Capítulo 42 - Juros e correção monetária
Em algum bar da grande Filadélfia Alguns quarteirões da casa de Lisa, seu Neco dormia debruçado sobre a cadeira de um bar completamente bêbado. Já era prevista essa situação. Pelo horário em questão, havia bebido além do que seu corpo suportava e já não tinha condições de voltar para casa.
Uma música internacional romântica e relaxante tocava em baixo volume criando o ambiente perfeito para que o sono de Nego se prolongasse, e se sentisse bem e confortável, não querendo em hipótese alguma ser incomodado. O salão amplo com mais de cinquenta metros quadrados, mostrava-se luxuoso a cada detalhe. Mesas rústicas e cadeiras confortáveis. Em algumas partes mesas com bancos almofadados onde clientes mais requisitados tinham mais privacidade com suas amantes ou prostitutas de luxo.
Já se passava do horário de baixarem as portas do estabelecimento. As cadeiras já estavam sendo postas sobre as mesas, pelos funcionários que também já tinham iniciado a limpeza do lugar. Uma mão firme e forte foi apoiada do lado direito do ombro do velho.__ E então Seu Neco, cadê a nossa parte da grana?! - Disse o dono da mão que sacudiu o velho para que se despertasse.
__ Hei! O que pensa que está fazendo?! Me deixe quieto! - Falou ele indignado, não querendo ser incomodado daquele sono tão prazeroso. Continuou a dormir, e recebeu uma chacoalhada mais forte. Se virou furioso, mas mudou o semblante ao reconhecer o ruivo e os outros três acompanhantes que lhe encarava de braços cruzados, observando sua reação.
__ Vocês!? Disse assustado.
__ Você disse que até hoje de manhã nos entregaria nossa parte. Por isso estamos aqui!- Falou o que parecia o mais maduro entre os quatros. Um alemão corpulento de cabelos encaracolados e ruivos. Sua voz tinha um tom bem ameaçador.
__ Por que a pressa? Ainda não são nem sete horas... - Neco tentava se justificar se esforçando para enxergar as horas em seu relógio de pulso.
__ Não tente nos enrolar velho! - Falou o ruivo, enchendo uma das mãos com o pescoço do velho por trás, abaixo da nuca, já se mostrando impaciente.
__ Vocês não são merecedores de nem um centavo! Vocês falharam! Vocês são uns imprestáveis! - Neco falou cuspindo literalmente as palavras com a voz arrastada por sua embriaguez, se livrou da pegada e tentou se equilibrar diante deles, mas a gravidade o fez sentar novamente na cadeira.
__ Quase morremos por conta dessa maldita grana! Ou nos pague o que nos deve, ou acabamos com a sua raça! - Falou o mesmo homem segurando Neco pelo colarinho da camisa com as duas mãos, e o erguendo do banco onde estava.
__ Por favor senhores, se querem brigar, é melhor irem lá para fora. Não queremos que causem danos aqui. - um dos garçons, que lustrava uma taça inquiriu.
__ Cale a boca babaca! - Um dos capangas, um calvo magro e alto de nariz comprido, distribuiu um soco no pobre coitado que rodopiou, deixou o cristal se espatifar no chão, e foi apoiado por um dos colegas para não ir de encontro ao chão também.
__ E então velhote, vai nos passar a grana ou não? - Falou o que o segurava, o puxando e o jogando sobre uma das mesas de frente pra si Incitando o pânico.
__ Esperem só mais um pouco! Eu vou pegar aquela maldita grana daquele desgraçado. Eu já devia estar com ela em mãos, mas o Dunga, aquele maldito mudo, está atrasado. Ainda não chegou! - Disse de olhos arregalados, percebendo que os homens estavam dispostos afazê-lo pagar o que o lhes deve com a própria vida.
__ Não adianta velho, você não vai nos tapear com esse papinho furado! Você não tem como nos pagar, não é mesmo? Pois bem...
