Salvador

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JASPER HALE

Rebecca não me responde de maneira alguma, não me enxerga enquanto eu a sacudo e o mundo parece desmoronar a nossa volta. Todos estão com dor e eu não consigo ajudar ninguém. É a minha definição de inferno.

Chamei-a, repetidamente, cacei seu olhar, mas ela não estava ali.

Comecei a me desesperar, porque eu não consigo manipular nada dessa magnitude, e ela se afundou tão rápido no estado de choque que eu não vejo como posso ajudá-la, é quase o mesmo que tentar manipular as emoções de uma parede. Sua dor é tão sufocante que ela não está conseguindo processar.

Desligo o chuveiro tentando manter a calma, ao menos ela reage aos meus toques, o choque não a imobilizou. O cheiro de sangue queima todo meu corpo, mesmo que do outro lado da casa, não faço ideia de como Rebecca conseguiu se controlar por tanto tempo sendo tão nova e tendo apenas lidado com humanos a distância sempre com o vento a favor.

— Ei, estou orgulhoso de você— toquei o rosto dela, Becca me encara sem expressão alguma— você segurou a onda— balancei a cabeça e a baixei, é difícil encarar um rosto tão vazio— Você lidou bem, Becca— assim que falo estas palavras, me sinto um idiota. Estamos nós dois encharcados no meio do banheiro, mas é como se estivesse sozinho, preso em um pesadelo muito louco.

Mesmo alimentado eu não pude ficar naquela sala banhada de sangue, meu corpo se posicionava para atacar toda vez que eu tentava me aproximar da porta. Tinha uma barreira me mantendo do lado de fora, enquanto eu assistia Rebecca exalar a própria impotência com a cena que via. Bella morria dolorosamente, mas eu não conseguia ficar perto o suficiente, só tinha a certeza que perderia o controle caso pisasse na linha limite daquele cômodo. Eram muitas emoções me nocauteando, dor, dor, preocupação, desespero, mais dor. Acabei tomando-as para mim.

Me senti péssimo por não conseguir entrar, mas duvido que minha mulher sequer tenha notado a minha falta.

Tirei as roupas molhadas dela, Rebecca parecia um manequim, mexia-se como uma boneca, se seus olhos não analisassem o ambiente devagar, vez ou outra, aí sim ela pareceria de vez uma boneca, linda, maleável e sem vida.

— Vamos, amour— pedi, quase rezei a Deus para a trazer de volta para mim. Eu ouvi choro, respiração irregular e ofegante, as risadas de um bebê.

Deixei Rebecca com a lingerie e corri para o meu closet, agarrando a primeira camiseta e a primeira calça que vi pela frente, a fazendo vestir-se.

Segurei o rosto dela com uma mão enquanto com a outra subia a calça jeans, mas ela ficou larga e eu a deixei cair para os pés de Becca de novo.

— Amor, amor— sacudi ela novamente— Rebecca, por favor, responde.

Nada. Edward sibilava palavras desconexas, Alice o pedia calma.

Rebecca se mexeu, ela tocou minha mão e seus olhos transmitiram apenas dor.

— Eu quero morrer— ela gemeu baixinho, se ajoelhou e se encolheu no chão, me abaixei de frente para ela, jogando a calça para o lado— Por favor, me mata.

— Não, querida, não— eu disse— Por favor, não fala isso.

— Jazz, eu não vou aguentar— ela fechou os olhos com força, fazendo cara de choro, balançou a cabeça.

— Você vai, está bem?— a encarei sério, não quero sequer ouvir ela falar isso— Você é forte, Rebecca, isso vai passar, está bem? Vai ficar tudo bem— eu falei, mas sei que ela não acredita nas minhas palavras. Quando ela põe pessimismo na cabeça, é impossível fazê-la mudar de ideia.

Alice vem correndo para a porta do banheiro, ofegante, sinto esperança imediatamente quando identifico a sua alegria.

— Ela vai ficar bem— ela fala, olhando para Rebecca. A minha mulher arregala os olhos e se levanta, minha camiseta fica grande o bastante nela para cobrir a sua calcinha.

Ela abre a boca, mas nenhum som sai, ela desiste e corre em direção ao escritório de Carlisle procurando por uma mudança imediata na situação de Bella. A sigo, mas paro na porta como da última vez, o sangue ainda manchava todo o chão e a garota seguia com a aparência de morta, mas seu peito estava arqueado de um jeito não natural e ouvia-se o coração acelerado. O veneno fazendo efeito. O alívio absurdo que Rebecca sentiu, me anestesiou de forma desconcertante. Ela se aproximou de Bella, e segurou o tornozelo da irmã enquanto pisava no sangue fresco.

Edward estava parado do lado de Bella, encarando-a e acariciando seu rosto. O rosto petrificado, severo, ele levantou o olhar, como se tivesse ouvido algo e um uivo ecoou pela floresta.

— Os lobos estão aqui— ele disse se voltando para a janela quebrada. Rebecca ficou tensa, olhando para as árvores, nem é meio dia, as coisas não param de piorar.

— Estamos em menor número— Alice falou, estava do meu lado na porta.

— Ninguém vai chegar perto da minha família— Rebecca fala, me olhando, como uma promessa. Está focada e furiosa, ela nos dá as costas e pula quando nós podemos ver os lobos.

Corro atrás dela e ficamos lado a lado. Sete lobos enormes aparecem em um arco, rosnando mostrando os dentes e os pelos dos ombros arrepiados os deixando maiores.

A raiva cresce e o veneno enche a minha boca, Alice se posta do meu lado, Edward vai para o lado de Rebecca.

