Capítulo 8 - Caso: "Cristina Rocha" Desfecho.
Capítulo 08 - Caso: " Cristina Rocha" Desfecho.
Jane Park...
Plínio...
Seu Neco...
Clóvis Tavares...
Perpétua Tavares...
Cristina Rocha...😥
Depois de descobrir que Clóvis e Tavares são as mesmas pessoas, Dione via uma possibilidade de desvendar quem foi o autor do crime do assassinato de Cristina. Arranjou uma maneira de ir logo encontrá-lo. Ligou para o homem da rua, estando na frente de sua mansão.
__ Seu Dione, algum problema?! - Clóvis atendeu ao telefone estando à mesa em seu horário de refeição.
__ Precisamos conversar. _ A voz soou seca do outro lado da linha.
__ Pode falar, sou todo ouvido. - Falou preocupado, limpando o canto da boca com um guardanapo.
__ Por telefone não, pessoalmente.
__ Mas eu estou no meio do meu almoço!
__ Não interessa o que esteja fazendo, eu preciso falar com você agora mesmo!
__ E o que é tão importante assim que não pode esperar?
__ Vamos falar sobre uma tal de Cristina Rocha. Venha sozinho em seu carro, vamos dar uma volta.
A ligação sendo encerrada de maneira abrupta deixou Clóvis ressabiado. Aquele nome não trazia boas lembranças. Ressuscitar o passado não estava em seus planos. Muito menos por um homem com a personalidade de Dione.
Depois de apanhar Dione na calçada em frente sua casa, sem nem mesmo receber um cumprimento amistoso dele, já com carro em movimento, Clóvis muito curioso pergunta:
__ E então, por que quer falar sobre essa mulher, quem é ela?
__ Não se faça de desentendido, você sabe muito bem de quem estou falando, "Senhor Tavares..." __ Dione enfatizou o nome dito e jogando o jornal em seu colo estando ao seu lado no banco do carona. Clóvis passou rapidamente o olhar no papel, e logo voltou à atenção para a estrada novamente, engolindo em seco.
__ Mundo pequeno esse nosso, não é? Procurei você por todo esse tempo, e acabei te achando por um acaso.
__ Voltei a usar meus dois nomes novamente. __ Clóvis falou brando vendo o erro que cometeu voltando a usar seu sobrenome em conjunto com o nome outra vez.
__ Foi o que me ajudou a te encontrar.
__ Já não escondo mais a minha identidade. Não tenho motivos para isso. Chamo-me Clóvis Tavares. E ponto final. __ foi seco tentando o intimidar.
__ Acho que temos muito que conversar então, não acha?
__ Depois que Cristina morreu, eu fui para o exterior, morei lá por um bom tempo, retornei já faz alguns anos.
__ Se já havia se esclarecido para a justiça, por que fugiu?
__ Não fugi, foi só uma preferência minha morar lá.
__ Eu acredito que tenho o direito de saber quem matou minha irmã.
__ Sinto muito, foi tudo tão rápido que não consegui ver quem foi que disparou a arma. Só o vi de costas a correr...
__ Mentiroso! A quem pensa que engana? - Dione falou irritado com a mentira dele estampada na cara, segurando a gola de sua camisa e o puxando para mais perto.
__ Hei, vai com calma! Não está vendo que estou dirigindo?! Assim, pode provocar um acidente! - Falou o homem apavorado, diminuindo a velocidade e parando o carro no acostamento da estrada.
Dione o soltou com ira e voltou a se ajeitar no seu assento esperando uma explicação do homem ao seu lado.
__ Sabe qual foi o meu apelido por um bom tempo? - Dione perguntou.
__ Não, não sei. Qual? - Clóvis quis saber, curioso.
__" Dione Bala. " - Dione o encarou por alguns poucos segundos, já esperando seu deboche. Clóvis segurou o riso.
__ Sabe por quê?- Perguntou.
__ Porque gostava de dar uns tiros? - chutou a resposta.
__ Não. Olha isso aqui... - Dione puxou de dentro da gola de sua camisa de malha uma corrente de prata com uma bala de revólver como pingente, e a expôs. __ Essa é a mesma bala que matou Cristina... - Clóvis olhou para ela espantado.
__ Ela está preparada novamente. Vou usar a mesma bala que tirou a vida da minha irmã, pra matar o desgraçado que fez isso! - Dione o fitou e ele engoliu em seco mais uma vez.
