Em fúria
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REBECCA SWAN
O fogo do inferno...
É, talvez seja isso, eu estou pagando pelos meus pecados. Meu corpo arde, eu estou em meio a um vulcão e não há ninguém para me salvar, nem mesmo eu tenho a capacidade de escapar.
Durante horas desde que acordei eu quis morrer. Nunca quis tanto algo na vida. Eu desejo, tanto tanto isso... mas eu não consigo me mover por algum motivo, eu ouvia barulhos demais ressoando por todos os lados, vozes confusas me chamando, me deixando assustada como se eu estivesse vendada ouvindo um filme de terror. Flashes estranhos de sonhos ou memórias que nunca ficavam tempo o suficiente para que eu pudesse compreender sobre o que se tratavam. Minha cabeça doía mais que o resto do corpo, como se o ácido tivesse gostado mais dali por alguma razão.
Eu não conseguia pensar. Eu gritaria por horas se conseguisse relaxar minha mandíbula para abrir a boca. Quero arrancar meus olhos, minha língua, minha cabeça, meu coração, quero morrer de qualquer jeito desde que seja rápido e imediato. Eu não sei o que aconteceu, como eu vim parar aqui para começo de conversa. Quando a hipótese de inferno foi descartada, a verdade veio como um tapa na cara.
Eu estou me transformando em vampira.
Eu não sabia de nada fora ter ido dormir chorando na noite anterior por causa de outra dor. Dor que parecia imensamente irrelevante comparada ao calor do sol, me fritando de dentro para fora.
Eu estou furiosa por trás do pavor.
Por mais que eu tentasse entender o que estava acontecendo ao meu redor, sempre havia um bloqueio, as falas se tornavam balbucios sem sentido, mesmo que altos e pertos de mim, eu nunca os compreendia. E sempre tinha alguém falando. Sempre havia alguém me tocando, mas nem eu sabia onde exatamente ou pra quê. Eu sou quero que isso acabe, eu não consigo nem mais chorar. Nos poucos segundos que eu conseguia pensar eu me perguntava por quê.
Como isso aconteceu? Quem fez isso comigo? Por que? Por que?
Então os flashes vinham, faziam minha mente nebulosa e desconexa. Eu não entendia nada, e estava impossível tentar. A dor logo se eleva acima de qualquer coisa.
Dor. Tortura. Mesma coisa.
Eu perdia a cabeça, ficava na insanidade de querer morrer desesperadamente. Por um momento, algo conseguia me distrair, algo que diminuía minimamente a dor, era quando as vozes ficavam mais altas. Os flashes vinham brilhantes e irritantes e iam embora. Era um ciclo irritante e inacabável.
Pareceram anos, minha noção de tempo estava fodida porque eu estava presa dentro de mim mesma e incapaz de captar qualquer coisa ao meu redor. É o inferno? Voltei a teoria, pensando que tinha passado do tempo de transformação e não tinha como negar que eu estava sendo torturada pelo diabo em pessoa. Como eu morri para estar aqui? Será que eu fiz algo horrendo para merecer isso?
Meu coração batia tão rápido que parecia que sairia pelo peito abrindo caminho a força.
O fogo não deu pausa nem por um segundo. E como se já não fosse a pior dor do mundo, ele se intensificou conforme eu parecia estar tendo um ataque cardíaco. Minhas costas arquearam conforme eu senti que agarraram meu coração enfiando a mão no meu peito e o levantaram.
Senti meus olhos rolarem e minhas pálpebras se abriram mas eu não pude enxergar. Fiquei nessa posição pelos próximos minutos, o tic tac de um relógio começou a soar na minha mente, sem pressa e continuo. O fogo se intensificou por todo meu corpo. Eu abri a boca mas não emiti qualquer ruído. Tive um lapso, como uma visão, Victória veio para cima de mim, ela conseguia me pegar. O que isso quer dizer?
O fogo foi deixando meu corpo, o alivio e o formigamento vieram primeiramente da ponta dos meus dedos, dos pés e das mãos, e seguiu subindo por meus braços e minhas pernas, numa velocidade de demasiada preguiça, me deixando ansiosa e estressada. Fechei os punhos com força, esperando.
Era tudo que eu podia fazer; esperar.
Mais minutos se passaram. Indescritível a maneira como o calor se intensificou no meu peito quando imaginei que tudo estivesse acabando. Meu coração parou de lutar. O calor foi embora, mas ainda havia uma ardência na garganta como se eu tivesse me afogado no mar.
