Não ouse
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REBECCA SWAN
Dave me aceitou de volta como amiga após um tempo, enfim as coisas estão se encaixando, eu tenho muito o que fazer. As inscrições para faculdades chegam cada vez mais. O futuro batendo na minha porta.
É animador, para não ser tão pessimista.
Há semanas desde que os Cullen voltaram á cidade e, pasmem, Edward pediu Isabella em casamento. É sua única exigência para convencer Bella a adiar o que ela mais quer: ser transformada.
Ele sabia que ela adiaria, tanto Isabella quanto eu podemos ser um tanto mente fechada sobre se casar aos dezoito. Um teima com o outro, mas eu posso ver que Isabella será a primeira a ceder, porque antes de querer virar vampira, ela quer que Edward seja o tal que a vai transformar.
E enquanto esse casal passa por esse drama... eu fujo de Jasper Hale. Ele fica cada vez pior e está tentando pra valer.
Até hoje não pedira desculpas por ter ido embora, acha que está certo, afinal era para me proteger. Eu morreria caso ele não fosse, ele me disse isso, e Alice confirmou.
— Mas agora meu destino é me tornar uma de vocês?— indaguei para a vidente, Alice Cullen, no carro quatro dias depois de ter "terminado" com Jasper, voltávamos da escola.
— Sim, até onde eu posso ver, será seu futuro. Você só o está adiando ao evitar Jasper, Rebecca.— ela me olhou com um sorriso— Sabe que essa birra entre vocês não vai durar.
— Claro que vai!— insisti— Eu estou cuidando de mim no momento.
— Ficar com Jasper só aceleraria o processo.— Maggie concordou— Deixe ela, Ali. A garota sabe o que faz.
Maggie de Denali é uma loira alta com cara de modelo que poderia facilmente quebrar qualquer pessoa no meio com apenas um olhar. Prima de Tanya e suas irmãs, Alice disse que foi uma longa história, mas Maggie resumia ela muito bem:
— Peguei mesmo.— dizia ela. Alice ria revirando os olhos e Maggie agarrava seu rosto lhe dando um beijo intenso. Elas se conheceram no Alasca enquanto Alice se abrigou com o clã de Denali e a conexão foi intensa e instantânea. Pode-se ver que Maggie não é do tipo de mulher que perde tempo mesmo tendo toda a eternidade para gastá-lo.
Nos tornamos amigas muito facilmente, Maggie tem muito controle sobre sua sede e adora correr comigo e com Dave, mas de preferência sem o garoto.
— Eu não gosto de ficar sobrando.— ela dizia se metendo entre nós. Desde que chegara, sempre me apoia muito em minhas decisões fossem quais fossem contra ou a favor de Jasper, talvez por ciúme já que ele foi o primeiro amor de sua namorada. Ela gosta de bagunçar a vida do Hale me usando de isca, me levando para perto e depois me puxando para longe. Bom, errada ela não está, mesmo que Alice tenha apenas olhos para ela.
Maggie e Jasper tem um convívio amizade-inimizade. É bem delicado, mas eles não se odeiam pelo menos, gostam de brigar, pelo que ouvia da garota, mas o fazem mais por lazer. E no fundo eu sei que Maggie está tanto ajudando ele quanto está ajudando a mim. Ela gosta de bancar o cupido mas no fim, atrapalha todo mundo. É uma vampira muito trapaceira, mas nós sabemos que nunca magoaria ninguém de propósito, só por precaução Alice a mantém na coleira.
Dave voltou a falar comigo logo depois que voltei da Itália e parou de novo, por uns dias, ao ver que Jasper também havia voltado. Só ao ter certeza de que o terreno estava livre, veio se desculpar por forçar a barra comigo noutro dia, e disse que tentaria superar sua paixonite. Tentei me afastar de novo, mas ele disse que não seria necessário.
Eu devia dar um basta, ainda mais agora que Jasper está agindo como um desmiolado tentando me reconquistar. Não quero magoar Dave mais, e também não quero que Jasper acabe conseguindo aderir os dons de Jane com a força do desejo ao me ver com Dave quase diariamente correndo por toda Forks. Simplesmente não há motivos para Jasper vir para frente da escola ou da minha casa com tanta frequência, mas ele sempre está lá, e sempre me alcança antes que eu consiga fugir.
