Capítulo 36 - A verdade é revelada
Durante o jantar, falaram sobre tudo que havia acontecido na misteriosa viagem, desde o encontro com o submarino em Rota, a perseguição em altas profundidades na Fossa das Marianas e os confrontos com os seres fantásticos, além claro, dos últimos acontecimentos desde que Frank recuperara sua consciência após ter a alma quase consumida pelo Devorador de Mentes.
— Muito interessante — comentava Cadassi após cada conto narrado por Frank e Barbara, que não se continham e se empolgavam a cada frase dita. — Sobre a lendária pedra, você tinha me mostrado aqui antes de viajarem que havia um recado de seu pai para você, mas como estava quebrada, sem a parte de cima, ela se encontrava incompleta.
— É verdade! — gritou Frank retirando rapidamente o artefato que estava preso em seu pescoço por debaixo de sua camiseta, para verificar se tinha mais algo escrito. Havia esquecido da mensagem e, depois de tantos acontecimentos, sequer tivera tempo de reparar melhor. — Há mais algumas palavras escritas aqui, o senhor poderia nos traduzir, por favor? — pediu o garoto, estendendo sua mão para que o mestre ancião pudesse ler para eles.
— Com todo prazer, meu jovem — disse Cadassi admirando a pedra que há alguns anos não via. — Aqui diz o seguinte:
Douglas, meu amor.
Eu não paro de pensar em vocês dois.
Procure na Fossa das Marianas.
Nunca deixem de acreditar!
Sinto a falta de todos.
Amo vocês!
— Espera um pouco — pediu Frank incrédulo, olhando para seu avô com lágrimas em seus olhos. — Essa mensagem nunca fora para mim, e sim para meu pai.
— Parece que sim, jovem rapaz — respondeu mestre Cadassi. — Decerto, seu pai esteve com a pedra em suas mãos antes de desaparecer e, de algum modo, o artefato se quebrou, ficando um pedaço perdido na caverna, enquanto a outra metade navegou pela vastidão do oceano, sendo encontrada pela única pessoa que poderia salvá-los, você. Mais uma vez, o destino se encarregou de refazer o equilíbrio entre o bem e o mal.
— Isso quer dizer que...
— Quer dizer que a Beth de algum modo está viva! — gritou Walter, pulando da cadeira. — E que Douglas veio até aqui para salvá-la.
— Mas como assim? Minha mãe, viva? E por que ela veio até aqui? Onde eles estão? — As perguntas brotavam em sua cabeça.
— Há algo que preciso falar para vocês — interrompeu Cadassi, percorrendo seu olhar entre Frank e Walter. — Há uns dezoito ou vinte anos, quando Walter já devia ter, se não me falha a memória, seus quarenta e tantos anos, uma moça veio a nosso vilarejo conversar com o ancião de Gef Pa'go, que no caso já era eu mesmo. Ela se apresentou como Elizabeth O'Sullivan...
— O nome de solteira de minha mãe! — falou Frank em voz alta.
— Sim — concordou o mestre. — Sua mãe estava procurando o guardião da lendária pedra do elemento água.
— Não entendo. Isso foi antes mesmo de eu nascer. Como minha mãe naquela época poderia saber que existia algum guardião?
— Pois então, a Elizabeth que vocês conheceram não era a mesma que veio me procurar naquele dia ensolarado. Lembro-me como se fosse hoje. Ela chegou em uma embarcação juntamente com outras duas pessoas, sendo um homem alto e forte que vestia um terno preto que parecia ser seu guarda-costas e um outro de avental branco e um jeito meio informal de falar e se portar, julgando que devia ser algum tipo de cientista maluco, descobrindo mais tarde se tratar do nobre guardião do elemento ar.
