OS OLHOS azulados se encheram de lágrimas que lhe desceram pelo resto, sua pele branca e delicada esquentou e diminuiu a frigidez ao toque de James.
Com cuidado, ele traçou uma linha imaginária nas bochechas dela, limpando qualquer resquício de água.

Sua mão enfaixada ainda estava suja por uma pequena quantidade de sangue, e o sangue nunca era dele.

— Não estamos nem em março e você já torceu a mão.

— Foi para um bem maior, o Ranhoso nunca mais vai mexer com você. Não com aquele nariz quebrado.

— Foi um belo soco. — com certa dificuldade, ela sorriu. Se pondo de pé da forma mais rápida que pode, o que demorou um pouco.

Suas pernas falharam e ela caiu para frente. Os braços de James a pegaram com rapidez e eles ficaram o mais perto possível, depositando um único e demorado beijo, James a deitou novamente.

Tentando mudar de posição, Friday percebeu que sequelas da maldição usava em si ainda permaneciam ali; suas costas doíam como nunca antes e ela tinha dificuldade em fazer qualquer coisa sem tremer.

— Seus músculos tem memória, vai demorar até que se recupere completamente. — Madame Pomfrey apareceu e James soltou um breve suspiro, prevendo a frase a seguir — Mais dez minutos, Potter.

Friday imaginou que James teria um plano mirabolante, mas aos dez minutos se passarem ele começou a se despedir.

— É injusto que eu não possa fica com você, mas eu darei um jeito. — deu um beijo na bochecha dela e sorriu ao notar a cara sua cara abobada — Não durma.

— As vezes tenho medo de você.

A capa de James foi a única coisa que ela viu antes que o rapaz desaparecesse pelos corredores, a deixando completamente sozinha na enfermaria.

Pequenas batucadas incomodaram os ouvidos de Friday, ela procurou a origem do som mas nada ali indicava qualquer sinal de barulho.

Duas mechas de seu cabelo foram levantadas e a garota riu, puxando a capa de invisibilidade e revelando um James Potter de óculos torto.

— Encantador.

Ele estendeu a mão com um olhar galanteador e a puxou pela cintura, embora fosse de manhã o calor já se instaurava e

— Remus azarou Snape no meio de todos hoje de manhã, foi brilhante! Uma pena que você não tenha visto. — intercalando-se entre olhar para a garota e prestar atenção no caminho, James deu alguns passos em falso, chamando atenção dos colegas que ainda permaneciam no castelo.

Sem conseguir disfarçar um sorriso, Friday anotou mentalmente para que agradecesse depois a Remus.

— Estão todos em Hogsmeade, vamos encontrá-los no Três Vassouras.

Hogsmeade estava completamente decorada por fitas e ovos de páscoa feitos de papel, pequenas pegadas de coelho pelo chão fizeram com que Friday realmente se perguntasse se o coelho querido pelas crianças passara por ali.

— Não faz sentido, por que um coelho teria ovos?

— Não estrague o feriado de páscoa, Friday!— empurrando a porta do estabelecimento com força, James parou Dunequim e a olhou seriamente — Além de que, eu acho que Peter realmente acredita em coelhos e fadas do dente. Seria como acordar um sonâmbulo.

— O que aconteceria se eu acordasse um sonâmbulo?

— Pare de fazer perguntas que não sei responder!

Uma grande quantidade de dinheiro foi levantada pelas mãos de James e ele entregou tudo para Madame Rosmerta, providenciando oito cervejas amanteigadas.

— Parceiro! — Sirius acenou, puxando duas cadeiras para o par e tomando sua bebida do prato de ferro de Rosmerta — Já contou a sua namorada que vamos fugir da escola?

— Ahm? — Friday perguntou, com um olhar confuso.

— Minerva deu uma nota mediana para o nosso trabalho, Friday! Passamos uma semana fazendo aquela porcaria.

A garota sentou-se entre Remus e James, sem nunca deixar de segurar a mão do segundo. Andar de mãos entrelaçadas com Potter havia se tornado costume, sua rotina.

— Me levem junto. — Dorcas pediu, sorrindo para Marlene e seus olhos claros gigantescos.
Friday ficava feliz por ela, por finalmente estarem juntas.

Foram algumas horas divertidas, as melhores para os jovens.
E elas se estenderiam, se a melancolia dos últimos meses de seus sexto ano não tivesse os atingido, de fato, não estavam preparados para a última viagem de trem até Hogwarts.

— Não acredito que estamos perto de nos formarmos, parece irreal. — Remus esfregou os olhos, claramente bêbado.

— Vou sentir falta dos banquetes. — Friday lamentou-se, sentido seu interior pular a cada frase, estava contente em não parecer tão alcoolizada quanto os amigos.
Afinal, estavam bebendo ilegalmente, por meio de uma garrafa estranhamente grande que Sirius carregava, lotada de conhaque.

— Ora, eu vou cozinhar para você.

James falava como um verdadeiro marido indignado pela falta de reconhecimento, e Sirius assoviou para a demonstração de afeto entre os dois.

— Pare, Sirius! Se esqueceu que você e Remus são os que merecem essa comemoração?

— O que posso dizer? Ninguém resiste ao charme de Sirius Black! — o rapaz de cabelos medianos bajulou a si mesmo, dando tapinhas nas costas de Remus.

A risada aguda de Marlene chamou a atenção de todos os amigos, seu lábio superior sujo completava o visual maroto da menina.

— Ninguém resiste ao charme de James Potter, Sirius! Bem, exceto Lily. — ela se corrigiu — Friday odiava ele, e olhe agora.

— Todos nós passamos mal com a fofura deles. — Peter completou, nitidamente envergonhado por estar sentado no meio de Dorcas e Marlene, que ainda sim, trocavam carícias por trás dele.

Um barulho estranho do lado de fora do bar chamou a atenção dos oito, Hogsmeade estava completamente vazia a esse ponto do dia, ou pelo menos deveria estar.

Friday reconheceu o som de choro, era familiar.
Sendo a primeira a sair correndo para o lado de fora, encontrou o que já esperava; Regulus escondido em um canto, com as mãos o complexo de seu rosto.

— O qu... Ah.

— Sirius, eu realmente acho que você...

— Eu vou.

— Sério?! — perguntou, tentando não transparecer o entusiasmo, mas em seu interior, sabia que sempre havia esperado por isso de Black.

— Ele é meu irmãozinho, Friday. Eu preciso.

Pela primeira vez, Sirius não pareceu incomodado em ver Regulus. Muito pelo contrário, parecia feliz por poder estar ali por ele.
Talvez as coisas finalmente estivessem melhorando.