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B E T H A N N I E
Soltei um suspiro pesado pela oitava vez em uma hora. Era meu último ano na escola e eu estava estudando muito para não ter complicações. Passo meus olhos pelo livro, mas não consigo absorver mais nada. Encosto minhas costas na cadeira e ouço a porta sendo fechada.
Ótimo, minha mãe chegou.
Depois de alguns segundos, seus passos pesados foram ouvidos da escada, depois ela bate na porta do meu quarto.
— Tá aberta. – falo e sorrio ao ver minha mãe.
— Tudo bem? – ela me pergunta, sua testa estava levemente franzida e estava segurando a sua bolsa com muita força, como se tivesse algo que poderia escapar lá de dentro.
— Eu que te pergunto, mãe. Aconteceu alguma coisa? – pergunto e apoio o queixo na minha mão.
— Não aconteceu nada, só o estresse do dia a dia. Eu comprei pizza, depois desça para comer e não durma muito tarde. – ela fala e depois caminha na minha direção. — boa noite, meu bem.
Sussurro um boa noite e solto um sorriso fraco. Ainda desconfio que aconteceu algo.
Depois que Jessie fugiu, mamãe parece ter acordado para a vida. Já ouvi milhares de vezes o seu choro baixinho quando passo pelo seu quarto. Papai se arrependeu muito também, mas ele conseguiu manter contato com Jessie, ela o perdoou e eles voltaram a ser como antes. Uma vez quando conversei com a minha mãe sobre ela fazer as pazes com Jess, ela ficou brava e disse que se arrependia um pouco sim, mas não daria o braço a torcer. Não falei mais sobre isso.
A casa nunca mais foi a mesma sem Jessie. Os jantares não são mais os mesmos. As vezes quando vou pegar alguma roupa dela, não há ninguém depois para falar "Bethannie, devolve a minha roupa!". Não preciso me apressar no banho antes de ir para aula, porque sei que ninguém está com pressa socando a porta para eu ir mais rápido.
Nós mantemos contato, mas com a banda de Jess fazendo sucesso e ela não tendo mais tempo, fica difícil. As nossas chamadas de vídeos eram frequentes no começo, todos os dias depois da minha aula, e depois dela chegar do seu trabalho como garçonete, a gente conversava por uma hora inteira sobre milhões de coisas. Agora conversámos a cada 5 dias no máximo, e apenas temos 30 minutos. Sempre Lindsay - a empresária da banda - aparece para falar que Jessie precisava fazer alguma coisa. Mas hoje era um dos dias que Jess podia me ligar, ela deveria ter me ligado a 10 minutos, mas ignoro já que sei que provavelmente ela estaria saindo de um show ou alguma coisa importante. Quando levanto da cadeira o som da chamada preenche o quarto, sento novamente na minha cadeira giratória e arrumo a tela do meu notebook.
Depois de aceitar a ligação o rosto de Jessie aparece na tela, ela sorri e arruma a posição do seu computador.
— Annieeee, como você está? – ela pergunta, prendendo o seu cabelo em um rabo de cavalo alto.
— Cansada, passei a tarde inteira estudando. Mas o restante está tudo bem. E você?
— Acabei de sair de um show. Não sinto meus pés. – rimos e ela me observa por uns segundos. — tudo bem mesmo?
— Mamãe chegou estranha hoje. Ela não chegou gritando porque eu esqueci de secar a louça, não parecia ela. Sei lá. – olho para o lado e ouço o suspiro de Jess.
— Perguntou pra ela se aconteceu alguma coisa?
— Sim, ela falou que "só foi o estresse do dia a dia", mas eu sei que não foi, aconteceu algo. – tento imaginar as milhares coisas que podiam ter acontecido, mas nenhuma fazia sentido.
— Mamãe sempre foi assim, um dia estava de bem com a vida, outro estava brava, outros estava brava e de bem com a vida. – ela faz uma careta — nunca vamos entender.
— ANNIEE. – Ouço a voz de jazmin, logo ela aparece na tela, ela abraça a tela do computador e eu gargalho.
— Jaazz. – abraço a tela do mesmo jeito que ela e ouço a risada das duas. — Como você tá?
— Tirando que sua irmã resolveu esconder o meu pijama preferido e Heather resolveu tirar o dia pra me irritar, tudo ótimo. – gargalho mais uma vez e minha irmã da um tapa no ombro de Jazmin.
— Já disse que eu não sei aonde tá essa merda de pijama. – ela fala e jazmin revira os olhos rindo.
— E EU NÃO TÔ IRRITANDO NINGUÉM. – Heather grita de fundo.
— Oi, Heather. – falo e rio pela milésima vez, era impossível não fazer isso quando estava falando com elas.
— Oi, pequena Annie. – Ela fala e aparece na câmera, sorri e saí em outra direção.
— Você já terminou aquela música, Jess? – pergunto e ela bota a mão na cabeça, come se tivesse se esquecido daquilo. Ela mexe em alguns papéis que estavam em cima da mesa e passa os olhos em uma folha.
— Estou quase. Ainda não tenho criatividade o suficiente pra terminar. Mas prometo de dedinho que quando terminar te ligo e você vai ser a primeira a escutar. – ela sorri e eu faço o mesmo, Jazmin olha para Jess com a sombrancelha erguida e bota a mão no coração.
— Não conte mais comigo para nada, Potter. – Ela fala e sai andando.
Jess revira os olhos e depois os fecha, encostando sua cabeça na cadeira.
— Vai dormir, Jess. Sei que está cansada. – digo e ela abre os olhos, negando com a cabeça.
— A gente quase não conversou, eu aguento. – fala e esfrega os olhos.
— Nananinão, eu também tenho que ir dormir. Vai descansar, quando puder me ligue, okay? – ela assente. — Te amo, boa noite, Jess.
— Também te amo muito, bons sonhos, Annie. – ela sorri e desliga a ligação, congelando a sua imagem cansada na tela do computador.
Eu definitivamente estava com saudades da minha irmã, desde que ela foi para New York a gente nunca mais se viu. Minha cidade é pequena, então é muito difícil Jessie fazer algum show por perto. E também tem a minha mãe.
Quando eu passo pelo quarto da minha mãe ouço ela conversando com alguém. Ia escutar a conversa mas desisto e desço para comer.
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no caso, aí como vcs podem ver já passou um tempo desde o acontecimento no prólogo
ou seja, Jess já está famosinha.
esse capítulo é pra mostrar como ficou tudo depois que a Jess fugiu (tanto na vida dela como na antiga casa)
e desculpinha por ter demorado pra postar, juro que vou tentar postar com mais frequência
beijinhos
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