we need to talk;

HANNA BIEBER | TRÊS DIAS DEPOIS

Três dias já haviam se passado e eu continuava naquele lugar. Eu não conseguia entender o porquê Justin ainda não havia feito nada para me encontrar. Será que ele havia se cansado dos dias em que teve que ficar dentro de casa simplesmente porque eu o obriguei, ou porque ele já não aguentava mais minhas lamentações quando perdi nosso filho? Eu estava com medo daquele lugar, medo de estar naquele lugar sem o meu marido.

Escutei passos vindo do corredor e encolhi-me no chão com medo de que fosse novamente Shawn, ou até mesmo aquele homem vestido de preto, que apenas me via do corredor mesmo.

— Hanna, você está bem? – a pessoa me abraçou. Era Vinnie.

— Vinnie? Cadê o Justin? – perguntei com a voz falha. Ouvir uma voz conhecida era tudo o que eu mais queria naquele momento e ali estava o loiro.

— Jeremy foi atrás dele. Temos que sair daqui o mais rápido possível. – atirou nas correntes que me prendiam. Vinnie me pegou pelo braço e corremos o mais rápido possível daquele lugar.

Assim que saímos de lá, pude ver minha mãe parada ao lado de um carro. Corri em sua direção mesmo com dificuldade e a abracei de imediato.

— Mãe... – murmurei com a voz falha já com os olhos marejados.

— Hanna, meu amor. Você está bem? – me apertou o mais forte possível.

— Agora que você está aqui, sim. Eu estou bem. – fechei os olhos e sorri, me sentindo segura ali, em seus braços.

— Minha filha, entre no carro e descanse um pouco. Daqui a alguns minutos já iremos para casa. – assenti sem titubear e entrei no carro. Olhei para o lado e vi uma marmita.

Na certa, era para que eu comesse. A comida que Shawn me deu quando estava em cárcere não era muito boa, por isso eu estava faminta. Comecei a comer a sopa que havia ali dentro da marmita e olhei para frente, vendo Jeremy e Justin virem correndo em direção ao carro também.

Justin também estava preso naquele lugar, por isso ele não foi atrás de mim... Naquele momento, senti como se um peso enorme caísse sobre a minha cabeça. O loiro se importava sim comigo; ele não havia se cansado ou desistido, ele estava no mesmo lugar o tempo todo.

Afundei-me no banco e olhei para Justin que conversava com Vinnie. Eu me sentia tão culpada por ter pensado aquilo, me sentia tão egoísta... Às vezes, eu não conseguia entender o motivo de Justin ter se casado comigo. Eu não passava de uma adolescente imatura, mimada e egoísta. Eu era uma péssima esposa para Bieber e, naquele momento, cheguei a conclusão que sim. Eu sou a pior esposa do mundo.

JUSTIN BIEBER

— Não é possível! – exclamei pela milésima vez empurrando Vincent.

— Eu já disse que é verdade, Justin! – Vinnie segurou minhas mãos para que eu não o empurrasse novamente.

— Mas ele estava lá! Não é possível ele ter sumido junto com os outros dois caras! – exclamei irritado e inconformado.

— Michael e os outros homens o procuraram em todo canto e ele sumiu. Drew pode se virar sozinho, temos que ir agora. – me puxou para o outro carro que ali havia.

— Cadê a Hanna? – sentei-me no banco do carona.

— Marie quer que ela durma essa noite na casa dela. Assim ela se recupera dos dias em que passou presa aqui. – respondeu ao entrar no carro. Olhei para o lado e vi Marie e Tyler, seu namorado, entrando no carro.

— E Michael e Jeremy?

— Eles vão ter um trabalho, por isso foram embora sem se despedir. – meu amigo deu a partida. Apoiei minha cabeça no banco e olhei para a janela. Onde será que Drew se meteu?

HANNA BIEBER

Assim que acordei no dia seguinte, olhei em volta para ver se Justin estava ali, mas um suspiro escapou de minha boca assim que vi que só havia eu em meu quarto. Levantei-me da cama e peguei um vestido em meu armário. Caminhei até o banheiro e fiz minha higiene pessoal. Assim que estava pronta, desci as escadas e fui para a cozinha preparar meu café onde logo vi minha mãe e Tyler já levantados.

— Bom dia minha filha. Dormiu bem? – minha mãe deu um beijo em minha testa.

— Sim. Fazia um tempo que eu não dormia em minha cama antiga. – sorri.

— Bom dia Hanna. – Tyler sorriu e deu um beijo em minha bochecha. Sorri com seu ato e peguei a xícara de café que ele segurava.

— Eu vou tomar isso. – levantei a xícara no alto e ele riu.

— Pretende ir que horas para casa? Dependendo da hora eu posso te levar. – minha mãe perguntou ao sentar do meu lado.

