Capítulo 31 Cara E Coroa.
Destaque:
A urgência na voz de Lisa não deixava espaço para dúvidas. Todos sabiam que precisavam agir rápido. Jude, a amiga corajosa de Lisa, decidiu ficar para trás, disposta a atrasar o grupo de traficantes e dar aos outros uma chance de escapar.
— Eles estão próximos, temos que ir! — Dione alertou, a voz carregada de preocupação e urgência.
— Mas e a Jude?! Eu não vou sem ela! — Lisa respondeu, aflita, os olhos marejados de desespero preocupada com a amiga que ficou para trás.
— Ela está bem. É uma mulher esperta, sabe se cuidar. Se nós não sairmos daqui agora, eles vão nos alcançar, e tudo que ela está fazendo pela gente será em vão! — Dione tentava colocar bom senso na cabeça da garota, seu coração batia forte contra o peito.
— Acho que é tarde demais! Basura! — Mercedes exclamou, os olhos arregalados ao ver a caminhonete se aproximando rapidamente.
Dione e Lisa se viraram para a rua, o pânico cresceu ao ver o veículo se aproximando.
— Você sabia disso, Mercedes?! — Dione perguntou, virando-se para a mulher com uma expressão de incredulidade e raiva. Mercedes apenas se calou e o olhou, sem graça.
Mercedes se aproximou deles, seu rosto tenso. Ela sempre significava problemas, e Dione não queria ser pego desprevenido novamente.
A picape estacionou na frente da rua, bloqueando qualquer possibilidade de fuga. Dione já vislumbrava a carroceria cheia de homens. Assim que o veículo parou, os homens começaram a descer. Os da cabine abriram as portas e saíram com sorrisos debochados nos rostos. Dione contou rapidamente: sete na carroceria e cinco na cabine. Doze no total. O motorista, que usava um chapéu de couro, era o que mais se destacava. Ele era magro, de olhos verdes penetrantes, e usava um cordão de ouro chamativo no pescoço.
Os homens ficaram ali, perfilados, vislumbrando os três com olhares ameaçadores.
— Mercedes, o que está acontecendo aqui? — Dione murmurou, a voz baixa, tentando manter a calma enquanto seus olhos examinavam o grupo.
— Não sei, Dione, eu... — Mercedes começou, mas foi interrompida por um dos homens, que deu um passo à frente.
Dione percebeu que eles estavam bem armados, com armas de fogo de diferentes calibres. A tensão no ar era palpável, e ele sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal. O medo misturava-se com a adrenalina enquanto ele tentava pensar em uma saída.
— Olha o que temos aqui pessoal! — Disse o motorista, com um sorriso cínico, ajustando o chapéu de couro. — Vamos pegar dois coelhos com uma caixadada só, ou seriam três? - Riu novamente atiçando também o humor do bando.
Dione afastou Lisa e Mercedes as empurrando com os braços para atrás de si. O clima estava tão tenso que era palpável. Não queria que elas se machucassem. Com os olhos astutos tentava elaborar um plano de como detê-los ou mesmo acabar de vez com toda aquela perseguição.
Dione deu um passo à frente, tentando esconder o tremor em suas mãos:
— Posso saber o que vocês procuram nessa madrugada fria?
— Queremos a cabeça da viúva do meu filho e daquele que tirou sua vida. - O senhor respondeu sem tirar os olhos dos três.
Lisa segurou o braço de Dione, apertando com força. Ele olhou para ela, vendo o medo em seus olhos, e soube que precisava mantê-la segura. Eles precisavam escapar dessa, mas as chances pareciam cada vez menores.
O tempo parecia congelar enquanto os dois grupos se encaravam, o silêncio sendo quebrado apenas pelo som distante dos latidos dos cães ao longe. A tensão era insuportável, e Dione sabia que precisava agir rápido, antes que tudo desmoronasse.
— Seu filho fez por merecer. Estava tornando a vida de sua nora um verdadeiro inferno. - Dione o desafiava com sua voz firme ecoando pelas ruas desertas, cheia de tensão.
— Inferno?! Você sabe o que é um inferno?! - O coroa, gritou cerrando um dos olhos com raiva.