"Ela, após muita conversa, disse pertencer a uma sociedade secreta de proteção às pedras elementares existente há alguns anos e que, por conta de rumores de que um poderoso e imortal mago celta estaria tentando de todas as maneiras por fim em sua maldição, resolveram agir e proteger as quatro lendárias pedras antes que o druida descobrisse a antiga profecia e tentasse juntá-las para encontrar o inimaginável quinto elemento, com força o suficiente para acabar com todo o universo que conhecemos, incluindo sua própria vida infinita".
— Bhaltair Arasgain — falou Frank com uma mistura de sentimentos que envolvia seu corpo.
— Entendendo o que se passava e o risco que a Terra corria, lhe informei sobre um bebê que havia sido deixado aos meus cuidados há muitos anos na ilha e que crescera com outros pais, uma vez que George Payne o sequestrou e o levou para longe para ser seu filho adotivo. Não demorou muito para a esperta jovem rastrear o paradeiro da família Payne e ir ao encontro de Walter, que até então para ela era conhecido como o guardião esquecido.
— Lembro-me quando a jovem Beth bateu em nossa porta me oferecendo um kit de enciclopédias e quando lhe agradeci mas disse que não queria, ela insistiu, com toda a educação que só ela tinha, para que eu conhecesse um pouco mais de seu produto antes de dispensá-la. A convidei para entrar e sentar-se, enquanto pedia para sua avó nos fazer um chá — lembrou Walter, suspirando com as maravilhosas lembranças que tomaram sua cabeça.
— Sim, a intenção dela era conversar com você para que de certa forma a ajudasse em sua missão, mas...
— Mas ela não contava em conhecer Douglas, nosso filho — completou Walter.
— Exatamente! — concordou Cadassi.
— Lembro-me que Douglas, que não era muito ligado em livros, não quis sair de perto, perguntando tudo sobre o produto que a moça estava vendendo. Tive o privilégio de presenciar o surgimento de um amor verdadeiro, desde o primeiro olhar, a troca de sorrisos e carícias, até o casamento e, enfim, o nascimento de Frank, um dos momentos mais felizes de minha vida.
Frank olhou para seu avô com um sorriso no rosto.
— E minha mãe nunca mencionou nada para o senhor, vovô?
— Nada. Sempre disse que era órfã e foi criada em um orfanato na Irlanda até crescer e se mudar para nossa cidade, onde teve que trabalhar para pagar seus estudos. Acreditei, até hoje, que seu ganha pão antes de nos conhecermos era com as vendas das enciclopédias, não com espionagem.
— Na verdade, o que fazia não era espionagem, caro aprendiz — corrigiu Cadassi. — Ela era a única descendente viva de uma antiga família de grão-mestres que guardavam o segredo das lendárias pedras, juntamente com os outros quatro guardiões, para que não caísse aos ouvidos de pessoas de más intenções. Seus pais foram mortos em um confronto direto com alguns clãs que buscavam poder e fortuna. Os guardiões dos elementos Fogo, Terra e Ar se reuniram a ela para juntos formarem a Sociedade de Proteção às Pedras Elementares (SOPPE), que tinha como missão administrar e proteger os artefatos e os templos sagrados dos quatro elementos. Para isso, precisava encontrar o quarto guardião, que deveria proteger a pedra do elemento água, que esteve guardada comigo desde que você desapareceu, levando consigo seu amuleto.
— Enfim, quando eles se casaram, Elizabeth pensou em dizer toda a verdade, com o que trabalhava e porquê apareceu na porta deles quando se conheceram, mas lhe pedi para ter cuidado, pois se ela simplesmente dissesse toda a história, poderiam não acreditar e perder a oportunidade para sempre.
— E te digo que eu nunca acreditaria nessa história se tivesse me falado quando nos conhecemos — acrescentou Walter.
— Exatamente. Por isso ela não comentou nada no começo, tentando sempre introduzir a história aos poucos para você, Douglas e, depois do nascimento de Frank, lhe narrava contos cheios de fábulas, mitos, lendas e aventuras para fazê-lo dormir. Estou certo? — perguntou, olhando para Frank, que concordou balançando a cabeça.
