – Ela ri. – O pobre Dois não superou minha rejeição? O pobre Dois queria um amor, mas eu não sou pra você. – Ela bufa. – Vim aqui porque me disseram que era a casa que eu procurava, estive rondando a área e te vi entrando com ela. – Ela balança a cabeça pra mim. – Não precisou muito para eu adivinhar quem era afinal você deve servir a realeza, não aquela lá...

- Quem é você? – Indago a encarando.

- Sou a joker de Ouros e Espadas. – Ela se curva novamente. – Meu nome é Babel. – Ela se endireita.

- O outro joker era Charles... – Caleb sussurra. – Agora é o Abel.

Arregalo os olhos e a encaro ela é como o Abel? Mas...

- O que é um joker? O que vocês fazem? – Indago me aproximando dela, mas sinto Jaken ficar tenso com essa aproximação e paro.

- Nós somos os únicos que pertencem a dois naipes, não temos nada de especial, mas sabe caso ocorra algo aos Jokers dos naipes do qual servimos nós estamos prontos para substituí-los. – Babel ri. – Só carregamos suas características eu tenho o orgulho de Ouros e sou uma guerreira de Espadas. – Ela enfia as mãos na fita que cerca seu vestido e me mostra duas facas com um cabo diferente que envolve seus dedos como uma luva e que deixam as lâminas a mostra. – Charles era de Paus e Copas, ele era humilde e amava a tudo... Ou era o que eu pensava até o poder subir a sua cabeça. – Ela bufa e guarda as facas.

- Você não é inimiga... – Jaken sussurra. – Se fosse teria matado essa idiota agora. – Bufo.

- Não sou. – Babel o encara. – Joker de Copas eu vim aqui atrás de refugio e de servir ao lado que pertenço, não sou de Alice eu sou de Copas e eu quero meu mundo de volta.

Me aproximo mais de Babel e seguro suas mãos ela sorri e faz mais uma mesura com a cabeça, repito o ato e sorrio, ela está do nosso lado eu consigo sentir isso.

- Eu sirvo ao meu senhor agora... – Caleb diz irritado, ela se vira para ele. – Se você quiser pode se juntar a nós.

- Jaguadarte também está aqui? – Babel olha em volta e franze as sobrancelhas. – Dormouse?

- Quem...? – Toby sussurra encolhendo os ombros.

- Não é ele. – Respondo pra ela. – É seu reflexo.

- Ah! Eu ainda não me acostumei a isso... – Babel ri e volta a se sentar. – Então vocês vão morar aqui agora? Onde está o Jaguadarte?

- O Jaguadarte não está aqui... – Olho em volta, ninguém do circo está por aqui. – Nem nós também.

- Volte comigo. – Caleb sussurra desviando o olhar quando o encaro. – Você pode ficar comigo até Lilith e Jaken falarem com os nossos superiores se você chegar assim vão desconfiar...

- Isso não é um jogo para me conquistar é? – Ela ri. – Tudo bem, eu quero ajudar e se precisam de tempo para conseguir isso eu vou esperar paciente.

- Bem já que ela concordou... – Jaken tira algumas moedas do bolso e dá para Caleb. – Volte com ela para Helena de carruagem, voltaremos para casa e depois você volta sozinho, vou conversar com Marcel.

- Não precisam ter medo de mim. – Babel ri e se levanta.

- Só uma coisa: onde você esteve esse tempo todo? – Jaken indaga.

- Em um circo. – Babel sorri. – Não se preocupe eu estava sozinha, a tirar por esse inútil aqui que veio comigo. – Ela aponta para Caleb.

- Ninguém te viu? – Ele pergunta novamente, agora mais sério.

- Eu garanti que não. – Babel suspira. – Mas acho difícil encontrar alguém de Wonderland por aqui, é tão comum e sujo.

- Eu também espero que eles estejam longe... – Jaken suspira.

- Por que não ficam aqui também? – Indago para Caleb. – Traga a Helena para cá e fiquem aqui para proteger a casa, tem roupas de menina para a Babel e um quarto para cada, essa mansão não tem serventia nenhuma a muito tempo, pode ser nossa base.

- Não acho seguro. – Jaken olha em volta. – Essa casa está marcada, o circo é inocente não vão ataca-los, mas ter cartas aqui é diferente. – Jaken suspira. – Já foi um longo dia, vamos voltar.