— Tenho propriedade para falar, Já Lutei com o próprio demônio. Sei como tornar a vida de alguém em um. Basta querer encostar as mãos sujas nas pessoas que eu amo, nesse inferno, eu sou o diabo. - Respondeu com voz fria, cheia de uma intensidade assustadora.
— Você matou o meu filho! - Gritou o senhor, gesticulando sua arma em direção a Dione. A dor e a furia vibrava em cada palavra. Meu amado filho... Slander tinha uma vida inteira pela frente e você a tirou... - deixou uma lágrima rolar pelo rosto enrugado, um sinal do luto profundo que contrastava com a violência de sua postura.
Dione mantevi-se firme, com os olhos fixos no idoso á sua frente.
— Seu filho fez suas escolhas. Ele escolheu o caminho que o levou a esse destino.
O senhor, com os olhos ardendo de ódio e tristeza, ergueu a mão, as mãos tremendo. — Não importa o que ele fez, ninguém tinha o direito de tirar sua vida! Você pagará por isso, Dione.
A noite estava fria, e o vento cortante parecia sussurrar segredos de antigas desgraças. Dione sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas manteve-se resoluto.
— Se alguém ameaça as pessoas que amo, eu não hesito. Não me arrependo.
O coroa, com lágrimas de dor e fúria escorrendo pelo rosto, deu um passo à frente, aproximando-se de Dione. A rua parecia mergulhada em um silêncio mortal, interrompido apenas pelo som de suas respirações pesadas.
— Você escolheu seu caminho, Dione. Agora, enfrente as consequências. — A voz do homem era um sussurro de ódio e desespero.
Dione, sentindo o peso das palavras e da ameaça iminente, sabia que estava em um ponto de não retorno. O confronto era inevitável, e ele se preparou para o que estava por vir, determinado a proteger os seus, custe o que custar.
Lisa observava em silêncio, ainda tentando entender a situação. Era muita coisa para absorver de uma vez.
"Assassinato? Dione era tão perigoso assim? O que o filho daquele homem fez a ele? E Mercedes, quem era aquela víbora que de repente caiu de paraquedas na vida deles? E Jude, será que está bem?"
— Dione, quer me explicar o que está havendo? — Lisa exigiu respostas, a voz trêmula, mas firme.
Dione se virou para ela, seus olhos refletindo a complexidade e a dor da situação. Ele queria explicar, mas as palavras pareciam fugir. Tudo era tão complicado, tão intrincado. Ele sabia que não dava para explicar nada agora. Então, ele se voltou novamente para o senhor, ciente de que a prioridade era resolver aquela ameaça iminente.
— Mercedes também tem uma vida inteira pela frente, e se depender de mim, vai continuar tendo! - Dione cerrou os punhos demonstrando que estava pronto para a luta.
— Pelo menos sabe quem está defendendo? Você não conhece a Mercedes. Ela traiu o meu filho! - Gritou com rancor.
— É mentira seu Dione! Não acredite em uma só palavra que esse cretino fala! - A Espanhola alertou se defendendo desesperadamente.
— Não me leve a mal Senhor, mas costumo ouvir os dois lados da história. - Dione rebateu.
— Vou acabar com você sua desgraçada! - Falou fitando a mulher com ódio no olhar.
— Pode me dar a honra do seu nome, senhor? - Dione tentava ganhar tempo.
— Não lhe interessa! - O idoso respondeu seco.
— Todos os chamam de Branco. - Disse a Espanhola, adiantando-se na resposta.
— Hum... Branco... Como não me disse o seu nome, eu prefiro o meu apelido: "Coroa," o que achou? - Disse com um leve sorriso desafiador surgindo no canto dos lábios.
— Quem você pensa que é?! Vamos arrancar sua cabeça e jogar futebol com ela amanhã. Eu prometi ao meu filho que faria isso. - Branco ameaçou. Tendo como se fosse um ticte nervoso, abrindo e fechando um dos olhos.
— Sinto muito te decepcionar, mas essa promessa não poderá ser cumprida. Já me acostumei com minha cabeça exatamente onde está. — Dione disse, com sua voz carregada de ironia e desafio.