— Lembro-me agora de muitas vezes ela aparecer na cabeceira de minha cama e contar várias histórias interessantes.
— Sim, ela conhecia muitas lendas e era uma ótima contadora de histórias — concordou Cadassi. — Por um longo período, não se ouviu falar novamente no druida e então ela pôde aproveitar um pouco sua vida, a maternidade e nova família que havia construído e que tanto amava. Porém, quando Frank tinha por volta de seus dez anos, Elizabeth recebeu um comunicado dos outros três guardiões dizendo para que retornasse com urgência à sede da SOPPE na Inglaterra, pois coisas estranhas estavam acontecendo e precisavam de sua ajuda para deixar as coisas em ordem novamente.
— Foi quando recebemos a notícia que minha mãe havia falecido. Todos ficaram arrasados com sua morte precoce. E onde ela está agora?
— Pois então, antes de ir para a Inglaterra ela veio até mim, pedindo que lhe entregasse a lendária pedra da água, pois acreditava estar correndo um grande perigo ali na aldeia e que somente a presença deste artefato acordaria de vez seu sogro para o seu grande propósito, ao qual foi destinado desde que nasceu, e depois disso nunca mais nos encontramos. Explicou que enviaria para Douglas quando fosse o momento certo e que escreveria uma mensagem indicando onde deviam procura-la.
Cadassi olhou para Frank percebendo que o garoto não se continha de alegria e ao mesmo tempo esperança de encontrá-los com vida. Resolveu continuar seu relato para explicar tudo o que sabia sobre seus pais.
— Douglas, por mais que tivesse reconhecido o corpo de sua falecida esposa nunca acreditou que sua Beth havia realmente morrido, voltando algumas outras vezes até encontrar indícios de que seria uma outra pessoa naquele necrotério e não sua amada esposa. Iniciou uma investigação por conta própria seis meses depois que recebeu a notícia de seu falecimento. Abandonou o trabalho de executivo em uma grande empresa farmacêutica para procurar o paradeiro de Elizabeth. Contratou uma das maiores agências de investigação do mundo e, por dois anos, foi coletando informações e viajando sempre que haviam suspeitas de terem encontrado alguém parecido ou rumores de uma mulher vista com as mesmas características que ela.
— Por isso seu pai sempre nos trazia lembranças de suas viagens — lembrou Barbara com cara de surpresa pela revelação.
— Então, cinco anos atrás, Douglas chegou em nossa vila. Me contou toda a história que lhes falei além de como recebera a lendária pedra enviada por Elizabeth através de um de seus detetives que havia contratado. Esperava que Walter viesse com ele nessa jornada, mas infelizmente não foi o que aconteceu.
— Mas o que aconteceu com meu pai?
— Então, quando Douglas chegou estava meio perdido. Tinham poucas informações e as que tinham estavam desencontradas. Falei o mesmo que disse para vocês — explicou Cadassi — que devesse ir até a caverna Liyang Chugai na ilha de Rota. Douglas fez todo o percurso que vocês fizeram, encontrando o mesmo submarino que vocês trouxeram para cá.
— Sim, imaginamos isso ao ver suas anotações ainda no submarino.
— Pois é, ele utilizou o submarino para procurar diversas pistas por todas as regiões das Ilhas Marianas, o que despertou uma certa desconfiança no então major Thomas Wolf, que queria de todas as maneiras encontrar qualquer meio para crescer em sua carreira militar. Douglas conseguiu fugir do radar deles, pois estes não tinham um submarino de longo alcance como este de Douglas e então inventou uma desculpa para não perder sua imagem de soberano.
— Típico da família Wolf. — brincou Barbara.
