Capítulo 17 - Chamas do Inferno
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Judite...(Jude.)
Em fim, o caminhão chegava ao endereço. Logo todos os soldados desceram do veículo.
__ Bora gente, precisamos ser rápidos! Esticar a mangueira, depressa! - Judite batia palmas incentivando a equipe. não era a chefe, mas se portava como a tal.
Olhar para o edifício em chamas dava medo. Elas eram como línguas de fogo do próprio inferno. Estouraram as janelas e se lançavam em fúria contra a rua. Uma visão apavorante colorida de escarlate que enegrecia as paredes logo abaixo.
Uma mulher junto com seu filho gritava desesperadamente na cobertura do prédio por socorro. Ela acenava, ao mesmo tempo que corria de um lado para outro procurando uma saída.
Havia várias pessoas aglomeradas ali embaixo, espectadores daquele show de horrores, mas nenhuma com coragem o suficiente para entrar no edifício em chamas. Apenas relatam entre si, atitudes que deveriam ou não serem tomadas ou causas prováveis do que provocou a trágica situação.
Normal, pensou Judite, os seres humanos se importam somente com a sua segurança. É mais confortável ver a tragédia alheia à distância do que mover seus corpos imundos em uma ação conjunta à um socorro.
Os soldados começavam a jogar jatos, usando água como extintor.
Judite de súbito, sentiu-se movida a tomar uma iniciativa. Mesmo tentando entender o porquê faria isso, sendo que um salvamento ali era de grande risco. Observava no último andar a mulher e a criança gritando por socorro e engoliu em seco. " E se fosse a Lisa presa lá em cima?!" - Viu o rosto da coreana, em sua mente, aflita e lhe pedindo socorro.
" Preciso fazer algo!" - Pensou.
O seu chefe segurou firme em seu braço por trás, e a fez se virar de susto. Ele Fitou sério seus olhos e a alertou:
__ Nada de querer bancar a heroína, ouviu bem?! Vamos controlar as chamas primeiro, tentar entrar aí agora, é cometer suicídio.
__ Não vou fazer isso. Está doido?! - Sorriu sem mostrar os dentes.
__ Assim espero. - A soltou. Mas assim que o chefe deu as costas, se viu agindo por impulso. Entrou no prédio começando a subir as escadas daqueles 30 andares enfeitados por calor extremo, fogo, fumaça, desordem. Era um instinto tolo e protetor que a invadiu. Havia pensado que poderia ser Lisa em perigo, ou até mesmo a sua mãe. Gostaria que alguém a salvasse. Ou que pelo menos, tentasse.
__ Mas que merda! - O chefe exclamou ao se virar ouvindo os soldados gritando, para que desistisse daquela loucura.
Tossindo pela fumaça que saia dos cômodos e se desviando das chamas que volta e meia chicoteavam seu caminho, sentia o coração covarde querer voltar a segurança daquela rua, junto a todos aqueles covardes que lá estavam como estátuas a observar o caos à sua frente.
Partes do prédio que se soltavam e caiam em castata em sua frente, tentava se abrigar e se proteger delas a todo custo tendo suas vestes rasgadas em alguns pontos e até mesmo conseguindo uns arranhões e hematomas pelas pancadas das madeiras e concreto em seu corpo.
A respiração começou a ficar irregular. O suor banhava seu corpo por inteiro, A garganta queimava pelo esforço sobre-humano de tentar respirar em meio a tantas adversidades. Em alguns pontos, teve que usar força bruta para remover entulhos do caminho. Se perguntava a todo momento, o por que dessa tola ideia de ser heróina. Aquele rosto bonito de lisa lhe vinha a mente e ela logo voltava a lutar contra todo aquele inferno. Ela lhe incorajava. Finalmente, como um prêmio, ela alcançou a cobertura.
一 Por favor, nos ajude! 一 Implorou, a mulher quando percebeu sua presença sob a cortina espessa de fumaça.
Uma parte do teto da cobertura se soltou e quase a atingiu. Ela saltou para o lado caindo no chão e soltando um palavrão. Onde estavam os deuses protetores dos heróis? Talvez, com um belo balde de pipoca em seus colos, acomodados em seus tronos, só observando a cena.
Olhou a sua volta e viu a única saída sendo bloqueada por chamas em destroços. O fogo era intenso, irreal, e exigia uma ação rápida. Logo ela alcançaria a mulher e o menino. Judite varreu o ambiente com um olhar astuto. Precisava de uma proteção para passar entre as chamas. Logo à sua frente, viu o que seria a entrada de um quarto. Correu até lá e voltou com uma coberta da qual enrolou seu corpo.
