Capítulo 34 A Caixinha De Pandora.
Roney não via a hora de desfrutar do corpo perfeito da garota e continuava o assédio.
__ Vou lhe usar a noite toda! Sempre quis saber que gosto uma asiática tem. - Falou com a mesma voz de zumbido de mosca.
__ Vai sonhando!
Lisa passou para o banco do motorista e regulou o banco ao seu agrado.
__ O que foi gatinha, tá com medinho tá? Não se preocupe, eu não vou machucá-la... ...muito. - Falou pausadamente soltando uma gargalhada em seguida. O que foi, Você não é masoquista? Pro seu azar, eu sou sadomasoquista. - Riu de novo ainda mais alto.
Lisa virou a chave mas o carro não ligou na primeira tentativa. Ela estava nervosa. - Aprendeu a dirigir pela Internet? - A risada dele a deixou ainda mais nervosa.
Branco levantou trôpego, ajudado pelo filho que segurava o ombro ferido. O sangue do animal o encobria. Olhou Dione que agora amparava Mercedes em seus braços e engatilhou a arma. Ainda tinha alguns tiros e pretendia usar eles na cabeça daqueles dois.
- Eu vou acabar com...
O som da buzina se fez ecoar o interrompendo. Lisa tinha ligado os faróis, os limpadores, a buzina do alarme, menos o carro. Respirou fundo e fechou os olhos. Sim, aprendeu a dirigir pela Internet. E sim, lá tudo parecia bem fácil, e sim, era só não se desesperar. Já tinha usado as explicações antes e ensaiado uns rolezinhos as escondidos de Neco.
- Então, japa! Não achou o buraco ainda? Eu te ajudo! - Roney se afastou e levantou as mãos a provocando.
- Babaca! Ninguém me chama de japa e sai ileso! - Lisa falou baixo. Inspirou o ar e tentou lembrar do vídeo. - Engate a marcha... Gire a chave... Mantenha a embreagem pressionada... Acelere! O carro deu um solavanco e não saiu do lugar. Roney voltou a bater no capô as assustando. Fazia micagem e dava gargalhadas.
- Estou com medo! - Sara choramingou.
- Vai ficar tudo bem querida... Só passa o cinto, ok?
Lisa inspirou e soltou o ar devagar. O que tinha sido feito errado? Funcionou quando tentou em tempos atrás. Olhou o idiota com fúria a sua frente e repetiu os movimentos. Agora de olhos bem abertos, deixando todo ódio que sentia por aquele indivíduo a consumir.
- Engate a marcha... Gire a chave... Mantenha o motor funcionando com o pé sobre a embreagem... Acelere...
O carro queimou os pneus sem sair do lugar levantando fumaça e cheiro de borracha queimada.
__ O que aquela louca está tentando fazer? - Perguntou Branco ainda olhando para o cadillac, mantendo Dione e Mercedes na mira.
Ele tinha que sair do lugar! Por que não saiu? - Pensou a moça.
- Claro! - Lisa falou alto fazendo Sara lhe encarar confusa. - Engate a marcha primeira e solte o freio de mãos! Ao fazer o ato, o carro saiu em alta velocidade atropelando Roney que parou em cima do capô segurando na base do para-brisas.
- Sua louca! Pare esse carro! - Gritava atrapalhando sua visão.
- Sua desgraçada! - Branco apontou a arma na direção do carro mas, sofreu o impacto de uma batida em seu corpo o atirando longe.
- Eu apresento a vocês, a nossa caixinha de pandora!- Dione falou quando puxou Mercedes da frente de Lisa.
- Ela está com a minha filha!- Mercedes estava desesperada.
De súbito, percebeu cortar o cruzamento indo em direção a rua deserta. Tinha a opção de fugir, mas ela se lembrou de Jude, imaginando o que aquele crápula poderia ter feito a ela, e da promessa que fizera que ela mesma acabaria com ele. Freou o carro, deu marcha ré e foi já manobrando o veículo até que ficasse novamente de frente ao cruzamento onde Branco estava. Gritava extravasando toda a sua raiva. Nem era tão difícil assim fazer aquela proeza naquela rua tão larga! Difícil era enxergar com aquele palerma sobre o capô!
Branco, do meio do cruzamento deu um tiro que acertou o retrovisor o fazendo voar pelos ares. Lisa acelerou o carro em sua direção novamente, com medo que a doida no volante o atropelasse, Voltou-se a direção da caminhonete e saiu em disparada à procura de abrigo. Quando chegou ao cruzamento, Lisa girou o volante fazendo o carro guinar e voltar-se a ele que agora havia começado a correr mais rápido numa cena hilária com o carro atrás de si. As mãos de Roney cansaram, Lisa o viu escorregar pelo capô com os olhos esbugalhado de terror. Sentiu o solavanco debaixo do carro, seu sangue gelou. Não era uma assassina! Repetiu para si. Ele era um bandido!
