A lua está linda

META DE COMENTÁRIOS: 60

— Está sentindo alguma coisa?— perguntei abrindo os olhos. Jasper me olhou torto e bateu o livro na minha testa, eu sorri e tornei a fechá-los.

— Não, nada— ele respondeu, parecia concentrado— O que exatamente você sentiu da primeira vez que projetou?

— Isso soou estranho, parece que em breve vou falar com espíritos— eu ri, Jasper me bateu com o livro de novo. Um professor rigoroso quando quer. É nossa décima primeira tentativa de trazer meu dom à tona. Digamos que eu não esteja sendo muito colaborativa. Faz cinco dias desde que quase matei Jasper com a espécie de força mental e três que ele me convenceu que deveríamos tentar ao menos saber com o quê estamos lidando.

— Pare de resistir— me censurou.

— Eu não quero brincar com isso, Jasper— abri os olhos saindo da pose de meditação, ele balançou a cabeça, frustrado.

— Se continuar tentando fugir disso por causa de medo aí que será controlada por ele— ele citou, revirei os olhos, Jasper me deu um tapa na nuca direto. Dei uma cotovelada no seu joelho, rindo— Humor como mecanismo de defesa, que fofinho— zombou— pensei que fosse mais corajosa, querida.

Fiz uma careta feia para ele.

— Deixe de ser chato, ou uma hora eu vou te matar e será com as minhas próprias mãos— ameacei, sorrindo com ironia, estiquei as pernas e ele chutou meus pés andando ao meu redor, pensativo.

— Hm...— cruzou os braços— Talvez seja algo que você ativa quando acha que precisa se proteger?— cogitou.

— Não, se fosse isso eu teria matado Alice aquele dia— descartei— ela quase arrancou minha cabeça!

Morte, argh, só de pensar nisso fico furiosa ao me lembrar do "meu enterro", eu não estive presente, óbvio, mas fiquei de mau humor o dia inteiro, basicamente foi um motivo para aceitar essa coisa de projeção com Jasper, porque não parava de pensar em como Isabella precisaria de mim tão logo, ela ainda não está sendo permitida de ver Edward, e papai colocou grade na sua janela junto com um sistema de alarme por toda a casa, ele está piorando cada vez mais. Carlisle tenta pedir ajuda de alguns conhecidos para me treinarem, mas como ele não gosta de mentir e todas as vezes os outros perguntam como é meu dom de acordo com a primeira projeção, eles se negavam por medo de acabarem mortos.

A pior parte é que não foi uma ilusão, como Jasper afirma ser o dom de Jane. Eu realmente o feri, eu lhe arrancaria os membros e não teria mais volta. Eu resisto porque é necessário. Não posso mudar isso. Não posso arriscar. Jasper é tudo o que eu tenho agora.

Encarei Jasper enquanto ele pensava. Minhas memórias iam se solidificando, finalmente pareciam ser minhas, e o tempo entre elas ia ficando mais claro. Eu estou tentando com todas as minhas forças me lembrar, e digamos que de tudo estou carregada no 50%.

O clima entre nós fica cada vez mais tenso conforme me recordo de cada momento que passamos juntos. Há uma tensão sexual palpável sempre que ele me dá essas aulas sem chegarmos a lugar algum, trata-se fechar os olhos e ouvir sua voz de perto, me rodeando como se ele sussurrasse no meu ouvido.

É tentador demais, eu mal consigo me controlar. Meus pensamentos saíram dos trilhos quando Jasper me encarou, o olhar se aprofundou no meu, ele completamente sério e pensativo, os braços fortes com as cicatrizes expostas. Tem como ele parar de ser tão sexy?

Respirei fundo e me ajeitei na poltrona, me contendo. Por dentro, eu só pude planejar. Será que eu o machucaria se... ? Ah, ele é meu noivo, então tecnicamente a gente pode.

Será que Alice iria prever isso, ah, pelo amor de Deus, que vergonha!

— O que está pensando?— ele me perguntou me pegando desprevenida, o olhei fazendo a maior cara de inocente que pude— Está nervosa. O que foi?

Você, quis responder, mas me contive em dar um sorrisinho e mudar de assunto:

— Se fosse mesmo o caso que eu precise me defender... e se você me treinasse? Não desse jeito de meditação e "abra sua mente", mas um combate real?

— Eu não vou lutar com você, Rebecca— ele balançou a cabeça, me levantei o encarando com tédio.

— Não é como se fosse me matar— repeti suas palavras afinando a voz e ri sozinha. Ele me olhou torto, em censura, mas pareceu cogitar a ideia— Trabalhar mente e corpo. Não acha mesmo que eu vou passar a eternidade sem te puxar para uma briga, não é?

— Claro que não, você é louca— ele arregalou os olhos como que para dar ênfase na sua fala, lhe mostrei o dedo carinhosamente. Me aproximei dele e peguei sua mão.

— Vamos, Jasper— pedi apertando sua mão com força desnecessária, divertindo-me ao vê-lo fazer careta. Se tem algo bom nesta vida de vampira, essa coisa é a força. Eu me sinto indestrutível— Me treine, eu tenho que ser uma melhor lutadora que você antes de voltarmos para casa.

Ele me olhou com deboche.

— Querida, acha mesmo que pode me superar?— me desafiou, sorri maliciosa.

— Não pode me impedir de tentar— argumentei, ele hesitou acariciando minha mão com o polegar— Por favor!— lhe dei um puxão mais para perto, ele resistiu, mas não por muito tempo, dando um sorriso de canto. Nós dois sabemos que isso nos aproximaria, é impossível ficar sem se tocar.