Meu corpo afundou no colchão como se tivesse sido empurrado.
Abri os olhos, me sentando como se minha alma tivesse acabado de voltar para meu corpo. A luz quase me cegou vinda de uma porta escancarada diante da cama de casal que eu estava. Arregalei os olhos surpresa ao ver o mar, a cor mais azul e bela com a qual eu já tinha me deparado. Ela pintava o céu num tom mais fraco e eu finalmente me livrei do estupor, ouvi as ondas quebrando na praia, a porta rangendo com o vendo fraco que invadiu o quarto, fazendo as cortinas brancas que iam do teto ao chão se erguerem numa dança lenta e bela. Encantadora. A poeira dançava ao meu redor, e eu não pude conter o sorriso, levantando a mão para agita-la mais um pouco como se estivesse brincando com um floco de neve em um dia de inverno, foi quando notei, na minha mão direita, as cicatrizes. Na minha palma, pulso, subindo pelo meu braço até os ombros, segui a trilha até meu outro braço com as mesmas cicatrizes. Mordida. Eu fui mordida vinte e uma vezes.
Encarei as marcas no meu braço direito, minha cicatriz do corte que me causei por causa de James, não estava mais lá. Subi os dedos pelo meu ante braço e encarei, perplexa por um momento uma aliança no meu anelar. Pisquei algumas vezes, rápido demais. De onde vem isso?
Olhei de novo para meu pescoço, encarando um colar de ouro cumprido que ia até o meio dos meus peitos parecendo combinar de propósito com meu vestido preto e curto. Será um conjunto? As duas joias são muito bonitas, eu que comprei? Por que eu não me lembro?
Franzi a testa olhando ao redor, procurando pistas. Algo me fez levar a mão a parte de trás cabeça, como se ali devesse estar machucado. Mas não senti nada. Os flashes confusos vieram de novo, se misturando em um turbilhão. Nada faz sentido.
Tinha um espelho do outro lado da cama de casal, encima da mesa de cabeceira. Insignificante de tão pequeno, manchado de batom vermelho, fui para lá num milésimo de segundo.
O cheiro de maquiagem ficou mais forte, e eu vi primeiro o que estava escrito antes de surtar com meu reflexo.
Nos encontre lá fora. Vá para a sala e siga o cheiro.
Segurei o espelho encarando meu reflexo por trás do pedido. Os olhos vermelhos cintilaram, assustados. Quebrei o vidro quando mais flashes me perturbaram, e recuei batendo as costas na parede do outro lado do quarto, quebrei a porta de madeira. Ela estalou tão alto! Gritei cobrindo meus ouvidos.
Cheiro? Que cheiro? Inspirei, tinha um cheiro fraco no quarto, alguém havia estado aqui há pouco tempo, mas eu não conhecia.
Corri pela casa sem controle, derrubando e quebrando mais coisas do que achei ser possível no meio do caminho, não por falta de reflexo, mas minha força parecia sem fim. A sala é no andar de baixo. Ampla, clara e cheia de portas tão largas quanto as do quarto que eu estava. Tinha prateleiras ocupando duas paredes, todas cheias de livros. Eu não pude impedir o golpe confuso de nomes e cores, curvas e cheiros, uns mais velhos que os outros. Franzi o nariz, ficando cada vez mais irritada por não saber de nada. Farejei de novo, o cheiro doce e suave de salada de frutas bem mais intenso do que no quarto. Era fácil visualizar, a trilha surgiu na minha frente, me guiando para fora. Andei com mais cautela, receosa de quem encontraria. Meu criador? Será que eu fui feita como soldado, que nem Jasper?
O sol do lado de fora brilhava no seu ápice e eu hesitei, a ponta dos meus pés descalços no limite da sombra que a casa me oferecia.
