Capítulo 33 - A lendária espada Gram
— Mamãe! Mamãe!
— Calma, Frank. Está tudo bem! Abra seus olhos — respondeu uma voz bem conhecida.
Frank, com uma enxaqueca fora do normal, forçou ao máximo para abrir seus olhos e ver a expressão de desespero de Barbara tentando acudi-lo, enquanto ouvia sons de uma guerra ainda não terminada. Entre gritos e o tilintar das espadas, o garoto tentou se levantar e entender onde realmente estava, quando se deu conta de que Jason e Walter travavam uma luta mortal com aquele ser asqueroso em forma de polvo humanoide.
— Bah, o que aconteceu? Estamos de volta na caverna?
— Nunca saímos dessa maldita caverna, Frank. Ao que parece, essa criatura é um devorador de mentes e quando você tentou me defender, ele o atacou, grudando em seu rosto aqueles quatro tentáculos monstruosos que estão presos em sua cabeça. Mexeu muito com minha mente e a de seu avô, mas nada comparado ao que fez contigo. Você esteve imerso em um pesadelo por alguns bons minutos e Deus sabe mais o que aconteceria conosco se Jason e nossos amigos não tivessem aparecido a tempo. Fui a primeira a acordar e tentei de todas as maneiras te trazer de volta, mas você não reagia, então fui ver como estava Walter. Logo seu avô conseguiu sair do transe e se juntou a Jason para dar fim à criatura.
— Que notícia maravilhosa! — gritou Frank, levantando em um pulo, esquecendo completamente a dor de cabeça.
— Como assim, maravilhosa? Você não ouviu o que te falei?
— Bah, você não tem ideia como foi viver em uma outra realidade. Estou mais feliz do que nunca de ter voltado e estar com vocês nessa aventura. Vamos conseguir, juntos! — disse Frank tacando um beijo na boca da garota e correndo em direção aos outros, deixando-a confusa com essa alegria inesperada.
Barbara correu também junto de seus amigos, lançando seu chicote contra as criaturas que se aproximavam.
— Vamos voltar para a outra sala — ordenou Jason, resgatando seus amigos. — Isso foi apenas uma distração para que fossem encurralados e mortos por essa criatura maligna. Esse portal é falso. As criaturas estão vindo de outro lugar! Ah, e é bom te ver de volta, garoto. Que bom que ainda está vivo!
O grupo concordou e tentaram recuar em passos lentos, travando uma batalha com quem se aproximasse. Ao atravessarem as duas rochas que limitavam o acesso para o outro lado, viram uma galeria forrada de criaturas asquerosas esperando a presença dos guerreiros para uma luta mortal. Aquanator, já cansado de esperar pela boa vontade de seu exército em dar um fim neles, quis se juntar às bestas, mas foi contido por Mark.
— Meu senhor, para que gastará suas energias com esses vermes? Deixe que os malditos seres os cansem e esgotem suas energias, assim, quando for entrar nessa batalha, não terá se desgastado à toa. Além do mais, me diverte ver esses humanos morrerem aos poucos.
— Realmente em seu coração só tem maldade. Fiz bem em recrutá-lo. Tem razão, jovem aprendiz. Vamos assistir um pouco mais e nos divertir vendo esses fracotes terem um pouco de trabalho.
Havia mais de oitenta criaturas naquele lugar aterrorizante. A caverna se tornaria suas catacumbas se não fizessem algo logo, mas cada vez mais o exército de criaturas da escuridão aumentava. Pareciam brotar da terra, doidos para cravarem seus dentes em pele humana. Quatro deles pegaram Emily pelos braços, arrastando a garota para longe, quando ouviram próximos a eles um grito vindo de um jovem pulmão:
— Larguem a Emmy, seus covardes! — bradou Luiz, vindo atrás dos quatro com uma espada em suas mãos. Duelou contra os monstros horripilantes para salvar a garota do jeito que pôde.