— Vem, não vamos destruir mais ainda a casa de Esme— ele me puxou para fora e nós corremos de mãos dadas para o outro lado da ilha.


— Perdeu de novo, meu amor— ele sussurrou no meu ouvido, me fazendo rosnar de estresse. Seu braço envolvia com firmeza meu pescoço e ele prendia uma mão minha nas minhas costas. A mesma posição pela milésima vez e ele não se cansa de me mostrar como estou desatenta.

— Exibido— revirei os olhos, ele sorriu e me soltou se afastando imediatamente. Me virei na sua direção.

— Você só parte para o ataque óbvio, querida— ele falou, numa pose formal e um sorriso mais que convencido nos lábios— Não está tentando me surpreender— disse, levei a mão ao peito ofendida, notável sua intenção; provocar minha raiva ferindo meu ego para que eu continuasse perdendo. Está dando certo.

Meu ego é muito frágil e ele sabe disso, que vacilo.

Ele é mais rápido que eu e bloqueia todos os meus golpes como se lesse meus pensamentos, eu fico cada vez mais irritada.

— Está lutando como uma criança— ele acusou, eu ri maléfica e me abaixei me preparando para atacar de novo. Corri, e ele apenas saiu do caminho, recuei antes de bater na arvore na minha frente, eu tenho que parar de derrubá-las, nada a natureza tem a ver com minhas frustrações. Olhei para Jasper por cima do ombro, possessa. Ele me mandou um beijo e riu saindo correndo na minha frente. Já é fim de tarde, o sol ia se pondo, surpreendente como o tempo voa.

Persegui Jasper até ele correr para dentro do mar e hesitei a beira da água encarando-o mergulhar, não havia como seguir seu cheiro lá dentro. Sorri e me livrei dos meus tênis jogando-os para fora do alcance da água e entrei atrás do loiro quando ele finalmente exibiu a cara, a um quilômetro da baia. O alcancei depressa e sem dificuldade. A água não pesa, mas é um pouco irritante tentar ficar na superfície, não podemos parar de nos movimentar. Tentei bater no loiro, mas como sempre ele leu meus pensamentos e segurou meus pulsos. No espaço mínimo entre nós foi uma competição de força que nos fez afundar depressa em uns bons metros até encontrarmos areia. Os peixes escaparam de nós apavorados.

Eu sorria e chutava Jasper, ele me empurrava para longe e nadava para mais longe ainda. Persegui-o completamente animada por não precisar de ar, o mar é mais lindo de dentro. Os corais pintam e bordam a paisagem das mais diversas cores, dando vida e certa alegria de admirar. Somos bem mais velozes que os peixes, então para zoar, Jasper tomou a frente deles e rugiu fazendo bolhas de ar saírem da sua boca, o grupo de peixes se dispersou e eu não aguentei ficar sem rir. A água entrou por todos meus orifícios de maneira incômoda e eu me agitei para voltar para superfície.

Eu nadei com força para cima, e o impulso me fez saltar na água agitada que nem um golfinho, Jasper ria sem produzir som debaixo d'água e me imitava. Ficamos nessa competição sobre quem pularia mais alto. Eu ganhei, ou, bem, ele me deixou ganhar pelo menos isso. Nós gritamos todas as vezes que estávamos fora da água. Eu não conseguia parar de rir.

Em certo momento, quando a lua cheia começou a se fazer mais presente, nós finalmente retornamos à baia e, encharcados, tornamos a nos atacar, rindo. Ele pegou leve dessa vez.

— Você me disse que me deixaria ganhar todas as vezes, seu mentiroso— acusei lhe dando um empurrão, ele cambaleou para trás e voltou com tudo me derrubando na areia fofa como um quarterback, eu ri me debatendo para me livrar, mas ele segurou meus pulsos se sentando no meu colo e me encarando de cima com malicia.

— Eu peguei leve o dia todo, tolinha.— ele sorriu— Você pode ser mais forte agora, mas não é páreo para mim— gabou-se, livrei minhas mãos irritada e soquei seu peito o jogando de volta para água. Ele riu claramente se divertindo enquanto eu me colocava de pé— você está horrível— apontou para meu cabelo cheio de areia, abaixei agarrando um punhado da mesma e a moldei como uma bola de neve tacando-a no peito do loiro, ele me olhou com indignação, e se abaixou para fazer o mesmo.

— Não, não!— eu ri me encolhendo, tive a ideia de correr em zigue-zague rapidamente para escapar da sua mira. Ele pode ser veloz, mas a bola de areia não resistiria até me atingir.

Jasper correu para mim e agarrou minha cintura por trás tirando meus pés do chão, eu ri e esperneei, sacudindo as pernas no ar, fazendo peso enquanto ele esfregava meu cabelo molhado no meu rosto. Eu não tinha escapatória, então o mordi. Ele me soltou, me olhando ofendido.

— Como pôde?— indagou, fazendo-se de furioso. Lhe mandei um beijo e corri na direção da casa.

— Você luta como uma criança— provoquei lhe mostrando os dedos do meio— Eu vou tomar um banho que eu ganho mais!— alertei tirando o vestido pela cabeça ao entrar no quarto sem fechar a janela, meu guarda roupa escolhido totalmente por Alice se consistia apenas de vestidos e peças arejadas, não tem uma calça jeans digna! Ninguém merece.

Não precisei olhar para trás para saber que Jasper vira que eu estou sem sutiã e talvez, apenas talvez, tenha sido de propósito. Ouvi-o correr para dentro de casa em seguida, dando uma risadinha. Entrei no banheiro pensativa, está na hora do castigo acabar, não é?

Acho que não há motivos para não acabar com essa tensão essa noite. A lua está muito bonita.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top