— Sim, este foi criado secretamente para as missões secretas da SOPPE — explicou Cadassi. — Sem descansar um minuto Douglas então com o submarino e com posse da pedra elementar atingiu o ponto mais profundo do oceano e a lendária pedra fez seu papel, abrindo o portal que vocês conhecem bem, levando-o para as entranhas da caverna misteriosa. Douglas fez todo o trajeto sagrado, encontrou o templo da água e conheceu o lendário cavaleiro Aquanator, onde apresentou a seu pai os verdadeiros poderes da pedra elementar que Douglas ostentava em seu pescoço.
— Então meu pai havia encontrado Aquanator antes dele estar sendo controlado por Arasgain?
Cadassi olhou para Frank em modo de confirmação mas o garoto já havia entendido onde o mestre queria chegar.
— Quando seu pai voltou para Inarajan eu o abriguei em outro vilarejo, sem que ninguém soubesse de sua existência, nem mesmo Jason e os outros. Era essencial que Douglas estivesse anônimo por todo esse tempo. Ensinei por algum tempo tudo sobre a SOPPE, Elizabeth e as pedras elementares. Foi então, durante os treinamentos e as viagens à procura de nossa querida Elizabeth que ficamos sabendo das intenções malignas de Bhaltair Arasgain.
"Douglas voltou para o templo sagrado na caverna para saber onde estariam os irmãos de Aquanator quando foi interceptado pelo cavaleiro, só que dessa vez ele estava sob o comando do mago e o enfrentou fortemente.
"Se protegeu do ataque segurando a pedra elementar, onde se quebrou com o golpe da espada do guerreiro partindo ao meio, produzindo uma estrondosa explosão, jogando ambos para longe.
"A metade de cima do talismã foi arremessado para as águas da cachoeira do templo sagrado, onde se perdeu em algum lugar da caverna. A outra metade ficou nas mãos de Douglas, que correu o quanto pôde para se livrar dos ataques de Aquanator, conseguindo por sorte se afastar e chegar até a caverna Marbo, onde após sua saída se fechou novamente selando a entrada do templo mágico.
"Douglas nunca me contou o porquê de ter voltado para cá sem o pedaço de baixo da lendária pedra, já que havia saído da caverna com ela em suas mãos, mas após a chegada de vocês pude compreender sua intenção. Ele enfim entendeu que somente o verdadeiro guardião seria capaz de acabar com as forças malignas de Bhaltair Arasgain.
— Mas eu, mesmo depois de acreditar no meu propósito, não consegui derrotar o cavaleiro elemental. Foi Frank quem o fez!
— A vida é um completo mistério que precisa ser desvendada aos poucos, caro aprendiz. Essa é a verdadeira graça em se viver.
— Ah, entendi, mestre. — disse Walter com um sorriso em seu rosto e piscando para Cadassi.
— Eu que não estou entendendo nada. — disse Frank sem obter uma resposta.
— Muito bem, Frank. Você deve se perguntar porque eu "fiz" vocês enfrentarem o lendário cavaleiro da água, mesmo sabendo o perigo que enfrentariam naquele lugar.
— Não é necessário explicar, mestre. Após derrota-lo percebi que Aquanator nunca esteve completamente sob o comando de Arasgain.
— Exatamente! — respondeu Cadassi surpreso e feliz com o crescimento daquele garoto, amadurecendo tanto em tão pouco tempo. — Na verdade Aquanator é o cavaleiro mais leal dos quatro guerreiros. Sua causa sempre foi o bem da humanidade e seu espírito é tão forte quanto seu coração, que é a base de toda a vida da Terra. Nada nem ninguém o controlaria para fazer o mal, não totalmente.
— Mas por que então ele nos atacou? — perguntou Barbara.
— Foi "cruel"? Sim, mas foi única maneira de termos evoluído tanto e compreendido tudo em tão pouco tempo. Ele quis nos mostrar o que de fato iremos enfrentar. A todo instante ele tentou nos provar, nos ensinar...
— Autocontrole, amor ao próximo, trabalho em equipe, saber compartilhar, justiça e principalmente nos aceitarmos e acreditarmos no que nascemos para ser. — completou Walter.