Suas habilidades de cavernismo foram úteis nessa batalha mortal, conseguindo com proeza se esquivar dos golpes desferidos por espadas e facas perfeitamente afiadas e algumas certamente envenenadas. Contra-atacava os monstrengos nojentos, quando sentiu um líquido quente e espesso escorrer de sua coxa direita. A lâmina de uma das criaturas atingiu Luiz, que sentiu na hora a dor do ataque e caiu no chão se contorcendo.
O Peixomem que o acertou levantou novamente a espada para acabar com o sofrimento do garoto e lançar o golpe final, quando foi impedido pelo barulho que a lâmina de Jason fez ao se chocar com a espada do monstro, seguindo de um golpe contra a cabeça, derrubando a criatura ao chão sem vida. Emmy se soltou dos braços dos outros e se jogou para acudir Luiz, apertando seu ferimento para controlar o fluxo de sangue que saía do local onde a arma maligna o havia perfurado.
Jason mandou que a garota encostasse na parede atrás deles e cuidasse do menino, enquanto enfrentava os outros. Mais criaturas apareceram ao redor de Jason, encurralando o chefe contra a parede calcária. Walter tentou ajudá-lo, mas estava batalhando com muitos outros seres sem conseguir sair do lugar, enquanto Frank, Barbara e Pedro tentavam sobreviver apenas com as espadas que empunhavam.
Cada vez mais Skums cercavam o chefe de Guam até este não resistir e cair ao chão. Uma montanha de homens-peixes subiu sobre seu corpo, evitando sua fuga, esperando que o guerreiro morresse asfixiado sem ar para respirar. Jason se debatia, tentava sair de todas as maneiras, mas a quantidade de corpos acima de sua cabeça era enorme e, por mais que tentasse, não tinha força suficiente para retirá-los.
O homem foi ficando cada vez mais sem ar, sem energia e com o corpo esgotado de cansaço. Alguns minutos se passaram sem nenhum sinal de vida do chefe Chamorro e seus amigos tentavam de todas as maneiras se aproximar daquela cova em que se encontrava, mas eram a todo momento ameaçados por seres repugnantes tentando os atacar.
O fim de Jason estava anunciado. Emily largou Luiz para tentar salvar seu pai, sendo agarrada pelo garoto franzino.
— Onde você vai, Emmy? Está louca?
— Meu pai irá morrer. Tenho que ajudá-lo.
— Você viu quantas criaturas tem em cima dele? Infelizmente, não temos o que fazer. Se for lá, certamente irá morrer.
— Se ficar aqui vamos morrer de qualquer jeito, Lú. Ao menos, vou tentar salvá-lo. Ele faria o mesmo por todos nós.
— Tem razão, Emmy. Então, eu vou com você — disse o menino que quase não se continha em pé.
Porém, enquanto se levantava com a ajuda de Emily, que já agitava seu chicote freneticamente, uma luz foi vista no núcleo daquela avalanche de aberrações e, com uma grande explosão, dezenas de Peixomens voaram para longe de Jason. As pessoas ao redor, assim como o elemental e Mark, não acreditaram no que haviam presenciado. Quem prestava atenção, conseguia reparar que Jason não estava mais sozinho, pois um contorno brilhante ao redor de seu corpo surgira como se um espírito estivesse por trás dele, lhe compartilhando sua energia divina.
O semblante dessa aura iluminada parecia mais alto e mais forte que o próprio guerreiro, e com uma imponência que não se vê por aí. O homem que até poucos segundos antes estava totalmente debilitado, se levantou e começou a desferir socos atirando para longe seus adversários. Foi então que se deu conta que o chefe ancestral viera de longe para ajudar seu descendente direto, guerreiro e chefe da tribo que tanto lhe dava orgulho. Jason havia incorporado o espírito do grande Gadao.
