Capítulo 40 - O adeus da Fênix
Enquanto isso...
Lisa estava distraída sentada à mesa brincando com o pequeno vidro desprezado de veneno vazio. Questionava-se interiormente se realmente não fora envenenada. Talvez, o veneno demorasse muito tempo pra fazer efeito. E a raiva de Dione parecia ser muito grande pela sua fuga desvairada.
Ela já estava vestida com uma camisola preta com um laço amarrado na cintura. E um roupão posto por cima cobrindo a peça quase diminuta sobre seu corpo.
" Jude, onde você está, gata? Vou ser obrigada a ir até a sua casa, pra saber se está lá."
Lisa não tirava aquela pulga atrás da orelha. Mas quando ainda pensava na moça... Alguém bateu à porta.
__ Quem é?! - Lisa se assustou e já se levantou apreensiva.
__ Sou eu gata, a Jude!
__ Jude!? - Lisa pronunciou seu nome num suspiro. Ela não acreditava. Correu e abriu logo a porta.
__ Jude, que bom que está viva, eu estava tão preocupada! - Lisa falou a fitando, e antes que falasse algo, já foi lhe abraçando.
__ Sou uma filha da puta com sorte. - Judite Exclamou sorrindo. Lisa a soltou segurando em sua mão e a puxou para dentro trancando a porta em seguida.
__ Jude, está mancando?! O que aconteceu com você? - Lisa segurou nas mãos da amiga e começou a analisar seu estado. Um tanto suja, cabelo bagunçado, e um pequeno ferimento em um dos cantos da boca. __ Sente-se aqui... - A encaminhou até a cadeira, e ela caiu literalmente sobre ela.
__ Fico feliz em saber que também está bem. - Judite falou olhando pra amiga que se sentava na outra cadeira.
__ O bando nos alcançou e quase fomos mortos! - Lisa contava que passaram.
__ É, eu vi a bagunça lá no cruzamento e posso imaginar, Seu queridinho Dione os salvou. - Falou com deboche, revirando os olhos.
__ Ele fez muito por nós, realmente, mas mesmo com nossas diferenças, nós trabalhamos como uma equipe! Precisava ver, com que agilidade Dione matou aqueles caras! - Falou entusiasmada.
__ É, realmente ele é um homem muito foda. - Falou séria. __ E seus olhos brilham quando fala dele. - Jude falou cheia de siúmes.
__ Para Jude! - Lisa a repreendeu e ela sorriu. Então buscou sua mão sobre a mesa. __ Agora me diz tudo que aconteceu com você.
__ Fiz uma manobra um tanto suicida para tentar parar os caras. Joguei minha moto sobre o carro, e saltei para o alto. Acertei algumas balas neles. Cai desajeitada no chão e bati forte a cabeça...
Naquele momento...
" Judite estava imóvel no chão. Parecia morta.
__ Luís, se a desgraçada estiver viva, acabe com ela. - Branco ordenou desligando o telefone.
Luís guardou seu aparelho e já sacou a sua arma. Caminhou até Judite segurando o braço que ela havia baleado .
__ Desgraçada! Olha o que você fez em mim... vou meter uma bala bem no meio da sua cabeça. - Luíz falou com ódio. Era ruivo magro e tinha a barba rala.
O homem se aproximou do corpo caído no chão, estreitou os olhos analisando o rosto da moça e comentou:
__ Que desperdício! A filha da puta é bonita! Eu poderia foder ela primeiro, antes de matá-la. Vou atirar em você bonitinha, mas deixo bem claro que não gosto de matar mulher bonita. - Apontou a arma para sua cabeça e tencionou puxar o gatilho.
Judite abriu os olhos de rompante e sem pestanejar o surpreendeu com uma rasteira. Luíz foi com tudo ao chão, no entanto não largou a sua arma.
__ Está certo, sou bela demais para morrer! - Exclamou já se levantando e o chutando forte no rosto. __ Está pra nascer nessa vida, homem que me foda!