— Vou fazer você engolir esse ego! Como pode ser assim, tão leviano?! — o homem gritou, a raiva evidente em cada palavra. Ele não estava acostumado a ser confrontado dessa forma.
— Pai... - Um dos filhos do homem falou chamando sua atenção. Um rapaz magro com um pirsem no nariz de cabelos loiros corridos que quase tapava seus olhos. — Vamos matar esse ai e a desgraçada da Mercedes, mas não quero que façam nada com a Asiática. Ela me agradou. Quero ela pra mim. Quero foder com ela. - Sua voz saia como se tivesse uma mosca presa na garganta. Exibia um sorriso malicioso, encarando Lisa que engolia em seco.
Branco riu debochado e concordou.
— Está bem, filho, vamos atender seu pedido.
Disfarçadamente, Dione segurou firmemente a pequena mão de Lisa, entrelaçando seus dedos com os dela. Ela olhou surpresa, mas o gesto por si só já dizia tudo, sem que fosse preciso pronunciar uma única palavra.
"Não tenha medo, meu amor. Eu estou aqui. Não deixarei nada acontecer a você... Tudo vai dar certo. Confie em mim! Eu vou tirar a gente dessa!"
Lisa sentiu um calor reconfortante se espalhar pelo seu corpo, a ansiedade diminuindo um pouco. O toque de Dione era uma promessa silenciosa de proteção e esperança, um elo invisível de coragem e determinação. Naquele momento, ela soube que, independentemente do que acontecesse, ele faria de tudo para mantê-la segura.
— Tudo bem, filho. Vamos atender ao seu pedido. Ouçam o que ele disse... — ordenou o velho, com um sorriso frio, enquanto observava seus comparsas com um olhar calculista.
— Quem tocar num fio de cabelo dessa moça, se trasnformará em uma peneira humana. — O senhor alertou.
— Corram para o Cadillac, se escondam lá, e tranquem as portas. — Dione instruiu, soltando a mão de Lisa, com preocupação visível em seu tom.
— A propósito... — Branco bradou, chamando a atenção de todos com um sorriso irônico. — A amiga de vocês com a moto teve um problema.
— Jude?! — Lisa murmurou, com pavor evidente em seu rosto.
— Jude?! Então esse é o nome da suicida?! — Branco perguntou com desdém. — Ela acabou se envolvendo em um incidente com nossos homens...
— Eu mesma vou lidar com você! - Lisa bradou avançando com passos firmes, em direção a Branco, com o dedo apontado para ele. Um surto de coragem tola emanava de sua voz. Dione a agarrou por trás, tentando acalmá-la e evitar uma ação precipitada. Seu olhar implorava-lhe racionalidade na cituação.
— Eu não fiz nada! - Falou debochado, com o olhar repleto de satisfação. — Ela se jogou como uma louca com a moto pra cima da caminhonete. A manobra foi realmente audaciosa tenho que atimitir. - Comentou com tom de ironia, mum balançar de cabeça.
Dione trocou olhares com Lisa que se desesperou por dentro. Lisa parecia desesperada.
— Velho maldito! Vou acabar com você e fazer justiça à Jude! - Lisa injuriou-se cerrando os punhos ao lado do corpo.
— Roney, sua chinesinha é brava! — Branco comentou, e a gargalhada foi generalizada. — Não se preocupe, há uma pequena possibilidade dela sair viva. Encarreguei um de meus homens para trazê-la com vida, para morrer aqui junto com vocês...
Quando ainda falava, puderam ouvir o barulho de dois disparos vindos de onde Judite estava. Todos se viraram na direção dos tiros.
— Puxa vida! — Branco fingiu surpresa. — Parece que o cabeça oca do Luís não entendeu muito bem o que eu disse. Bom, que Deus a tenha. — Deu de ombros.
— Jude... — As lágrimas já escorriam pelos olhos de Lisa. Dione firmou uma mão em seu ombro e sussurrou em seu ouvido:
— Não ouça o que ele fala, ele está mentindo. Ela está bem. — Dione a fez Lirefletir. — Agora entre naquele carro e tranque as portas. — Ordenou.
— E quanto a você? — perguntou, com medo evidente em sua voz.
— Vou tentar negociar com eles. Não se preocupe, tudo vai dar certo. — Dione forçou um sorriso, mas o desespero em seus olhos era inconfundível. Lisa não era boba; sabia que estavam encrencados.