Ergui a mão primeiro, levando a ponta dos dedos para a luz, enfeitiçada pelo brilho que se seguiu, o reflexo da minha pele de diamante, retribuindo a luz um arco íris. Sorri de fascínio, distraída do outro objetivo enquanto saía ao sol por inteiro. Fiquei imóvel por um momento, me admirando quando uma corrente de ar me trouxe o cheiro novamente, me lembrando de seguir a trilha. Segui a corda invisível até uma distancia considerável da casa, me deixando inquieta. Fui guiada para o meio da floresta, o verde e o marrom pintaram um quadro belíssimo e eu estava encantada pelos raios solares que invadiam por entre as folhas e galhos, pássaros voaram ao redor mas não pousaram, talvez por medo de mim. Os insetos seguiam seus trajetos, eu os via em todos os lugares, subindo e descendo as arvores, atravessando o campo que em sua percepção deveria ser enorme. Continuei andando até me deparar com um beco sem saída, rochoso e estreito, bastante aberto e, mesmo que desconfortável com tamanha exposição, me dirigi ao meio, pois o cheiro estava mais forte lá e eu sabia que encontraria minha criadora. Cogitei a hipótese de matá-la e fugir, mas preciso saber onde estou primeiro, girei ao ouvir o assobio vindo das minhas costas, e saiu do meio das arvores uma loira majestosa usando jeans e regata, sua pele cintilava a luz do sol como a minha. Seus olhos dourados brilharam quando eu me abaixei pensando em me defender. Como eu farei isso? Se eu fui mesmo criada para ser um soldado, certamente ela deve ser boa lutadora? O que eu faço? O que eu faço?
— Oi, Rebecca— cumprimentou ela, tombando a cabeça de lado— Você está linda.
— Como me conhece? Por que seus olhos são assim? Você conhece os Cullen? Quem é você?— falei em disparada, tão rápido que me surpreendi com o tom estranho da minha voz, está mais... diferente. A estranha fez uma cara de aborrecida.
— Não se lembra mesmo de mim?
— Deveria?— perguntei, impaciente.
— Eu sou sua amiga, Maggie de Denalli... ?— ela gesticulou como se me incentivasse, a olhei torto mas não respondi. Ela suspirou— Bom saber que se lembra deles— ela apontou para trás de mim, acima. Olhei sem conter o primeiro instinto de curiosidade, morro acima alguém se aproximava, o casal pulou morro abaixo parando a cinco metros de mim após fazer o chão reclamar por conta do impacto.
Congelei por completo de choque, analisando os rostos, primeiro de Alice, mais linda ainda do que me lembrava... apesar da memória dela ser completamente nublada... o que tem de errado com minha mente? Alice deu um passo na minha direção e sorriu para mim cautelosa, sem mostrar os dentes, não me contentei em encará-la e voltei os olhos para o loiro que me despedaçou dias atrás. Me abaixei para atacar, instinto que tampouco pude conter, devido as cicatrizes dele que gritavam perigo. Mostrei-lhe os dentes, dominada pelo ódio do que ele fez eu sentir.
— Olá, Rebecca— Alice cumprimentou ignorando o clima delicado e claramente hostil ao seu redor. Jasper ajeitou a postura aparentemente a contragosto, pronto para se defender— Como está se sentindo?
— Pronta para matar— rosnei com os olhos fixos em Jasper. O loiro me olhou como se tivesse acabado de lhe ocorrer algo que ele não gostou nem um pouco— Como você ousa mostrar a cara depois do que fez comigo?
— Becca, do que você se lembra?— Alice perguntou me avaliando, a ignorei deixando a raiva me possuir por completo.
— Do que se lembra, Becca? Do que está falando?— Jasper perguntou recuando conforme eu avançava em sua direção.
— Do que eu estou falando? Do que estou falando?— repeti incrédula— Foi tão fácil assim para você esquecer? Tudo que me lembro é de você ter me deixado à mercê do desespero!— gritei, pulando na sua direção e socando a parede de pedra atrás deles, destruindo-a, quando era para ter acertado o rosto do loiro, mas ele desviou um segundo antes, olhei por cima do meu ombro, colérica, Alice deslizou para o lado dele, parti para cima dos dois, mas a loura e Alice me chutaram de volta contra a parede destroçada de pedras. Fulminei-as com o olhar, Jasper as encarou com fúria, e eu logo me esqueci da existência das duas, tinha um objetivo bem maior— Você não me destruiu o suficiente? VOLTOU PARA MATAR O RESTO?— gritei, e fiz careta pelo eco irritante que voltou para mim, saí da pedra que havia formatado minha silhueta e tapei meus ouvidos com força querendo esmagar meu próprio crânio.
— Se lembra de Volterra, Rebecca? Os Volturi?— o Hale continuou, eu o encarei desejando sua cabeça— Se lembra por que voltei?— tentei de novo ir para cima do trio, partindo para o ataque direto. Maggie torceu meu braço com facilidade me colocando de joelhos na frente de Jasper, mas eu soquei o joelho dela a puxando para baixo comigo e soltei meu braço socando o rosto dela. Me reergui e a loira puxou meu braço também me socando no rosto, houve um momento de pausa, e eu a encarei furiosa, ela parecia não querer ter feito aquilo. Agarrei seu pescoço e Alice subiu nos meus ombros puxando minha cabeça, meti a mão dentro da boca da loira, abrindo-a a força.
