trinta.
A VENTANIA gélida de outubro envolvia os ossos dos quatro amigos ali presentes, Hagrid os guiava com uma grande lanterna rústica pela trilha extensa da floresta proibida, seguindo abóboras postas ali por conta do feriado.
Os olhos azulados e iluminados por um fio em meio a escuridão mal conseguiam se manter abertos, uma vez que pequenos galhos e folhas insistiam em irritá-lo.
Friday e James seguravam as varinhas na mesma altura, um passo atrás de Sirius e Remus; a essa hora, era de se esperar que estivessem dormindo, mas após noites planejando o tal plano, finalmente tinham o executado.
— Pirraça está traumatizado, graças a vocês. Não que eu vá sentir falta dele fazendo brincadeiras sobre o meu tamanho, mas Professora McGonagall está furiosa.
Potter tremeu ao receber a informação; estava sendo um monitor chefe ótimo, nunca mais havia recebido detenções e apenas tirava pontos necessários, os professores não reclamavam mais de seus atrasos e suas notas que já eram boas haviam aumentado. Mas pelo visto, convencer Nick e o Barão Sangrento de irem atrás do poltergaist na intenção de corta-lo ao meio, se é que fosse possível, o faria perder o posto.
— James, pelo amor de Merlim, Minerva não vai te matar! Para de roer a unha!
Hagrid riu das palavras de Friday. — era bem provável que a diretora da Grifinória o matasse.
— Claro, é óbvio. — James tremeu mais ainda — ela vai matar a todos nós!
Hagrid, por favor, deixe o meu caixão perto do de Friday.
Remus massageou as próprias têmporas, enrugadas desde o momento que os três amigos tinham o envolvido na armação. Mais de meses sem brincadeiras, nenhuma mesmo, para que eles o colocassem no meio de uma das grandes. Sinceramente...
— Hagrid, mas o que nós viemos fazer aqui? — Sirius perguntou, atravessando por entre os colegas e chegando mais perto do homem.
— Muitos unicórnios mortos... precisamos encontrá-los.
— Quem mataria unicórnios? — Friday perguntou com os braços presos ao corpo gélido e rígido, caminhava com pelo menos dez peças de roupas abaixo do casaco dado por Potter.
O guarda-caça não respondeu.
James, Sirius, Remus e Friday seguiram o homem até o centro da mata, como moscas nervosas; e ao se estabelecerem ali, perceberam o grande rastro de sangue prateado, envolto por grama e terra revirada.
A trilha levou a três tipos de pegadas, casco de unicórnio, casco de centauro e por fim, marcas de pés humanos.
Jogados por ali perto, estavam o centauro e o unicórnio, atravessados em um tronco; os olhos vidrados do cavalo mágico tencionaram os músculos de Friday, mais sangue prateada escorria de uma fenda em seu pescoço, até o ponto em que ficou vermelho, em um tom quase preto.
E Hagrid conhecia o centauro.
— Apólo... — o guarda caça arregalou os olhos quando Sirius iluminou o centauro com a varinha, revelando machucados ainda mais profundos que os do unicórnio. Ele não resistiria muito.
James apertou Friday por debaixo de seus braços, abrigando ela em seu pescoço e impedindo que ela chorasse, mas os esforços não foram muitos, já que todos ali presentes puderem ouvir suas fungadas agoniadas.
— Vocês precisam ir. — Apólo falou com certa dificuldade, tentando alcançar o braço do amigo e empurra-ló de volta para a trilha ao castelo — Eles estão aqui.
— Quem está aqui? — Remus perguntou, sentindo arrepios percorrem suas costas, mas no final, era apenas Sirius batucando os dedos ali.
— Voldemort. — dessa vez, os arrepios eram reais — Precisamos falar com Dumbledore.
Nenhum deles pestanejou.
Friday entrou no escritório do diretor como um furacão.
Canino, o cachorro filhote de Hagrid, e os meninos a seguiram antes que o homem entrasse e impossibilitasse a entrada pela porta que foi fechada com força atrás deles antes que a loura abrisse a boca.
— Senhorita Dunequim...
— Voldemort está na floresta proibida.
Os olhos calmos e em tons azul pastel do diretor se apertaram, e mesmo por trás dos óculos em meia lua, foi possível perceber sua indiferença.
— Hagrid?
— É verdade, senhor. Encontramos um unicórnio e centauro juntos, e o senhor sabe que não se dão bem, mortos.
— Leve Filch e avise aos centauros.
— Filch? Senhor, com todo o respeito, mas ele é um aborto. Talvez, se você fosse até lá...
— Receio que eu não possa fazer nada.
— Nada? Você-Sabe-Quem tem medo de você! — a pele da loura esquentou, sua simpatia pelo diretor acabava ali — Não me diga que você também te medo dele, porque sinceramente...
— Friday.
Dumbledore olhou discretamente para James, pedindo que deixasse a menina falar.
— Voldemort e seus comensais estão na floresta da sua escola! E você não pode se levantar da cadeira para intervir? Dois seres foram mortos, e você pede que Hagrid e Filch avisem os centauros? É como se eles fossem seus peões.
Apenas silêncio restou na sala, Friday apenas havia dito o que a maioria deles pensava há um tempo, desde que o diretor sugerira criar uma frente de defesa contra os ataques, mas mantinha todos os detalhes ocultos, apenas os revelando quando conveniente a ele. Mas pensar era diferente de realmente falar na cara do diretor que ele era um manipulador.
James, Sirius e Remus precisaram arrastar a menina para fora da sala, todos com os queixos caídos, tinham noção de sua coragem, só não sabiam que ela chegaria a enfrentar até mesmo Dumbledore.
— Bom, ela só falou o que todos nós achamos. — Potter deu um tapinha em cada um dos amigos, como se os incentivasse a serem positivos, com um grande sorriso estampado no rosto e olhos esbugalhados de choque por trás dos óculos — Possíveis estragos?
— Incontáveis.
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