Uma chance

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Chegamos em casa a mil por hora, papai estava na cozinha e ele e Harry Clearwater se preparavam para mais um dia de pesca. Nos aproximamos apressadas para contar a novidade.

— São lobos!— Bella disse ansiosa.

— Lobos enormes! Nós vimos eles na floresta!— continuei levando a mão a minha testa, parecia que minha cabeça iria explodir de estresse, muitas coisas para lidar.

— O que?— papai franziu a testa, confuso, nos olhando como se estivéssemos loucas— Que é que vocês estavam fazendo na floresta!? Eu não mandei ficarem longe dela?— ele explodiu.

— Pai, pai, calma!— pedi tentando pensar numa desculpa.— Nós... hm, é... a gente só estava dando uma volta, mas esse não é o caso— tentei desfocar— vimos os ursos..

— Que na verdade são lobos gigantescos e eles estavam atrás..— Bella se interrompeu cautelosa— de alguma coisa.— apressou-se a dizer, Harry tinha um olhar estranho, nos analisando como se fosse uma audácia estarmos contando isso para Charlie, o encarei desconfiada e ele se concentrou no equipamento de pesca sobre a mesa. O ignorei rapidamente.

— Bom... O que acha disso, Harry?— Charlie se voltou para o amigo que deu de ombros.

— Tem certeza de terem visto lobos?— ele nos lançou um olhar desacreditado.

— Sim!— eu e Bella falamos ao mesmo tempo, ansiosas, é óbvio que estávamos falando a verdade. Eles se entreolharam e papai se encostou em sua cadeira, pensativo.

— Bem, isso pode facilitar as coisas, vamos chamar a guarda florestal, vamos caçar uns lobos.— declarou ele e nós suspiramos aliviadas— Mas vocês devem me prometer que não voltarão á floresta até nos livrarmos dos lobos.— ele nos encarou severo, eu concordei balançando a cabeça repetidamente, não tinha a menor intenção de me esbarrar com Laurent de novo, tampouco com lobos maiores que cavalos. Puxei Bella pela manga da sua blusa e subimos para seu quarto, fechei a porta e a empurrei para se sentar, andando de um lado para o outro pensativa.

— Estamos mortas... á essa altura talvez Laurent já tenha contado para Victoria que estamos sem proteção...— roí minhas unhas olhando o carpete desfocada, minhas mãos tremiam quase loucamente.— Temos... temos que deixar Forks. Imediatamente.

— E para onde é que iríamos? E Charlie!?— Bella rebateu, irritada com a ideia.

— Talvez ela perca o interesse nele quando ver que fomos embora...— Tentei ter esperança.

— Ah, e vai fazer como James? Nos atrair com velhas fitas cassetes? Acho que não! James só não envolveu a mamãe porque não conseguiu pegá-la.

— Para de me corrigir, porra, e pensa! Me ajuda ao invés de apenas criticar!— falei alto, a voz raivosa. Bella me fuzilou com o olhar.

— As coisas não podem complicar que você já pensa em fugir daqui.— nós nos encaramos sérias e eu senti minha mão formigar de vontade de lhe descer o tapa.

— E O QUE É QUE VOCÊ QUER FAZER!?— gritei, mas procurei me lembrar que papai está no andar de baixo. Respirei profundamente tentando não explodir— Esperar aqui? Até o fim quando Victoria estiver a ponto de nos matar, esperar que a porra de um Cullen apareça e salve o dia!? Adivinha só, meu bem! Eles não dão a mínima para nós! Eu não vou morrer aqui, não vou morrer em Forks, muito menos por alguém que sequer vai ligar para a minha morte! E eu te arrasto comigo mesmo contra a sua vontade!— a ameacei e ela se levantou, irritada.

— Você não vai me arrastar para lugar nenhum! Se a morte vier para mim que venha porque eu não suporto mais um dia que seja sem Edward!— ela vociferou, a voz baixa numa completa cólera. A encarei como se ela tivesse dado um tapa na minha cara.

— De que porra você está falando!? Isabella, eles nos deixaram e agora nós temos que nos virar! ELES NÃO VÃO VOLTAR!

— Alice veria Victoria atacando... eles voltariam para nos salvar, sei disso.— a encarei, incrédula.

— Isabella! Nós sequer temos ideia de aonde eles estão. Victoria pode estar na nossa porta agora mesmo!— ela cruzou os braços e voltou a se sentar.— Você quer... morrer?

— Eu não aguento mais, Rebecca. Só assim para eu ter ele de novo— eu fiquei cega de indignação por um momento, e quando pisquei tinha dado um tapa forte na cara de Bella. Ela virou o rosto tombando para o lado e levou a mão à bochecha. Minha mão ardeu, e apesar da culpa imediata, me recusei a pedir desculpas.