— Acho que ao anoitecer. Mas eu posso ir sozinha. – dei um gole em meu café.

— Nada disso. Eu não quero que nada aconteça com você. – negou com a cabeça dando uma mordida em seu pão. — Tenho um trabalho para fazer e tenho que ir de noite, mas Tyler pode te levar.

— Tyler, eu não quero te atrapalhar. – girei a aliança em meu dedo.

— Não será incomodo algum. – o mais velho sorriu.

— Acho que posso ligar para o Justin e pedir para que ele me busque. Assim, nós podemos jantar fora. – mexi o café já frio com o meu dedo indicador.

— Então veja o que você decidirá. Vou arrumar o seu quarto. – minha mãe se levantou. Subiu as escadas e Tyler se levantou para lavar a louça. Suspirei pegando meu celular. Justin havia me ligado. Retornei a ligação e não demorou muito para que o mesmo atendesse.

— Hanna? Você está bem?

— Sim. E você? – olhei para Tyler que cantarolava uma música qualquer enquanto lavava a louça.

— Seria melhor se tivesse acordado com você ao meu lado. Você vai voltar quando?

— Hoje a noite. – sorri. Eu estava com saudades do meu marido.

— Que bom. Se quiser eu posso te buscar e a gente janta fora. O que acha? – se animou e eu ri.

— Eu estava pensando no mesmo. – o mais velho riu. — Eu te ligo mais tarde então. Vou ajudar minha mãe com as coisas aqui. – Justin mandou um beijo e eu encerrei a ligação. Levantei-me da cadeira e peguei a xícara já vazia para lavar.

— Deixa que eu lavo. – o moreno pegou a xícara da minha mão.

— Não precisa. Eu não quero incomodar.

— Você incomoda se não deixar que eu lave. – riu e eu olhei para o seu anel de compromisso.

— Desculpa. – ri envergonhada. — Eu ainda não sei como te tratar...

— Eu sei que é meio difícil se acostumar comigo, já que não sou muito de falar, mas não precisa me tratar como um velho de cinquenta anos. – o mais velho me fez sorrir. Tyler tinha apenas vinte e seis anos, enquanto minha mãe tinha quarenta. Sempre achei engraçado a diferença de idade entre os dois, mas eles se amavam e isso era o mais importante.

— Tudo bem. Eu vou lá em cima ver se a minha mãe precisa de ajuda. – entreguei a xícara para ele. O mais velho assentiu e eu subi para ver se minha mãe precisava de ajuda.

Já estava quase na hora de Justin me buscar para jantarmos fora e, sinceramente, naquele momento eu estava me sentindo uma adolescente em que espera ansiosamente seu namorado para um encontro. Não era bem diferente disso. A diferença era apenas que Justin não era meu namorado, e sim meu marido.

Sorri ao me ver com um vestido rosa de bolinhas brancas que eu não usava desde que tinha dezesseis anos. Era engraçado como minha mãe ainda guardava em meu quarto objetos meus de quando eu vivia com meu pai, como, por exemplo, ursos que ela me dera quando eu ainda era um bebê e algumas roupas minhas antigas. Algumas roupas ainda cabiam em minha pelo fato de meu corpo não ter mudado tanto desde a última vez em que as usei. Calcei minha sapatilha e saí do meu quarto, esbarrando em minha mãe que passava pelo corredor.

— Desculpa mãe, eu não te vi. – segurei em seus ombros.

— Tudo bem. Que horas o Justin irá te buscar? Eu já estou saindo, tem certeza que não quer que eu te dê uma carona? – senti meu celular vibrar em minhas mãos e vi que era Justin me ligando.

— Acho que não vai ser preciso. – ri. — Oi meu amor.

— Hanna? Eu já estou aqui em frente te esperando. Já está pronta?

— Já estou descendo. – encerrei a ligação. — Justin já chegou. – sorri para a minha mãe.

— Tudo bem. Se cuide, minha filha. – minha mãe me deu um abraço apertado.

— Eu digo o mesmo para a senhora. – dei um beijo em sua bochecha e desci as escadas logo saindo de casa.

O carro de Bieber estava estacionado do outro lado da rua. Corri em direção ao mesmo e abri a porta do carona.

— Cheguei! – falei animadamente ao entrar no carro.

— Uau! Você está linda! – o loiro sorriu antes de me dar um selinho.

— Obrigada. – sorri vendo que o loiro usava um blazer por cima de sua camisa. Deu a partida e, em poucos minutos, chegaríamos ao restaurante.

Assim que chegamos ao restaurante, Justin estacionou o carro e saímos do mesmo logo entrando no ambiente. A recepcionista nos levou para a mesa que ele havia reservado e nos deu o cardápio. Era um restaurante japonês e, a única coisa que eu conhecia daquele cardápio, era o sushi e mais algumas coisas que eu não sabia o nome, mas já havia comido.