Resmungo, mas me deixo ser arrastada pela mão por ele, Toby vem logo atrás correndo, Caleb e Babel ficam parados na sala de jantar olhando para nós. Jaken abre a porta da cozinha e me joga para dentro de casa e depois Toby passa, por fim ele fecha a porta e suspira.

- Lá vou eu para mais uma discussão com Marcel... – Ele resmunga. – Brinque com Toby enquanto isso.

Toby mostra a língua pra ele e me puxa pelo braço até o quarto e deixo ser arrastada sem resmungar, se eu fizer isso é capaz com que alguém apareça para me chamar de idiota ou o próprio Toby faça isso, entro no quarto e Toby abre seu casaco revelando em seu interior vários livros ergo as sobrancelhas.

- Quando você pegou isso? – Ele ri.

- Mãos ágeis da rua, apesar de eu não gostar disso. – Ele suspira e tira os livros do casaco. – Peguei alguns que pareciam do seu pai, pode ter alguma coisa sobre a carta certo?

- Você é um gênio! – Dou um soco no seu ombro. – Obrigada.

Abro o primeiro livro que tem a capa preta, uhn... Nada, vasculho-o com o olhar, mas não vejo nada de interessante nem anotações. Pego o segundo e quando o levanto um envelope amarelo cai dele, reviro-o e leio a data de envio, foi há dois anos... Tiro a carta amarela de dentro e a leio com Toby do meu lado.

- É uma carta de recomendação... – Ele sussurra. – Quem é Raphael?

- Era meu primo. – Fecho a carta e suspiro. – Ele morreu... Essa carta dizia sobre o internato em que ele estava e para onde o Cain foi.

- E quem era Gabriel? – Toby volta a abrir a carta. – Aqui diz: "Você pode matricular seu filho nessa instituição Oscar." – Toby engrossa a voz, dou risada. – "Te garanto que Raphael e Gabriel estão tendo um bom ensino, Gabriel quer se tornar padre, quem sabe seu filho com nome profano não possa seguir esse caminho também?" – Ele ri. – Coitado do Cain, ela nem ao menos escreveu seu nome.

Dou risada e pego a carta dele, eu me lembro do Raphael, mas não desse Gabriel... Talvez ele fosse mais velho, por isso eu não o conheci, passo os olhos pela carta de novo "Gabriel quer se tornar padre" arregalo os olhos.

- TOBY! – Seguro-o pelos ombros. – Você solucionou o mistério! Bill é na verdade meu primo! – Ele me olha confuso. – Raphael era quatro anos mais velho que o Cain, tinha um irmão mais velho ainda! Bill disse que somos todos irmãos, mas na verdade somos primos! Ele é filho da minha tia! Isso explica a nossa semelhança e o fato de ele conhecer meu pai!

- O que? – Ele sorri. – Eu sempre soube que eu deveria ser investigador. – Ele ri, dou risada e o abraço.

- Bill deve ser algum nome falso... – Sussurro. – Tenho outro trabalho pra você investigador quero que leia Alice no País das Maravilhas e encontre algum Bill para mim, tudo bem?

- Pode deixar. – Toby bate em continência.

Tenho mais uma peça no meu quebra cabeça e aposto que com a ajuda do Toby, Barbie, Caleb e agora a Babel podemos resolver isso mais rápido do que antes. 

XXX

Mais uma vez super atrasada QuQ mas vou falar da história de novo :v a Babel é uma personagem que eu já criei a quase dois anos e tava doida pra enfiar aqui, mas até agora ela só tinha aparecido nas memórias do Cain qqq pensei em vários jeitos de enfiar ela na história, mas o melhor foi batendo na porta e entrando kajskajskjaksjka afinal tem tanto personagem com história ferrada por aqui, por que ela não pode só aparecer? A cicatriz do Caleb era algo que eu tinha certeza que tinha sido a Babel a fazer, mas segurei até agora UwU a música do capítulo entrou na playlist porque eu pensei, quando ouvi a primeira vez, "essa música é a cara do Cain e do Toby" but olha só ficou em um capítulo da Lilith e encaixou bem melhor :v enfim eu espero não atrasar tanto na próxima ;3;