Capítulo 26 - Rôle.
Capítulo 21 - Rôle.
Jude...
Lisa...
Dione...
Dione se maravilhava com a bela moça a sua frente. Se aquilo não fosse o ápice da perfeição, então jamais saberia o que era.
__ O que é isso? Assim vai me obrigar a arranjar uma madrasta para Marina!
Lisa estava com uma calça jeans justa que revelava a curva das suas ancas e uma blusa verde clara tomara que caia com o umbigo à mostra. Havia caprichado, não dava pra negar. Não que precisasse mas, fez uma maquiagem que a deixou com uma pele linda, macia e saudável e a completou com um batom vermelho nos lábios os deixando ainda mais tentadores. O par de brincos de argola nas orelhas, brindavam seu rosto a deixando ainda mais fascinante.
Os cabelos presos num rabo de cavalo, deixavam a curva do seu pescoço sedutora, convidativa a uma carícia e por um momento, Dione deixou o queixo cair em admiração pela sua beleza. Extasiado, ela estalou os dedos em sua frente, o tirando daquele transe.
__ Me diz que resolveu me levar pra sua casa! - Falou empolgada.
__ É tentador. Você seria um sonho ao meu lado... Mas, quando estou quase decidido, Marina aparece como um anjinho na minha cabeça me olhando torto. - Falou com um sorriso divertido.
__ Qual é o seu real medo? - Falou assim que se aproximou.
__ O meu medo é de perder a cabeça por sua causa. - Disse puxando a moça pela cintura e colando o seu corpo ao dele.
__ Será que já não perdeu? - Perguntou maliciosa passando a língua pelos lábios os umedecendo de forma sensual.
__ Tudo me leva a crer que sim. - Dione colocou sua mão por trás da nuca da garota e a puxou para um beijo. O beijo dela era brasa que incendiava o seu corpo. Ele fazia o tempo parar à sua volta e era como se nada ali pudessem os separar. A boca macia dela provava que ainda tinha muita lenha dentro de si para queimar naquela fogueira. Lisa lhe olhou nos olhos assim que se afastaram e lhe disse:
__ Já lhe falei que você beija bem?
__ Disse agora... Qual o sabor do seu beijo Lisa?
__ Você é que tem que me dizer. - Falou com os lábios quase se tocando.
__ Não consegui decifrar. É algo que eu nunca havia experimentado antes. Não se compara a nada desse mundo. Me faz ter milhares de sensações pelo corpo.
__ Nossa, não sabia que o meu beijo era tão bom assim. Se quiser, ele pode ser só seu. - Deu-lhe mais uma prova do paraíso que era a sua boca.
__ Eu quero. Não imagina o quanto eu quero. Mas minha filha ela...
__ Shiu... Não precisa me dar mais explicações, eu já sei. - Falou colocando o indicador suavemente sobre a sua boca. - Vamos logo, estamos perdendo tempo aqui. - Falou ela se afastando e indo até o portão.
Uma breve caminhada. Um serpentear de ancas que mexia profundamente com ele por dentro. Queria desviar os olhos para qualquer outro lugar. Mas, eles estavam viciados nos passos que ela dava. Na ondulação do corpo. Nas curvas que pretendia derrapar, com as mãos assim que tivesse chance de novo. Ela abriu o cadeado e em seguida empurrou as duas partes do portão de madeira.
O sorriso dela indicou que era hora de parar de sonhar acordado. O carro passou devagar e assim que ela fechou o portão novamente, olhando a residência à sua frente. Queria que fosse à última vez que voltava o olhar para aquele lugar, mas o coração lhe dizia que ainda teria que voltar ao inferno logo mais. Ela entrou no veículo, encarou seus olhos, sorriu docemente e partiram.
(...)
Na estrada, eles estavam calados. Um silêncio aterrorizante que ambos temiam quebrar. Lisa puxou o retrovisor central e começou a retocar o seu batom que havia sido borrado pelo beijo. Olhou de relance o reflexo que ali se fazia, paralisada com o batom nos lábios. A mochila se mostrava presente no banco de trás. Dione percebeu o seu olhar meio que suspeito e indagou de forma curiosa, mais gentil...
__ Algum problema, meu bem? - Ela se assustou deixando o batom cair de suas mãos e logo se abaixou para pegá-lo. Quando voltou ao seu lugar, guardou a embalagem na bolsa e dissimuladamente deixou-se murmurar..
__ Nenhum, por quê?
__ Você paralisou de repente.
__ Não paralisei, é só impressão sua. Para onde nós vamos? - Perguntou mudando de assunto e voltando a atenção na estrada.
__ Deixo ao seu critério. Você deve conhecer muitos lugares legais dessa cidade, que se tornam poucos pelo horário.
A noite deixava tudo vazio. O coração. A alma. Os pensamentos que os guiavam. Sentia que a brisa aqui fora era o que ainda os mantinham realistas à situação que se encontravam. Mesclava a paisagem em um sonho que ao mesmo tempo que parecia ser bem real, era fantasioso. Uma hora teriam que acordar de volta aos problemas, só estavam adiando esse momento. A lua os guiava e brindava com seu esplendor a rodovia. Uma imagem digna de ser emoldurada na galeria das suas mentes para a posteridade.
__ Tem uma discoteca aqui perto. Minhas amigas sempre me chamaram pra ir, mas nunca pude, o seu Neco nunca deixou. - Lisa mencionou triste o lugar. Sempre gostou muito de música. De dançar, de se sentir livre...
__ A partir de hoje não existe mais o seu Neco na sua vida. Vamos pra essa tal discoteca. Dione falou segurando a mão dela e sorrindo.
__ Sabe dançar, Dione? - Perguntou surpresa olhando para ele sorrindo, entusiasmada. Nem delonge ele parecia com alguém que tivesse destreza pra isso.