— Acabou.— eu disse com pesar.— Eles não vão voltar e eu não quero morrer! Pelo amor de Deus! Isso é... loucura.— acrescentei num sussurro baixo, mais para mim do que para Bella. Caí de joelhos, ficando imersa em pensamentos.

E foi nesse momento que me toquei o quanto quero viver. Eu sequer pensei em como ou para onde iríamos, mas eu não vou morrer por isso. Jasper se foi... Ele sequer vai saber que morri, quanto mais saber que foi Victoria quem me matou, isso se ele se importar em verificar. Se ela souber que eles nos deixaram, pra quê se vingaria? Não faz sentido, eles nem chegariam a saber. Alice não vê com precisão o futuro dos humanos.

Sim, falei de querer morrer, mas por Deus! Eu só queria uma solução fácil para me livrar da dor, mas nunca cogitei realmente levar a ideia para frente. Ficar sem Jasper dói para caralho, mas eu mal me lembro da sua voz ou do seu toque nesses últimos dias, e estou realmente cogitando a hipótese de desistir de ir atrás de adrenalina para ouvir sua voz raivosa. Eu tenho tantos planos para mim ainda, tanto para encarar. Ainda tenho esperança de que o tempo me cure, que eu aprenda a lidar com a dor do meu primeiro amor.

Eu não quero morrer, não por causa de uma coisa que ficou para trás. Ele nem sonharia que eu morri! Só seríamos uma vingança vazia para Victoria!

Não, obrigada, pelo menos sobre isso eu tenho algum senso de preservação. O resto deve haver tempo para ser trabalhado.

— Eu não quero morrer, Bella, e muito menos posso perder você.— levantei a cabeça para encarar minha irmã, mas ela se recusa a me olha, um lado da bochecha um pouco vermelho e eu suspirei arrependida por ter lhe batido. Arrastei-me para perto dela e segurei sua mão, ela trincou a mandíbula se recusando a me olhar.— Eu não queria te bater, mas essa ideia de imaginar você esperando para uma vadia vir destroçar você... é loucura, Bella, você precisa pensar bem, o tempo vai nos curar, nós...— pigareei— vamos arranjar um jeito. Olha para mim.— pedi em voz baixa, Bella me olhou de rabo de olho.— Eu sei que você o ama. Eu entendo. Nós sempre vamos amar eles, mas... nós temos que nos acostumar com a ideia de que não vamos mais tê-los.— minha tristeza transpareceu, mas talvez se Bella visse que estamos nesse barquinho juntas, ajudasse.— Eles foram embora porque queriam que tivéssemos uma vida normal, Bella.— dei de ombros, não confiante do que falava— Talvez devêssemos começar a tentar de verdade agora.

—...

—....

—...

—...

— Preciso ver Jacob.— ela quebrou o gelo e eu suspirei, forçando um sorriso.

— Podemos passar na casa de Dave? Prometo ser rápida.


O que é que você pensa que está fazendo!? Minha consciência questionou numa voz mortífera enquanto eu batia a porta dos Marks mais uma vez, com mais força. Começou a chover de leve, e eu logo estava molhada da cabeça aos pés. Dave abriu a porta com uma cara sonolenta e amassada com marcas de travesseiro, quase me desculpei, mas seu sorriso doce me lembrou do foco de eu ter ido lá.

— Rebecca Swan!— ele bocejou e coçou os olhos, o olhei de cima abaixo.

— Dave... pijama fofo, devo dizer.— comentei irônica, é uma blusa de botão de manga comprida e uma calça larga, o tecido parece ser uma delícia. O engraçado é que o pijama é um azul marinho com vários patinhos adoráveis. Mordi os lábios prendendo o riso. Eu faço muito isso perto de Dave Marks.

— Mamãe que escolheu.— ele sorriu, ele tem um ar inocente que me fascina. Eu poderia...

— Eu não vim interromper seu sono da beleza por muito tempo, perdão.

— Você nunca interrompe nada, Rebecca Swan.— disse ele bocejando de novo, se encostou no batente da porta de entrada parecendo que desmaiaria ali mesmo a qualquer instante.

Tinha de me apressar.

— Eu...— suspirei frustrada com minha falta de palavras— Eu só queria te dizer que se o jantar ainda estiver de pé... Eu topo.— dei de ombros e de repente Dave Marks pareceu muito acordado.

— Você está me chamando para um encontro, Rebecca Swan?— senti meu rosto queimar e tive que desviar o olhar com medo do seu olhar penetrante.

— Não se ache tanto.— sorri ao conseguir falar.

— Tarde demais.— Bella buzinou para mim, fiz um gesto para que ela esperasse sem olhar para trás.

— Tenho que ir.— meti as mãos nos bolsos fazendo menção de me afastar, Dave puxou de leve uma mecha do meu cabelo.