— Não se mexam— Becca sibilou, os lobos todos se concentraram nela, três hesitaram, os mesmos do dia anterior. Sam, o maior dentre todos, deu um passo na direção dela, tomando a liderança. Rebecca mostrou os dentes, remexendo-se no lugar— Eu não quero te machucar, Sam— ela fala o encarando— Mas eu vou se vocês insistirem nessa merda— alertou numa voz fria e firme. O grande alfa ladrou, uma afronta e os lobos partiram para o ataque. De cada lado, vieram Seth e Leah, atacando os lobos da ponta. Rebecca apenas encarou Sam fixamente. Um lobo tentou partir para cima dela, no entanto, eu o ataquei antes que ele chegasse perto demais.

Não consegui me concentrar na minha luta, não queria matar ninguém hoje, mas o lobo testava minha paciência. Sam se sacudia, rosnou e gemeu, todos os lobos reagiram como se Becca estivesse atacando cada um sem sair do lugar.

Todos eles foram para cima dela, mesmo com todos nós tentando impedi-los. Eles pararam aos pés dela, todos se jogando ao chão se contorcendo e ganindo torturados. Uns tentando abocanhar as pernas dela. Eu não fazia ideia de como aquilo estava acontecendo, mas eu, Edward, Alice e os dois lobos que ficaram do nosso lado, ficamos sem ter o que fazer.

Leah uivou, havia barulho demais ali, ouvimos mais gente se aproximando, minha família retornando.

Quando eles chegaram, Emmett tentou atacar um dos lobos, aparentemente não tinha ligado que os lobos já estavam no chão. Como se tivesse tocado o fogo, ele se afastou, tão rápido quando chegou perto.

— Porra!— gritou recolhendo os braços— Que dor do inferno— olhou para Rebecca no centro, ela se desconcentrou com o grito de Emmett e um dos lobos saiu de seu efeito, choramingando e manco, ele se ergueu na direção de Rebecca. Antes que eu chegasse perto o suficiente para a socorrer, ela mesma chutou a cara do lobo, ele voou para o outro lado.

Ela parou de usar seu dom de uma vez e mais lobos foram se reerguendo, doloridos e ganindo. Sam foi o último a se levantar.

Edward corre para cima de Sam, eles não desistiriam.

Lembro-me da sua participação na luta da clareira, eles não paravam mesmo quando eu tinha certeza que morreriam. Tenho que admitir que sua persistência é admirável, mas eu vou matar qualquer um que ameace Rebecca — não que ela pareça precisar da minha proteção. Dois partem para cima dela, mas agora quem está em menor número são eles, é uma luta perdida.

No meio do caos, mais um rugido se junta, é Jacob Black saindo de dentro da casa. Ele parte para cima de Sam violentamente, e os lobos hesitam em sua luta. Se estivéssemos tentando matá-los pra valer, esse segundo teria bastado para aniquilar os lobos.

Nós nos afastamos dos cachorros e formamos um círculo defensivo. Os outros encararam a luta, mas tudo o que eu fiz foi analisar o estado de Rebecca. Ela me olhou de canto enquanto eu a rondava.

— Eu estou bem— ela ofegou também me medindo.

A luta entre os alfas parou e eles se encaravam furiosos parecendo competir qual era maior.

— Acabou— Edward disse, nós olhamos para ele, ele fez sinal para que recuássemos.

— O que houve?— Rebecca perguntou sem mover um músculo, se ela não sairia, eu não sairia, e se eu não saísse, Carlisle não sairia, assim por diante.

— Jacob sofreu um imprinting por Renesmee. Não podem matar o alvo de imprinting de nenhum lobo, essa é a regra mais absoluta deles— Edward disse.

Rebecca franziu a testa, com aquela cara que eu bem conhecia que ela tentava se lembrar de algo. Os lobos a olharam torto e rosnaram especialmente para ela conforme batiam retirada. Fiquei na frente dela, desafiando-os, imaginei que tentariam mais uma vez, mas nós dois juntos somos imbatíveis.

Agora minha família toda está aqui.

Vai ficar tudo bem, agora sim, é verdade. Rebecca abraçou minhas costas quando os cachorros sumiram de vista, lembrei-me que ela só vestia minha camiseta e me apressei em a pegar no colo e correr para dentro.

— Passou— ela falou para mim, seu alívio aqueceu meu corpo, sorri e a encarei.

— Passou— beijei todo seu rosto— Nos resta esperar. E você me contar como derrubou sete lobos de uma vez— levantei as sobrancelhas, sugestivo, ela sorriu e escondeu o rosto, tímida.

— Eu não sei como aconteceu, na verdade— ela fez careta— Muitas vezes é de se duvidar que esse dom que tem poder sobre mim, não o contrário.— ela se distraiu— Eu vou cuidar de Bella agora, está bem?

Assenti e a coloquei no chão, uma distância segura que ninguém a poderia ver. A camiseta sequer estava manchada, a beijei exalando orgulho da minha garota poderosa. Ela sorriu e me beijou de volta, se afastou rapidamente e correu para o segundo andar.

Permiti-me ficar aliviado. No segundo seguinte, toda a casa se comoveu de novo. Franzi a testa confuso e segui para onde boa parte da família estava reunida.

Tinha me esquecido de Renesmee, ela soltou uma risada gostosa, Esme a pegou do colo de Rosalie que sorria apaixonada pela criança.

— Seja bem vinda— Esme cumprimentou. Em algum momento, Rosalie deu um banho na pequena.

— Renesmee— Rosalie disse, sorrindo como se a criança fosse dela, com muito orgulho.

— Bem vinda à família, Renesmee— Carlisle sorriu.

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