- Lisa!- Dione gritava sem saber o que fazer. Como o mito, a sua pandora estava fora de controle.
- Atire seu palerma! - Branco gritou ao filho mais à frente. Marquenze puxou uma pistola e atirou a esmo sem mira na garota.
- Se abaixe, Sara! - alertou a menina ao seu lado ao mesmo tempo que se encolheu ao máximo vendo o para-brisas espatifar a sua frente.
Por sorte, lembrou de proteger seus olhos dos estilhaços de vidro. Branco parou e tentou uma nova mira, mas foi inevitável o choque do seu corpo contra o carro. O homem foi projetado por cima do carro parando logo atrás no asfalto. Os hematomas e sons de ossos quebrados brindaram seu corpo. Lisa desviou a atenção, passou por cima de um dos cadáveres ali no asfalto e quase perdeu o controle do carro. Freou novamente assustada com o que estava fazendo.
- Pai?! - Marquenze mirou a arma no carro e resolveu terminar de descarregar o pente em fúria. Lisa, enfurecida, acelerou em sua direção vendo as balas reluzirem na lataria provocando faíscas. Um clic anunciou o fim da munição. Era hora de parar, estava próxima demais da caminhonete a sua frente. Ela tentou frear. O carro não correspondeu. A água que jorrou do hidrante, deixara a estrada escorregadia. Ela puxou junto o freio de mãos, gritou assustadoramente, fechando seus olhos e sentindo o impacto.
Quando o carro parou, ela os abriu devagar. Marquenze estava à sua frente. Prensado entre o capô da caminhonete e a frente do Cadillac. Os olhos abertos em total pânico. A verdadeira face da morte à sua frente. De repente, um filete de sangue escorreu pelo canto dos seus lábios no lado direito e o corpo tombou sobre o capô. Lisa urrou desesperada. Um carro era pior que uma arma. Jamais conseguirá esquecer as coisas que vivenciou ali dentro nesses breves minutos em que esteve ao volante. Teria pesadelos pra sempre vendo aquele homem lhe assombrar todas as noites. O carro morreu. Junto com ele... A sua coragem.
Os olhos vidrados dela em nada denunciava que não saberia qual seria seu próximo passo. Tinha lágrimas rolando pela face em total descontrole. O coração escalando a galope a garganta querendo fugir de si.
- Lisa! - Dione a chamou preocupado.
Branco, muito ferido ao chão, abriu os olhos com dificuldade e ergueu a cabeça banhada em seu próprio sangue. Xingou injúrias contra aquela garota de todas as formas que conhecia. Eles tinham acabado com sua família! Um por um!
Lisa religou o carro. Precisava limpar o sangue que tinha em suas mãos. Ele era ilusório, mesmo assim marcava o que seria sua vida de hoje em diante. Olhou no retrovisor e viu o rosto com alguns cortes. Singelas gotículas de sangue em pontos diversos. Um velho asqueroso rastejando no asfalto em direção a sua arma.
- Maldito!- Gritou, se lembrando de Jude, mais uma vez.
Engatou a marcha ré e assim que o carro se movimentou o corpo preso à sua frente caiu no asfalto. O homem percebendo a sua reação, aumentou a velocidade do seu rastejamento mas, ela passou com fúria por cima das suas pernas, sentindo em meio às suas lágrimas o som dos ossos delas quebrando.
Ela girou o volante em velocidade dando o seu primeiro cavalo de pau quando acionou os freios deixando o carro de frente para a saída da rodovia. Não pensou duas vezes, segurou firme o volante e cavou os pneus no asfalto saindo em disparada na noite como uma alucinada quase atropelando Dione no processo. Ouvia ele gritar seu nome ao longe em desespero.
Não se importava. Essa noite foi um inferno provocado por ele. Queria esquecer. Quem sabe afogar em largas doses de whisky caro escondido na casa do seu Neco.
- Maldito!- Ainda berrou limpando as lágrimas que fugiam sem controle dos seus olhos. - Malditos! - Repetiu o xingamento o generalizando.
A noite engoliu a imagem do carro em fuga numa velocidade estupidamente alta. Dione jogou os braços ao alto e os deixou cair pesadamente ao lado do corpo. Um click lhe chamou a atenção. Branco, mesmo em farrapos e gritos de dor engatilha a calibre dose...
Ele puxou o gatilho apontando a arma em mira certeira contra Dione...
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