__ Posso lhe surpreender. - Falou divertido e sorrindo também com a cara de surpresa dela.
__ Curte pop? - Ela perguntou.
__ Curto: Rock - metal... - Falou sem tirar os olhos da estrada.
__ Sou fã de K-pop.
__ Hum... Nuca experimentei essa comida. - Brincou debochado.
__ Não é comida, é um estilo musical da Coreia. Está fazendo muito sucesso aqui.- Falou com os olhos brilhando.
__ Marina deve conhecer...
__ Pra dançar qual estilo lhe agrada?
__ Não tem nada melhor que dançar coladinhos, ouvindo uma música romântica, um bolero ou... Em alguns momentos, um tango.
Lisa fechou os olhos imaginando Dione de terno e gravata dançando um belo tango Argentino. Deixou um risinho tolo escapar. Ele deveria estar brincando! Tango era uma dança que necessitava de uma precisão e cumplicidade nos passos entre o casal que... Não, tango não. Um bolero... Quem sabe?
__ Eu gosto de um agito. Mas dependendo da companhia, dançar coladinho é bom mesmo.- Lisa se imaginou em seus braços, o rosto colado ao seu, sentindo sua barba roçar em seu rosto. Seu cheiro. O abraço apertado envolvendo sua cintura. Seu calor...
__ O que você dançaria comigo? - Dione perguntou sorrindo, esperando a resposta.
__ Acho que tudo que eu for fazer, se for com você, será muito bom. - Ela deixou a cabeça pender para trás no banco sentindo a brisa da noite acariciar seu rosto.
Essa noite seria inesquecível. Dione já se imaginava velhinho, numa casinha de cerquinha branca contando aos netos ou talvez, aos filhos que ela pudesse lhe dar, como foi mágico conhecer aquela garota. Ao ouvir o que ela falou, ele se virou para ela, inalou o ar da noite, sentindo ele o revigorar por dentro, segurou seu rosto com uma das mãos e lhe trouxe para mais um beijo. - Ela começou a bater em seu peito, parecendo aflita, para que a soltasse.
__ Hei! Olha pra estrada! Estou muito nova pra morrer. - Lisa sorrindo, interrompeu o beijo e franzindo o cenho.
__ Se a gente bater, a culpa será sua... - morreria feliz, pensou dentro de si. Morreria vendo o sorriso mais lindo da face da terra.
__ Minha?! Por quê?! - Ela perguntou indignada.
__ Você é uma distração e tanto... - Sorriu.
__ Engraçadinho... É melhor prestar atenção na estrada. Dione voltou o seu olhar à solidão da estrada, ficaram em silêncio e ele teve uma ideia, começou a cantarolar uma música. Lisa lhe olhou confusa e ao mesmo tempo surpresa. Quando ele iria parar de surpreendê-la?
__ "Sempre que te vejo meu coração dispara.
Meu raciocínio se amedronta.
Confuso, alheio a tudo à minha volta. Sinto-me como um bobo.
Não sei o que te falar.
Só penso em você.
Minha menina, você é minha doce menina...
Meu anjo, minha loucura, meu desejo mais fervente.
Vem e me beija, vem e me abraça, que nem dormindo eu te esqueço, você não sai da minha mente..."
A melodia tinha uma pegada doce, vibrante na voz rouca dele, que a fez se arrepiar toda ao seu lado. Ela inspirou o ar feliz dando um gritinho e jogou as mãos para o alto. Sentia-se livre. Desejada. Sentia-se imponente ao mundo podre ao qual habitava.
__ É cheio de surpresas seu Dione. - Falou a moça encantada. __ Você canta muito bem! Não sabia que tinha esse lado artístico.
__ É, eu arrisco uns versos. - Demonstrou satisfação por ter surpreendido a garota. Acariciou o rosto dela com sutileza, ela era tudo o que a letra dizia e um pouco mais. E serviria de inspiração para muitas outras composições...
__ Sua voz é muito bonita. De quem é essa música?
__ Essa música é uma composição minha. Eu tocava numa banda quando era mais novo.
__ Sério! Que legal! Você é realmente cheio de surpresas seu Dione!
__ É por que você só está me conhecendo agora. Pelo que vi, não sou só eu que estou cheio de surpresas, você também é uma caixinha de Pandora. - Lisa lhe olhou com estranheza. __ O que foi? Nunca ouviu essa história?
__ Mais ou menos...
__ Pandora não aguentou de curiosidade e abriu a caixinha que lhe foi dado de presente. Como castigo, reviu segredos não muito agradáveis ao mundo. Você é uma caixinha Lisa, sou curioso também. Quero desvendar aos poucos seus mistérios. Espero que me surpreenda só com coisas boas. Ele a olhou nos olhos e sorriu sem graça.
Ao ver o incômodo da moça, Dione mudou de assunto. Talvez, ela guardasse segredos que não gostaria de desvendar. Nesse momento, queria apenas viver o presente. Deixar belas lembranças. Momentos inesquecíveis e, quem sabe, tão marcantes que nenhum outro homem pudesse lhe proporcionar.
De repente os roncos do motor de uma moto, puderam ser ouvidos vindos atrás do carro numa fúria descompassada. Dione olhou pelo retrovisor e avistou os faróis se aproximando cada vez mais rápido. Uma custom fazia companhia ao Cadillac na estrada deserta.
Lisa se virou para trás apoiando o braço no encosto da poltrona, reconhecendo a moto que os seguia e logo exclamou:
__ É a Jude, tenho certeza que é ela!
Sua presença a deixaria feliz independente de qualquer coisa, mas o fato de lhe ver ao lado de Dione, a incomodava...
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