O ruivo já atirou a esmo, sem mira. Estava desorientado pelo chute que levou na cara. Jude tomou de assalto, virou o rosto e o corpo se desviando da bala e logo chutou a mão do homem, jogando a arma para longe. Tentou afundar sua bota em seu estômago, mas Luís segurou o seu pé com as duas mãos e a impulsionou para trás, a fazendo andar sem equilíbrio e quase ir ao chão. Antes que recuperasse o equilíbrio, Luís já se levantou enérgico e a golpeou no rosto com um soco. Ela deu alguns passos para trás e sentiu seus calcanhares encostarem em seu capacete pelo chão. Se abaixou e o outro soco passou reste a sua cabeça. Pegou o capacete com as duas mãos e o bateu com força do lado direito do seu joelho, o fazendo curvar e dobrar a perna atingida colocando o joelho no asfalto. Jude já se levantou lhe acertando o queixo com o capacete com toda a sua força. O homem nocautiado caiu abrupto para trás.
Jude tentava se equilibrar. Mancava por ter caído de mal jeito ao aterrizar do salto. Um pequeno filete de sangue escorreu do canto de sua boca. Sem pestanejar, buscou logo a arma caída no asfalto, e a apontou para o sujeito que se mexia no chão e dava sinais de vida. Esperou friamente o momento que achou apropriado. Luís se sentou meio zonzo apoiando as mãos no chão e franzindo o cenho. Assim que abriu os olhos já fitou a mulher com a arma apontada para si.
__ Hei, espere não... há! - Judite disparou duas vezes. Acertou suas partes íntimas, se lembrando do assédio de minutos atrás e logo em sua cabeça.
O homem caiu para trás finalmente sem vida. Judite suspirou aliviada.
__ Lisa! - Exclamou se lembrando dela. __ Eu tenho que ajudar a Lisa. - Começou a caminhar com dificuldade, mas logo sentiu uma forte dor a martelar sua cabeça. Franziu o cenho e caiu de joelhos. Falou o nome da garota mais uma vez, e desmaiou, deixando o corpo cair para frente. "
Agora mesmo...
__ Queria ter feito mais por você Lisa... - Jude falou com pesar segurando a mão da moça sobre a mesa.
__ Como poderia fazer mais?! Você literalmente morreu por minha causa! Admiro o quanto você é forte! Acharam que tinham te matado, até você ressurgir das cinzas, como uma Fênix! Obrigada por tudo Jude! - Lisa sorriu sem mostrar os dentes.
__ Faço tudo por você gata. Mas acho que você exagerou na comparação com a Fênix! - Brincou retribuindo o sorriso, divertida.
__ E desculpa mais uma vez por não corresponder da forma que você merece aos seus sentimentos. Eu gosto muito de você, não sabe o quanto eu gosto, mas... sinto algo muito forte por Dione também. Não quero abrir mão de nem um de vocês!
__ Relaxa gata. Eu respeito sua escolha e sua preferência. Só quero te ver feliz. - Judite lhe sorriu.
__ Mesmo! Nem sei o que te dizer... - Lisa falou aliviada.
__ Então não diga nada. - Jude se levantou enérgica. __ Eu já vou nessa.
__ Jude, não vá ainda. Tome um café pelo menos. Eu fiz panquecas.
Judite olhou a mochila sobre a mesa, um par de xícara e dois pratos, e já imaginou que o café preparado com carinho, seria para outra pessoa. - Lisa percebeu o olhar dela sobre as coisas.
__ Ele ainda está na cama? - Jude perguntou com desdém, fitando a amiga.
__ Não! Ele deu uma saída! Passamos a noite em claro, tudo foi uma grande loucura! - Lisa falou se lembrando dos acontecimentos.
__ Claro, tendo um mulherão desse do lado, qual homem dormiria? - Judite a provocava.
__ Jude, por favor, pare com isso! - Lisa a repreendeu mais uma vez, desgostosa.
__ Já parei. - Disse levantando as duas mãos a sua frente. __ Até porque eu já estou indo. Eu só vim ver se você estava bem, e me despedir.