— Eu te ligo. Mas vamos no meu Mustang...— o censurei com o olhar prevendo o que ele falaria e ele fechou a boca, já deixei claro no começo que não gosto que ele faça pouco caso de minha picape. Ele me encarou com um ar de admiração e divertimento. Eu gostei.

— Tenha um ótimo dia, Dave Marks.

— Você acabou de fazer ele ótimo, Rebecca Swan.— ele disse e eu senti um sorriso largo rasgar meu rosto enquanto me afastava revirando os olhos.

Não troquei uma palavra sequer com Bella o caminho todo até a casa/mini celeiro dos Black.

Para a nossa surpresa Jacob estava do lado de fora da casa, e para minha surpresa maior ele estava irreconhecível. Sem camisa no meio da chuva, o cabelo num topete bagunçado e uma tatuagem no braço. UMA TATUAGEM! UM GAROTO DE DEZESSEIS COM UMA TATUAGEM NO OMBRO!

— Jake!— Bella foi atrás dele quando ele ameaçou se afastar de nós. Outros rapazes estavam na orla da floresta, esperando por Jacob. Reconheci Embry no meio, ele brincava com um garoto aos socos e ria, Sam Uley olhava na nossa direção de cara amarrada e com um ar de superioridade que me incomodou. Um rapaz ao seu lado o imitava, mas não tinha nem de longe a mesma presença que Sam Uley.

— Jacob, o que eles estão fazendo aqui?— corri para frente de Jacob o fazendo parar de andar— O que está acontecendo com você? Por que está evitando Bella? Isso é uma tatuagem de verdade?— arranhei o ombro de Jacob na intenção de arrancar aquela marca preta e estranha da sua pele avermelhada.

— Por que está sem camisa? Vai pegar um resfriado!— Bella o repreendeu e Jacob revirou os olhos, exibindo os dentes. Os caninos dele sempre foram tão afiados? Bella se colocou na frente do garoto de novo.— Por que está me evitando!? Você me prometeu que não me deixaria.

Jacob bufou e segurou Bella pelos ombros a encarando sério.

— Vai embora, Bella. Você não vai me querer por perto.

— Que papo é esse!?— Bella se remexeu desviando das mãos de Jake.— É por causa de Sam que você está agindo assim?— ela lançou um olhar mortífero para o mesmo por cima do ombro— O que aconteceu? Pensei que estivesse doente demais para sair de casa... ou no mínimo atender minhas ligações!

— Sam está tentando me ajudar. Não culpe ele. Mas se tem alguém que você pode culpar são os seus sanguessugas, os Cullen.— Jacob rosnou entredentes. Nós o encaramos, em choque. O quê? Ele sabe? Por que?

— Do que você está falando!?— perguntei, o tom elevado por causa da chuva engrossando.

— Vocês sabem exatamente do que eu estou falando! Vocês mentiram para mim por tempo demais. Não mais... Olhe, Bella, não podemos ser mais amigos.

— Jacob!— censurei— Por que está agindo assim!?

— Por favor, Jake. Talvez se você me der um tempo...— Bella implorou— Eu sei que tenho te magoado, mas por favor, você é meu melhor amigo.— ela chorou.

— Não, Bella. Não podemos mais nos ver. Eu não sou bom para você.— ele balançou a cabeça, o queixo travado.

— Jacob!— gritou Sam o apressando. O olhei furiosa, é tudo culpa dele! Caminhei em passos firmes até o grupo.

— O que foi que vocês fizeram!?— gritei irritada para eles quando cheguei perto o suficiente.

— Não é da sua conta, gracinha.— debochou o que imitava o Sam.

— Baixa a sua bola que eu não me dirigi á você, seu monte de merda!— rosnei. Embry riu com o outro garoto.

— Rebecca!— Jacob correu para nós se pondo entre mim e o seu novo amiguinho, que parecia querer avançar na minha direção.— Já chega! Vão embora!— ele gritou para mim, me assustando com a raiva em sua voz. Recuei um passo, magoada e chocada. O grupo de Sam o seguiu para dentro da floresta e Jacob ainda estava na minha frente me impedindo de ir para mais perto deles. O encarei séria, a cara torcida em reprovação.

— Estou tão decepcionada com você... realmente não vi essa vindo.— lhe dei as costas e empurrei uma Bella paralisada para dentro da cabine quente. Bati no painel do carro com raiva do mundo todo. Mais um nos abandonou.

— Ele me odeia.— Bella murmurou, se abraçando em busca de algum calor. Suspirei e balancei a cabeça.

— Não. Tem alguma coisa errada. Só precisamos descobrir o que é.— eu disse, não ia aceitar que Jacob nos afastasse, não tão simples assim.

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