O ruivo puxou de sobre a mesa, o colou de pé e lhe deu um soco tão forte que lhe fez voar para trás e cair sobre outra mesa a quebrando com a força do impacto e com o peso do corpo. Neco gemeu franzindo a testa sentindo a dor da colisão percorrer por todo o seu corpo.
_ Quais são suas últimas palavras, velho? Fale logo, pois meu dedo está coçando de vontade puxar esse gatilho. - Falou o ruivo debochado, chegando mais perto e lhe apontando uma pistola.
O velho sobre a mesa quebrada, ainda se recuperava do ataque. Não é tão fácil ter coragem com uma arma apontada para sua cabeça. Por dentro queria dizer umas belas verdades, mas as palavras tinham congelado dentro de si. A dor em seu corpo era tão intensa que lhe roubou as forças.
__ Vá pro inferno, seu infeliz! - Falou Neco abrindo os olhos com sangue escorrendo em um lado da boca, imaginando que a essa altura, morreria de verdade e que se fosse assim, gostaria de morrer com honra e de cabeça erguida.
__ O que foi que você disse?! - Bradou o homem com ódio. Firmou a mão na arma que estava trêmula enquanto rangia os dentes.
Neco fechou os olhos e já esperava o impacto das balas em sua cabeça quando a porta de entrada do bar foi arrancada e derrubada, por um brutamonte de quase três metros de altura. Ele chutou a porta de entrada do bar que se desprendeu indo ao chão, chamando a atenção de todos. Neco abriu os olhos e logo já deduziu.
__ Parece que a grana de vocês acabou de chegar. Dunga vai acertar com juros o que eu lhes devo. - Falou começando a rir, aliviado, segurava o riso pois a força que usava para rir aumentava a dor do corpo dolorido. __ Se eu fosse você, eu reservaria todas essas balas pra se defender do grandão ali. Você vai precisar... - Completou em sarcasmo.
Dunga usava um macacão jeans com uma camisa de malha por baixo que demarcava todos os músculos gigantes do seu peitoral. Tudo nele era desproporcional. Mãos grandes, braços fortes e seu pé parecendo calçar cinquenta ou mais. Caminhou ligeiro por entre as mesas e foi rumo ao primeiro em seu caminho, um moreno claro de altura mediana. O homem cerrou os punhos e o esperou.
__ O que você quer aqui grandão? Não está vendo que o bar está fechado? - Disse vendo o brutamontes se aproximar com cara de poucos amigos. __ Pare onde está! Ou você se ajuntará ao seu Neco! - Falou colocando a mão em sua frente. Dunga parou em certa distância mas bem próximo o fazendo erguer a cabeça para o fitar.
Ele lhe encarou por alguns poucos segundos, abriu os braços em sua lateral e fechou com rapidez golpeando a cabeça do homem com as mãos espalmadas com toda sua força, uma em cada orelha. O rapaz tonteou na hora. Seus olhos se esbugalharam para fora e de seus ouvidos escorreram sangue. Antes de cair, o grandão o virou de costas para si, segurou no cós da calça por trás e na gola de sua camisa na nuca, tomou impulso e o lançou do outro lado do balcão, fazendo com que os que estavam no caminho se abaixassem.
O rapaz bateu com tudo na prateleira de garrafas as quebrando e causando um grande estrago. O cheiro de licores e de diversas bebidas se misturaram e encheram instantaneamente todo o ambiente. Neco ainda deitado, soltou uma gostosa gargalhada e respirou fundo com satisfação aquele aroma no ar.
Enquanto Dunga caminhava rumo ao segundo homem, o calvo alto de nariz comprido, mais próximo ao ruivo, que a minutos atrás havia socado o garçom, saiu de onde estava, deu a volta por trás nas mesas, pegou ligeiro uma cadeira e a quebrou sobre as costas do gigante que foi o mesmo que a brisa o acariciando.