— Exatamente! — respondeu Cadassi feliz de ver o guardião de volta à ativa.
— Mas uma coisa não bate! — insistiu Barbara. — Por que fez de escravos todos esses garotos?
— Acredito que não foi Aquanator que os sequestrou, tampouco os fez de escravos. Isso foi coisa do impiedoso Arasgain. Os monstros na caverna não eram controlados pelo cavaleiro, mas sim pelo mago. O general da água só se aproveitou da situação para ensiná-los por meio de seus métodos um tanto quanto bizarro. Porém...
— ...Porém, se percebesse que não tivéssemos chance iria interceder, certo? — antecipou-se Barbara.
Cadassi riu balançando sua cabeça em um gesto afirmativo. — Pelo menos é o que eu acredito.
— Pelo que eu entendi, tudo estava mais ou menos sob controle, mas então, onde está meu pai? — perguntou Frank digerindo todas as informações que o mestre lhes passava.
— Não sei, jovem rapaz. Assim que ele voltou, pegou algumas coisas e partiu sem sequer me falar para onde iria. Acredito que, durante a batalha com Aquanator, que assim como fez com vocês também o estava alertando e ensinando sobre os perigos que ele iria enfrentar, deve ter dito algo a Douglas indicando onde procurá-la.
— Então na verdade a pedra nunca fora enviada para mim, certo?
— Era destinada para encontrar seu avô, mas como este não acreditava ou não queria acreditar, ela, por vontade própria, lhe encontrou e escolheu você! Se fortaleceu com a sua incrível fé. Não esqueça que o sangue do guardião corre em suas veias!
— E para onde devemos ir, mestre? Onde devemos procurá-los? — perguntou Frank com lágrimas em seus olhos após a maior descoberta de sua vida.
— Isso ainda é um mistério que precisamos compreender.
— Só mais uma perguntinha que ainda não estou conseguindo entender. Como que minha mãe conseguiu escrever nessa pedra? — questionou Frank, apontando para o lendário artefato.
— Essa é uma pergunta muito pertinente, nobre garoto. A essa altura você já sabe que Aquanator, além de poderoso era o cavaleiro mais fiel e devotado às boas causas, mas o que você talvez não saiba é que Elizabeth e ele tinham uma forte amizade. Foi ele mesmo quem escreveu na pedra as palavras que Elizabeth pediu, mesmo sem entender na hora o que se passava na cabeça de sua "chefe", que era como a chamava carinhosamente. Ela, como diretora da Sociedade de proteção às pedras elementares tinha grande conhecimento desses raros artefatos, além de conhecer pessoalmente todos os guerreiros e guardiões elementais.
— Pessoal! — interrompeu Emily, correndo para encontrá-los. — Acabei de ouvir na televisão que um vulcão adormecido há mais de oitocentos anos acabou de entrar em erupção de grande magnitude na península de Reykjanes, próxima à capital Reykjavík na Islândia.
— Parece que encontramos a resposta que tanto procura, nobre rapaz — argumentou Cadassi, levantando-se da mesa e retirando seu prato.
— Islândia! Nunca pensei em conhecer a terra do fogo e do gelo.
— Nem eu, Frank. Mas parece que é pra lá que devemos ir — disse Walter, abraçando o garoto. — Até agora não acredito que cometi um erro tão infantil na tradução. Era "amo vocês", no plural. Agora tudo ficou mais claro — disse Walter, balançando sua cabeça negativamente, se cobrando pelo erro.
— Pode deixar, vô, que assim que chegarmos em casa, providenciarei aulas de Chamorro para o senhor, hahaha — riu Frank. E todos caíram na gargalhada.
— Estou precisando de férias. Acho que ficarei mais alguns dias nas Ilhas Marianas aproveitando um pouco de tudo que perdi na juventude. Quem sabe eu me recordo dos plurais, dentre outras coisas — riu mais uma vez Walter.