— Solte-a!— Alice rosnou para mim, eu não sabia se ela arrancaria mesmo minha cabeça com Jasper assistindo, mas não quis arriscar, tirei a mão da boca da loira e a chutei no meio do peito fazendo-a deslizar no chão até bater as costas numa arvore, a derrubando sobre si. Agarrei o braço de Alice a tirando das minhas costas e a colocando de costas para mim, lhe prendi em um mata leão e apertei seu pescoço, querendo arrancar sua cabeça do mesmo jeito que ela ameaçou fazer comigo. Foi a vez de Jasper interromper, ele me prendeu por trás abrindo meus braços o suficiente para Alice escapar. Lhe dei uma cabeçada, furiosa por sua audácia de me tocar, ele não me soltou de primeira, nem de segunda, só quando Alice e Maggie se recompuseram que ele me largou, me jogando de volta a parede de pedras. Rosnei novamente, sacudindo a cabeça para me livrar da poeira, e corri na direção dele querendo matá-lo, ele é mais rápido, me rodopiou com as garotas me deixando confusa apesar de eu saber diferenciar bem suas imagens não consegui processar qual atacar primeiro.
— Eu voltei, Rebecca, voltei porque você me salvou!— ele disse, angustiado.
— Por que eu faria uma merda dessas?— vociferei tornando a segui-lo. Ele escapou, dessa vez correndo em linha reta em disparado pela floresta. Fui atrás, tendo plena consciência que Alice e a loura nos seguiam de perto. Mas meu foco é ele, nada me impediria de alcançá-lo.
— Porque você o ama, Rebecca! Não tem como você ter esquecido isso!— Alice gritou para mim, rosnei a ignorando e acelerei o passo e deixando as duas para trás. Estiquei o braço nas costas do loiro, ele deu uma cambalhota no ar sobre a minha cabeça. E eu freei, deslizando no chão levantando terra. Apesar de não estar cansada nem de longe, eu ofegava como se estivesse correndo uma maratona.
Os três pararam a vários metros de distância de mim, Jasper no meio, ladeado por Alice e Maggie. Olhei para trás, o som estava mais alto nas minhas costas, o mar logo ali. Tomei uma pose de ataque mantendo em mente que a fuga está perto caso seja necessário.
— Eu deixei de amar você no dia em que você me largou!— falei entre dentes.
— Isso é mentira— Jasper respondeu, respirando fundo— É mentira e você sabe disso!
— O que eu sei é que você foi embora por porra de motivo nenhum! Você me abandonou porque quis! Tudo o que sei é que ter te amado acabou comigo! Eu te implorei de joelhos e mesmo assim você me deu as costas!— eu acusei, botando tudo para fora— Tudo o que sei é que vou fazer você pagar.— Bufei e parti para cima deles de novo. Corri com os olhos fixos em Jasper, ele não se moveu desta vez. Foi Alice que o tirou do caminho. Eu derrapei no chão de novo ao passar por eles, bufei como um touro raivoso e Alice balançava a bandeira vermelha.
— Você não quer me machucar, Becca— ela disse ficando entre Jasper e eu. Minha boca salivou.
— Ah, eu quero sim— garanti. A loura tomou uma pose mais protetora. Fechei a cara diante da afronta, mas nem cogitei recuar.
— Você não é assim, Rebecca— a loira disse— Eu gosto de você, mas não vou hesitar se atacar Alice. Por favor. Eu não quero que seu fantasma me assombre, você é minha amiga!
— Eu nem vou me lembrar de você pela manhã— rebati indo para mais perto delas. Algo me fez hesitar, elas pareceram mais valentes de repente, olhei Jasper, isso é coisa dele, está me fazendo ter medo delas. Recuei a contragosto evitando encarar o loiro.
— Rebecca, eu sei que você viu a aliança em seu dedo— Alice continuou— quem você acha que te deu ela?
— Cala a boca!— gritei sacudindo a cabeça, incomodada pelo sonho confuso que me veio à mente, embaçado e escuro. Eu estava feliz?