__ Hum... seria bem irônico isso... - Clóvis sorriu sem graça.
__ Não está levando a sério né? - Dione se irritou um pouco.
__ Claro que estou! Isso seria mais que justo.
__ Então me diz logo, quem matou Cristina?! - O fitou esperando a resposta.__ Se forem os traficantes, eu sei onde encontrar cada um deles! Se foi o desgraçado do Charles, eu o mato lá em sua cela mesmo! Diga-me quem foi, vamos! - O pegou pela gola da camisa novamente.
__ Isso já faz tanto tempo, não é melhor esquecer?
__ Esquecer?! Está zoando com a minha cara? Cristina era uma das pessoas que eu mais amava na vida, sangue do meu sangue, e alguém tirou ela de mim! Pelo o amor que você já sentiu por ela um dia, me diz logo quem a matou! - Dione não o deixaria sair daquele carro, sem uma resposta.
__ Tá bom, tá bom... Eu- eu vou falar... mas solte a minha camisa. - Falou se sentindo incomodado.
Dione o soltou, ele arrumou a gola da camisa e logo disse:
__ Vou fazer mais que isso, vou te levar até ele... - Dione o encarou espantado.
Enquanto isso, Judite deixava Lisa em casa. Ela desceu da moto com a revista em mãos e retirou o capacete a entregando.
__ Obrigado Jude. Se não fosse por você, eu nem posso imaginar o que seria de mim... - Sorriu.
__ Não agradeça, até que foi divertido! - devolveu o sorriso.
__ Agora eu preciso entrar, há essa hora, Neco deve estar jogando cartas com Plínio na mesa da sala. Sempre me pede pra preparar alguns petiscos para comerem, enquanto bebem e jogam. - Ela sorriu sem graça, colocando uma mecha de cabelos atrás da orelha.
__ O que foi aquilo lá atrás, quando trombou com aquele sujeito?
__ Aquilo, o quê?! - Lisa perguntou confusa.
__ Aquele olhar para o moço... - Judite estreitou os olhos enciumados.
__ Não sei do que está falando. - revirou os olhos, nervosa.
__ Você nunca olhou pra mim daquela forma. - Judite falou triste.
__ De que forma Jud?! Eu nem lembrava mais desse cara... - Olhou para o lado vendo se alguém escutava a conversa delas.
__ Eu confesso que fiquei com ciúmes. _ Judite falou melosa. __ gostaria muito de um olhar daqueles para mim. - ensaiou um sorriso.
__ Fique tranquila... - Lisa sorriu para Judite, segurando sua mão e esperando ter sido convincente. __ Eu sempre lhe dou meus melhores olhares de amizade que posso ofertar à você! __ Judite não engoliu essa história, mas decidiu deixar pra lá, foi só um encontro casual e que seria difícil ocorrer novamente.
Da janela da cozinha, Dona Jane, a mãe de Lisa estava à espreita, estreitando os olhos para as duas conversando na frente do jardim, desconfiada do conteúdo que poderia ter essa conversa.
Lisa, percebendo a mulher xeretando as duas, se despediu e logo entrou, assim que Judite partiu em sua moto. Abriu a porta e se deparou com Neco, seu pai e Plínio, um conhecido da família, à mesa jogando cartas. Escondeu ligeira a revista atrás das costas. Não queria que soubessem que consumia aquele tipo de coisa. Muito menos da maneira que a conseguiu.
__ Olha quem chegou! - Neco falou fitando Lisa na entrada da porta com as cartas em suas mãos. Ele era um idoso completamente calvo aparentando ter uns 55 anos ou mais. Lisa olhou primeiro o seu dente de ouro, antes mesmo de mirar em seus olhos.
__ Por onde andou, menina?! - Dona Jane questionou a encarando, colocando uma tigela de bolinhos sobre a mesa.
__ Eu só fui até a banca com a Jude.
__ Você sabe o que falam daquela mulher, não sabe? Que ela é...
__ Não fala assim da Jude, mãe... - Lisa falou desgostosa já antevendo o comentário preconceituoso da mãe.
Plínio por sua vez começou a rir do que Dona Jane pretendia dizer e Neco o acompanhou com sua risada maliciosa. Na cabeça deles a opção de jude era inaceitável. Um erro. Uma falta de vergonha.