— Esse Dave... Ele é um dos porquês de você ter insistido em nós mantermos o término?— perguntou ele calmamente me seguindo até a picape, eu simplesmente não gosto de seguir o clima de paixão de Bella e Edward todos os dias então me alivia ir de picape para escola. Suspirei alto e entrei na picape, Jasper se convidou para dentro.
— Não seja ridículo. Eu e Dave somos apenas amigos. Pensei que já teria notado como eu não estou afim de relacionamentos agora.— o olhei sugestivamente e o encarei esperando ele descer da picape, é claro, isso não aconteceu. Bufei, derrotada e liguei a máquina monstruosa que eu ouso chamar de automóvel.
— Tem certeza que ele sabe disso?— Jasper perguntou por cima do barulho do motor.
— Estamos trabalhando nisso. E além do mais, não seria da sua conta, Jasper.— lembrei-o.
— Ah, seria. Somos o...
— Futuro um do outro, é, eu sei!— o cortei e ele sorriu, contente por ter me irritado, faz isso com frequência agora.
— Se importaria se eu quebrasse o braço dele?— ele perguntou casualmente, não tirava os olhos de mim.
— É claro que sim, ele segura o saco de pancada enquanto eu bato imaginando sua cara.— lhe forcei um sorriso cínico.
— Você gosta dele?— continuou, cauteloso.
— Como amigo, sim.— não menti. Olhei Jasper de relance e notei que ele sorria relaxado pela certeza da minha sinceridade. Ele passou a mão nos cachos, ajeitando-os para que parassem de cair sobre seus olhos âmbar. Revirei os olhos, sorrindo. Não, eu não estava babando pela sua mandíbula definida nem pelo seu nariz empinado nem pelos seus lábios. Nunca nessa vida.
— Ah, vamos, Rebecca. Tem mais de um mês! Volta para mim.— ele pediu, o imaginei como uma criança fazendo birra por um doce e ri.
— Me erra, Jasper! Vai, não tem um bando de coelhinhos esperando para serem massacrados por você?— provoquei fazendo um gesto de descaso para que ele saísse pela janela.
— Eu não machuco coelhos porque você gosta deles.— ele falou, forçando seriedade.
— Como você sabe? Não lembro de ter contado.
— Não sabia, você que acabou de confirmar.— ele sorriu de ladino e eu estiquei meu braço na sua direção e agarrei um punhado dos seus cachos, os puxando.— Sabe— começou ele, agarrando meu pulso e entrelaçando nossos dedos, um arrepio subiu pelo meu braço, incômodo— um fato interessante de quando se está apaixonado é a insistência no contato físico, você adora me agredir ou puxar meu cabelo por mais que saiba que isso nunca vai me machucar, portanto... Rufem os tambores— me soltei dele irritada e ele bateu os indicadores no painel da picape— Você continua apaixonada por mim.
Revirei os olhos e recolhi minha mão antes que lhe desse um tapinha no rosto.
— Não seja ridículo.— eu disse e estacionei atrás do volvo de Edward.— É melhor você sumir antes que meu pai te veja, tem certeza que é mais rápido que uma bala, querido?— provoquei o encarando maliciosa.
— Está flertando comigo?— ele cerrou os olhos e sorriu convencido.
— Ah, Deus! Você é insuportável!— reclamei e desci da picape pegando minha mochila na caçamba da mesma.
— Te vejo no seu quarto.— Jasper disse.
— Não...— quando olhei para trás ele não estava mais lá, bufei impaciente e resmunguei entrando em casa.
Papai não está então senti liberdade de soltar um grito na beira da escada, a risada de Jasper me alcançou, mas ele continuou escondido nas sombras do segundo andar.
— EU NÃO TE CHAMEI PARA FICAR, JASPER HALE!— subi as escadas pisando firme e abri a porta do meu quarto com força, Jasper estava deitado na minha cama, relaxado com uma perna sobre a outra e brincando com um cubo mágico numa velocidade anormal.
— Por isso que eu não perguntei se podia.— rebateu ele, sem me olhar, enfim relaxou o cubo terminado na minha mesa de cabeceira.
— Eu vou matar você.— cruzei os braços balançando a cabeça— Meu Deus, você sempre foi assim!?
