ENTÃO VOCÊ se resolveu com o seu irmão? — James perguntou, incrédulo.

Sirius assentiu, o sorriso em seu rosto era inigualável, vê-lo assim deixava todos os amigos animados, eram poucas as vezes em que falava de Regulus.
A cabine estava preenchida pelo máximo de estudantes da Grifinória que ela pôde abrigar. James, Friday, Remus, Peter, Sirius e Dorcas; todos se apertavam para que pudessem ter um resquício de conforto. E sentado no meio de todos, Sirius começou uma longa explicação sobre, exatamente tudo, que acontecera com ele e seu irmão nas últimas 24 horas.

— Bem, simplificando, Regulus irá fugir de casa. — Sirius deu de ombros, sem tentar esconder o orgulho do irmão mais novo — Será deserdado, da mesma forma que eu fui.

— Eu faria o mesmo. — Friday admitiu, por fim — Tem um quarto de hóspedes na minha casa, caso um de vocês precise.

James pareceu surpreso ao ouvir as palavras da garota, de fato, ela era uma das melhores e mais bondosas pessoas que já conhecera - o que quase a levou a ser uma lufana - mas nunca foi grande admiradora de Sirius, e agora estendia sua casa para ele.

— Você é incrível, sabe disso, não é?

— Eu também te amo, James.

Potter, por sua vez, sentiu farpas invisíveis furarem seu estômago, notando que nunca havia dito que amava Friday, e por Merlim! Como queria dizer! Mas as palavras simplesmente não saíram de sua boca, o deixando com uma expressão frustrada durante a viagem toda.
James Potter, a pessoa mais atirada de Hogwarts, simplesmente não existia mais; era completamente devoto ao que sentia por Friday Dunequim e ainda sim, não conseguia dizer isso.

Ainda encabulado por o que havia acontecido no trem, ou o que não acontecera, o corpo de James - com alguns músculos recém adquiridos - andava em círculos, pensando em como era um bobo.

Friday, no entanto, mal havia percebido o problema; afinal, falar aquilo fôra tão natural quanto andar de bicicleta.
James não sabia andar de bicicleta.

A loura já se encontrava com sua mãe, as duas tinham uma semelhança extremamente grandiosa. Por mais que a diferença de idade deixasse claro quem era a matriarca, seus cabelos medianos eram os mesmos que o da filha, as bochechas rosadas naturalmente e o nariz empinado acabavam por dar a impressão de serem gêmeas; e Potter ficou confuso ao olhar as ao mesmo tempo.

Estar na presença de um dos parentes de Friday era, no mínimo, inquietante.

Com apenas um gesto de sua varinha, transfigurou a primeira coisa que viu em um farto buquê de flores, azaleias eram as preferidas de Friday; uma varinha de alcaçuz guardada em seu bolso nunca tivera uma utilidade maior.
Bem, não era um anel luxuoso, mas também não iria a pedir em casamento, então a conclusão era que: aquele bastava.

Com um pequeno sorriso atravessado no rosto, seus olhos esmeralda fitaram a garota por trás dos óculos; por um pequeno período de tempo, ele a encarou com felicidade, eram poucas as vezes em que Friday ficava animada ao sair do castelo.
Com cuidado, ele se aproximou dela e a envolveu em um abraço, surpreendendo a mais velha, que até então nunca havia ouvido falar do rapaz.
E bem, era sua culpa não ter notícias, afinal, afastara a filha por conta própria.

— Certo, — suspirou pesadamente e se pôs frente da garota — Fazer isso na frente de sua mãe é constrangedor.

Friday não esperava uma atitude daquelas de James, mas de qualquer forma, aquele era James Potter. O mesmo James Potter por quem ela havia se apaixonado.

— Coragem tem muitos significados, mas isso... — Sammy levou a mão a testa, pensando no que faria caso o garoto magoasse sua filha.
Tortura, quem sabe?

— Sexta-Feira é meu dia preferido da semana, sabia disso? — Potter perguntou, observando as duas sobrancelhas de Friday se tornaram uma única linha fina em seu rosto, esboçando toda a confusão presente em seus pensamentos.

— Bem, eu suponho que minha mãe tenha escolhido esse nome por esse motivo.

— Me deixe ser romântico! — ele gritou, jogando os braços para cima, quase perdendo o precioso buquê — Sexta-feira costuma ser calma, como último dia da semana útil, e você não é nenhum um pouco calma, nem sútil... e acho que isso me faz gostar mais ainda de você. E o resto do discurso eu deixo para o casamento. — riu com sua própria fala — Eu te amo, Friday. E quero você.

Observando Dunequim dessa forma, James não conseguia dizer o que a expressão surpresa dela significava; nem se sairia da estação com um belo pé na bunda.

— Você também me quer?

— É claro que eu te quero! Já estava demorando! — ela gritou — Se levante e me beije, Potter!

Aquela foi umas das primeiras vezes que Friday o chamava de Potter, e ele gostava de ser chamado assim; era original.

— Um dia você também será Potter.

— Seu atirado...

Cruzando os seus rostos em um beijo, e evitando que Friday o insultasse mais, James pensou no quanto sentiria falta dela - e de seus lábios - nas férias, uma vez que iria viajar com seus pais e ser introduzido no negócio da família.

— Eu vou te sequestrar e levar na minha mala. — contou, sem nunca soltar a garota.

— Não precisa me sequestrar, eu sigo você para onde for.

Mutualmente, sentiram calafrios percorrem seus corpos, onde anteriormente, era carregado uma boa dose de raiva. Era estranho como em poucos meses se tornaram algo assim, leve, verdadeiro e amoroso.

— Nós ficamos bregas, James! — a garota, por fim, se deu conta de que estava envolta por bruxos e trouxas, todos observando o espetáculo — Olhe o que você fez comigo!

Potter escondeu um sorriso diante da fala da menina, tinha esse efeito nas pessoas, as deixava parecidas com ele. Brega, no sentido literal.

— Estamos sendo fofos!

— Estão sendo cafonas, querido. — a mãe de Friday permitiu-se interromper o namorado da filha antes que ele a pedisse em casamento ali mesmo, era perceptível o quanto ele gostava dela.

— Vamos passar em uma sorveteria, vem junto? — a loura mais nova perguntou, seu rosto praticamente coberto pelas flores gigantes de James.

A cabeça do moreno abaixou e subiu, indicando que seguiria as duas para onde fossem, como um cachorrinho abanando o rabo. Certamente, aprenderia novos truques.