O chefe se voltou para Emily, para ver se Luiz estava melhor, e reparou que sua filha tinha feito um torniquete com a camisa do garoto para evitar o sangramento contínuo. Ela percebeu o brilho que seu pai emanava, iluminando ainda mais boa parte da caverna e sorriu convicta de que ele era digno de tamanha proeza.
A batalha que se estendeu foi épica, de um lado guerreiros lutando por uma causa justa e, do outro, seres malignos que tentavam de todas as maneiras matar seus inimigos e roubar o talismã preso no pescoço de Walter exigido por Aquanator, além de, claro, devorar a carne deles. Mesmo com a ajuda espiritual, a luta não foi fácil, pois a cada segundo surgiam mais e mais criaturas que pareciam se multiplicar através de magia, fazendo-os recuar a cada onda de seres que se aproximavam.
Os sete integrantes do grupo pareciam não ter mais chances. Estavam encurralados. Atrás, uma parede de rocha e, à frente, dezenas de seres asquerosos querendo arrancar suas peles. Nem mesmo a soberania do grande Gadao e a força oculta de Walter poderiam dar conta da quantidade de criaturas que infestavam aquela caverna.
Enquanto Jason golpeava uns seis inimigos de uma vez com um golpe feroz, Walter, com sua espada d'água, derrubava mais uns três ou quatro. Os outros faziam o que podiam para ajudá-los nessa empreitada mortal, ora brandindo suas facas e espadas, ora acertando seus inimigos com chicotes ardidos que estalavam e marcavam a pele de quem era acertado. Ao mesmo tempo que o guerreiro elemental se divertia vendo aqueles humanos literalmente se matando para aniquilar seus soldados, ele se aproximava do objetivo que se auto-estabeleceu assim que Walter apareceu para salvá-los, conseguir aquele amuleto que firmaria de vez sua liberdade, mesmo que para isso tivesse que matar seres humanos, que tanto protegeu ao longo da sua vida.
Quanto mais criaturas derrotavam, mais surgiam de algum lugar até então invisível para eles. Era como se multiplicassem quando bem entendessem. Aos poucos, os bravos guerreiros foram cansando e ficando cada vez mais lentos enquanto batalhavam arduamente. Parecia não ter mais jeito, por mais que se esforçassem, a derrota estava anunciada.
Após tentarem todas as estratégias possíveis e ainda assim, não conseguirem vencer aqueles seres monstruosos, só lhes faltavam o último e mais perigoso plano, correr cegamente para cima das criaturas em um ataque feroz. Porém, como sempre naquela caverna misteriosa algo inesperado estava prestes a acontecer. O chão começou a tremer fortemente, derrubando destroços de pedregulhos e uma poeira começou a subir do chão, quando, subitamente, uma cratera se abriu, engolindo a grande maioria do exército maligno que estava mais à frente deles.
Aproveitando essa sorte, os sete se jogaram na direção das criaturas atordoadas que não haviam caído no grande buraco e, sem pestanejar, liquidaram a todos, brandindo suas espadas e facas com toda a força que tinham. Os que caíram no buraco também não se deram bem, pois algo estava atacando um a um. Podia-se ouvir gritos de Skums e outras criaturas vindo da fenda aberta de uns cinco metros de largura. Nenhum sobreviveu ao ataque para contar história, sendo que alguns eram arremessados a uns sete metros de altura.
Frank olhou para dentro da fenda, sorriu e se lembrou de uma frase proferida por um grande sábio que conhecera há pouco tempo, que dizia: "a esperança é a maior força que existe! Enquanto houver alguém que acredita, grandes façanhas podem ser alcançadas".
O garoto acenou para o velho Bolduf, que cuspia o último monstro do qual tirava a vida. A criatura de rocha retribuiu o aceno do garoto com a cabeçona e então caiu no chão enlameado entre detritos de rochas e sangue. Frank se jogou de qualquer maneira para dentro do buraco para acudir o amigo e mestre, mas este pediu que ficasse longe, pois seu corpo estava todo machucado e a gosma que saía de sua pele rochosa era extremamente corrosiva.