— É, o amor pode ser cego as vezes, mas eu só sou "assim" quando eu quero.— ele fez aspas com os dedos e me encarou, parecendo completamente confortável, relaxou as mãos na parte de trás da cabeça e suspirou.— Por sinal eu adoro quando você fica brava, de alguma forma você consegue ficar ainda mais sexy.— ele disse e numa voz sedutora me olhando de cima a baixo, senti meu rosto ferver, fosse de irritação ou excitação, eu nunca saberia.
— Vaza, loiro. Eu tenho que me trocar.
— Para se encontrar com Dave Marks?
— Pra correr.— o corrigi.
— Com o Dave Marks?— insistiu, gemi de frustração e ele riu— Sabe, de vez em quando...— ele começou pensativo virando os olhos para o teto— eu até que vejo uma semelhança entre nós, mas, fala sério, eu sou muito mais bonito.
— Você está ficando obcecado.— comentei dando de ombros e me virando para meu guarda roupa, peguei o que precisaria.
— Não, você está obcecada.
— Vai se foder, por favor.— pedi.
— Não vou sem você, meu amor.— rebateu ele, eu ri sem humor.
— Garoto impossível!— exclamei e saí para o banheiro.
— Que você já foi apaixonada!— Jasper me seguiu e eu bati a porta na sua cara.
— Ah, QUE ERRO!— gritei socando a porta.
— DEIXE-ME CORRIGIR, VOCÊ AINDA É APAIXONADA.— Jasper gritou de volta, eu sorri, parte de mim gosta de suas provocações, e mesmo sem ver poderia imaginar perfeitamente ele sorrindo também. Apesar de tudo, conhecemos um ao outro.
Troquei de roupa vendo sua sombra se mover de um lado para o outro no corredor, impaciente, hoje ele está mais no meu pé do que nos outros dias, me pergunto o porquê.
Vesti minha calça moletom cinza de corrida e um top preto. O frio passaria quando começasse a correr. Saí do banheiro e os olhos de Jasper foram direto para o meu decote.
— Uau.— ele disse e eu corei violentamente, mordi o lábio e me desviei dele descendo para pegar meus tênis de corrida, Jasper já estava na minha frente quando pisquei.— E se... Dave estivesse doente demais para correr hoje?— sugeriu ele, ainda fitando meu corpo, peguei uma almofada no sofá e bati com ela no seu rosto. Ele apenas piscou.
— Tudo bem, eu não estou muito afim de companhia mesmo.— eu lhe disse, mas depois pensei bem e encarei o loiro perversa— Mas... talvez eu passe na casa dele, sabe, ver como ele está, provavelmente sozinho a essa hora... Deve estar uma droga, tão solitário.— provoquei Jasper, sua mandíbula ficou marcada e ele levantou as sobrancelhas como se duvidasse que eu fosse capaz de tal, ameacei sair pela porta mas ele me girou para que ficássemos frente a frente, fechando a porta com uma mão. Ele se inclinou na minha direção, eu estava encolhida, sem muito para onde correr, à minha esquerda; o braço de Jasper, e à minha direita uma coluna que dividia a sala do hall. Cerrei os dentes evitando o olhar penetrante do loiro.
— Você não ousaria.— ele disse, o rosto a menos de trinta centímetros de distância do meu. Dei de ombros cruzando os braços, evitando deixar transparecer como sua respiração fria e doce me causa arrepios.
— Talvez eu ouse.— finalmente o encarei, ele ficou sério por um minuto, mas depois seu semblante se suavizou num sorriso, ele desceu os olhos âmbar para minha boca e depois voltou aos meus olhos.
— Não. Não ousaria.— disse, com certeza.
Deve haver algum magnetismo entre nós, pois a distância diminuiu significativamente antes que nós notássemos. No entanto, a atenção de Jasper foi desviada, algo que meus sentidos humanos não captaram e ele me olhou com frustração, abriu a boca como se quisesse dizer algo, mas desistiu e foi embora, sem mais nem menos. Não me disse nem um "tchau".
Pisquei, confusa, minha respiração ofegante e meu coração enlouquecido. Jasper sabe que pega pesado quando se aproxima tanto de mim, mas nada o impede de o fazer.
— Idiota.— resmunguei balançando a cabeça e saí de casa sem mais nada para me impedir.
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