Era arriscado. As chamas dançavam em sua frente de forma tentadora. Famintas pelo seu corpo. Fechou os olhos por um minuto. Respirou manso livrando a mente do medo que gritava em seus ouvidos. Precisava de paz. Precisava ser tola o suficiente para iniciar aquela corrida e atravessar o mar de fogo, ela era louca. Executou o plano caindo de joelhos à frente da mãe e do filho.
一 Salve o meu filho moça, eu imploro! 一 Clamou a mulher chorando abraçada ao garoto.
Estavam completamente cobertos de fuligem. As lágrimas do menino, lambuzavam seu rosto e em um momento de pura loucura viu Lisa lhe implorando ajuda. Era uma ilusão provocada pela inalação da fumaça. Do calor. Do medo por estar presa junto deles e sem muito tempo para agir.
一 Acalme-se, eu vou salvar vocês! 一 Judite falou tentando os encorajar, já olhando ao seu redor procurando uma forma de se salvarem.
Tudo à sua volta queimava. Era um breu enevoado e tóxico. A morte surgia em cantos aleatórios sorrindo e lhe acenando como se quisesse lhe fazer uma graça. Precisava manter o foco. Manter a lucidez.
De repente, diante a varanda apresentou-se uma chance de saírem dali. Remota. Perigosa e insana. Havia um outro prédio próximo. Se corressem pelo jardim interno, tomassem impulso, logo conseguiriam saltar para o outro lado.
一 Está vendo aquele prédio? - Judite perguntou à mulher apontando com o dedo. 一 Se a gente tomar distância acho que conseguiremos saltar para o outro lado sem problema.
A vida imita a arte. Pelo menos agora, saltar toda aquela distância era a única salvação prevista, uma cena dos filmes de ação que viu. Uma loucura, que mais parecia um suicídio. Mas tinha que confiar que conseguiriam.
一 Eu acho que consigo, mas e o meu filho? A mulher perguntou, aflita.
一 Eu irei primeiro. Saltarei com ele. Depois você salta em seguida, entendido? - Ela assentiu com a cabeça.
- Tem certeza que consegue? - Judite queria uma confirmação.
一 Acho que sim. 一 Respondeu com pânico no olhar.
一 Certo. Então vamos nessa... - Disse já pegando o menino.
Judite tomou distância com o garoto agarrado ao seu corpo, esperava que ele acompanhasse os passos que precisava dar com precisão. Era um garoto que não deveria passar dos seus dez anos. Magro e miúdo. Tinha medo que quebrasse os seus ossos fraquinhos quando caíssem do outro lado.
- Está pronto? - tentou ser gentil com o menino. Ele apenas acenou afirmativo.
Era hora de comprovar sua teoria. Começou a correr e levantou o corpo franzino quando apoiou o seu pé no escoro de corpo da varanda e saltou com o garoto caindo no terraço um andar mais abaixo no prédio do outro lado com ele e rolando pelo chão. Sorriu ao ver que o menino ainda estava inteiro sem sequer um osso quebrado. Poderia acenar obscenamente a dona morte com seu dedo do meio agora. Mas, não tinha acabado ainda...
一 Seu filho está bem! - Gritou se levantando e encarando a mulher na varanda. 一 Agora é a sua vez! - Completou.
A mulher respirou fundo correu e saltou. Não tomou o impulso necessário e quasse errou o alvo. Se segurou na mureta do prédio, para onde saltou fazendo um esforço descomunal para não cair. Os bombeiros e as pessoas que observavam da rua, sentiram um cala frio ao verem a mulher quasse se despencando do edifício.
A senhora dependurada, gritava por socorro. Judite correu logo pra ajudá-la. Não deixaria que todo o seu esforço fosse em vão. Segurou em um dos braços dela, e depois no outro. Rangiu os dentes e gemeu usando toda a sua força. O suor já escorria pela sua testa. Em fim, conseguiu tirá-la do perigo a colocando em segurança. Puxou a mulher para cima que caiu sobre o seu corpo na laje do prédio. Ela fechou os olhos como se tivesse agradescendo aos céus por ainda estar viva, e suspirava aliviada. A mulher se sentou ao lado de Judite ainda assustada e fitou o filho mais adiante, feliz por estar em segurança.
__ Você está bem? - Perguntou ainda com a respiração ofegante.
__ Sim. Graças a você. Muito obrigada. - Foi para perto do filho e lhe abraçou.
Judite ainda deitada, fitou na escuridão do céu, as estrelas sintilando seu brilho. Deu um sorriso e se chamou de louca. Não se importava com o que pensavam a respeito. O que importava eram as vidas salvas do abraço certeiro da dama da morte.
" Lisa ficaria orgulhosa de mim, se visse o que fiz." - Pensou.
Não tirava a moça da cabeça nem por um minuto. Estava apaixonada e isso era evidente. Admirou por alguns poucos segundos a constelação, e cerrou os olhos, parecendo adormecer.
Que bom que ainda está aqui! 😃
Certificados...
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