Capítulo 28 - Reencontro Desastroso.

Dione Rocha...
Mercedes Agramunt...
Lisa Park...














Ela se virou em direção das luzes de faróis e olhou assustada vendo um táxi vindo pra cima dela em alta velocidade mesmo com as rodas travadas e freando pelo asfalto. Colocou as mãos na cabeça prevendo o impacto devastador em seu corpo, mesclando o som das freadas com o da sua voz num eco retumbante no escuro da noite...

__ Lisa! - gritou Dione apavorado percebendo o perigo e correndo até ela.

Lisa fechou os olhos quase em uma despedida silenciosa. Sabia o que um atropelamento naquela velocidade faria em seu corpo. O condutor girou o volante o quanto podia para direita tentando desviar da garota já deixando o carro desestabilizado quase deslizando de lado pelo cumprimento da rua. Dione se aproximou da garota a passos largos e de impulso a puxou pelo cós da calça a amparando em seus braços quase caindo com ela na estrada. Foi por um trix! O carro passando rente ao corpo deles fazendo que se aconchegarem um no braço do outro temendo o pior.

O condutor tentou manter o controle do carro tentando girar o volante para esquerda, mas como estava rápido demais derrubou algumas latas de lixo no percurso que estavam muito próximas a rua e sem controle algum da direção que tomava e para evitar a colisão contra a parede do prédio a frente, quando tentou trazê-lo de volta à estrada, o veículo pela mudança repentina e brusca de direção, e por ter atingido um hidrante, formando uma rampa de improviso tombou com as rodas para o alto fazendo faíscas pelo asfalto enquanto deslizou alguns metros adiante. O hidrante agora quebrado jorrava água para o alto e descia como uma cascata, sem interrupção.

__ Você está bem? - Dione perguntou a Lisa que ainda estava atônita com tudo o que aconteceu a sua volta.

__ S-sim... - Ela falou com a voz trêmula. Lágrimas escorreram em seus olhos. Enquanto tentava parar de tremer. Vivenciou um pesadelo bem real a centímetros de si.

__ Dione, eu quase fui atropelada. Eu- Eu poderia estar morta agora!

__ Sim, poderia, mas graças a Deus não está. Já passou. - Falou a abraçando mais forte.Enquanto abraçava a moça, fitava os olhos no táxi que estava de rodas pro ar.

O silêncio daquela madrugada fria começava a ser quebrado. O barulho da água que subia e descia do hidrante quebrado era perceptivo. Alguns cães começaram a latir nos quintais das casas, e de dentro dos prédios que existiam ali em toda extensão do cruzamento das quatro ruas. Em um lado da esquina, próximo de onde o táxi tombou havia uma pequena praça, com flores de diversas cores e alguns arbustos, de tamanhos variados. Uma das portas de trás se abriu e foi empurrada bruscamente. Lisa liberou Dione do abraço e se virou para contemplar a cena também.

Uma mulher saiu de dentro do veículo depois de ter desplugado o seu cinto e descer até o teto. Dione estreitou os olhos se esforçando para ver se a conhecia, mas a noite o confundia. Estava com um pequeno corte na testa. Constatou levando a mão até o local dolorido e vendo que ela tingiu-se de sangue. Olhou para o motorista de cabeça para baixo e viu que estava desmaiado. Ela direcionou o olhar para o banco de trás e percebeu que a porta do outro lado estava aberta e o acento vazio. Ela começou a gritar em desespero o nome da filha.

__ Sara! Cadê você filha?! Responde a mamãe! - A mulher procurou a criança do outro lado do veículo esperando que estivesse lá. A ausência da menina a fez cobrir os lábios e olhar em todas as direções. Ela poderia estar em qualquer lugar, em qualquer canto; no meio das caixas, das latas de lixo tombadas na beira da calçada, ou até mesmo no pequeno jardim ali perto. Ela correu até o motorista o chamado pela janela:

__ Hei senhor, acorda! Minha filha sumiu, me ajude a encontrá-la!

Ela abriu a porta e desplugou o cinto do corpo do motorista que assim que foi liberado caiu do assento, batendo a cabeça no teto ficando numa posição bem desconfortável. Ele deu um pequeno gemido, mas manteve-se desacordado. Estando ali ainda agachada, algo nele lhe chamou a atenção. Ela o olhou por alguns segundos, levou sua mão próximo ao seu corpo e se levantou, ajeitando a saia por trás. Dione sempre cuidadoso, na medida do possível tentava acompanhar todos os movimentos da mulher.