__ Espero que seja só amizade, seu pai e eu queremos netos, muitos netos... - Trocou olhares sorrindo com o marido.
__ Que pensamento idiota mãe! Não estou pensando nisso agora! - Lisa Rebateu.
__ Pois passe a pensar. Logo terá que largar mão desse trauma bobo e conhecer algum rapaz... Quero que se case e se o pretendente for rico, é melhor ainda! - Sorriu na maior naturalidade como se um trauma de abuso sexual se curasse automaticamente da noite para o dia.
__ Eu nunca irei me casar! Pode esquecer! Quero distância de homens! - Lisa bradou furiosa para mãe e já saiu andando. Ao passar próximo do pai, ele a agarrou pelo braço a fazendo parar e disse:
__ Nunca mais grite desse jeito com a sua mãe! Ouviu bem?! - Apertou mais forte o braço da moça e a encarou nos olhos. Lisa não disse nada, apenas o olhou assustada.
__ O que esconde aí? Me dê, quero ver... - Perguntou já desconfiado estendendo a mão. Lisa lhe entregou o que trazia. Neco a soltou e estreitou os olhos para o título... "Manual de um bom detetive." Logo começou a amassar o exemplar...
__ Hei, o que está fazendo?! Pai! - A moça se indignou.
__ A partir de hoje, esse tipo de coisa não entra dentro dessa casa... isso está atrapalhando a sua mente e te deixando cada dia que passa mais mal criada. - Fez uma bola com a revista e a atirou no chão. Fitou a moça que boquiaberta olhava a atitude do pai.
__ Que merda! - Xingou começando a ir a passos largos para o quarto. __ Eu ainda vou-me embora dessa casa! Que inferno! - Bateu a porta atrás de si e se jogou de bruços na cama já desabando em lágrimas.
Ao ver a atitude da filha, Neco se levantou abrupto derrubando a cadeira onde estava, e já retirando a sua cinta da calça com fúria, tencionando em lidar uma lição que jamais esqueceria.
__ Vou lhe ensinar como deve se portar dentro dessa casa! - Bradou já se encaminhando até o quarto dela. Plínio engoliu em seco e parecia constrangido. Mas logo deu de ombros, pegou um bolinho e o levou à boca.
__ Não querido! Não faça isso! Deixa que eu converso com ela! - Dona Jane se colocou em seu caminho tentando evitar a tragédia aparente.
__ Saia da minha frente mulher, ou você vai entrar na dança também! - A empurrou para o lado a fazendo se chocar com violência contra a parede. Foi cego até a porta do quarto com a cinta em mãos, e a chutou a fazendo bater contra a parede. Lisa se virou de rompante com o susto que levou e fitou o pai com seus olhos marejados e vermelhos de choro. Neco a fitou com ódio e falou:
__ Vou lhe ensinar a nunca mais amaldiçoar esse lar!
O idoso fechou a porta a trancando e foi em direção a filha. Lisa, apavorada, se encolheu para perto da cabeceira vendo a cinta firme nas mãos do pai e seu olhar severo de ódio. Sabia muito bem o que aconteceria a seguir. Arrependeu-se das palavras que disse anteriormente, mas agora já era tarde...
Enquanto isso, Clóvis parava com seu carro em frente a uma mansão. Desceram os dois. Dione retirou os óculos escuros que usava e admirava a bela moradia à sua frente.
__ Mais um de meus imóveis... - Clóvis falou orgulhoso.
__ O assassino de Cristina está aí? - Dione perguntou curioso.
__ Sim está. Venha, vamos entrar... __ Dione não o seguiu de imediato. Refletiu sobre tudo por alguns segundos e só então, decidiu acompanhá-lo, só esperava que não estivesse entrando em uma cilada.
Desconfiado, Dione decidiu esperar no Jardim. Clóvis entrou na casa e voltou trazendo algo enrolado num pano preto. Parou próximo ao Forasteiro e expôs o que trazia. Sorriu para ele e falou:
__ Pegue... essa é a arma que matou sua irmã. - Dione o olhou confuso e pegou a arma com cuidado de suas mãos.
__ Pegue a bala pendurada em seu pescoço coloque no tambor e me siga até o outro lado do Jardim. - Clóvis saiu andando e Dione ainda abobalhado com a surpresa em questão, permaneceu no mesmo lugar. Vendo que o homem ficara para trás, Clóvis o chamou novamente...