—- Grande Delver, obrigado por nos ajudar. Quando achamos que seria o nosso fim, o senhor surgiu inesperadamente.
— Pequeno mestre, como lhe disse na primeira oportunidade em que nos conhecemos, a força está dentro de seu coração. Fiz o que tinha que ser feito, pois acredito em seu potencial e sei que grandes conquistas ainda estão por vir. Posso não prever o futuro, mas tenho certeza que o nome Frank Payne será dito com orgulho nos quatro cantos do mundo, tanto o real quanto o fantástico — proferiu o escavador ancião.
— Como podemos ajudá-lo, senhor? — perguntou Frank com lágrimas nos olhos.
— Já vivi muitos anos, meu rapaz. Foi uma honra poder conhecê-los e ajudá-los nessa justa jornada a favor do bem maior. Por você, jovem mestre, eu morreria centenas de vidas. Caminho ao encontro da luz que tanto esperei. Fiquem tranquilos, pois essas criaturas não mais se multiplicarão, pois uma vez que não haja mais corpos com vida, eles não serão mais clonados com magia negra — disse Bolduf, fechando seus grandes olhos e descansando dessa vez por toda a eternidade.
Frank levantou-se com uma fúria em seus olhos, pegou alguns corpos de Peixomens espalhados ao redor e empilhou-os de modo a usá-los para sair da cratera. Juntou-se aos seus amigos para darem fim à maldade instaurada naquele lugar e salvar os garotos sequestrados das mãos daquele ser impiedoso.
— Maldita criatura bondosa que se julga superior a mim — disse Aquanator, se levantado do trono de água congelada em que esteve todo esse tempo, aguardando a batalha terminar. — Se não tivesse tentado ajudá-los, ainda estaria vivendo essa vidinha indigna que tanto gostava, se alimentando de pedras e conhecendo vermes como vocês. O estúpido Delver sempre se metendo onde não é chamado, assim como Artmeck. Terei eu mesmo que acabar com vocês, mesmo desprezíveis e indignos de tal esforço. E, então, matarei os outros patifes que estão acorrentados ali — acrescentou o guerreiro elemental, apontando com sua cabeça para onde estavam presos os garotos sequestrados.
Aquanator se aproximou com uma velocidade fora do comum, ainda mais para um ser pesado como ele. Era como se flutuasse sobre um mar de ondas gigantescas. Frank, Barbara e os outros se colocaram em posição de ataque para qualquer investida do ser elemental, mas este, com apenas um estralar de dedos, desarmou a todos com alguns jatos de água que surgiram de sua espada. Diferentemente de Walter que só controlava e manipulava o elemento, Aquanator conseguia produzir água quando bem entendesse, pois seu corpo era constituído praticamente apenas do líquido divino, dificultando assim a vida de seus adversários.
Esgotados, Jason, Walter e Pedro correram em direção ao cavaleiro que os golpeou facilmente, jogando-os para longe. Jason, não se dando por vencido, se levantou novamente e junto de Luiz, Emily, Barbara e Frank correram em direção à criatura suprema, tentando uma nova investida, porém mais uma vez sem sucesso, pois o guerreiro desviou de seus golpes e desferiu uma sequência de socos e pontapés em que não se pôde acompanhar sua agilidade, apenas sendo possível ver seus cinco oponentes caírem ao chão com ferimentos em seus rostos, peitos e costas. Nem mesmo Mark, que se escondera para não ser atingido, conseguiu observar seus movimentos.
— Jason — chamou Walter, tentando se aproximar do grandalhão. — Precisamos unir nossas forças e atacá-lo todos juntos de uma vez. Só assim para conseguirmos acertá-lo. É nossa única esperança de derrotá-lo.