__ Sara! Cadê você filha!

Ela voltou seu olhar para a rua deserta onde antes viera o veículo pensando que talvez ela pudesse ter caído pelo caminho, mas não viu nada. Levantou seus olhos cheios de desespero e fitou os de Dione que a observava ao longe. Ela pronunciou o seu nome movendo fracamente os lábios secos, sem produzir o som. Em seguida, falou novamente,agora mais audível.

__ Dione!?

Ela correu em sua direção pisando na água que escorria do hidrante com sua sapatilha e o abraçou. Lisa confusa se afastou do casal. A mulher desesperada o apertava forte buscando consolo pela trágica situação que se encontrava. Lisa á analisava de alto a baixo. Saia de malha vermelha longa abaixo dos joelhos e blusa branca com alguns babados no ombro. Jamais adotaria aquele estilo, mas não deixou de reparar que aquelas roupas lhe caíam bem. Não tinha como negar que era uma mulher bonita.

__ Mercedes, o que faz aqui?!

__ Me ajude a encontrar minha filha Dione, ela estava comigo no banco de trás do carro e agora não está mais... - o choro embargava a voz. Deixando-a falha.

__ Acalme-se. Nós vamos encontrá-la. - Disse Dione segurando o rosto da mulher com as duas mãos.

__ Vocês se conhecem?! - Perguntou Lisa.

Mercedes se virou para ela, percebeu à sua frente a causa da sua tragédia pessoal. Inflou o peito de ódio e cuspiu as palavras enfurecidas na direção de Lisa.

__ Você é a culpada! Por sua causa eu quase morri e agora minha filha desapareceu!

__ Me desculpa, mas eu quase fui atropelada também...

__ Por que surgiu daquela forma na frente do veículo?! Sua louca!

__ Dione, eu não vou ficar aqui ouvindo desaforos dessa ai, quem é essa tal Mercedes? - Falou cruzando os braços em frente ao peito exigindo uma explicação.

__ Mercedes é uma amiga...- Dione começou embasbacado. Não sabia muito bem como apresentá-la a Lisa.

A Mulher se virou para ele com um expressão de mágoa, estreitou os olhos demonstrando indignação por suas palavras e disse:

__ Quer dizer que é assim que se refere a todas que leva pra cama?!

Lisa engoliu em seco cada palavra, já começando a imaginar coisas sobre os dois e a fazer seu julgamento. Mercedes era uma mulher bonita, bem mais velha que ela e o olhar de culpado de Dione dizia que já foram muito mais que simples amigos.

__ Mercedes, assim você me coloca em maus lençóis... Lisa, não é o que você está pensando. - tentou se justificar, mas pelo visto só piorava as coisas.

__ Não estou pensando em nada. Você é um homem livre, não precisa me dar satisfação do que fez, do que faz ou deixa de fazer... - Falou ela com uma cara não muito boa.

__ Se eu perder minha filha por sua causa, eu lhe mato, ouviu bem?! - Falou Mercedes segurando firme a blusa da moça na altura do pescoço.

__ Mercedes, se acalme! - Falou o homem segurando o braço da mulher. Dione tentava controlar a situação.

__ Tire suas mãos de mim! Você tem todo direito de se desesperar, é a sua filha, mas não encoste em mim! - Falou retirando as mãos dela com brutalidade. Em seguida ajeitou sua blusa amarrotada e que começava a desnudá- la pela forma que foi puxada.