__ Faça o que eu estou pedindo, confie em mim. - Disse sorrindo.
Do outro lado do jardim eles caminhavam rumo à piscina. Dione avistou ao longe uma mulher em uma cadeira de rodas sendo empurrada por uma das empregadas. Eles se aproximaram e Dione pode ver o seu rosto claramente abatido pelo desgaste de uma doença. Olhos perdidos no horizonte, em pensamentos alheios à realidade. Pararam de frente para ela e Clóvis disse:
__ Essa é a minha esposa; Perpétua, a mãe que teve a filha ceifada ainda tão nova em um assalto idiota. - Falou sério.
__ Seu Clóvis, eu- eu não estou entendendo. __ Dione parecia confuso diante a visão daquela mulher destruída pelo tempo.
__ Querido! Já chegou?! - A mulher falou feliz em revê-lo. Olhou para Dione e comentou: Hum... mais quem é esse moço charmoso?! O seu novo segurança?
__ Não querida, é apenas um amigo. - Clóvis respondeu sério.
__ A Laurinha está dormindo até agora... - Falou com semblante de preocupação. __ Isso não é normal, devíamos ir ver como ela está.
__ Sim querida, eu já vou olhar isso. - Clóvis sorriu para ela.
__ Agora volte a empurrar essa cadeira. Por que paramos?! Eu quero passear! - Falou Perpétua para a empregada que fez como ela pediu.
__ Depois que Laura morreu, ela passou a ter distúrbios mentais. Passou a noite posterior ao enterro no cemitério e dormiu sobre a lápide da filha. Ela se recuperou e depois de um tempo quis se separar... Teve um quadro clínico severo de trombose, o que fez com que ela ficasse ainda pior da depressão pela amputação da sua perna a levando parar em uma cadeira de rodas, e agora o mal de Alzheimer que como pode vê, está num estágio muito avançado. Para ela, Laura ainda está viva. Todos os dias aguarda impaciente a filha se levantar.
__ Não vai me dizer que ela é a assassina de Cristina! - Dione se recusava a acreditar. Aquele resquício de ser humano em sua frente não parecia ser capaz de ser cruel ao ponto de matar a sangue frio outra pessoa.
__ Sim. Foi ela que em vinte e dois de setembro de dois mil e nove, às dez horas da manhã de uma segunda feira, puxou o gatilho dessa mesma arma, e tirou a vida de Cristina Rocha, sua irmã a mulher que eu mais amei em toda a minha vida. - Falou enfiando as mãos no bolso da calça em total desprezo pela criatura ali em sua frente.
__ Não. Não mesmo... Eu me recuso a acreditar. - Dione falou sorrindo sem graça olhando para o chão tentando assimilar as palavras daquele homem.
Ele só poderia estar brincando com ele.
__ Ela descobriu minha traição e quis se vingar matando Cristina por isso, e por estar envolvida, mesmo que indiretamente ao assassinato de Laura. Não se iluda, alguns anos atrás ela era uma mulher bem diferente...
__ Achei que sentira repulsa, ódio, revolta quando ficasse de frente para o assassino, mas a única coisa que consegui sentir... Foi pena. - Falou se virando para Clóvis com olhar triste.
Laura se aproximou dos homens novamente, sorriu e disse:
__ Querido! Você já chegou?! - Colocou um semblante mais sério. __Devia ir ver se a Laurinha está bem, até agora não se levantou. Estou ficando preocupada... - Sorriu novamente ao fitar Dione e completou.__ Mas quem é esse moço tão charmoso? É o seu novo motorista?!
__ Não querida, não é. É só um amigo. - Clóvis falou paciente e lhe sorriu.
__ Vamos entrar senhora, já está na hora de tomar seu remédio. Com licença senhores a moça pediu educada e foi saindo. A mulher protestou e foi se queixando pelo caminho até a casa, não queria entrar.
__ Coloque a bala nessa maldita arma e cumpra a sua promessa. Você veio aqui para isso... Vá em frente! Não seja um covarde! - Clóvis parecia querer testar o homem ao seu lado.
__ Tome sua arma...__ Dione se virou para ele e a estendeu . Clóvis a pegou de imediato. Dione lhe deu as costas e saiu andando. Puxou com raiva a corrente com a bala de seu pescoço a arrebentando, e a jogou no chão para o lado.
__ Eu não preciso matá-la... - Deu uma pausa e completou: ___...Ela já está morta! Dione seguiu a passos largos pelo jardim enquanto Clóvis observava a sua atitude com a arma em mãos...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top