O grande líder Chamorro concordou com a sugestão do guardião da pedra elementar e bolaram uma estratégia rapidamente. Interessado, Aquanator aguardou enquanto falavam, para se divertir mais um pouco antes de aniquilá-los. Mesmo imaginando que logo atacariam, não percebeu quando Pedro e Luiz, que haviam se afastado do grupo alguns segundos antes, pularam por sobre as costas do inimigo com um dos chicotes que as garotas usavam nas batalhas, tentando impedir seus movimentos, prendendo seus braços e seu pescoço.
Então rapidamente os demais correram em direção ao monstro empunhando suas armas, que até então haviam se mostrado letais na batalha contra os outros seres asquerosos, a fim de golpeá-lo com o máximo de forças que tinham. O que se ouviu foi um estrondo altíssimo e uma poeira que subiu daquele chão de pedregulhos soltos por conta do desmoronamento anterior.
Assim que a poeira baixou, os bravos guerreiros perceberam que haviam acertado uma rocha que estava por trás de Aquanator, exatamente por onde os dois garotos haviam subido para pularem em suas costas. Realmente aquele ser tinha uma força e uma agilidade fora do comum, pois, em uma fração de segundos conseguiu se soltar das amarras dos meninos e se esquivar dos ataques dos outros, que, mesmo todos juntos, não foram superiores ao do cavaleiro elemental, que surgira em seguida golpeando um a um com seu soco magistral, arremessando-os para locais distantes.
O grupo não tinha mais opções, mesmo com a presença espiritual do grande Gadao e a força oculta do guardião Walter, não chegaram nem a acertar o grande guerreiro elemental, que, vendo o desespero daqueles insignificantes, se colocou a rir e a falar:
— Vocês são desprezíveis. Não conseguiram sequer me golpear, e ainda acreditavam que iriam me aniquilar. Esperava mais de vocês, principalmente desse velhote aí que se intitula o guardião do elemento água. Saiba que não chega nem aos pés dos outros guardiões, com quem tive orgulho em proteger. Você não passa de um mero humano desprezível — disse, se aproximando cada vez mais de Walter.
Frank desesperado em ver seu avô morrer mais uma vez, correu sem pensar nas consequências, apenas por uma explosão de sentimentos, para cima do guerreiro tentando acertá-lo, mas este previu o ataque, se esquivando e acertando um chute na boca do estômago do garoto, arremessando-o para o outro lado do salão, fazendo com que ele perdesse o ar por alguns dolorosos segundos.
Quase todos estavam derrotados, com seus corpos moídos por causa do feroz ataque daquele ser extraordinariamente forte. Frank perdera os sentidos assim que caíra ao chão, tamanho o golpe que recebeu em seu abdômen. Seus amigos queriam correr para ajudá-lo, mas não conseguiam sequer levantar-se de onde estavam. Mais uma vez a caverna misteriosa tentava de alguma forma mexer com a mente perturbada de Frank, ou ele entendeu dessa forma, pois, ainda desacordado, começou a sentir novamente um perfume inebriante e reconfortante como sentira no pesadelo em que estivera imerso pouco tempo antes de acordar, enquanto o devorador de mentes se alimentava de seus medos.
Uma voz conhecida e que há muito tempo não ouvia se fez presente próximo ao seu ouvido, chamando-o e pedindo para que acordasse. Com muito esforço, Frank abriu seus olhos e percebeu que ao seu lado estava aquele velho baú do qual já havia esquecido a existência, totalmente estraçalhado pelas pancadas do guerreiro, recordando-se imediatamente da charada proposta por ele, estampando a fatídica e enigmática frase em sua cabeça.