— O que você vai querer? – o mais velho colocou seu cardápio em cima da mesa.

— Sushi. – respondi, já que era a coisa mais tradicional a comer ali. Justin chamou a garçonete e, não demorou muito para que ela nos atendesse.

— Eu gostaria de um barquinho de sushi, yakisoba e uma garrafa de saquê, por favor. – o garoto fez o pedido e a mulher assentiu.

— Por que me trouxe num restaurante japonês? – ri.

— Ei, a comida é boa e é um pouco diferente dos restaurantes que costumamos frequentar. – apontou para a almofada em que eu estava sentada e eu ri revirando os olhos.

O pedido já havia chegado a nossa mesa e, enquanto Justin comia normalmente o seu yakisoba com seu hashi, eu lutava contra o meu próprio hashi tentando pegar algum pedaço de peixe.

— Droga! – murmurei frustrada. O loiro sorriu e sugou seu macarrão.

— O que houve? – riu.

— Como você consegue comer com esses palitinhos? Eu ao menos consigo segurá-los... – fiz bico.

— É fácil. – limpou sua boca com um guardanapo. — Me dê sua mão. – estendeu sua mão para que eu a segurasse. Pegou minha mão e ajeitou os palitinhos na mesma. — Quando você quiser pegar algo, abra e feche. Tente pegar alguma coisa agora. – tomei um gole de saquê e chamei uma garçonete que logo veio me atender.

— Poderia me ver um garfo, por favor? – pedi educadamente e a mulher assentiu.

— Por que pediu um garfo? Estamos em um restaurante japonês, devemos comer com hashi. – bufei.

— Coma você. Eu não consigo comer com esses palitinhos, então vou comer com algo que eu consiga segurar. – cruzei os braços.

— Tudo bem. Não discutiremos por motivos bobos. – rendeu-se e voltou a comer seu yakisoba.

— Vocês... Encontraram o Drew? – mudei de assunto. Justin suspirou e olhou para a garrafa de saquê a sua frente.

— Ele apareceu ontem à noite em casa. Vinnie estava certo. – colocou um pouco de sua bebida em seu copo.

— No que Vinnie estava certo?

— Ontem o Drew me contou que, quando me pegaram e me deixaram preso, ele foi liberado na mesma hora. Eu fiquei há dias naquele lugar e ele ao menos se deu ao luxo de me ajudar ou ajudar você. – deu um gole em sua bebida. — Ele sumiu por exatos três dias frequentando puteiros e bares. A desculpa dele foi porque ele queria esquecer um amor não correspondido. – riu sem humor balançando a sua cabeça negativamente. Olhei para baixo e engoli em seco. Eu sabia que Drew falava de mim.— Eu fui estúpido em passar horas e horas me preocupando com ele. Vinnie realmente estava certo, Drew sabe se virar sozinho. – tornei a olhá-lo na exata hora em que ele encarava com repulsa para um casal que sentava do outro lado do ambiente.

Olhei para o chão e mordi o lado interno da minha bochecha esquerda. Aquele assunto, de alguma forma, era um assunto delicado.

— Justin... Eu estou cansada. Podemos ir para casa? – limpei a garganta um pouco desconfortável.

— Ah... Claro. Vou pedir a conta. – assentiu um pouco confuso, mas não ousou em titubear.

Assim que chegamos em casa, subi rapidamente as escadas e entrei em meu quarto. A cama estava bagunçada e Justin ainda não havia colocado na lavanderia a roupa que usava por dias naquele horrível lugar. Coloquei meu pijama e saí do quarto para chamá-lo.

— Hanna? Você está bem? – escutei uma voz perguntar logo atrás de mim. Fiz um coque em meu cabelo e segui até o corrimão da escada.

— Sim, eu estou ótima. – respondi sem olhar para Drew. — Justin, eu estou te esperando! Venha rápido! – disse num tom alto e escutei um "já vou" do loiro.

— Hanna, eu acho que precisamos conversar... – Starkey se aproximou de mim. Seu corpo se aproximou do meu e suas mãos estavam apoiadas no corrimão, envolvendo meu corpo.

— Não temos nada para conversar, Drew. – permaneci sem encará-lo. Me virei para empurrar o mais velho para que saísse de cima de mim, mas, na hora em que me virei, ele selou seus lábios aos meus e segurou fortemente em meus braços.

— Eu disse que precisamos conversar. – sussurrou em meu ouvido e me puxou em direção ao seu quarto.

Entrei em seu quarto contra a minha vontade e Drew fechou a porta bruscamente. Deu dois passos para frente e olhou para o lado. Em minha cabeça, a única coisa que me vinha naquele momento era o pior.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top