Mercedes, que estava observando em silêncio até então, quebrou o clima tenso:
— Vá logo para o carro, menina! Você não sabe com quem está lidando. — bradou, olhando fixamente para a coreana, que obedeceu sem hesitar.
Quando Lisa se aproximou do carro, passou por um portão de grades. De repente, dois rottweilers surgiram do nada, saltando e ficando em pé nas grades. Seus latidos ferozes ecoaram pelo local, e Lisa se afastou assustada. Os corpos musculosos dos cães faziam os portões rangerem com o impacto, e ela pôde sentir a ameaça iminente em seus olhares fixos. O som dos portões rangendo se misturava ao barulho dos latidos, criando uma sinfonia de terror que fez seu coração disparar.
Dione virou-se para Mercedes ao seu lado e impaciente indagou:
— Por que ainda não foi para o carro?
— Não. Eu não vou a lugar nenhum. Da outra vez, me escondi. Dessa vez, eu quero ficar e lutar. - Falou com firmeza nos olhos.
— De onde você tirou toda essa coragem? Ou será estupidez? — Questionou, observando a mulher que lhe olhou com confiança. A mulher então, sorriu e revelou o motivo da sua coragem.
— Isso me encoraja bastante... — falou, retirando um 36 de trás da cintura, a arma refletia a luz enquanto ela a segurava com firmeza.
— Onde conseguiu isso? — perguntou Dione, surpreso.
— Não importa. — respondeu a mulher com frieza.
— Olhem, pessoal, a desgraçada tem uma arma. — Branco zombou, exibindo um sorriso de deboche enquanto apontava a arma para eles.
— Será que sabe atirar? — questionou um dos filhos, rindo.
— Hei, gracinha... Atire bem aqui no meio da minha testa. — provocou o outro filho, apontando o dedo para a própria cabeça com um tom sarcástico.
Eles conheciam bem Mercedes. Era sua cunhada e sabiam que ela jamais teria coragem de usar a arma. As mãos trêmulas dela e o olhar perdido, cheio de medo, confirmavam isso.
Ainda assim, Mercedes ergueu a arma à sua frente, com as mãos visivelmente trêmulas. Ela estufou o peito, tentando se armar de falsa coragem. Mirou a esmo, o seu rosto estava pálido e o coração acelerado, enquanto tentava manter a calma antes de puxar o gatilho...
— Se achar melhor, você pode me entregar a arma. — Dione sugeriu, com uma tentativa de calma.
— Não. Eu preciso fazer isso. Eu consigo. — respondeu Mercedes, com a voz firme apesar das mãos trêmulas, recusando-se a entregar a arma.
— Então não ouça o que eles dizem. É a vida de Sara que está em jogo. Pense nela. Apenas pense nela e atire. — Dione tentou reforçar a determinação da mulher, ignorando as zombarias dos homens.
Mercedes, ainda calada e visivelmente nervosa, puxou o gatilho com um movimento hesitante. O tambor da arma girou, se abrindo revelando a câmara, e risos zombeteiros irromperam do grupo, ecoando pelo ambiente.
— Tem que travá-la primeiro. — Dione murmurou, constrangido pela falha de Mercedes, enquanto observava o desespero e a vergonha dela.
— Chega de brincadeiras. Abram fogo neles e acabem logo com isso. Preciso repousar, minhas costas estão doendo. — Branco esticou a coluna, fazendo uma breve careta de desconforto.
— Por favor, seu Branco, poupe a minha vida! Pelo amor da sua neta! Independentemente de tudo, ela o ama, o senhor sabe disso! — implorava a espanhola, enquanto abaixava a arma aberta, da meneira que ficou. Sua voz era cheia de desespero.
Dione virou-se para ela, fixando os olhos nos dela. Como ela poderia ser tão insensível, considerando tudo o que ele havia feito por ela? No entanto, ao encarar seu desespero genuíno, ele viu uma mulher à beira da morte, desesperada por um último pensamento em benefício de sua filha. Sentiu uma onda de compaixão e compreensão.