Ele se virou calmamente, segurou o rapaz pelo pescoço com uma das mãos o fazendo arregalar os olhos, e o levantou para o alto o fazendo se debater e balançar as pernas no ar. Em seguida o jogou para o lado direito que caiu sobre uma mesa com toda a força a quebrando ao meio.
Caminhou rumo ao terceiro. O mais forte e malhado dentre eles. Com cara de espanto, cogitou correr, vendo o fim de seus amigos, mas decidiu medir forças com o gigante, levando em conta que também era forte e imaginava ter uma remota chance de vencê-lo. Receberia uma parte maior da grana se fosse bem sucedido. Começou a golpear o brutamonte como se fosse um saco de areia. Proferiu dois socos no rosto e o gigante lhe agraciou com um sorriso sem mostrar os dentes. Deu socos em seu peito e em seu estômago até se cansar. Quando parou, o gigante lhe deu um pisão forte em um dos pés, o fazendo berrar. Ao se encolher de dor, levou um soco forte no estômago que o fez saltar do chão. Dunga colocou uma das mãos no topo de sua cabeça e o empurrou para o lado, caindo lentamente.
Dunga continuou a andar rumo ao capanga que estava com Neco na mira.
__ Lhe apresento meu grande amigo Dunga. Como disse, ele veio acertar com vocês o pagamento. - Disse ainda caído, erguendo a cabeça e vendo os passos do gigante por entre as cadeiras a se aproximar.
O rapaz colocou o gigante na mira e quando Dunga percebeu que iria puxar o gatilho, pegou uma das mesas quadradas a usando como escudo e saiu correndo rumo ao homem que começou a atirar a esmo. As balas atingiram a madeira arrancando lascas. Mas logo Dunga o alcançou. Bateu com a mesa nele, o empurrando para trás, até ser prensado com tudo contra a parede. Dunga retirou a mesa e viu o homem escorregar o corpo pela mesma até cair lentamente no chão.
__ Ai... Meu corpo todo dói... - Falou Neco se sentando sobre o móvel quebrado. Ergueu um dos braços para Dunga e disse:__ Será que precisarei pedir para me ajudar? Dunga segurou a sua mão e o puxou brutalmente do chão.__ Hei, não precisa usar tanta força, quer arrancar o meu braço? - O velho levou as mãos às costas. __ Penso que não aguentarei mais esses embates por muito tempo. - Fitou o gigante que lhe encarava e falou:__ Por que demorou tanto? Por pouco eles não me mataram. Mas tudo bem, antes tarde do que nunca. Vamos nessa. Temos um imbecil para roubar.
Eles foram para fora e na rua enquanto caminhavam Neco fez uma ligação pelo celular. Se irritou pelo fato da ligação para Lisa ter ido para a caixa postal.
__ Que merda! Eu juro que eu mato aquela desgraçada! - Esbravejou. Ligou para outro número e se irritou novamente por não ser atendido imediatamente. Teve que ligar duas vezes.
__ Plínio, por que demorou para atender a merda desse telefone?! - Falou zangado.
__ Desculpe Seu Neco.
__ E então, ele ainda está na casa?
__ Eu não tenho certeza. Acabei cochilando aqui. - Falou ele se despertando de dentro deum automóvel, próximo a residência.
__ Seu incompetente! Vai lá conferir seu idiota!
__ Tudo bem. Me desculpe. Eu irei...
Neco desligou com raiva o aparelho, pensando no próximo passo que deveria tomar. Muitas coisas já tinham saído errado no dia de hoje. Não estava disposto a encontrar mais surpresas.
__ Vamos nessa! Teremos que ser rápidos. Antes que levem a nossa grana. - Neco disse acelerando os passos, sendo seguido pelo grandão.
Dunga, um rival à altura para Dione, ou o seu Algoz? Tomara que Dione consiga partir, antes que chegue, possivelmente morreria em suas mãos.
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