__ Se despedir?! Como assim Jude?!
__ No trajeto para cá eu refleti. Decidi que vou sair da cidade. - Falou esperando a reação da moça.
__ Mas por quê?! - Lisa surpresa questionou, mas já imaginava o por quê.
__ Quero respirar novos ares. Vou para o exterior.
__ Mas e sua mãe?! Ela é muito doente não conseguirá viajar!
__ Ela não vai comigo. Vou sozinha. - Falou séria.
__ Quem vai cuidar dela se estiver longe?!
__ Tenho um meio irmão. Ele cuidará dela. Tenho certeza que cuidará. - Falou caminhando rumo a porta.
__ Espere Jude, acho que está se precipitando! - Falou segurando seu braço.
__ Precipitado ou não, já está decidido.
__ Tchau Gata! - Jude a olhou nos olhos em seguida lhe abraçou.
__ Vai me abandonar é isso?! - Falou em seu abraço, e uma lágrima escorreu de seus olhos.
__ Não estou te abandonando. Você já tomou um rumo pra sua vida, e eu só vou fazer o mesmo. - Jude a liberou do abraço e segurou suas mãos. __ Adeus Lisa! - Jude que se mantinha dura até o momento, deixou uma lágrima escorrer de seus olhos.
__ Jude, não diga adeus, diga até logo. - Lisa falou chorando ainda mais.
__ Esse é realmente um adeus, gata. Eu não voltarei. - Falou já segurando o maxilar de Lisa e lhe beijando. A beijava devagar. Depois de hoje, as lembranças seriam tudo que teria de Lisa daqui pra frente. Guardaria o doce daquele beijo para recordar, sempre que precisasse. Assim que os lábios se afastaram, Lisa disse:
__ Se for por causa de Dione, não se preocupe, eu não erei com ele. - Falou esperançosa que mudasse de ideia, afinal, ficaria sem os dois por perto. Judite riu debochada.
__ Você não vai, não é por que não quer ir com ele, você não vai, por que ele não quer levá-la. - Manteve o sorriso.
__ Jude... por favor fique comigo! Eu... - Judite quase se entregava a aquele pedido meigo dela. - Ela sorriu sem mostrar os dentes e falou:
__ Gata... seja feliz, você merece! Ele não te levará agora, mas voltará pra te buscar.
Lisa olhou espantada pelo o que dizia.
__ Eu não vi apenas o beijo, meus ouvidos também ouviram alguma coisa. - Judite a fitou por alguns poucos segundos e a surpreendeu lhe dando um selinho logo a soltando e saiu enérgica pela porta.
Passou pela trilha do jardim, o mais rapto que conseguia, puxando sua perna, e já se derramando em lágrimas.
__ Jude! Por favor não vá! - Lisa a gritou da porta a vendo alcançar a rua, e o pequeno portão de madeira a balançar.
__ Não Jude! Não... - Caiu de joelhos e se pôs a chorar.
As lágrimas de Jude já turvava a sua visão. Enquanto corria, cenas boas e ruins entre as duas, desfilavam como um filme em sua mente. Se lembrava de quando se conheceram, do primeiro beijo, da transa... o que era um sonho, se tornou um pesadelo em menos de um dia. Pesadelo esse causado por um Forasteiro, vindo sabe lá de onde para roubar seu amor... Sacou a arma que trazia com sigo, a segurou firme, e prometeu para si:
" Eu juro que se aquele desgraçado cruzar meu caminho mais uma vez, eu meto uma bala bem no meio da cabeça dele!" - Gritou alto extravasando sua raiva, não se importando com os olhares que as pessoas direcionavam a ela.
[...]
Algum tempo depois...
Lisa já havia chorado a pampas com a despedida de Jude. Depois chegou a conclusão que talvez só estivesse blefando. Mas uma parte maior em si, acreditava que realmente iria partir. Engoliu o choro, e lavou o rosto na pia. Não queria que Dione a visse chorando e muito menos descobrisse o por quê do choro.
Pensou que se talvez passasse para ele a impressão de uma mulher mais forte, ele decidisse levá-la. Se recompôs e se direcionou ao fogão ao escutar o carro chegando. Logo...
__ Hum... que cheirinho bom! - Falou Dione á abraçando por trás e cheirando seu cangote. Ela sorriu e lhe fez um carinho por trás da nuca.