— Ela não é minha neta. O DNA provou isso. Sua vadia! Vai se arrepender por ter enganado o meu filho todo esse tempo... — Branco cuspiu as palavras com desdém, seu desprezo era evidente no tom.
Mercedes, de olhar triste, baixou a cabeça diante de sua tentativa frustrante de se salvar.
— Vejo que trouxe um time de futebol para lidar com uma mulher indefesa e um homem desarmado. Isso é patético. — Dione o desafiava com sua voz carregada de indignação.
— Vimos o que você fez na pensão. Achei melhor me precaver, mas agora, olhando para você, percebo que não é grandes coisas. — Branco zombou, rindo com desdém.
— No meio desse bando de homens, tem algum capaz de me enfrentar em uma luta justa? — ele provocou, passando o olhar de um lado a outro com um sorriso desafiador. Os homens trocaram olhares nervosos, mas nenhum deles teve coragem de aceitar o desafio.
— Eu sabia. Covardes, se escondendo atrás das armas!
— Queremos que isso seja rápido, Dione. A polícia não tarda a chegar como abutres na carniça. E quando isso acontecer, eu pretendo estar bem longe. Você me entende? — Branco falou com frieza, seu olhar calculista refletia a impaciência.
— Perfeitamente. A polícia só cumprirá seu papel. Já a funerária lucrará bastante depois de hoje. Doze caixões de uma só vez. — Um sorriso sombrio se formou em seus lábios enquanto falava, desafiador e indiferente.
— Como é debochado... — Branco murmurou, um sorriso amarelo surgiu em seu rosto enquanto balançava a cabeça em sinal de desaprovação.
Branco tirou uma moeda do bolso com um movimento lento e teatral, rodopiando-a entre os dedos com um gesto cheio de esnobismo. Ele ergueu a moeda ao céu noturno, como se fosse um símbolo de sua autoridade.
— Além de gostar de ver os dois lados da história, você também aprecia um bom jogo, Seu Dione? Pois bem, vamos jogar cara ou coroa. Se sair cara, vocês morrem. Se sair coroa... — Branco fez uma pausa dramática, e o suspense carregava na atmosfera. — ... Vocês morrem também!
Sua gargalhada sinistra ecoou pela rua deserta e fria, com o som macabro sendo acompanhado pelo riso cruel de seus comparsas. A rua parecia absorver o som, tornando o ambiente ainda mais opressivo. Dione, com os nervos a mil, procurava desesperadamente uma saída, mas a cada minuto que passava, percebia que as chances de escapar eram quase nulas.
— Vou jogar essa moeda para o alto, e assim que ela tocar o chão, abram fogo neles. — Branco instruiu seus comparsas, o tom de sua voz revelando a certeza cruel de seu plano. — Se eu fosse vocês, começaria a correr agora mesmo. — Ele riu, jogando a moeda para o alto. Ela parecia subir em câmera lenta, mas na verdade, o tempo estava cruelmente acelerado.
Mercedes, de olhos fixos em Dione, procurou algum sinal de esperança em seu olhar. A esperança era uma centelha frágil, mas a realidade estava se impondo sobre eles. Ela sentiu um nó na garganta, lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto enquanto se preparava para o que parecia ser o inevitável.
Dione segurou a mão dela. O toque suave parecia um consolo em meio ao caos. Ela fechou os olhos. As lágrimas molhavam suas bochechas, e sentiu aquele gesto como um adeus silencioso. Pensou na filha, em como ela ficaria sem ela, e se perguntava por que deveria pagar com sua vida por um amor que só parecia um pecado aos olhos de outros.
Lisa, dentro do veículo, observava a cena com uma apreensão palpável. Seus olhos encontraram os de Dione através do vidro, e ela viu o desespero misturado com amor em seu olhar. Ela moveu os lábios, pronunciando o nome dele e um silencioso "Eu te amo" que parecia um último suspiro de esperança.
A moeda girava no ar, capturando a luz dos postes e refletindo um brilho metálico frio. O tilintar da moeda ao tocar o asfalto fez com que Dione apertasse os punhos com força. Seus músculos tensos juntava-se á uma mistura de raiva e desespero. Ele fechou os olhos, um grito silencioso de revolta ecoava em seu peito. Seria esse realmente o seu fim?
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