— Não, senhor. Acabei de comprar as passagens para nós três no último voo que parte às onze da noite com destino à Tóquio, onde faremos escala para Reykjavík, chegando amanhã por volta do meio dia — disse Barbara, apontando seu celular para os dois, onde podiam ver o comprovante do pagamento em um website de passagens aéreas.
— Vamos para Islândia! — vibrou Frank comemorando. — Ouvi dizer que é muito frio lá. Precisamos comprar algumas roupas e agasalhos.
— Não se preocupem. Compramos alguns há um tempo quando viajamos de férias antes de minha esposa falecer. Ainda as temos, se vocês não se importarem — ofereceu Jason.
— Meu amigo, você sempre nos ajudando quando mais precisamos. Aceitamos com o maior prazer — respondeu Walter.
— Acredito que ficará um pouco grande em vocês, mas irei pedir que nosso alfaiate ajuste rapidamente ao tamanho correto. Para Barbara temos algumas roupas também que eram de Minerva, minha querida esposa.
— Muito obrigada, senhor. É uma honra para mim.
A despedida chegou rapidamente e foi breve, pois já estavam atrasados e não poderiam perder o voo que os levaria ao encontro de Douglas e Elizabeth, além é claro, de um possível confronto contra o irmão de Aquanator, que os três concordaram se tratar do cavaleiro do fogo.
Jason fez um kit para eles com algumas ervas medicinais que Jason cultivava em seu jardim, enquanto Emmy se responsabilizou em não deixá-los com fome e saudades de suas iguarias, lhes entregando uma mochila cheia de mantimentos e alguns docinhos da região.
— Formamos uma incrível equipe — disse Walter a Jason.
— Foi uma experiência única acompanhá-los nessa jornada.
— Obrigado por nos ajudar, sem vocês não conseguiríamos derrotar aqueles seres malignos — agradeceu Frank.
— Guarde uma muda para mim, Jason, que depois eu volto a Guam só pra levá-la comigo para casa.
— Pode deixar, meu amigo. Estará lhe aguardando!
— Antes de saírem, tenho algo para lhes dar — disse Cadassi, com uma caixa dourada em suas mãos. — Não é como a lendária espada Gram, mas para nós é muito mais especial. Por todos esses anos, tenho aguardado o momento certo de entregar essa relíquia de nosso chefe Gadao para que seja utilizada em uma batalha justa, pelo bem da humanidade.
— Ora, muito obrigado! — disse Frank pegando o artefato dentro da caixa que Cadassi carregava. — Mas o que é isso, um estilingue?
— Não, caro Frank — riu Cadassi com a comparação do garoto. — Isso é uma funda chamorro! É uma arma de arremesso extremamente poderosa e eficiente utilizada pelo nosso grande ancestral chefe Gadao em suas batalhas. Dizem que com ela nunca errou nenhum alvo.
— É a mesma arma que dizem David ter matado o gigante Golias?
— Isso mesmo, jovem aprendiz. Já ouvi esse e diversos outros relatos na história sobre a utilização desse tipo de armamento. Só a use quando realmente for necessário e tome muito cuidado, pois essa funda do chefe Gadao pode disparar projéteis tão fortes e velozes quanto um revólver.
Entraram no táxi que já os aguardava na rua com o motor ligado. Walter deu mais uma longa olhada naquele outdoor que outrora havia o deixado em pânico e riu ao ver o semblante do Megalodon, gigantesco assim como a sua fé nele mesmo.
Frank riu ao ver seu avô mais feliz e acreditando nele mesmo.
— Meus pais, nos aguardem que logo os acharemos. Novas aventuras estão por vir. Islândia, aí vamos nós! — disse o jovem guerreiro acariciando a pedra elementar antes de guardá-la no porta-joias de veludo de Barbara que mantinha sempre em seu bolso.
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