__ Que bom que você chegou meu amor! Você demorou, hein? -ironizou pensando na espanhola sendo a protagonista da demora. -Achei que tinha sido pego pelo Tio do tráfico.
__ Sei ser sorrateiro quando necessário. - Ele entrou na brincadeira percebendo o ciúmes dela.
__ E ai, conseguiu colocar juízo na cabeça dela? - Lisa tentava se manter séria embora estivesse se roendo de ciúmes por dentro.
__ Espero que sim. Ela jurou de pé junto que Clóvis não é o Tio do Tráfico.
__ Acho que ela só não queria dar o braço a torcer.
__ Talvez, você esteja certa. Agora vou deixar você me servir o seu café, que pelo jeito deve estar uma delícia. - Falou se afastando e se encantando com a roupa da moça que a deixava ainda mais sexy. Ele puxou uma cadeira na mesa e se sentou.
__ Espero superar suas expectativas. - Falou servindo o liquido negro em sua xícara.
__ Pelo cheirinho, vai sim. Vou tomar o café e em seguida me mandar. -Lisa mudou o semblante. Percebia que se aproximava a hora de ter que lidar ou não com o seu Neco. Ela fechou a garrafa e a colocou sobre a mesa.
__ Eu realmente não posso ir com você? __ Sinto muito Lisa, mas no momento não. Mas como eu disse, não vou esperar por ele. Vou até ele, e lhe darei uma lição. Eu o vi bebendo em um bar aqui perto.
__ Deve ter bebido demais e não está conseguindo voltar para casa. -Falou Lisa levando a sua caneca esmaltada aos lábios saboreando a bebida de gosto forte. __ O que vai fazer com ele?
__ Só há um jeito de te deixar em paz... - Dione pousou a caneca sobre a mesa olhando tenso pra moça. Lisa, levantou, foi a passos lentos até a janela, puxou as cortinas e a abriu deixando que a claridade da manhã invadisse a casa.
__ Nossa! Já é dia! - Comentou surpresa.
- Até que enfim essa maldita noite acabou. - Dione revirou os olhos fatigados da noite arrastada. Lisa, voltou à mesa, colocou os pratos e os talheres e em seguida os serviu das panquecas que tinha guardado no forno para que não esfriassem. Ela se sentou à frente do homem. Começou a brincar com a comida pensando se deveria lhe contar uns segredos sobre sua vida...Dione pegou um garfo e uma faca e ao cortar um pedaço, o levou à boca experimentando. Ele fechou os olhos e comentou...
__ Hum... mas isso tá bom, hein? - Falou mastigando.
__ Que bom que gostou. Vou lhe servir o café. - seus olhos pairavam no ar perdidos em algum ponto da casa. A culpa parecia descer sobre seus ombros agora que tudo ficou mais claro.
__ Marina também sabe cozinhar muito bem!- Dione segurou um pedaço na ponta do garfo e ela comentou:
__ Quero conhecer sua filha. - Sorriu tentando ser gentil e voltar a participar da conversa.
__ Não faltará oportunidades. Vocês têm tudo para se darem muito bem. - Falou levando outro pedaço à boca. Lisa o olhava comer ali tão tranquilo e isso a incomodava. Somente uma pessoa fria e perigosa teria esse comportamento. E de momento, não sabia ainda o quanto ele era perigoso.
__ E você não come? Vai ficar me olhando?
__ É bonito o seu mastigar! - Mentiu, falou sorrindo começando a cortar sua panqueca.
__ Você é a primeira pessoa que me diz isso. - Dione levou sua xícara à boca. __ Hum...delícia de café!
__ Caprichei para você meu amor! - Falou sorrindo sem mostrar os dentes, acariciando sua mão sobre a mesa. _ Está ferido! Não vi esses ferimentos. - Falou com cara de espanto ao perceber alguns cortes em suas mãos.
__ Não é nada. Logo cicatriza. - puxou sua mão da dela a escondendo embaixo da mesa.
__ Como aprendeu a lutar daquela forma?
__ Quer mesmo saber?
__ Quero sim.
__ Meu pai era o mestre de uma escola de karatê Todos os seus filhos aprenderam a lutar, menos um...
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