Quase sem forças, seu batimento cardíaco voltou a acelerar, seu corpo começou a responder às vontades de seu cérebro e o garoto, juntando suas últimas energias, se levantou com o maior esforço e foi se arrastando em direção a Artmeck, gritando seu nome e repetindo o enigma em voz alta:
— Em Lagos Infindáveis Zarparam Altivos, Bravos E Triunfantes Homens! Já sei a resposta, meu amável e fiel mímico, que mesmo diante de toda essa situação conseguiu guardar o mais importante e notável segredo de todos — disse Frank com lágrimas em seus olhos. — A resposta para o grande enigma é ELIZABETH.
— Por todos os anos em que guardo segredos de meus mestres, esse foi de longe o enigma que mais torci para que fosse descoberto, meu caro Frank Payne. Sua mãe me pediu encarecidamente que esperasse por seu filho, pois seria o único que desvendaria a charada e utilizaria o tesouro aqui escondido a favor do bem maior. Use-a sabiamente! — insistiu Artmeck, abrindo seu cofre e entregando a lendária pedra transmorfa ao rapaz.
Frank Payne enfiou sua mão dentro do baú e retirou de lá uma formosa e comprida espada, cujo cabo e toda a empunhadura era trabalhada em ouro com símbolos desconhecidos pelo jovem rapaz.
— Essa que carrega em suas mãos é a poderosa Gram, a arma que o herói Siegfried usou para matar o dragão Fafnir, segundo a mitologia nórdica. Dizem que originalmente fora criada para seu pai, Sigmund, porém após desobedecer a uma ordem de Odin, o deus a destruiu em dois pedaços. Anos mais tarde, foi reforjada e entregue a Siegfried para enfrentar o temível Dragão, pondo fim a uma Era de terror e destruição. A lendária Gram já teve muitos nomes ao longo do tempo, mas uma coisa é certa, essa espada que carrega é tão ou mais poderosa que a famosa Excalibur.
— Excalibur? A espada do Rei Arthur? Mas não é uma lenda?
— Tudo o que não se pode explicar acaba virando uma lenda, meu jovem rapaz. Um dia ainda contarão a incrível história de Frank Payne e suas aventuras — proferiu Artmeck. — A Gram assim como Excalibur são consideradas as senhoras das espadas, cada uma em seu tempo, porém essa havia se perdido após a morte de Siegfried, enquanto Excalibur fez fama nas mãos de Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.
"Está vendo essas inscrições? São símbolos nórdicos criados pelo povo escandinavo durante a Era Viking. Essas inscrições, assim como as triskles celtas, representam o equilíbrio do universo dentro de nós, ou seja, o equilíbrio espiritual. Estão associadas também ao cosmos, à manipulação dos elementos da natureza e aos encantamentos de transmutação. Entre outras palavras, é capaz de acumular energia da natureza e dos seres vivos para se manter cada vez mais poderosa.
"Mas lembre-se, esta é apenas a pedra transformada na espada Gram. Ela possui os mesmos poderes, mas só servirá para o propósito desejado. Após isso, deixará de possuir suas propriedades mágicas, voltando a ser um pedaço de rocha comum. A espada original se encontra em algum lugar do norte deste planeta, onde Odin um dia a escondeu daqueles que almejavam seu infinito poder."
Frank fez uma cara de espanto e, fitando a lendária espada, começou a movimentá-la, cortando o ar com extrema facilidade.
— Somente você, meu caro Frank, é digno de tamanha proeza. Siga seu nobre coração e a espada lhe transformará no maior guerreiro de todos os tempos. Não deixe que os outros ditem o seu destino, você nasceu para trilhar longas aventuras e tenha certeza que não somente irá salvar a raça humana, mas todos os que vivem em nosso amado planeta. Jamais perca a fé em você mesmo! — disse o velho e cansado Baú, fechando para sempre aquela enorme boca cheia de dentes que, por uma felicidade do destino, pôde experimentar e se deliciar com o maravilhoso bolo de frutas da família Bell, além de ter tido o privilégio de orientar aquele que um dia se tornaria a maior lenda que o universo já conhecera.
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