__ Espera ai... - Mercedes disse se virando para Dione, com semblante de ódio. __ O que vocês fazem por aqui?

Lisa e Dione trocaram olhares. Mas antes que pudessem responder, Mercedes se virou para a moça e começou:

__ Já terminou o seu serviço?

__ Serviço?! - Respondeu ela com estranheza.

__ Agora se manda! Não precisamos de você! - Disse começando a empurrá-la.

__ O que tá fazendo?! Quer parar de me empurrar!

__ Dione e eu encontraremos Sara sozinhos.

__ Mercedes, é isso mesmo que está imaginando?! - Falou Dione não acreditando. Mercedes o ignorou e disse com arrogância:

__ Já acertou com ela?

__ O que está achando que eu sou?! - Falou Lisa ofendida. Mercedes a ignorou também, lhe deu as costas e começou a puxar o braço do homem e a dizer:

__ Venha Dione, precisamos encontrar Sara...

__ Mercedes, acalme-se... você está totalmente descontrolada, você precisa...

__ Se existe alguma prostituta aqui, ela é você! - Falou Lisa voando nos longos cabelos da espanhola e começando a puxá-los para trás. Ela gritou, segurou as mãos da moça para diminuir as dores até que Lisa os soltou dando um último puxão mais forte.

__ Sua desgraçada! - Falou Mercedes se virando, se aproximando e lhe dando uma bofetada.

__ Mercedes! Lisa! Querem se acalmar, por favor?!

Lisa colocou a mão no rosto dolorido e vermelho pelo tapa e não deixou barato, se virou para mulher com ódio e lhe bofeteou também.

__ Sua vadia! Eu vou matar você! - Gritou Mercedes rangendo os dentes de ódio e cerrando os punhos.

Lisa, pode ver o ódio em seu olhar. Temeu pois sabia que talvez não seria páreo para ela. Ela era mais alta e mais corpulenta, e poderia sair daquela briga bem machucada. Deveria ter se controlado e deixado Dione explicar a situação. Mercedes voou no corpo da moça segurando sua garganta.

__ Sua ordinária! não vou deixar uma piranhazinha como você, me machucar e querer roubar o meu homem!

Dione a abraçou por trás e começou puxa-la, tentando afastar a briga.

__ Mercedes! Já chega dessa briga infantil! Sara continua desaparecida, esqueceu?! Lisa não é nada disso que você está pensando, essa sua atitude não combina nada com você! Você está perdendo totalmente a compostura...

Ouvindo isso, ela se deu conta e voltou em si. Soltou o pescoço de Lisa e se deixou afastar pelo homem que a puxava para trás.

__ Olha para você... é uma mulher bonita, inteligente e uma mãe zelosa e cuidadosa... vamos nos concentrar no que realmente importa agora.

Lisa começou a massagear a área dolorida. Dione soltou Mercedes e foi até ela. Perguntou como ela estava e tentou tocá-la.

__ Não encoste em mim! - Falou se afastando dele.

__ Lisa, o que foi?! - Perguntou sem entender.

__ Não é nada. Eu estou bem. Pode ir pra perto dela. Ela precisa encontrar a filha. - Falou ainda massageando a garganta.

__ Tudo bem. Depois nós conversamos com calma sobre isso. - Falou Dione meio sem

graça percebendo uma certa indiferença nela. Precisaria de uma boa desculpa para dar á

ela. Uma palavra se quer dita errada, poderia jogar por terra tudo que viveram até o momento.

__ Onde ela pode estar, Dione? Ela caiu do automóvel, ela tem que estar por aqui. -

Mercedes parecia ter voltado à realidade.

__ Como ela caiu? Ela não estava com cinto de segurança? Falou Dione se virando para a

Espanhola.

__ Minutos antes do acidente, ela me pediu para se deitar no meu colo, pois estava com

sono. Achei que não teria problema retirar o cinto por alguns minutos pois estávamos

próximos do nosso destino.

__ Hum... Estou vendo alguns contêineres de lixo Lá atrás, talvez ela tenha caído do veículo e rolado para atrás de um deles, ou para trás dos arbustos ali... falou se virando para eles.

__ Por que ela não responde?

__ Talvez, tenha desmaiado... - Falou se virando para onde Lisa estava e não a avistando.

__ Tomara que esteja certo. - Falou a mulher indo para o meio da rua. Dione se preocupou com o sumiço da moça.

__ Você viu por onde Lisa foi? - Perguntou.

__ E eu lá quero saber dessa Asiática?! Eu estou preocupada é com o sumiço de Sara. - Falou dando de ombros e voltando a caminhar.

__ Sara! Cadê você menina?! Por que não responde? - A mulher gritava em desespero.

Dione agora teria que lidar com dois problemas, Sara e Lisa. Essa pulga atrás da orelha, lhe roubava um pouco a concentração. Ainda precisaria lhe dar as devidas explicações.

















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