— Becca, você e Jasper vão se casar— disse ela, deixando o silêncio gritante se seguir, eu e Jasper nos encaramos, mais um sonho estranho, ele sorria malicioso para mim, estava escuro também, sacudi a cabeça fechando os olhos e tentando me manter na força do ódio— Eu não quero te machucar, não me obrigue a isso— ela pediu, séria— Não vou permitir que você machuque nenhum dos dois.
— Becca, por favor, me escute— o Hale pediu.
— Não, eu não quero.— sibilei abrindo os olhos novamente— Vocês estão mentindo. Por que eu o perdoaria? Por que me casaria com você?
— Você me ama— ele disse calmamente, me olhava como se confiasse que estivesse domando a fera, eu estava ofegante, meu cabelo cobria metade da minha cara e eu estou coberta de terra, estou agindo como uma insana, no entanto, sem a menor chance ceder— Nossa relação ficou ainda mais forte depois de tudo o que passamos nos últimos meses.
Foi a palavra-chave, arregalei os olhos de surpresa, congelando por completo por um minuto.
— Meses?— repeti, incrédula e desacreditada em primeiro momento, meus olhos desfocaram e tudo ao meu redor perdeu o controle, como se o mundo estivesse desmoronando— Meses?— falei de novo, mais para mim do que para eles— o que... ? Quando... ?— balbuciei piscando depressa— Vocês foram embora tem uma semana...
— Não, Becca, isso já vai fazer um ano— Jasper disse saindo de trás do escudo das garotas, caí de joelhos, em choque. Os flashes desconexos vieram de novo, me bombardeando sem me dizer nada. Jasper caminhou na minha direção lentamente, com um pé atrás, fez sinal para que as garotas permanecessem em seus lugares.
Fitei os olhos negros do loiro longamente me sentindo desmoronar de novo, o replay da minha definição de inferno. Em um clique rápido como acender a luz, eu escolhi a raiva de novo e o ataquei. Enforquei-o o prendendo a centímetros do chão, ele segurou meu braço com uma mão enquanto com a outra fazia sinal para que as garotas não se metessem. Elas rosnaram, desconfortáveis, mas obedeceram.
— Está tudo bem, tudo bem— ele disse com dificuldade.
— Diga que está mentindo! Admita!— exigi, esperando que fosse uma brincadeira sem graça.
— Não é mentira, Becca— falou ele, rouco enquanto eu apertava mais seu pescoço— Podemos te contar tudo que precisa saber... só pare de lutar— ele pediu. Rosnei hesitante, minha boca salivava como se exigisse que eu mordesse algo— Preciso que você se lembre.... de tudo que passamos desde aquele dia, caso isso não aconteça mesmo depois que você me ouvir... pode me matar, Alice e Maggie irão embora, e você será uma nômade. Ninguém vai te perturbar por isso, lhe dou minha palavra— ele me encarou fixamente, tentando manter a postura. Como se sua palavra valesse alguma coisa!
Alice se remexeu atrás de mim, inquieta, seu nervosismo me deixando irritada.
— Pode acabar comigo, meu amor— Jasper disse, entredentes—... quantas vezes você quiser, sabe disso, não sabe?— houve mais um clique na minha cabeça, algo que me fez soltá-lo, abrir minha mão instantaneamente, e ele respirou de alivio caindo em pé e se curvando na minha frente, segurando o próprio pescoço. Seus olhos negros e fundos me encaram de perto, vi meu reflexo inexpressivo em seu olhar. Ele exibiu alguma dor me encarando, diferente de qualquer outra, um sofrimento que eu conheço bem. Recuei desviando o rosto. Jasper respirou fundo levando a mão ao pescoço, Alice suspirou de alivio. A loura tentou sorrir para mim de novo, mas eu a ignorei.
Corri de volta para a casa, em parte surpresa por me lembrar do caminho sem precisar seguir meu cheiro. Os três vieram atrás de mim em silêncio.
Fomos direto para a sala de estar. Me sentei na poltrona perto da porta que levava a escada para o andar de cima, usei força demais no movimento e quebrei as quatro pernas dela, tendo diminuído consideravelmente sua altura, mas procurei não perder a postura e os encarei, impaciente. Alice ficou atrás do irmão com Maggie colada ao seu ombro, agitada, ela me olhava pronta para atacar, atenta a qualquer movimento meu. Encarei o loiro reprimindo qualquer coisa que pudesse sentir encarando aquele rosto esculpido pelos deuses. Cruzei as pernas, batendo na minha coxa para me livrar da sujeira de terra.
— Sou toda ouvidos.
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